Um Futuro Incerto
Após aquele dia, eles começaram a ir naquele lugar secreto toda vez que podiam, estavam mais apaixonados do que nunca. Era uma pena que aquela felicidade não duraria para sempre, pois o destino e almas gêmeas nem sempre andavam de mãos dadas.
Sunan, o general petulante, que se atreveu a responder a rainha no dia em que Cedric havia chegado em Rakruvadier. Em tempos de tempestades, tomou a decisão mais fria e calculista daquele reino, resolveu que teria que pôr fim a aquela mentira da rainha. Assim notificando o rei dos Elfos que o filho de sua falecida esposa ainda estava vivo, e vivendo escondido na floresta das fadas. Aquele tipo de atitude não teria mais volta, a traição já estava feita e não havia ninguém em que pudesse impedir que a triste continuação da felicidade perdurasse. Em poucos dias, as tropas dos Elfos começaram um ataque em Rakruvadier, matando muitos e queimando histórias.
A rainha, forte e imponente não abaixou seu queixo para a situação, mandou seus soldados protegerem aqueles que ainda estavam vivos e que Suchart e Cedric teriam que ir junto.
- Eu não vou mãe. – bateu o pé querendo vestir sua armadura cinza reluzente.
- Eu também não irei, vou lutar junto contigo, mataremos esses elfos imundos que se atreveram a quebrar o acordo. – falou empunhando sua espada bem afiada.
A rainha Mali que sempre sentia um grande orgulho de ver seus filhos corajosos, naquele momento sentia um grande pesar por vê-los tão valentes em um momento em que tinham que proteger suas próprias vidas. Ela sabia que mais cedo ou mais tarde, o destino concertaria o seu impulso, mesmo que ele tenha sido feito pelo bem, uma hora aqueles dois jovens saberiam da verdade. Então, fechou-se os olhos e respirou fundo ao dizer aquelas palavras, tentando ao máximo esconder sua voz embargada.
- Por favor se protejam e não ousem mais participar dessa luta! - disse a rainha com sua armadura. – eu não quero que eles vejam esse tipo de desagrado.
- Não podemos deixar você ir assim mãe, venha com a gente, estou te implorando - Suchart estava de joelhos quase chorando, tendo o abraço de Cedric como aconchego.
- Me desculpe meu filho, mas não posso conceder seu desejo, eu tenho que ir, é a minha obrigação - se agachou e abraçou seus filhos - eu vou ficar bem.
No mesmo segundo um estrondo fora ouvido e com uma força descomunal a porta do palácio havia sido derrubada por Owen, o rei dos Elfos.
- Ora, ora, ora que cena mais comovente - Owen estava com um sorriso debochado no rosto.
- Como você ousa entrar aqui? - A rainha se levantou já ficando em frente de Cedric e Suchart.
- Seus soldados são tão fracos, não foi nem um pouco difícil acabarem com eles.
- Você sabe muito bem que é proibido Elfos cruzarem a floresta das fadas, o que diabos você pensa que está fazendo? – falou tendo o fogo fadastal elevado, se tornando vermelho, por conta de sua ira, que tomou por completo a sua armadura.
- Quem será que quebrou esse acordo primeiro? Você já estava condenada à morte a partir do momento em que se intrometeu nos meus assuntos - se aproximou ainda mais da rainha que se impôs, firme em seu local, não havia um rei que a enfrentaria vendo o seu poder elevado, porém Owen era um rei louco o suficiente para enfrentá-la. - eu só vim terminar o que comecei - sussurrou em seu ouvido.
- Mas como...? - empurrou Owen arremessando duas bolas de fogo sobre ele, que se defendeu com seu escudo élfico.
Cedric e Suchart se afastaram dos dois, ficando próximos ao altar onde se localizava os tronos reais. Suchart chorava enquanto o seu meio irmão o consolava da melhor forma possível. Por dentro sentia uma grande raiva, em seus pensamentos, ele criava teorias de como poderia entrar naquela luta, matar aquele rei estupido e proteger a sua mãe, a mulher que ele mais amava no mundo.
Enquanto isso, a rainha tinha em seu rosto a expressão de surpresa e raiva, como aquela informação havia parado nos ouvidos daquele louco? Como ele teve a coragem de, depois de anos de paz, fazer isso por puro egocentrismo? Do nada, era possível ouvir sua risada grossa e sem escrúpulos.
- Como eu descobri? Aquele seu general se achava tão esperto, como era o nome dele mesmo? Ahh! É Sunan. – caminhava dentro de seu campo de proteção - alguns dias atrás ele foi até a minha floresta dizendo aos guardas que tinha algo superimportante para me contar e é claro que os guardas nunca iriam permitir que ele entrasse, porém, por um acaso, eu estava passando por lá, e fiquei interessado no assunto. – riu contido - Ele me contou tudo sobre onde Cedric estava e como quebrar esse feitiço idiota que você colocou em toda Rakruvadier, em troca ele me pediu 5 milhões de colt mágicos - Deu um sorriso de canto ao ver os olhos da rainha queimando de raiva, tristeza e decepção - mas não se preocupe, eu acabei com a vida dele logo após sua valiosíssima informação... ele realmente acreditou que eu o deixaria vivo, coitado.
A rainha ficou paralisada, Sunan era seu braço direito e seu melhor amigo, pelo menos foi o que ela acreditava. Na mesma hora, Mali se arrependeu de ter o deixado se aproximar dela, se soubesse, nunca teria mostrado a sala de feitiços para ele, muito menos teria contado como quebrar o encantamento de criação de memórias. A decepção era tanta que ela perdeu as forças das pernas e caiu no chão.
- MÃE! - gritou Suchart desesperado tentando se soltar dos braços de Cedric, que fazia o maior esforço de sua vida para segurar seu amado.
Owen vendo a cena aproveitou que a rainha estava desacreditada e acertou uma lança élfica em sua barriga.
- Nunca te ensinaram que não se deve abaixar a guarda na frente do seu inimigo? –Owen olhou para a rainha que se agonizou no chão e desmaiou.
- PARA, JÁ CHEGA! - gritou Cedric. – O que você quer para trazer tanta desgraça assim!!! – empunhou sua espada esverdeada, enquanto sua armadura brilhava com a magia élfica misturada com fogo fadastal.
- Parece que você é um tolo desinformado, você infelizmente é filho da minha falecida esposa com uma imunda fada da corte... E eu vim dar fim a vergonha que ela criou para mim antes de sua "triste" partida.
- Você só pode estar louco! – riu, acreditando fielmente que aquele rei estava completamente fora de si.
- Você acha que esse poder envolta de essa armadura fraca era só fadastal? Essa mulherzinha jogada ali, nunca lhe disse que era especial? Que você tinha poderes diferentes dos demais?
- Não fala assim dela! Você não tem direito de chegar aqui e fazer isso! Se é a mim que você quer, então venha, VENHA! Te mostrarei o que acontece com alguém que ousa entrar no reino das fadas. – Suchart de supetão o abraçou por trás, buscando um jeito de convencê-lo.
- Não Cedric! Por favor não faças isso, eu já perdi minha mãe, eu não posso ficar sem você também – fungou - você me prometeu estar sempre comigo, por favor não faz isso, por favor - Suchart estava engasgando com o choro enquanto o puxava.
- Olha pra mim – se virou pegando no rosto de Suchart e o olhou em seus olhos - isso tudo parece que começou comigo e então eu botarei um fim. Não posso deixar mais pessoas morrerem por minha causa, não se esqueça da nossa promessa, que nunca irei te deixar e eu vou cumprir com a minha palavra, nossa história não irá acabar aqui – deixou um selar na testa, soltou o rosto do seu amado e foi em direção ao rei com intenção de mata-lo. Esse que mantinha com uma feição de puro repudio.
- Que nojo, você é realmente muito parecido com a sua mãe - apontou a lança élfica no coração de Cedric, atirando logo em seguida. O jovem tentou desviar, porém sua falta de experiência junto a uma lança muito mais rápida, lhe acertando em cheio.
Suchart não pensou duas vezes e correu para acolher o corpo de seu amado antes que chocasse com o chão.
- Por favor, por favor, eu te amo, você não pode ir – tentava limpar o ferimento magico que estava destacado em sua pele, estava feio e infelizmente irreversível.
As lagrimas caiam, era possível ver a respiração ficando mais fraca e os batimentos mais contidos. Cedric, não queria que fosses assim, porém havia sido tolo por achar que ganharia, e doía muito ver o cenário em que estava. Ver a pessoa que tanto amava, sofrer, era a pior sensação de todas e ele se sentia culpado.
- Ei... n-não chora... está tu-tudo bem... – ele tenta enxugar as lagrimas que caiam e molhavam sua roupa - me escuta... te esperarei do outro lado. - o brilho de seus olhos desapareceu com um fio cortado.
A dor que já dominava o corpo de Suchart, lhe tomou de conta, quando viu os olhos belíssimos de Cedric perderem o brilho. Seu choro se derramava sobre o rosto daquele que amava enquanto deixava o seu último adeus em forma de beijo. Ele havia visto seu grande amor morrer bem na sua frente, seu grito saia como rasgo tremendo e doloroso, com toda certeza o reino todo pôde ouvir. Era um sentimento de vazio profundo, dentro de si ele já não queria permanecer vivo, ele pensava, "qual era o sentido de continuar vivo em um mundo onde não se tinha sua mãe, nem a pessoa que amava?"
Ele acariciava o rosto pálido com afinco, as memorias de seus momentos mais felizes lhe acertavam em cheio, passando em seus olhos como um turbilhão. Se ele pudesse traze-los de volta ele não pensaria duas vezes em fazer, mesmo que custasse sua vida.
O rei, que se sentia mais do que satisfeito, foi se aproximando de mansinho do jovem que se perdia em sua tristeza.
- Só falta você garoto, é uma pena que tenha nascido fada, e ainda sendo filho da rainha - Owen preparava sua lança élfica enquanto tinha o choro do jovem como musica de fundo.
- NÃO SE ATREVA A ENCOSTAR UM DEDO NO MEU FILHO - Mali lançou sua chama de fogo na perna de Owen que o fez agonizar no chão de dor - SUCHART CORRA, ESSA CHAMA NÃO VAI DURAR MUITO TEMPO.
Suchart ficou muito relutante em ir, não queria deixar sua mãe ali, mas não tinha forças o suficiente para lutar contra Owen, então ele deu uma última olhada no rosto de sua mãe, e saiu correndo, correu para trás do palácio e foi para o único lugar que sabia que ninguém jamais encontraria, o jardim secreto onde Cedric e ele amavam ir. E ficou por dias até ter a coragem de sair de lá com o amparo dos soldados que haviam sobrado.
E, na noite de sua coroação, ele ficou sabendo por um criado, que estava escondido na sala, de que sua mãe havia lutado até o fim usando todas as forças e derrotou aquele rei insolente, e que no fim o palácio pegou fogo com a explosão final dos poderes dela, sobrando só cinzas e uma grande destruição.
No local da morte era possível ver as cinzas de seu amado, que tinha um tom azulado e de sua mãe, num tom alaranjado. O empregado as pegou e guardou em urnas reais, entregando a ele no final de toda aquela formalidade, o choro mais uma vez lhe acertou, era difícil acreditar que aquilo havia acontecido e que ele nunca mais os veriam.
E como um ultimo adeus, o novo rei das fadas, Suchart, levou-as para o jardim. Enterrando debaixo da mesma árvore onde o casal de apaixonados, admitiram seus sentimentos pela primeira vez. Todos os dias a partir daquele triste fim, ele ia para o jardim, regava a arvore e chorava contido, por causa de cada lembrança e felicidade. E uma delas, a que mais lhe doía era a história que Cedric amava contar.
- "Quando um calau encontra sua ama gêmea, eles vivem juntos por toda a sua vida, mas quando um morre, o outro espera pela sua morte no lugar em que eles mais gostavam de ir" - disse Suchart com uma voz fraca, fechando seus olhos.
Fim.
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