Two
Durante a noite eu trabalhava na lanchonete do Bill, ela era um pequeno estabelecimento que preparava lanches, porções e pizzas, eu gostava de trabalhar como garçonete ali, não era tão movimentado e Bill até que me pagava bem. Eu precisava do dinheiro para ajudar minha mãe em casa e para poupar para faculdade, já fazia um ano que trabalhava ali e estava economizando. Eu era boa com números, e queria cursar contabilidade.
— Olá, Ally — Bill me cumprimenta quando adentro a lanchonete.
— Oi, Bill — sorrio em sua direção e vou para atrás do balcão da recepção vestir meu avental e touca.
— Estava te esperando, pois tenho algo para dizer.
— Pois diga, sou toda ouvidos — olho em sua direção esperando que ele dissesse o que tinha para falar.
— Bom, eu contratei um novo ajudante, na verdade é provisório, ele vai ficar aqui contigo na recepção enquanto eu vou ficar com a Jude na cozinha, quero que você instrua ele no que fazer. Tudo bem pra você?
— Oh, claro! — digo absorvendo a informação. — Sem problemas.
— Obrigado, Ally. Você é demais. Acho que daqui a pouco ele está ai.
Assinto.
— Vou ver se a Jude precisa de algo, já pode colocar a placa de aberto.
— Okay!
Um novo ajudante, espero que seja alguém legal, pois nada pior do que trabalhar com alguém que você não tem sintonia. Mas ainda bem que era algo provisório, então não tinha com o que me preocupar tanto.
Coloco a placa de aberto na porta de vidro da lanchonete e volto para meu lugar, estava me preparando para limpar as mesas que ficavam espalhadas dentro da lanchonete quando uma moto estacionou próximo ao meio fio. Olhei a pessoa descer e tirar o capacete. Era Benjamin Colleman. E ele estava vindo em minha direção. Esperei ele se aproximar para ver o que queria.
— Oi — ele diz para mim, com um sorrisinho de canto.
— Olá, em que posso ajudá-lo? — forço um sorriso em sua direção.
— O Billy está?
— Bill, você quis dizer.
— É, Bill.
Antes que eu respondesse alguma coisa a voz de Bill surge atrás de mim.
— Aí está você. Benjamin Colleman, seja bem-vindo — Bill vai até o garoto e lhe dá um aperto de mão.
— Obrigado, senhor! — a voz de Benjamin sai gentil.
— Ally — Bill olha para mim. — Benjamin...
— Pode me chamar só de Ben — o garoto fala rápido.
— Ben, tá bom. O Ben aqui vai trabalhar com a gente por um tempo — depois dessa fala a atenção de Bill vai para Benjamin. — Você não precisa se preocupar a Ally vai te ajudar por aqui, tenho certeza que irá se dar bem.
Ainda estou olhando para eles, sem acreditar no que acabara de ouvir. Benjamin Colleman trabalhando aqui. Comigo.
— Vem, vou lhe dar seu uniforme — Bill sai conduzindo Benjamin e eu permaneço perplexa.
— Ei, moça — sai do transe ao ouvir a voz de um cliente.
— Desculpe, oi — sorrio.
*
Benjamin aparece ao meu lado já uniformizado, com um avental que ficou relativamente pequeno em seu corpo alto, a touca tinha lhe deixado engraçado. Nunca que imaginei Benjamin Colleman trabalhando em uma lanchonete.
— Bill, mandou você me dizer o que fazer — ele diz parecendo um pouco desnorteado.
— Por que você resolveu vir trabalhar aqui? — resolvo perguntar.
— Bom, não tive escolha — ele fala enigmático. Não ia insitir por uma resposta mais concreta. — Mas não é por muito tempo — ele me analisa.
— Bom pra você — falo encarando seus olhos penetrantes. — Enfim, mão na massa — pego um pano arremeço em sua direção. Com um ótimo reflexo, Benjamin o pega.
— O que é pra mim fazer com isso?
— Comece limpando o balcão depois as mesas — falo fingindo autoridade.
Benjamin bufa olhando todas as mesas dispostas no local. Rio internamente.
Depois que Benjamin limpou todas as mesas, lhe instrui devidamente como agir, como funcionava o atendimento por aqui, tudo o que deveria saber. Benjamin apenas assentia, mas não sabia dizer se ele estava prestando mesmo a atenção ao que eu dizia.
— Faz quanto tempo que você trabalha aqui? — Benjamin me pergunta.
— Um ano — respondo e confiro o celular para ver a hora.
— Como você consegue ver alguma coisa aí?
— O quê?
— Um tanque de guerra passou em cima do seu celular? — ele estava olhando para o celular em minhas mãos. Bem, dizer que meu a tela do meu celular estava trincada era um eufemismo, ela estava toda quebrada pelas várias vezes que eu o derrubei no chão.
— Funciona é o que importa — Guardo meu celular no bolso e coloco os braços sobre peito. Então, avisto novos clientes sentarem no lado de fora, antes que eu vá atendê-los, Benjamin já está cruzando a porta. Devo admitir, ele era até que competente.
— Como o Benjamin está se saindo? — Bill aparece.
— Melhor do que eu esperava — digo sincera.
— O pai dele vai gostar de saber disso — Bill diz.
— É, ele que me pediu um emprego provisório para o Ben — absorvo a informação. — O pai dele é bem meu amigo.
— Bill — ouço a voz de Jude lhe chamando. Ela era a esposa de Bill, e cozinheira daqui, os dois abriram a lanchonete em sociedade.
— Vou lá — assinto para Bill.
— Uma pizza grande de strogonoff, calabresa e bacon, e uma garrafa de coca cola de 2 litros — Benjamin fala para mim entregando a nota, a qual levo para cozinha.
Pelas portas de vidro, vejo Benjamin sorrir ao atender o casal que acabara de entrar. Ele estava sendo simpático e gentil, coisa que raras vezes vi Bejamin ser.
— Que cara é essa? — Benjamin me questiona quando retorna.
— A única que tenho, Benjamin — respondo ele rudemente.
— Você acha que ao me chamar de Benjamin vai me afetar? A verdade é que até gosto mais do meu nome quando você fala — ele sorri para mim.
Tento não me mostrar afetada pelas suas provocações.
— Àquela mesa acabou de ser desocupada, vá limpá-la — toco Benjamin para longe de mim.
— Um pouco de educação cairia bem — ele me responde. — Tipo: Ben, pode limpar aquela mesa para mim, por favor?
Lhe lanço meu olhar mortal, mas ele apenas parece se divertir. Sorri e vira as costas para mim indo até a mesa.
— Oi, anjo — Chris, um garoto que às vezes aparece por aqui fala comigo. Eu nem tinha visto ele entrar. Ele coloca uma lata de energético sobre o balcão.
— Oi, Chris — digo sem ânimo.
— Noite ruim? — ele questiona e me entrega uma cédula. Lhe devolvo o troco.
— Mais ou menos — resmungo.
— Sabe se quiser animar um pouco podemos sair depois que seu trabalho acabar — ele sugere.
— Obrigada, Chris, mas estou cansada, vou ir para casa.
— Tá, sem problema — ele pega o energético e dá um aceno de despedida. Eu aceno de volta.
— Seu ficante? — me sobressalto com Benjamin atrás de mim.
— Mas que diabos! — olho para ele com meus olhos arregalados.
— Olha, a boquinha, Alissa.
— Por que você só não me deixa em paz?! — vocifero.
— O que eu estou fazendo pra você? Só perguntei se ele é seu ficante?
— E isso é do seu interesse, Benjamin?! E sai da frente que quero passar — Benjamin estava bloqueando a saída e tudo que queria era fugir dali.
— Bom — ele se reclina de lado no balcão. — Se você me pedir com educação saio.
Pisco não acreditando que ele estava me pedindo mesmo isso.
— Benjamin, sai — falo mais decidida.
— Resposta errada — ele sorri de canto.
Me aproximo dele pronta pra empurrá-lo se preciso pra passar. Benjamin fica ereto, meu rosto na altura do seu peitoral. Engulo em seco, eu não iria pedir licença, meu orgulho não deixava.
O olho nos olhos esperando que sai da frente, mas ele me olha em desafio.
— Alguém tem que lhe ensinar bons modos — ele dá de ombro.
— Não vai ser você — retruco.
Um pequeno silêncio reina entre nós, olhávamos um para o outro em desafio.
— Ei, rapaz! Pode me trazer mais uma cerveja? — Um cliente grita e Benjamin olha para ele.
— É pra já — Benjamin fala. Ele me olha uma última vez e sai do caminho. Agradeço mentalmente ao cliente por me tirar dessa situação. Se em algum momento elogiei Benjamin Colleman retiro tudo que disse, se ele continuar por muito tempo aqui acho que vou ter que pedir as contas.
Na hora de ir embora, saio primeiro, Benjamin vindo atrás de mim.
— Você vai embora de a pé? — ele questiona.
— De bicicleta — respondo-o.
— Não sabe dirigir?
— Bem, não. E não tenho dinheiro para pagar Auto Escola.
— Sinto muito.
— É, eu também — digo me afastando dele, indo em direção da parte de trás do restaurante onde deixava minha bicicleta encostada em um pequeno vão entre a parede de trás do estabelecimento e um murro.
Passo pedalando em frente ao restaurante, Benjamin ainda colocava o capacete prestes a montar sua moto, nossos olhares se cruzam por uma fração de segundos. Agora, Benjamin também faria parte das minhas noites, eu teria que me acostumar com o fato. Quer queira quer não.
...
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