8-Flashback 1- Louis
Desde a primeira vez que a vi eu me encantei por ela. Tinha ido buscar Márcia na escola em que ela trabalhava, pois seu carro estava com defeito e acabou quebrando no caminho.
Pensei que seria mais um dia maçante logo tive uma agradável surpresa. Ela estava linda com os cabelos soltos balançando com o vento suave que soprava no jardim. Eu a vi fechar os olhos e respirar profundamente certamente apreciando o clima.
E fiquei hipnotizado com a figura mais fascinante que eu já havia visto. Com seus cabelos castanhos avermelhados quase ruivos ondulando, sua pele linda e imaculada, os olhos castanhos escuros resguardados por cílios longos e espessos e os lábios rosados e finos davam-lhe um ar angelical.
Ela era perfeita, busquei algum defeito nela e não encontrei nenhum. Exceto pela tristeza aparente.
Logo ela desapareceu do meu campo de visão ao retornar para sua sala de aula depois do término do intervalo.
Eu a vi muitas outras vezes no decorrer das semanas seguintes. O que antes me parecia um aborrecimento agora se tornara meu principal motivo de ansiedade, pois enquanto o carro de Márcia estava no conserto eu ia buscá-la todos os dias já que meu pai não podia se ausentar da empresa.
Certo dia eu tomei a iniciativa de me apresentar a ela, mas sua reação não foi o que eu esperava ela saiu quase correndo para fugir de mim. Pensei que devia tê-la assustado quando a vi se esconder no banheiro minha suspeita se confirmou. Eu a esperei sair de lá por cerca de vinte minutos do lado de fora tentando disfarçar minha atitude para as pessoas que passavam pela área próximo de onde eu estava.
Mas ela demorou muito e eu tive que sair e esperá-la do lado de fora do colégio na praça que ficava em frente. Ela não demorou a aparecer e sentou-se um pouco longe de onde eu me encontrava. Eu havia decidido ficar dentro do carro com o ar ligado na tentativa de amenizar o calor que devia estar acima dos trinta graus. Eu nunca me acostumaria com o clima tropical brasileiro mesmo tendo vivido a maior parte de minha vida aqui. Eu me perguntei se o calor não a incomodava.
Eu a observava enquanto ela parecia buscar por algo dentro da mochila. Logo depois percebi ela arrumar suas coisas e eu me apressei a segui-la antes que ela saísse do meu alcance. Ela caminhava lentamente por isso a alcancei rapidamente a tempo de segurá-la antes que ela caísse vítima de uma síncope. Pela minha experiência médica haviam inúmeros motivos que poderiam ter ocasionado seu mal estar desde uma simples queda de pressão sanguínea, hipoglicemia, até algo mais grave...
Ela me olhou confusa antes de desfalecer por completo. Verifiquei todos os seus sinais vitais para certificar que ela estava bem e parecia que fora somente e um desmaio apesar de desconhecer a razão. Talvez fosse por causa do temperatura.
Eu a levei até o hospital no qual eu fazia estágio. A carreguei nos meus braços da melhor maneira que pude e tê-la junto ao meu corpo mesmo desacordada era bastante preocupante. Realizei todos os procedimentos padrões e preenchi a ficha de entrada com o nome dela que graças à minhas investigações nos arquivos da escola as quais se provaram bastante proveitosas eu sabia disso e muito mais. Finalmente o fato de ter um grau de parentesco com a diretora da escola representou alguma vantagem para mim.
Já no quarto eu a vi dormir por algum tempo apreciando a sensação de olhá-la de perto, ouvindo o som de sua respiração compassada. Ela vestia calças jeans, tênis e a blusa do uniforme escolar e mesmo com roupas tão comuns ela ficava muito bonita.
Ao acordar a primeira coisa que notei foi o fato dela ser muito tímida e parecer ter medo de mim. Tentei conversar com ela, mas ela se negava a falar comigo. Depois de muita insistência ela finalmente disse seu nome e me agradeceu parecendo envergonhada. Confirmei minha opinião em relação à timidez dela. Também aparentava possuir uma certa ingenuidade que fazia com que eu me sentisse ainda mais atraído por ela do que eu gostaria de admitir para mim mesmo.
Pelo pouco que ela falou deixou transparecer bastante receio. Eu só não sabia se era de mim ou apenas por estar num lugar desconhecido com alguém igualmente desconhecido. Ela mencionou o fato de não gostar de hospitais, e não esclareceu os motivos.
Esperamos terminar o soro que fora administrado devido seu estado de desidratação além de sua aparente anemia um pouco preocupante. Cogitei a possibilidade dela ser como a maioria das adolescentes que não se alimentava corretamente por medo de ficar acima do peso que julgam ser o ideal. Baseada em falsos padrões de beleza que geralmente são inatingíveis.
Que besteira! Ela seria linda mesmo se ficasse muito acima do peso. Depois de retirar o soro, momento em que ela demonstrou grande surpresa pelo fato de eu saber como retirá-lo sem precisar de ajuda de nenhuma das enfermeiras. Sei que ela ficou curiosa algo a impediu de me questionar a respeito. Eu pensava comigo mesmo: Ah, ma chéri! Eu ainda a surpreenderei mais do que você pode imaginar...
Precisei deixá-la por um instante enquanto eu resolvia a questão burocrática e assinava sua liberação. Os funcionários do hospital olhavam-me curiosos esperando que eu revelasse o tipo de relação que nós tínhamos, eu fingi não entender a intenção deles. Ao retornar ao quarto encontrei-o vazio ela havia fugido mais uma vez.
Saí rapidamente à sua procura e a interceptei depois de alguns minutos quando ela estava prestes a deixar o hospital. A segurei pelo braço apenas para garantir que não sairia correndo e a conduzi para fora e antes de sairmos a recepcionista me cumprimentou e eu me deleitei com a expressão estampada em seu rosto ao ouvir que eu era médico. Eu disse que a surpreenderia!
Tive que insistir para que ela aceitasse uma carona até sua casa. Allice era diferente, ela não era deslumbrada como a maioria das garotas que eu conhecia especialmente levando em conta a situação financeira de sua família. Isso me alegrava imensamente!
Mesmo sabendo seu endereço eu a questionei e esperei que ela me dissesse. Convenhamos que não seria nada fácil explicar como eu sabia onde ela morava. Eu queria ganhar sua confiança e não torná-la ainda mais arredia. Ela não permitiu que eu a levasse até a porta de casa. Na hora pensei que fosse por ser comprometida com algum tipo de sua idade, mas logo descartei a possibilidade.
Ela não parecia sequer já ter sido beijada. Era completamente inocente em relação à paixão. Eu podia notar isso nitidamente no seu olhar tímido e retraído. Logo ela revelou-me que era por causa do pai. Fiquei em alerta me perguntando se ele seria capaz de maltratá-la. Isso explicaria muitas de suas atitudes.
Deixei meu cartão pessoal com ela e aguardei ansioso que ela me telefonasse. Mas ela não ligou! Por ser véspera de fim de semana eu não a veria na escola por dois longos dias e não possuía uma desculpa plausível para procurá-la em casa. Caso o fizesse certamente ela ficaria com mais medo ainda de mim por parecer um perseguidor. Portando tive que esperar a segunda-feira para vê-la novamente.
Nosso próximo encontro foi na Biblioteca da escola. Quando a vi entrar lá dentro a me escondi atrás de uma das prateleiras repleta de livros e a admirei a uma certa distância segura para que não me visse. Notei que lá ela parecia mais à vontade, tranquila, feliz... Eu quase estraguei tudo quando soltei sem querer algumas coisas que eu sabia sobre ela. Eu e minha enorme boca! Eu não sabia o que acontecia comigo perto dela eu ficava bobo, não sabia ao certo o que dizer ou fazer. Não conseguia me concentrar o suficiente para elaborar uma única frase decente. Essa garota me fazia ter reações que normalmente eu não teria.
Quando estava perto dela era como pisar em gelo fino. Allice era um terreno sempre instável e eu nunca sabia como ela reagiria às minhas ações.
Me desculpei e a levei ao parque mais bonito da cidade. Apesar de sua resistência inicial em relação à ida percebi que ela gostou do passeio. Nós conversamos muito. Nossas conversas eram cativantes e divertidas foi ótimo ver um lado dela que era sorridente e alegre ao invés de toda a seriedade que sempre demonstrava. Eu estava perdido! Totalmente perdido!
A cada dia que passava eu me apaixonava pela garota mais maravilhosa, inteligente, meiga e inocente que poderia existir. Mas eu me preocupava porque ela me parecia triste e solitária. Quando ela aceitou finalmente ser minha amiga eu precisei reunir muita força de vontade para não abraçá-la pois ela havia-me advertido que não gostava que a tocassem. Fiquei confuso com a afirmação um tanto incomum. E pensei em mil motivos que pudessem ser os causadores de sua aversão.
Prometi a mim mesmo que um dia descobriria o porque disso, e por hora decidi fazer bom uso de sua aceitação em relação a mim. Eu estava feliz que ela tivesse aceito minha amizade, mas meu real desejo era que fôssemos namorados e eu saberia esperar. E esperaria todo o tempo que fosse necessário para isso acontecer. Passamos um bom tempo juntos e eu ainda ansiava por mais...Com ela todo o tempo do mundo inteiro seria pouco para me satisfazer.
Todas as vezes que nos víamos eu sofria com a provação de não poder tocá-la, mas sempre respeitava seu espaço e nas raras ocasiões em que a tocava era sempre com muito cuidado e com sua prévia aprovação. Minha tortura era ainda maior quando eu sentia a suavidade da pele de suas mãos entre as minhas ou sob meus lábios nos suaves beijos que ela me permitia. Era desafiador estar tão perto dela e ainda assim sentir-me tão longe.
Nem mesmo meus horários puxados no hospital entre jornadas longas e plantões exaustivos me causavam tanta tensão. E o pior de tudo era a enorme dificuldade em encontrar tempo para vê-la. O caso era tão sério que eu preferia deixar de almoçar por várias vezes na semana do que ficar um dia sem estar com ela mesmo que fosse por alguns minutos.
Nossos momentos juntos eram a melhor parte do meu dia. Apesar de eu amar minha profissão eu seria capaz de desistir de tudo por ela bastava ela me pedir.
Eu amava a curiosidade e o interesse dela quando eu lhe ensinava uma nova palavra na minha língua de origem. Sua paixão pelo francês foi um fator essencial para nossa aproximação.
Aguardei uma ocasião especial e dei-lhe um aparelho celular de presente. Foi a melhor coisa que fiz, pois eu ansiava por ouvir sua doce voz, falar com ela durante os dias em que não podíamos nos ver ou mesmo antes de dormir depois de um longo dia ou uma jornada noturna de trabalho no estágio. Era revigorante escutar o som mais melodioso de suas palavras embalando meu sono todas as noites. Ela era divin, parfait...magnifique!!!
Algum tempo depois quando eu senti que já havia adquirido um pouco de sua confiança e também quando já não podia mais suportar estar sem ela... Eu a pedi em namoro e ela aceitou depois do que me pareceu uma eternidade de um silencioso e torturante momento em que eu me sentia nervoso além do grau tolerável. Ao ouvir o sim mais importante da minha vida até aquele instante através dos seus lábios que eu tanto desejava beijar minha alegria foi tanta que a beijei da forma que eu havia sonhado inúmeras vezes. E desde aquele instante eu me tornei ainda mais apaixonado por ela...
A parte mais difícil foi conversar com o pai dela não que ele me intimidasse, mas sim pelo fato dele ter me feito um interrogatório sobre quem eu era, o que realmente eu queria com sua filha...
Inicialmente ele não aceitou nosso relacionamento, mas depois de um tempo voltamos a conversar e ele exigiu que seguíssemos uma série de regras impostas por ele.
Eu entendia a posição dele como pai se eu estivesse no seu lugar eu agiria de igual modo ou ainda pior. Eu pude sentir o amor dele pela filha. Eu me comprometi com ele que jamais faria nada para magoá-la ou lhe causar mal. Depois que sai da casa da família Carvalho voltei a questionar os motivos de Allice ter tanto receio. O pai não me parecia ser má pessoa nem tampouco que fosse capaz de tratá-la mal.
Mesmo a conhecendo bastante eu sentia que havia algo que ela não queria que eu soubesse e eu não entendia a razão.
Com as regras impostas ficou mais complicado estarmos juntos... Era horrível ficar longe dela eu sentia um vazio dentro de mim...
Lembro de um dia em que a encontrei vindo de algum lugar em meio à uma chuva torrencial. Eu sabia da sua predileção por chuvas, mas o que fez meu queixo cair foi a visão dela mais linda do que nunca. Ela usava um vestido florido e rodado que vinha até próximo de seus joelhos. Por estar completamente molhada o tecido grudava em seu corpo evidenciando suas curvas.
Eu engoli em seco com a imagem dela à minha frente. Parei o carro junto ao meio fio e chamei sua atenção e quando ela se virou e sorriu eu a beijei com desejo como jamais havia feito antes. Eu sabia que a desejava e eu fazia de tudo para controlar o que eu sentia. Eu não tinha intenção de faltar com minha palavra, mas confesso que estava sendo difícil demais para mim.
Não ficamos juntos por muito tempo. Considerando o estado em que me encontrava era mais prudente que eu a levasse para casa e foi exatamente o que fiz mesmo que minha vontade fosse oposta... A partir daquele momento eu percebi que estava na hora de tomar uma decisão. Uma decisão de definiria nosso futuro.
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Salut!
Essa é a primeira parte da narração de Louis.
Espero que olhando através dos olhos dele vocês o compreendam um pouquinho!
Perdoem os erros! Especialmente no que se refere à minha tentativa falha de dar um diagnóstico clínico. Hahaha.
Eu não sou médica, nem enfermeira e meu conhecimento em medicina é quase nulo. Portanto se encontrarem coisas graves me corrijam por favor!
😉😉😉😉😉😉😉
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