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27- Epílogo

Acordei muito cedo, talvez por não ter me habituado com o fuso horário. Algumas noites eu acordava bem antes do sol nascer. Olhei demoradamente para Louis adormecido entre os lençóis.

Era reconfortante poder ver que ele dormia tranquilo e de forma profunda. Depois de tantas vezes em que meu sono fora regulado pelas vezes que eu precisava despertá-lo para tomar seus remédios e as injeções que evitavam que sentisse tantas dores. Agora era um alívio saber que essa fase havia passado e que ele estava cada dia melhor e mais forte.

Me vesti sem muita pressa e quando ia saindo com o máximo de silêncio possível, ele acordou e insistiu em me acompanhar na minha pequena caminhada matinal. Andar todos os dias era quase um dever e uma forma de manter minha sanidade...

A paisagem a nossa volta na qual eram predominantes as cores cinza e branca, típica da época do ano em que estávamos. Para mim era um sonho realizado. Passar o inverno em Paris era um desejo cultivado desde minha infância.

Estávamos fugindo às pressas da fraca e repentina chuva que caía sobre nossas cabeças ao andarmos tranquilos pelas avenidas pouco movimentadas da cidade. Considerando a baixa temporada era normal ter poucas pessoas trafegando a nosso redor.

Corremos em direção ao estabelecimento mais próximo. Uma boulangerie com suas baguetes, croissants, bolos, tortas e muitos outros artigos de confeitaria. Os aquecedores do local eram um atributo a mais para conquistar o interesse de seus frequentadores. Mas era o aroma e os sabores provenientes da cozinha interna que nos enchiam  tanto os olhos como os estômagos naquele momento.

Era possível ouvir diversos sotaques ecoarem entre as conversas que se desenrolavam pelo ambiente e imaginar de qual parte do mundo cada uma daquelas pessoas vinha era uma distração bem vinda para a turbulência dos meus pensamentos. Eles eram como uma música complexa mesclada por muitos e variados acordes contrabalançados pelos instrumentos que compunham harmonicamente uma bela  orquestra. Apaixonante, essa era a melhor definição que eu poderia dar para aquele espetáculo.

O frio era intenso, pelo menos essa sensação prevalecia em mim ao caminhar novamente pelas ruas geladas da grande metrópole. A verdade é que eu não havia me acostumado com o clima francês ainda mais nesta época do ano.
Por mais que as temperaturas não fossem tão baixas quanto nas regiões montanhosas, que diga-se de passagem, desta vez estavam beirando a zero graus.

Os planos de conhecer as montanhas tiveram que ser adiados. A verdade era que com duas crianças recém nascidas e uma de apenas cinco anos não era recomendável. Além do fato de Louis ainda ter certas dificuldades de locomoção. Ele precisava utilizar sua fiel bengala para poder ter maior firmeza e sustentação ao caminhar.

Nos primeiros meses foi muito difícil para ele aceitar que precisaria continuar usando seu apoio. Mesmo sendo médico, conhecedor da realidade de uma pessoa em processo de recuperação motora, Louis demorou a reconhecer que talvez fosse demorar mais tempo para voltar ao que ele era antes...

Quando enfim ele se convenceu disso passou a se interessar ainda mais pelas seções de fisio e isso foi o que fez toda a diferença para sua melhora. Tanto que ele conseguiu cumprir sua promessa de estar ao meu lado durante o nascimento dos gêmeos, mas apenas como espectador.

Mesmo usando uma blusa de gola alta sobre meu vestido preferido junto com uma meia calça bem espessa, um gorro, um cachecol, luvas e botas com meias fofinhas. Eu ainda sentia meus dedos dos pés quase congelados. Meu rosto estava vermelho e meus lábios ressecados por causa do vento que soprava espalhando as mechas do meus cabelos que a pedido do meu querido marido eu estava cultivando longos como eram antes.

Pensar nisso me levou de volta às velhas lembranças...
Parecia que tudo tinha acontecido há uma Eternidade, mas ao mesmo tempo parecia que havia sido no dia anterior...

Essas sensações ambivalentes eram motivadas por um sentimentalismo excessivo que por si só me caracterizava como uma romântica inveterada, una pessoa sentimental demais, guiada pelas emoções mais básicas.

Eu não considerava essa uma  coisa ruim, nada disso na verdade eu sabia que possuía defeitos bem piores. E o principal deles era ter dificuldade em me desapegar. Fossem pequenas coisas como objetos, lembranças marcantes ou ainda eventos pregressos. Estes últimos eram o meu ponto fraco. Eu não podia, não conseguia esquecer. Deixar o passado para trás. Eu revivia dia após dia alguns fatos. A parte ruim disso era que eu me sentia presa a um momento específico da minha vida.

A perda do meu pai. Essa foi a situação mais difícil que passei em toda a minha vida. E eu não conseguia deixar de lembrar. A saudade era avassaladora. Eu sentia a falta dele todos os dias. Cada coisa que eu fazia me trazia alguma lembrança. Fosse desde um simples doce que ele me trazia na volta do seu trabalho, um novo livro que ele sabia que adoraria ler ou algo só nosso. Como os planos futuros...

O sonho da vida dele era me ver formada. Infelizmente ele não conseguiu comemorar nossa conquista. Porque essa realização era minha e dele que sempre torceu por mim e me incentivou. Meu único consolo foram as palavras ditas minutos antes de eu subir ao palco e receber meu certificado de conclusão do curso. Eu as levarei comigo por toda a vida.

Papai me olhou nos olhos e falou que me amava e que eu era uma das maiores alegrias e realizações da vida dele. Ele estava muito feliz e orgulhoso de mim. Então me abraçou, um abraço tão forte e significativo ao mesmo tempo que me enchia de alegria me afastava um pouco da paranóia que existia dentro de mim.

Muitas vezes rememorava esse momento em meus sonhos, para minha decepção sempre terminava se ligando com o pesadelo que se tornou aquela noite.

Já no retorno para casa Louis não se conteve e acabou expressando sua opinião depois de me perguntar o que tanto me afligia.

- Ma chérie você precisa reagir, tentar aceitar que nada pode ser mudado.

- Eu sei disso, eu só não consigo...por mais que eu tente, eu não posso!

- Sim, você pode e precisa. Eu estou bem aqui com você para tudo que precisar.

- Eu também sei disso, mas é que não é fácil...

- Eu não falei que seria. Você só precisa dividir comigo a sua dor, suas tristezas... E tenha certeza de que ele nunca vai deixar de existir dentro de você, bem aqui. - Apontou para meu coração.

- Obrigada!

- De rien!

Disse ao beijar minhas mãos que estavam entre as suas.
Logo depois chegamos a nossa casa. Pela calmaria pensamos que mamãe tivesse conseguido fazer com que os gêmeos Benjamin, Victoria e Isa dormissem novamente. Contudo ao adentramos nós separamos com uma cena bastante atípica.

Mia se encontrava no centro da sala de estar lendo, ou melhor encenando a história de Peter Pan para três crianças tão entretidas que não notaram nossa presença. Até mesmo minha mãe estava envolta pela atmosfera mágica que emanava de minha cunhada. Ela possuía um chapéu de pirata sobre sua cabeça e uma espada de plástico e fazia uma luta espetacular como se fosse o verdadeiro Capitão Gancho, depois tirou o chapéu e fez a fala do menino que nunca cresceu com uma genialidade  incrível e por fim encenou as falas de despedida da Wendy e seus irmãos terminando com um vôo imaginário que arrancou sorrisos e palmas de nós todos que assistíamos a sua performance.

- Bravo, bravíssimo! - Eu disse-lhe e ela fez uma reverência teatral.

- C'est incroyable!- Não posso acreditar no quanto você é incrível minha irmã! Você conseguiu fazer o trio mais bagunceiro dessa região ficar em silêncio por mais de cinco minutos e ainda estando acordados. Esse é novo recorde. A Ópera de Paris está perdendo uma grande atriz!!!

Louis falou em tom de deboche, mas havia verdade em suas palavras. Mia era linda, incrível, além de seu talento natural para música ela possuía claramente uma veia artística rara que se desenvolvida faria dela uma referência no teatro.

Após o momento de felicitações todos sentamos para aproveitar nosso Petit dejeuner (pequeno almoço). A refeição era uma mistura bastante rica entre costumes franceses e uma ótima intromissão brasileira, cortesia de Dona Laura, mais conhecida como minha mãe.

Eu e Louis havíamos trazido croissants, queijo, suco de laranja, crepes e geleia de morango. Mamãe por sua vez, preparou café, chá mate,  um caldo verde delicioso, biscoitos de polvilho e bolovo (pão de carne recheado com ovo dentro). A impressão que tínhamos era que ela vivia numa eterna competição com a culinária francesa, sua intenção, eu desconfiava, era provar que as iguarias cariocas eram as melhores.

Parecia uma festa, nossas reuniões familiares eram muito divertidas e não precisavam ser feitas em datas especiais. Podiam acontecer em dias aleatórios, em finais de semana ou nas grandes e principais datas comemorativas.

Mamãe agora passava mais tempo conosco. Ela praticamente morava na nossa casa e passava apenas cerca de dois ou três meses no Brasil com mais irmãos. A ajuda e a presença dela era muito importante para mim, principalmente porque me fazia sentir melhor. Nós duas dividimos a saudade deixada por papai. Inclusive uma frase dela me fez ter uma nova perspectiva sobre tudo que aconteceu. Mamãe disse que meu pai foi junto com Louis naquela trágica noite com a única intenção de evitar que eu sofresse ainda mais. E que ele disse a ela antes de deixá-la que ele daria sua vida pela minha se fosse necessário, caso ele não voltasse valeria a troca contanto que eu vivesse e que ele não se perdoaria jamais se não conseguisse me salvar mais uma vez.

Assim eu entendi que papai se sacrificou por mim e que essa foi sua maior realização. Então eu não poderia desperdiçar seu sacrifício. Eu estava viva por causa dele e de Louis, que por pouco não foi morto também. Eu tinha uma família linda e pessoas que me amaram acima das próprias vidas e eu seria grata por isso. Por ter a dádiva de ver meus filhos crescerem. Entendi que eu era feliz. Completa e absolutamente feliz, que eu precisava superar. E eu faria isso com ajuda de todos os meus amados inclusive papai que estava vivo eternamente no meu coração.

Um ano depois lá estava eu diante de um túmulo bem cuidado, uma lápide onde estava escrito: Aqui jaz Carlos Antônio Carvalho. Pai e esposo amado. Nascido em 05 de julho de 1952 e falecido em 12 de maio de 2007.
Ver o nome do meu herói gravado ali naquela pedra era a prova mais cruel da realidade. Eu sabia que ele não me ouviria, mas mesmo assim eu falei. Eu precisava falar, dizer tudo que eu sentia, o quanto ele me fazia falta.

- Papai, eu devia ter vindo antes, eu queria muito ter  vindo... mas eu não conseguia, não conseguia aceitar a ideia de ter perdido você. Mas agora eu entendi que foi preciso que acontecesse isso, que você me salvou e obrigada! Eu o amo, sempre irei amar e eu nunca, nunca vou esquecer do que você fez.

Pela próxima hora eu passei contando a ele tudo que tinha acontecido e prometi que voltaria em breve. Então me despedi, uma despedida triste e alegre. Triste por saber que demoraria a voltar e feliz por sentir um alívio, como se tivesse saído um peso das minhas costas.

Ao de sair do cemitério eu encontre uma das minhas antigas amigas que haviam se afastado de mim depois que todos ficaram sabendo a história do meu sequestro, da gravidez. Elas assim como as outras pessoas me julgaram.

- Olá Allice, a quanto tempo não nos vemos.

-  Olá, tudo bem Mi? Como estão as meninas?

- Não tão bem como você, mas vou vivendo. As garotas, bem não as vejo a bastante tempo. Todas nós seguimos nossas vidas inclusive você não é mesmo?

O tom dela era sarcástico e por um minuto eu me lembrei de alguns bons momentos nossos juntas. Mas isso foi há muito tempo e hoje somos pessoas diferentes que se distanciaram.
Conversamos ainda por cerca de cinco minutos até surgir uma mulher e a chamar para irem embora. Eu não conhecia muito bem a família da minha ex amiga, mas tinha absoluta certeza que a mulher que a chamou não era necessariamente uma pessoa da família. Mas não questionei de quem se tratava apenas reafirmei para ela que caso ela precisasse poderia me procurar, pois ficaria ainda por algumas semanas na cidade. Ela assentou e seguiu seu caminho acompanhada pela mulher desconhecida.

Aproveitei a vinda ao país para visitar Ana e seu esposo. Ela foi muito boa comigo e eu gostaria de retribuir ao menos um pouco de sua bondade. Ao bater a porta de sua casa fui recebida por uma moça que parecia um pouco mais nova do que eu cerca de uns dez anos. Ela me informou sobre o triste falecimento da minha amiga e de seu esposo cerca de um ano antes. E eu me perguntei como não fiquei sabendo disso antes. Me senti péssima e não pude conter o choro. Rebeca, esse era o nome dela me contou que meses antes da morte do marido, Ana a adotou e ela passou a viver e a cuidar de ambos. Ela me disse que os últimos meses deles foi tranquilo apesar dos sinais que diziam que eles não durariam muito. Seu João morreu de insuficiência cardíaca e Ana de causas naturais enquanto dormia apenas três meses depois do esposo. Eu admirava um amor assim, o qual um não conseguia viver muito tempo sem seu companheiro. Ela me entregou uma caixa onde havia uma Bíblia antiga, a mesma usada para me ensinar sobre Jesus e uma carta dentro do livro. Na carta A a pedia que eu ajudasse Rebeca e me explicava que a moça era órfã e que precisaria de mim. Ei constatei que ela sabia que eu algum dia voltaria para visitá-la. Eu me senti abençoada por ter a oportunidade de fazer algo por Ana através de Rebeca.

Os planos de Deus são maravilhosos. Ele realmente molda, dirige e realiza todas as coisas da melhor maneira de modo que nossas vidas tenham um sentido completo. E esse sentido é servir. Servir a sua causa e ao próximo. Rebeca se tornou como uma irmã. Depois de resolver todas as questões burocráticas ela se mudou primeiro para casa dos meus pais aonde moravam meus irmãos e ocasionalmente minha mãe. Depois de alguns meses seguiu junto comigo Louis e as crianças pra viver conosco.
Ela estudou  durante anos e se tornou uma grande historiadora. Especialista em História Latina e doutora em História Mundial.

Rebeca me dizia que eu era um anjo na vida dela, mas a verdade é que ela foi um anjo na minha vida. Diversas vezes quando eu me sentia sozinha, triste ou angustiada ela me fazia lembrar de alguma lição bíblica e me mostrava como o amor de Deus é perfeito.

Minha irmã Júlia teve mais três filhos além de Gabriel. Ela e a família acabou se mudando para Portugal depois que Marcos foi promovido a vice-presidente de uma das filiais da empresa em que ele trabalhava.
Tiago se formou em Direito e se tornou delegado da nossa cidade natal. Lúcia se formou também em Direito (até nesse ponto eles demostração grande semelhança, ambos amavam as leis). Ela se tornou promotora de justiça na mesma comarca que Tiago.

Mia se formou e depois fez mestrado e doutorado em música clásica. Ainda se aventurou pelas artes cênicas por meio do Curso de Artes do Espetáculo no qual teve grande destaque por sua atuação e pela voz magnífica. Minha cunhada é gênio das Artes!
Meu sogro Michel não cabia em si de orgulho no dia da primeira apresentação da filha numa peça musical. Nossa convivência estava cada vez melhor e ela já planejava passar um tempo perto dos netos que adoravam o avô.

Depois de todos os altos e baixos eu e Louis conseguimos nos recuperar por completo. Ele estava se sobressaindo no trabalho no Hospital com a ajuda de Pierre. Maxine acabou se casando com um empresário do ramo de jóias e se mudou para a Espanha. O que foi um  muito bom apesar de nossos encontros não serem frequentes, ela sempre tentava ser o centro das atenções.

Deus me consolou e me consola a cada dia com Suas promessas e ao olhar meu filhos cada vez maiores, meus irmãos felizes, minha mãe se desdobrando para participar da vida de cada um dos meus irmãos eu só posso me sentir privilegiada, feliz...

Finalmente juntos todos da minha família reunidos mesmo que por pouco tempo. Pois é, é apenas mais uma das nossas viagens de férias. Ao deixar meus olhos vagarem por cada um dos meus familiares eu agradeço a Deus por cada um deles, por suas presenças e participação na nossas vidas. A vida deles abençoa a nossa, nos enriquece e enche de alegrias e felicidades.

Hoje depois de muito tempo eu compreendo melhor algumas coisas que aconteceram para o nosso bem. E que no fim de tudo o que importa é o que vivemos, o que construimos, o que deixamos de bom. As lembranças dos bons momentos vividos. E eu sou a pessoa mais feliz desse mundo inteiro e agradeço a Deus por isso. Porque Ele cuidou de mim nos melhores e nos piores momentos.
Eu aprendi muito, uma das grandes lições que tive o prazer de assimilar foi o conceito de Resiliência com sendo uma característica essencial a vida de todos. Em especial aos que passam por situações extremas como a morte de um ente querido ou outra grande perda. Resiliência nós capacita a superar e nos reerguer, continuar vivendo apesar de tudo.
E o amor é a origem de todo sentimento bom nas nossas vidas.

Como diz a Bíblia: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.” 1 Coríntios 13:13

O amor nos proporciona a fé, a esperança e a resiliência para compreender e aceitar toda e qualquer prova que venha nos abater.

É por amor, que eu vivi, vivo e viverei até meu último dia.
Louis foi quem despertou o meu coração e me ensinou a amar e eu sempre o amarei. O amarei pela eternidade!!!

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Voilá!!!
Essas são as últimas coisas sobre essa história linda. Foi difícil terminar, mas finalmente consegui. Espero que gostem e aproveitem a leitura!

Na próxima página farei meus agradecimentos, pois nesta já ficou extenso demais!
🤩🤩🤩🤩🤩🤩

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