24- Calmaria (parte 2)
É como dizem: "Depois da tempestade vem a calmaria".
No entanto a vida é sempre cercada de altos e baixos, ironicamente, minha existência reflete o oposto desse ditado. No meu caso o temporal é precedido pela tranquilidade. Então mesmo com as coisas correndo às mil maravilhas, de algum modo eu sabia que mais uma vez isso não duraria por muito tempo. Aliada a essa certeza havia a sensação de estar sob constante vigilância. Eu não sabia explicar, mas sentia que a vida em breve me daria mais uma rasteira.
Eu estava prestes a ter um colapso nervoso, a ansiedade estava beirando o desespero. Sempre que era questionada por alguém sobre meu estado eu disfarçava e respondia que era devido a proximidade da cerimônia de colação de grau e da formatura. Até mesmo Louis estranhava minhas atitudes e eu sabia que minhas respostas vagas não o satisfariam por muito tempo.
Por todos esses motivos eu pensei seriamente em abrir mão de participar do evento mais importante e esperado por mim nos últimos meses e fazer um procedimento chamado formatura de gabinete. Mas se optasse por esse caminho teria que dar muitas explicações, coisa que não estava disposta a fazer.
No fundo eu sentia vontade de dividir minha inquietação com meu esposo, afinal éramos um casal. Ele entenderia, mas eu tinha medo de ser apenas fruto da minha imaginação e causar pânico desnecessário. Principalmente porque quando se tratava da minha segurança ou de Isa Louis era cuidadoso ao extremo, quase neurótico na verdade.
Portanto me calei e novamente esse foi meu pior erro apesar de eu não saber naquela época...
Dias antes da festa ao entrar na loja para buscar meu vestido fui surpreendida com a trágica notícia que meu lindo traje havia se extraviado, pois a loja fora invadida e os ladrões levaram várias peças inclusive a minha aquisição. Fiquei arrasada, porém não encarei o incidente como se fosse um aviso prévio de que aconteceriam mais coisas ruins no futuro próximo. Talvez se eu tivesse dado ouvidos à minha intuição nada do que houve tivesse sido tão mau como foi...
A única solução foi escolher outra roupa, mais simples, mas de igual beleza. A cor era mais clara, o tecido e o modelo diferentes. Mesmo assim fiquei satisfeita com o resultado.
Relatei o acontecimento aos meus familiares e estes concordaram com a ideia de que fora uma infeliz ocasião motivada pela violência crescente na cidade, nada além disso. Eu tentava me convencer desse fato a todo custo. Quão bom seria se essa fosse a verdade.
No dia da festa eu estava feliz e tensa na mesma proporção. Todos julgavam meu comportamento apenas como nervosismo normal para a ocasião, mas na realidade a cada passo e a cada minuto eu ficava mais e mais apreensiva. A mesa dos convidados era ocupada por mim sentada ao lado de Louis, meus irmãos, meus pais e minha cunhada ao lado de Rodrigo.Quando ouvi chamarem meu nome senti um certo alívio porque significava que todos os sentimentos foram exagerados por minha mente traumatizada e que no fim não daria certo. Ou pelo menos era nisso que me apegava a cada passo, cada movimento, cada sorriso sofrido.
Depois de terem sido chamados todos os formandos e serem proferidos todos os discursos eu senti que precisava de um momento sozinha. A música alta, a aglomeração de pessoas, todas aquelas luzes em volta junto com a aflição que dominava minha mente estavam me sufocando. Eu já não suportava tentar ostentar um sorriso falso, sendo que tudo que eu desejava era estar em casa tranquila e segura.
Claro que Louis percebeu e estranhou meu comportamento. Ele me conhecia e sabia que não adiantaria me interrogar, eu só falaria quando estivessémos sozinhos na privacidade de nosso lar. Sugeriu inclusive que voltássemos mais cedo, ele pensava que parte da minha preocupação era devido ao fato de Isa não ter nos acompanhado, ela ficara com Júlia e Marcos que não puderam comparecer porque Gabriel estava na fase da primeira dentição e sofria com os típicos sintomas infantis que incluíam irritação e diarréia. Concordei que ficaríamos apenas mais alguns minutos depois da valsa tradicional.
Resolvi ir ao banheiro alegando cansaço devido ao salto muito alto que estava usando, pedi licença e a todos da mesa e depois de negar a companhia oferecida por Mia eu segui rumo a um dos corredores da casa de eventos a procura dos sanitários. Conforme me afastava o barulho do salão se tornava cada vez mais baixo e pensei que enfim poderia me acalmar para depois de esperar um pouco mais sairmos discretamente.
Diante do grande espelho na parede eu olhava meu reflexo com gotas de água pingando do meu rosto fazendo sei caminho escorrendo até meu colo coberto pelo discreto decote do belo vestido. Eu não me importei se a maquiagem ficaria borrada oi não, mas agradeci pelo fato de os produtos serem todos à prova d'água, não seria nada agradável retornar ao salão com o aspecto idêntico a um urso panda. Depois de me acalmar minimamente fiz menção de sair do cômodo e acabei esbarrando na mulher que estava saindo logo adiante de mim.
- Ah, desculpe...- Ao levantar os olhos eu reconheci Márcia, no início tentei acessar a lembrança de ter ou não enviado convites a ela e ao meu sogro. Mas nada me veio a mente. Mal tive tempo de raciocinar quando ela curvou os lábios em um sorriso estranho que me fez sentir calafrios. Sua resposta veio logo em seguida.
- Olá Allice, meus parabéns! Espero que tenha aproveitado muito bem a festa!- Seu comentário me fez ficar ainda mais alerta do que já estava.
- Sim, obrigada!
- Sempre muito educada o exemplo de boa moça!- Não passou despercebido o sarcasmo presente na fala dela. Mas decidi ignorar por respeito e consideração a Mia e Louis. Ela por sua vez prosseguiu.
- Venha comigo precisamos conversar!- Fiquei na dúvida se a seguia ou não, por fim optei pela segunda opção.
- Não temos nada para conversar e estou comemorando com minha família não pretendo sair daqui menos ainda com você.
- E quem disse que você terá escolha?- Dito isto, ela estalou os dedos e eu quase caio de costas com a visão da pessoa que atormentava meus pesadelos.
A tensão reinante nas últimas semanas finalmente fez sentido. Eclodiu na forma de mais uma tentativa do Flávio de me fazer mal... Ele me olhou com seu sorriso macabro e eu só conseguia sentir um medo avassalador. Ao fazer menção de escapar da armadilha Márcia me surpreendeu da pior forma. Ela me disse que havia levado Isa e se eu não concordasse em seguir com ela e meu perseguidor eu jamais a veria com vida outra vez. Dessa maneira ameaçando minha filha eu me vi sem saída. Ao seguir junto a eles eu sabia que as coisas não terminaram nada bem.
Eu os segui com grossas lágrimas escorrendo por meu rosto e em silêncio até o lado de fora da casa. Fui de imediato empurrada para dentro do carro estacionado a alguns metros da entrada principal. Dentro do veículo eu fui amarrada por Flávio e depois senti Márcia injetar alguma coisa no meu braço direito.
- O que você aplicou em mim sua louca?- Perguntei sem conter minha raiva, tentando controlar meu medo da morte que agora era sobreposto pelo pavor de nunca mais ver minha filha viva. Pensei em Isa, Louis, mamãe, papai, em todos a quem eu amava e fiz uma breve oração em pensamento pedindo que Deus me socorresse uma vez mais e que Ele mantivesse minha filhinha segura.
- Nada demais, não se preocupe. É apenas uma coisinha para te deixar mais calma e relaxada!- Disse em meio a um dos seus risos debochados.
- Você prometeu que eu iria cuidar dela!- Reclamou Flávio, talvez por ser deixado de fora dos planos da parceira.
Minutos depois comecei a sentir uma pequena tontura que foi aumentando, depois uma sonolência e por fim adormeci...
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Salut mes amies!!!
Promesa feita promessa cumprida!
Aqui está o restante do capítulo. Como viram acabou a tranquilidade de Allice. E agora novamente ela se encontra em perigo. E agora, o que irá acontecer???
Espero suas opiniões e comentários!
Aguardem e saberão cada detalhe!!!
À bientôt!
😘😘😘😘😘😘😘😘😘
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