17- Flashback 4- Louis
Com a determinação de resolver de uma vez por todas minha situação com Allice eu continuei em contato com Rodrigo nos meses seguintes e me dediquei ao máximo tanto no estágio como nas aulas. Trocava plantões com qualquer colega que precisasse e adiantei vários trabalhos que deveriam ser entregues no fim do semestre. Conversei com Pierre e obtive uns dias de folga aproveitando o recesso das aulas. Arrumei as malas com tanta pressa e euforia que não tinha ideia de quais itens eu teria separado se não fosse Mia me ajudando teria levado somente roupas de frio para o clima tropical do Rio... Seria um desastre! Parti cheio de esperança de resolver todo esse dilema. Quando estava de saída Maxine me interpelou.
- Mon chér... Já vai nos deixar?- Disse com sua voz manhosa e sedutora.
- São apenas alguns dias logo estarei de volta!
- Ah, Louis vou sentir sua falta! - Se aproximou e me beijou de repente me pegando de surpresa. Não tive tempo de reagir. Fomos interrompidos por Mia.
- Estamos atrasados! Vamos?- Soltei-me dela rapidamente e a vi sorrir descaradamente. Minha irmã se despediu da colega de forma séria.
- Até breve, Maxine!
- Au revoir mon cher!
Mia olhou-a com desaprovação e puxou-me pela mão. Depois me repreendeu por permitir que sua amiga me beijasse e declarou o óbvio, que se Allice soubesse ficaria furiosa... Garanti a minha irmã que na volta resolveria a questão com Maxine. Nos despedimos no aeroporto e eu parti com seus desejos de sucesso com relação a Allice.
Decidi não ficar na casa que fora meu lar durante muitos anos. Eu não suportaria encarar meu pai sabendo que ele era o responsável por toda a confusão e infelicidade em que eu encontrava. Ao pensar nisso deixava claro como eu fora covarde me deixando levar pela chantagem feita por ele. Contatei meu amigo mais uma vez e recebi o seu apoio em tudo que precisava.
Na chegada fui recepcionado por meu amigo Rodrigo que me ofereceu sua casa. Apesar de estar cansado da viagem eu pedi a ele que me levasse até a casa de Allice mesmo sabendo que haviam poucas chances de encontrá-la ainda assim decidi arriscar. Ficamos lá parados no carro por cerca de meia hora, mas não havia nenhum sinal dela nem de pessoa alguma da família. Convenci-me de que deveria ser por causa do horário afinal já era tarde da noite. Ela deveria estar dormindo. Se as coisas não tivessem mudado como eu esperava ela ainda estaria estudando pela manhã por ser o horário mais conveniente e por isso dormia sempre cedo para também acordar logo ao amanhecer. Chamei Rodrigo e fomos direto para sua casa. Depois de me instalar no quarto de hóspedes adormeci exausto e ainda esperançoso. No dia seguinte e nos demais repeti o mesmo gesto da noite anterior, porém em horários diferentes. Me vi diversas vezes diante da casa da família Carvalho na expectativa de ver Allice sair ou chegar. Não me sentia disposto a bater à porta e ser recebido por um pai furioso com o namorado da filha que depois de ter prometido nunca a magoare e fez exatamente o contrário...
Quem me visse ali parado ali no local deduziria que eu era um stalker (perseguidor). Por sorte os vidros escuros do carro (alugado, pois afinal não fazia sentido eu comprar um novo já que pretendia economizar, muito menos buscar um dos que estavam na minha "casa" por não querer encontrar com meu pai), os vidros escurecidos pela película impediam que qualquer pessoa que passasse me reconhecesse facilmente. Após repetir inúmeras vezes o mesmo gesto eu já me sentia ridículo. Então resolvi fazer o que deveria ter feito desde o início. Reunindo toda a minha coragem bati à porta. Fui recebido por senhora Laura com uma expressão pouco amistosa e surpresa. Ela não me tratou mal tampouco foi exatamente gentil. Ela me acusou de fazer mal a Allice e de abandoná-la sem pensar duas vezes. Disse-me que eu era irresponsável, fingido e aproveitador. Quando tentei me defender ela alegou que eu não merecia nenhuma das lágrimas de sua filha e que eu deveria deixá-la em paz já que agora ela parecia estar conseguindo superar tudo que eu a fiz sofrer... Citou ainda que eu era exatamente como meu pai e que sentia muito por ter se enganado tanto comigo. Me dispensou sem responder minhas perguntas sobre onde Allice estava ou quaisquer outras que eu pudesse ter feito.
Fiquei arrasado com o excesso de informações pairando em minha mente. Ainda procurei as amigas dela, porém nem mesmo elas entendiam o que havia acontecido. Não a viam há muito tempo e a família não comentava o que havia acontecido. Diziam apenas que ela estava viajando e que não tinha previsão para retornar.
Os dias passaram mais rápido do que eu gostaria e para completar ainda precisei antecipar minha volta porque Pierre havia me encarregado de auxiliá-lo na coordenação da ala cardiológica do hospital e tínhamos muito trabalho a fazer. Antes de partir eu pedi a Rodrigo que permanecesse monitorando a casa, a família e as amigas de Allice no intuito de desvendar seu paradeiro. Então retornei novamente com o coração partido, cheio de dúvidas e a consciência pesada com todos os fatos descobertos recentemente. Na volta eu implorava aos céus que o tempo passasse o mais rápido possível para que eu pudesse voltar logo e resolver toda essa história.
Depois de retomar meus afazeres no hospital e na universidade eu mantive contato quase todos os dias com o Brasil. Em mais uma das inúmeras tentativas de obter novidades relacionadas a minha amada. Mesmo com todos os esforços conjuntos eu não conseguia encontrar absolutamente nada de novo. O desespero era meu companheiro constante. Cada vez que recebia uma negativa eu perdia um pouco das minhas esperanças e sentia meu coração murchar um pouco mais dentro do peito.
Nesse intervalo decidi ter uma conversa definitiva com Maxine.
- Do que se trata essa conversa Louis? Porque chamou-me? O que deseja de mim?
Como sempre ela chegou já se insinuando. Mas desta vez eu não permiti sua aproximação. Afastei calma, mas firmemente.
- Maxine, preciso esclarecer o mal entendido que há entre nós...
- Não há nenhum mal entendido Louis, eu quero você e sei que você também me quer.- Disse se aproximando e me puxando pela gravata. Ao que eu respondi a afastando com mais firmeza do que da última vez. Ela fez uma expressão desgostosa.
- Seja gentil e aceite que eu o quero e eu sempre consigo o que quero.
- Não desta vez Maxine. - Disse a empurrando e me desviando de sue toque.
- Não posso acreditar que está me rejeitando por causa de uma garota que sequer dá a mínima para você. Que sumiu e já deve estar com outro nesse momento.
As palavras dela me fizeram vacilar por um segundo, mas logo consegui me recuperar.
- Você não sabe de nada nem conhece Allice por isso não tem como saber nada a respeito dela.
- Ah, mon cher está enganado. Sei muito bem o tipo dessa sua namoradinha. Apenas você não vê o que está diante de seus olhos.
- Essa é sua opinião não a minha. Eu não quero ser injusto com você por isso não irei pedir que saia do apartamento. Mas peço que se limite a me tratar somente como um vizinho, pois é somente isto que nós somos.
Sai sem dar chance a ela de responder e a partir daquele dia mantive o máximo de distância possível. Eu não tinha intenção de ser rude, mas devido a tudo que ela disse não fui capaz de evitar. Depois analisando friamente a nossa conversa conclui que Maxine sabia mais da minha história com Allice do que eu imaginava. Ao conversar com Mia e questioná-la sobre o assunto e depois dela negar veementemente que tivesse confidenciado qualquer detalhe, ambos concluímos que havia a possibilidade de nosso pai estar envolvido. Eu já estava exausto de sua interferência, mas precisava saber até onde ele era capaz de ir para conseguir o que queria. Portanto não demonstramos nossas suspeitas em contrapartida eu fazia tudo para evitar qualquer situação constrangedora entre mim e Maxine. Eu passava cada vez mais tempo fora do apartamento.
Para mim era difícil ter que viver em constante estado de alerta com todos ao meu redor. Eu desconfiava de tudo e de todas as pessoas com exceção de Mia que era a única que eu tinha certeza que jamais faria nada para me prejudicar.
Tirando o fato de eu adorar minha profissão e as raras ocasiões em que eu saía para relaxar um pouco sempre na companhia de minha irmã eu não tinha nada que me distraísse além do trabalho e dos estudos. Eu me dedicava cem por cento a ambos. Meu maior desejo era concluir o mais rápido possível tudo que me impedia de voltar e dividir de vez meu futuro.
Dessa forma as semanas e os meses passaram...
Finalmente eu tinha concluído todos os requisitos do curso e do estágio e já estava apto a retomar minha vida pessoal novamente. Pierre argumentou diversas vezes que o melhor para mim seria permanecer junto a ele e que me daria todas as oportunidades. Eu contei-lhe toda a verdade sobre meus motivos para não querer aceitar sua oferta e ele me garantiu que caso eu mudasse de ideia poderia procurá-lo a qualquer momento. Então nos despedimos com essa promessa em mente. Eu me sentia liberto. Estava exultante com a expectativa de reencontrar minha princesa.
Faziam exatos três anos e um mês que eu a tinha visto pela última vez. Minha ansiedade só era comparada a incerteza que pairava dentro de mim. Minha sanidade havia sido testada até o limite... Finalmente eu poderia procurar por ela e se fosse preciso eu iria até os confins da terra para encontrá-la. Tinha certeza que teria sucesso porque eu não iria parar até conseguir.
......................................................
Salut!
Essa é a visão do Louis dos acontecimentos... espero remediar a curiosidade de todos e que sirva de consolo até eu postar outro capítulo.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro