16- Reencontro X desencontros... parte 2
Meus dias eram basicamente preenchidos com a rotina de acordar cedo arrumar a mim e a Isa e junto com meu cunhado ir para a faculdade. Chegar já quase noite depois de passar horas estudando ou nos dias mais calmos ficar o restante do tempo com Júlia e minha filha... Eu já não tinha cabeça para fazer os trabalhos extras que outrora me rendiam um certo valor. Na verdade, eu mal conseguia dar conta dos meus próprios. Às vezes eu sentia que não estava fazendo o suficiente. Eu deveria ser mais presente no dia a dia de Isa! Simplesmente eu não conseguia, não tinha forças para mais. Eu me sentia muito sobrecarregada, exausta...
No dia seguinte Marcos havia se atrasado e meus pais e meus irmãos ainda estavam em casa se preparando para sair para cumprir com seus compromissos. Eu esperava meu cunhado na porta de casa quando vi um carro grande e todo escuro se aproximar, instintivamente eu abracei Isa na intenção de a proteger caso fosse Flávio ou qualquer outra ameaça. Quando o carro parou e o vidro foi aberto eu senti meu coração disparar. Louis desceu e me olhou por alguns segundos antes de dizer algo.
- Precisa de carona?
- Não obrigada! Minha carona deve estar chegando só está um pouco atrasado.
- E essa princesa quem é? - Eu senti meu coração parar. Eu evitava a todo custo sair com ela para não a expor aos olhares curiosos dos estranhos. Saíamos apenas em ocasiões muito raras. A maioria das pessoas pensava que ela era filha de Júlia e Marcos afinal ela passava mais tempo na casa deles. E eu não fazia questão de desmentir as suposições.
- Oi, sou Isa. E você quem é?
- Olá, princesa meu nome é Louis, mas se for muito difícil pode me chamar de Luís que é a forma brasileira do meu nome, eu sou ... Ah...um amigo de sua tia.- Disse ele estendendo a mão e tomando a da pequena para um cumprimento e eu não pude deixar de notar que ele também pensou que Isa fosse minha sobrinha. Meu coração doeu ao pensar que ele jamais me perdoaria quando soubesse da verdade.
- Louis é muito bonito e não é difícil minha mamãe me ensinou esse nome...
- Isa precisamos ir! -Eu a interrompi segurando sua mãozinha afinal não queria que ele soubesse da verdade dessa forma.
- Allice se quiser eu deixo vocês no lugar aonde está indo.
- Não é preciso Louis! Sério, Marcos deve estar chegando deve ter sido o trânsito que o fez atrasar.
- É esse o nome do seu novo namorado? Há quanto tempo vocês estão juntos? Foi por causa dele que você me deixou?
Aquilo doeu! Depois de tanto tempo estava claro que ele não me conhecia como eu pensei. Não respondi a nenhuma das suas perguntas. Ao contrário, eu o repreendi.
- Aqui não é a hora nem o lugar de falarmos sobre isso! - Disse tentando terminar o assunto desagradável.
- Você não respondia minhas ligações e mensagens... depois nunca mais me procurou... Agora, eu entendo os seus motivos! Mas você podia ter sido sincera e ao menos terminado comigo antes de...
- Já lhe disse que agora não! Não é o momento de termos essa conversa! - Falei o interrompendo tentando ignorar a dor que as palavras dele me causavam.
- Me diga quando e onde?
- Domingo no parque! Pode ser?
- Conforme sua vontade mademoiselle! - Ele disse e fez uma reverência demonstrando nesse gesto toda a sua ironia.
- Foi muito bom conhecê-la princesa! Até a próxima! - Despediu-se de Isa e me olhou demoradamente antes de entrar no carro e se preparar para sair...
Como por milagre Marcos finalmente chegou. Parou o carro como sempre e antes de pegar Isa no colo e me cumprimentar olhou para Louis que estava a uma certa distância apenas parado nos observando, depois para mim e para ele outra vez. Então, me abraçou e sussurrou em meu ouvido um "depois você me conta". Abriu a porta do carro para mim, eu olhei Louis pela última vez antes de entrar no carro. Ajeitou Isa na cadeirinha. Depois de ocupar seu lugar indagou:
- Ele é quem parece ser?
- Se for de Louis que está falando, sim é!
- A semelhança entre os dois é espantosa! - Disse olhando Isa pelo retrovisor. - Ele já sabe?
- Não! Eu não podia falar na frente dela. Sabe como é, isso pode confundi-la.
- Eu entendo! Mas sabe que terá que contar o quanto antes. Agora mais ainda ele poderia ajudá-la...
- Por favor Marcos, agora não!
- Desculpe-me! Não quero te ver chateada.
- Eu não estou. Mas me diga, porquê se atrasou tanto?
- Sua irmã não estava se sentindo bem. Mas já está melhor.
- O que ela tem? Seria melhor eu ficar com ela.
- Não! Ela já está bem foi só um mal-estar passageiro.
- Certo! Vou tentar sair mais cedo e ficar com ela um tempo a mais. Hoje não estou com cabeça, mas não posso faltar as primeiras aulas.
- O francês realmente mexe com você!?
- Você não tem ideia do quanto!
- Chegamos! Até mais cunhadinha apaixonada!
Fiz uma careta e me despedi dos dois. Depois segui rumo a minha sala. Implorando para conseguir ao menos me concentrar.
Na hora do intervalo entre as aulas eu telefonei para Ana depois de pensar bastante eu decidi que precisava de sua fé inabalável e do apoio que ela sempre me dava... A conversa foi breve, ela mais ouviu do que falou e antes de desligar me assegurou que oraria por mim, me aconselhou a estudar a Bíblia, me indicou algumas passagens e me incentivou a crer na proteção divina. Após nossa conversa eu me senti renovada e apesar do medo decidi que precisava me libertar de uma vez por todas das sombras do passado... Eu procuraria Louis e lhe diria toda a verdade! Então, seria tudo resolvido.
Já no apartamento de Júlia e Marcos depois que ele me buscou na faculdade nós três almoçamos juntos com Isa. Quando minha pequena dormiu eu questionei minha irmã sobre o mal-estar ocorrido pela manhã e recebi a feliz notícia de que finalmente eu seria tia. Dada a leveza causada pela alegria do momento em que estávamos eu achei por bem não estragar falando de coisas desagradáveis, por isso adiei o comunicado em relação ao que eu havia decidido sobre minhas atitudes futuras... Por algum tempo eu me deixei levar pela emoção que a chegada de uma nova vida estava representando: um recomeço e prometi à minha irmã que poderia contar comigo sempre e que eu a ajudaria como ela fez comigo. Partilhamos bons momentos juntas até Isa acordar e em seguida nós três brincamos de bonecas...
No fim do dia Marcos nos levou a um pequeno passeio em um parquinho infantil próximo. Fiquei alguns minutos observando o trio correr e brincar enquanto eu terminava umas anotações importantes sobre um trabalho de pesquisa os três se divertiam nos brinquedos.
Em um instante em que Júlia se afastou um pouco com Isa para comprar-lhe um sorvete Louis apareceu me causando grande surpresa. Principalmente pelo seu modo de falar. Parecia que ele estava me vigiando há um certo tempo. Velhos hábitos não morrem jamais.
- Muito bem, vejo que continua com os mesmos hábitos de antes! - Ao ouvir sua pergunta respondi no mesmo tom.
- Na verdade eu mudei bastante meus hábitos durante esses três anos. Já não posso dizer o mesmo sobre você!
- A mim não parece que tenha mudado! Você continua gostando de ler e escrever sozinha em locais públicos.
- Você está engando ela não está sozinha! - Quando eu me preparava para lhe dar uma resposta Marcos apareceu interrompendo nossa conversa. E eu pensei: Droga e agora! Mas eu não podia imaginar como as coisas se complicariam ainda mais. Antes que eu pudesse pensar em dizer alguma coisa Isa veio correndo com o rosto todo sujo de sorvete me mostrando mais um brinquedo que Júlia tinha lhe comprado.
- Mamã, olha o que titia me deu! - Percebi a mudança de expressão no rosto de Louis e a maneira que ele olhou de mim para Marcos depois para Isa. E vi que aquilo não terminaria bem.
- Mamãe?! Como assim? Ela é sua filha? Mas eu pensei...vocês dois...- Disse olhando a mim e meu cunhado novamente. E eu simplesmente não conseguia articular uma palavra nem mesmo pensar no que dizer durante daquela situação complicada.
- Então Allice, foi por esse motivo que você deixou de me atender...? Quando iria me contar?
- Louis você não entende...eu não...as coisas não são como você pensa! - Mas ele não esperou eu dizer mais nada, não quis me ouvir saiu em disparada enquanto minha irmã vinha quase correndo atrás de Isa até chegar a nós... Foi tudo tão rápido que eu não pude precisar quanto tempo fiquei ali parada olhando o carro dele se afastar e sentindo as lágrimas quentes em meu rosto...
Minha cabeça estava em meio a um turbilhão. Eu podia ouvir ao longe Marcos se desculpando, Júlia me dizendo que ficaria tudo bem e Isa sem entender nada secando minhas lágrimas ao perguntar se eu tinha um dodói e porque eu estava chorando...
Eu não tinha condições de tomar conta de Isa por isso a deixei com Júlia e Marcos. Logo que os três se despediram de mim na porta da casa de meus pais eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser o olhar acusador e a expressão de tristeza e decepção de Louis... Ele parecia arrasado.
E meu coração se encolheu até ficar do tamanho de uma cereja.
Eu não sabia o que fazer nem como agir. Tudo que eu queria era poder consertar tudo, resolver nossa situação. Mas eu tinha consciência de que não seria tão simples quanto eu gostaria. Dezenas de possibilidades povoavam meus pensamentos. Infelizmente nenhuma delas parecia ser nem de longe algo agradável que me levasse a um resultado satisfatório. Enquanto a angústia me consumia eu sentia se esvair os últimos resquícios de esperança que me restavam.
Eu precisava clarear minha mente, não sentia disposição alguma para encarar meus familiares. Permaneci algum tempo estagnada na mesma posição e por longos minutos me perguntava o que fazer e se seria boa ideia dar uma volta no quarteirão para espairecer. Caminhar sempre me fez muito bem, seriam somente alguns minutos. Eu poderia contemplar as estrelas que começavam a mostrar seu brilho. Pensei que não haveria problema afinal ainda era cedo, o sol mal havia se posto.
Resolvida a caminhar por alguns minutos enquanto pensava no que eu poderia fazer para sair dessa enrascada em que me encontrava. Fui me afastando de casa até que encontrei uma vizinha muito antiga a qual eu não via há muito tempo. Dona Margarida, era uma senhorinha muito simpática e gentil que me cumprimentou e declarou que ficara feliz de voltar a me ver depois de tanto tempo. Elogiou minha boa aparência e eu agradeci a Deus pelo fato de as pessoas não serem capazes de ler pensamentos muito menos de enxergar nosso interior e lembrei do ditado que diz: " Quem vê cara não vê coração". Na verdade pensando bem nem mesmo minha fisionomia estava vagamente boa, mas considerei que os elogios eram resultado de uma visão deteriorada pelo tempo e a vontade de ser agradável. Porque por dentro eu estava como um vulcão prestes a entrar em erupção.
Eu jamais poderia prever o que viria a acontecer por causa da minha péssima decisão do contrário teria preferido olhar meus parentes nos olhos e ouvir todos os conselhos que eles me dariam...
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Salut mes amis!
Aproveitem essa segunda parte. E perdão por ter demorado a postar.
Só quem vive às voltas com uma enxurrada de trabalhos no final de semestre sabe como é tentar conciliar os dois mundos. Teoricamente eu deveria estar de férias, mas como sou a *louca dos livros, eu irei estudar também nesse período e adivinhem o que?... Sim, isso mesmo... quem apostou em Literatura acertou!
Longa história...
Não irei prometer nada, mas acreditem farei todo o possível para conseguir postar logo.
Abientôt!!!
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