Entrevista com Lyly

Viva La Escrita : o que te inspirou a escrever "Intended Love" com Jungkook e Jimin como personagens principais?

Lyly: Há milhares de fanfics com esse shipp, e histórias muito boas. Então, eu só me juntei a muitos outros, e bolei um enredo com o maior shipp do fandom.

Viva La Escrita : A fanfic aborda temas de classificação genética e repressão de sentimentos. Como você decidiu tratar essas questões de forma a destacar o crescimento emocional e as revelações pessoais dos personagens?

Lyly: Bem...as classificações genéticas foi uma ideia simples. Quando pensei na hierarquia e em como dividir isso, foi fácil encaixar as classificações. Já nas questões sentimentais, achei um pouco mais complexo. Sabemos que há conflitos pessoais quando se está saindo da adolescência para a vida adulta, e encaixar isso em meio aos posicionamentos de cada um, foi um desafio gostoso de trabalhar.

Viva La Escrita : A obra possui uma classificação +18. Como foi o processo de escrita das cenas mais intensas e íntimas entre os personagens? Houve algum desafio ou preocupação em equilibrar essas cenas com o desenvolvimento emocional da história?

Lyly: Mesmo tendo experiência com esse tipo de escrita, nunca é igual em uma obra e outra. Mesclar com a identidade dos personagens e seus sentimentos com outro, é como desenvolver uma cena de ação, se você não prestar bastante atenção no que está escrevendo, pode acabar passando a ideia errada na construção dos envolvidos.

Viva La Escrita : Durante o processo de escrita, você sentiu que a história tomou direções inesperadas ou os personagens evoluíram de maneiras que você não tinha planejado inicialmente?

Lyly : Quem me conhece sabe bem como eu costumo desenvolver uma obra. Inicio sabendo apenas começo, meio e fim. Simples assim. Todo o restante fica a cargo dos meus personagens. Geralmente respondo aos meus leitores, que estão torcendo e pedem para que eu coloque A com B, porque os sentimentos deles ou interações são lindas juntas, que eles não devem esperar que eu faça isso, porque eu apenas ouço meus personagens e escrevo o que eles dizem ou fazem. Por exemplo, a história de Yoongi não precisava ser tão intensa, mas o que ele escondia sobre seu passado, nem mesmo eu poderia imaginar. Kkk E no final das contas, foi o conteúdo que mais me surpreendeu nessa fic toda. Confesso, ainda fico besta quando vejo que joguei tudo aquilo para meus leitores.

E Taehyung evoluiu de um jeito que eu nem sabia que um pesagem meu poderia evoluir.

Viva La Escrita : A tensão romântica entre Jungkook e Jimin é central na narrativa. Como você trabalha a construção dessa tensão ao longo da fanfic para manter os leitores envolvidos na história?

Lyly : Eu não sei explicar. Procuro pensar que, meus leitores conhecem muito bem os personagens citados. Conhecem seu jeito de olhar um para o outro, então colocar uma tensão ou conflito, facilita muito que eles vejam por si só a cena real, como se estivesse mesmo acontecendo. Essa proximidade é suficiente para trazê-los para qualquer situação. E acho que isso basta. Pois não é a mesma coisa com um personagem totalmente original, criado do zero, quando até uma mania simples, você precisa relatar com precisão para os leitores entenderem bem que aquilo é algo único.

Viva La Escrita : Como autora de fanfic de BTS, como você enxerga o impacto do grupo na sua escrita e na recepção dos leitores? Há algum elemento da vida real dos integrantes que você incorporou ou adaptou para a história?

Lyly : Eu sou leitora há muito tempo, e anos atrás, me arrisquei a iniciar uma escrita, muito ruim por sinal. Porém, quando conheci o BTS, eu queria muito mais do que recebia, e quando chegou a pandemia, presa em casa, sem muito o que fazer, conheci o Spirit. Fiquei pasma quando vi tanta fanfic sobre eles, e me joguei de cabeça nesse tipo de leitura. Enfim, nada estava muito bom, havia muita escrita ruim, e eu, acostumada com leitura, precisava de conteúdo mais sincronizado. Foi aí que me arrisquei a escrever uma. Juro, não foi a coisa mais fácil que já fiz. Tinha muito receio do que as pessoas diriam sobre o que eu escrevia. "como assim, você está colocando um romance na vida do Yoongi?". Mas eu comecei a receber comentários positivos, e com tempo mais do que sobrando, terminei rápido a minha primeira fic. Desde então, não parei mais.

Os elementos que eu costumo agregar nas minhas obras, são o próprio jeito de cada um deles. A sensatez altiva do Namjoon; a autoconfiança do Seokjin; o jeito reservado e carrancudo do Yoongi; a alegria e positividade inacabável do Hoseok; o jeito meigo e a disposição para ajudar os amigos que o Jimin tem; o sarcasmo e o deboche nos trejeitos do Taehyung e o serelepe do Jungkook, sempre se aventurando em novas descobertas.

Esses são pontos muito marcantes em cada um, é muito fácil encontrar isso em outras fics. Nós os conhecemos e fica mais fácil ler algo sobre alguém que você já conhece. É por isso que as fanfics são tão procuradas nas plataformas.

Viva La Escrita : Quais foram os maiores desafios que você encontrou ao escrever "Intended Love"? Como você lidou com esses desafios para garantir que a narrativa ficasse coesa e envolvente?

Lyly : O maior desafio pra mim foi o tempo. Conseguir tempo para escrever foi difícil. Às vezes, quando não conseguia tempo para escrever durante a semana, eu voltava e lia os capítulos anteriores, ouvia a playlist que fiz para ela e tudo voltava a se encaixar perfeitamente. Acho que o meu segredo para manter tudo em seu devido lugar, é a música. A partir dela eu desenvolvo inicialmente a obra, depois vou lapidando a maneira dos personagens e sei lá, tudo vai se encaixando.

Viva La Escrita : Há algum aspecto de "Intended Love" que você sente uma conexão pessoal mais forte, seja em relação aos personagens, temas ou à própria jornada de escrita? Como essa conexão influenciou o desenvolvimento da fanfic?

Lyly : Parece uma bobagem que você ouve de qualquer adolescente que ainda não sabe o que quer da vida. Mas não, como uma adulta que sabe o que quer e o que fazer em cada aspecto da minha vida, declaro que BTS tem grande parte nisso. Sentir-se perdido, à deriva, é o que muito Army passa ou já passou antes desses 7. E eu era uma delas. A confiança em nós mesmos, que as mensagens em forma de música nos trasmite, é uma abertura fundamental para enxergar que somos capazes de manter ou retirar toda e qualquer pedra em nosso caminho. E a história de Yoongi nessa fanfic foi a que mais me conectou no processo de escrita.

Um passado sem nenhuma conquista ou glória, os pesadelos que te assombram dia e noite e a sensação de vazio e solidão, esmagam o peito e transbordam pelos olhos constantemente. Eu não perdi meus pais, não fui associada a um crime ou convivi com parentes mesquinhos e interesseiros. Minha conexão com ele foi por não conseguir encontrar seu lugar no mundo. Na minha família, eu sou a única que está fazendo faculdade agora. Depois de "enfiar os pés pelas mãos", decidindo ter um filho aos 17 anos, sem concluir o ensino médio e sem pensar no futuro. Não era fácil saber que eu não me encaixava naquele meio, sentir o olhar de puro julgamento e preconceito no meio de seus familiares. Sim, caminho solitário. Por isso a história dele mexe muito comigo. Encontrar alguém que não te julgue, que não te decepcione, que te aceita com suas qualidades e defeitos e afirma de diversas formas que estará ao seu lado doa o que doer, é como nascer de novo. Você se aceita como é e tenta melhorar o que não está bom. E foi isso que ele fez. Assim como eu, ele deu o melhor de si em tudo e não desistiu nos momentos difíceis. Encontrou sua felicidade merecida.

Viva La Escrita : Quais suas obras ou projetos para o futuro?

Lyly : Atualmente estou com três fanfics de BTS, claro, em andamento. No futuro, pretendo revisar e alterar alguns pontos em Match, e em parceria com alguma das editoras que já iniciei contato, torná-lo uma obra física. Estou ansiosa por isso, porém, indo devagar. Se tudo sair como planejado (é, nesse caso específico, não me joguei só com um começo, meio e fim kkk), alcançarei esse sonho também.

Viva La Escrita : Deixe um recado para seus leitores e seguidores do Viva La Escrita.

Lyly : Bom, o que eu posso dizer aqui é bem comum, mas eficaz, no final das contas. Não deixe que a pressão familiar, de amigos ou sociedade lhe jogue em um caminho que possa se arrepender depois. Sua vida pertence a você, e é você quem vai arcar com cada decisão no futuro. Alguns já sabem desde cedo o que querem para a própria vida, outros estão indecisos e alguns, não têm ideia do que seria propício. Para esses, acalmem-se, respirem fundo e com calma, vocês vão chegar lá. A vida não é um livro que se compra com um número de páginas definido. Escreva o seu, no seu tempo, à sua maneira.