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Capítulo 18 - Segredos

O sol se despedia no horizonte, tingindo o céu com tons alaranjados e rosados, enquanto Alexander permanecia sentado na margem do rio. O som suave da água corrente misturava-se ao canto distante dos pássaros que procuravam abrigo para a noite. Ele segurava firmemente sua vara de pesca, o olhar fixo no fio que balançava preguiçosamente sobre a superfície espelhada. Apesar do cenário tranquilo, sua postura relaxada escondia uma vigilância constante.

De repente, o estalo quase inaudível de galhos sendo pressionados sob botas ecoou por entre as árvores. Era um som sutil, mas suficiente para atrair a atenção de Alexander, que não se virou.

- É incomum um professor procurar um ex-aluno, ainda mais um professor que o aluno não conhece - comentou Alexander, a voz grave e controlada, como se estivesse discutindo o tempo.

Atrás dele, um homem vestido em roupas simples parou a poucos metros. Seus olhos traíam a ansiedade que tentava esconder em sua postura firme.

- Sinto muito se estou interrompendo - começou o homem, o tom cauteloso, quase suplicante. - Mas eu preciso da sua ajuda.

Alexander, ainda com o olhar fixo no rio, ergueu uma sobrancelha, como se a pergunta não fosse inesperada.

- Ele já começou a agir?

- Sim. Acredito que, em poucas semanas, a academia será invadida. Muitos podem se ferir gravemente... Alguns talvez nem sobrevivam!

Alexander suspirou, puxando a linha e ajustando a isca antes de lançar novamente a vara ao rio.

- Certo. O que você precisa?

O homem hesitou por um momento, as palavras pesando em sua língua.

- Proteja minha família!

- Então é por isso... - Alexander comentou, sem surpresa.

- Sim. Ele está usando minha família como moeda de troca para me manipular. Se eu não puder ajudar os alunos quando a invasão acontecer... - Sua voz tremeu. - Muitos deles morrerão.

Alexander riu baixinho, sem humor, e finalmente virou a cabeça para encará-lo de relance.

- Você não parece o tipo de professor que se sacrificaria tanto pelos alunos. Tem algo mais nisso, não tem?

- Não há nada escondido - respondeu o homem, firme. - Quero evitar mortes, só isso!

Alexander o encarou por um longo momento antes de dar de ombros.

- Certo, já ouvi o suficiente. Apenas me diga onde sua família está.

O homem assentiu, aliviado, e começou a explicar tudo: localizações, rotas de escape, possíveis armadilhas. Horas se passaram enquanto elaboravam um plano. Quando o homem partiu, Alexander voltou ao rio, sentando-se novamente.

Com a vara na mão, ele esperava pacientemente, mas a falta de sucesso logo o irritou. Suas sobrancelhas franziram e ele bufou. Finalmente, sentiu um puxão. Seus olhos brilharam de entusiasmo, e ele puxou com força, levantando um peixe colossal que se debatia furiosamente.

- Nossa! Um Fushikaku! - exclamou Alexander, examinando o peixe prateado e brilhante. - Vai ser um jantar e tanto.

Alexander voltou para sua casa isolada, carregando o peixe raro com esforço. Dentro, ele limpou a mesa de madeira e preparou as ferramentas para o trabalho. No entanto, quando cortou o peixe, um odor pútrido encheu o ambiente.

- Podre por dentro? Sério? - Ele revirou os olhos e largou a faca com um baque irritado. - Ah, que ótimo. Mais uma noite sem jantar.

Resmungando, Alexander picou o peixe em pedaços menores, embrulhou-os e os jogou no lixo, frustrado, enquanto a noite caía completamente.

Duas semanas se passaram, e a academia estava em constante movimento. Harry continuava inconsciente, enquanto Heyzel, Saya, Len e Igros se submetiam a treinos exaustivos. Cada aula parecia mais desafiadora que a anterior, e a tensão no ar crescia.

No estádio principal, onde anteriormente havia ocorrido a competição entre as turmas, os preparativos para um grande anúncio estavam em andamento. Íris, sempre meticulosa, ordenou que todos estivessem presentes ao meio-dia.

Na sala de aula, o professor animado carregava uma maleta prateada com detalhes pretos e as siglas B&R.. Ele bateu de leve na mesa para chamar a atenção.

- Continuaremos o assunto de nossa última aula - anunciou com um sorriso.

- Sobre como manipuladores podem se tornar intangíveis? - perguntou Saya, curiosa, a mão levantada.

- Exatamente! - Ele abriu a maleta, revelando ferramentas estranhas e um conjunto de diagramas.

Explicando com entusiasmo, ele apontou para Heyzel:

- Por exemplo, Heyzel, aqui, um manipulador de fogo, poderia, no futuro, alcançar esse nível.

Os alunos se viraram surpresos, cochichando entre si, enquanto Heyzel permanecia calmo, como sempre.

- Mas as chamas dele são negras - interveio outro aluno, levantando-se. - Isso não muda nada?

- Não! A cor das chamas é irrelevante. Qualquer manipulação elemental pode alcançar a intangibilidade se o usuário refinar sua técnica o suficiente.

O professor passou a desenhar no quadro, explicando como a energia espiritual flui e como manipulações se tornam intangíveis.

- Agora, para enfrentá-los, precisamos do Haishi, energia anuladora.

Os alunos ficaram intrigados, e o professor, visivelmente satisfeito, detalhou o processo complexo para criar essa energia.

- Precisamos aumentar a velocidade da nossa energia espiritual em pelo menos 200% - explicou. - Isso criará uma camada densa que anulará as células de intangibilidade.

O sinal tocou, encerrando a aula. Com sorrisos, olhares confusos e conversas animadas, os alunos se dirigiram ao estádio para o aguardado anúncio de Íris.

Enquanto os preparativos aconteciam, dois indivíduos conversavam em um canto afastado.

- Quem acha que enviou o aviso? - perguntou um deles.

- Não sei, mas é claramente um professor.

- Kazuki, mantenha os olhos abertos.

- Pode deixar - respondeu Kazuki com seriedade.

- E onde você esteve pela manhã?

- Fui ver um velho amigo. Fazia anos que não nos víamos.

- Certo. Vejo você no anúncio.

Eles se separaram, o clima pesado e carregado de incertezas.

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