[CHAPTER 4]

Era só esperar o anoitecer, ela estaria lá. A garota da noite, como resolvi chamá-la, foi uma das pessoas mais incríveis que já vi e você descobrirá o motivo.

Bastava eu me sentar no banco e esperar que ela aparecesse com suas roupas escuras e cabelos soltos, sempre me perguntei onde estariam os seus pais pois era somente uma adolescente e já andava tão livre pelas ruas naquele horário. Eu conseguia sentir sua juventude e adrenalina enquanto ela corria sem rumo; ela vivia. Mesmo sem nem sequer saber o seu nome poderia escrever um livro sobre sua história, nunca me senti tão ligada à alguém.

A garota da noite era descrita por mim como uma adolescente rebelde junto com aqueles clichês todos, porém, sabia muito bem do que fazia, o que a diferia de muitas outras como ela. Adorava sair durante a noite em busca de diversão e isso incluía se envolver com pessoas inconvenientes.

O seu passado é um completo mistério, não importa o quanto eu tente imaginar, ela é indecifrável e por onde passa deixa alí algum de seus enigmas. Viver para a garota a noite significava se arriscar, até quando isso poderia levá-la à morte; louca ou insana, pense o que quiser, ao menos era ela muito feliz.

Em tão pouco tempo de vida ela conheceu a dor e também a mim, a Morte. Quanto mais se aproximava eu duvidava de sua direção, e então iniciou uma conversa:

— Sabe quando você não tem um objetivo? — Perguntou-me como se me conhecesse à tempos.

— Sei sim, por quê?

— Eu não tenho um, apenas vivo. Não sonho, pois à noite estou acordada. Também não penso muito, somente ajo. Me sinto confusa vendo todos com seus objetivos e eu aqui querendo sentir tudo que sou capaz de sentir. Acho desnecessário precisar de uma meta para continuar, isso é pensar demais no futuro e a qualquer momento podemos morrer — o tempo corre e quero seguir na mesma velocidade, aspirando a intensidade que é viver.

A felicidade invadiu o meu ser, o seu modo de pensar era uma novidade para mim, nunca cheguei a olhar por esse ângulo. Ouvi atenta todas as suas palavras enquanto gotas de chuva caíam sobre nós, ela não se importava em se molhar; para uma garota como ela, o que realmente havia relevância era aproveitar o momento sem preocupações.

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