Stalker
Por quê? Eu queria me mover, para tocá-la e tirar a venda dos olhos. Algo me impediu, eu não ousava examinar o que era.
- Pelo período de um ano, eu enviei a você cheques de dez mil dólares, um a cada mês. Você descontou e usou todos eles. Você gastou o meu dinheiro, Sana. Você viveu de minha generosidade. Minhas razões para isso continuarão a ser um mistério para você, por agora. Mas você está em dívida comigo. Você seria uma sem-teto e faminta sem mim. Sua mãe não teria recebido os cuidados que ela precisa, sem mim. sua irmã não teria uma casa ou uma educação, sem mim. Então, eu não sou apenas a sua dona, Sana. Eu possuo sua mãe e o sua irmã. Ambos são totalmente dependentes de você, consequentemente, de mim. - Engoli em seco, pisquei segurando as lágrimas.
- O que você quer? - As palavras saíram um sussurro quase inaudível.
- Sana ... Sana - Sua voz me acalmou e acariciou, profunda e suave, com ternura. Esta mulher, sua voz era mágica, tão expressiva, tão mutável. O poder que emanava dela me apavorava.Ela já poderia me manipular com o mero tom de voz, podia me assustar ou me acalmar com palavras.
- Você não precisa ter tanto medo. Permita-me tranquilizá-la um pouco. Como eu disse, eu não sou uma dominante. Não tenho prazer em infligir ou receber dor. Tenho prazer no controle, na obediência. Você vai fazer o que eu disser, vai cumprir a minha vontade, mas te prometo que sempre irá encontrar nos meus desejos seu prazer, para o seu próprio benefício. Eu nunca vou lhe machucar. Nunca. Não a ferirei. E não vou amarrá-la, mas se eu fizer isso, será com sua própria concordância em mantê-la amarrada.
- Por quê? - Pisquei por trás da venda, fechei os olhos e senti uma gota de lágrima em meu rosto. - Por que eu? Por que eu devo obedecê-la?
Obedecer. Eu odiava essa palavra. Nunca fui obediente. Nem sempre faço o que me é dito, pelo menos não facilmente.
Mesmo quando menina, meus pais aprenderam que era melhor me pedir muito bem, em vez de ordenar. Me obrigando a algo com comandos brutais, iria trazer o lado acentuado do meu temperamento, muito curto e explosivo.
Esta mulher invisível, sem nome, esperava que eu lhe obedecesse. Sentisse que lhe pertencia.
Agora minhas lágrimas eram de raiva, impotência, eu tinha a sensação de naufrágio, ela estava certa.
- Porque você se importa. Porque tem honra. - Mesmo sendo áspera, ainda era terna, a ponta de seu dedo escorregou pela minha bochecha, perto do canto da minha boca, enxugando minhas lágrimas. - Você vai me obedecer porque você deve. Eu não espero, e nunca permitirei que você me pague monetariamente.
- Não. - Eu não podia deixar de falar. - Você só espera que eu foda com você, essa será a única maneira de sair da minha dívida.
- Incorreto, Sana. - Ela respondeu calma, mas afiada como navalha e fria como o vácuo do espaço. - Lhe farei outra promessa. Nós não vamos nos envolver em relações sexuais com penetração, a menos que você peça por isso e para completar Sana, essa minha promessa. Você vai querer. Vai me implorar por isso. Mas não vai acontecer, a menos que me peça.
- Você é muito segura de si. - Eu disse, tentando soar mais forte do que me sentia. Na verdade, a sinceridade crua e a garantia absoluta em sua voz me sacudiram até a medula. Ela acreditava que o que falou, era uma verdade inquestionável.
- Sim, eu sou. - Disse em um sopro de calor próxima da minha orelha. - E tenho certeza de que você implorará.
Puta merda. O que eu deveria dizer sobre isso? Eu mal podia ficar de pé. A potente mistura de emoções que esta mulher causou em mim me fez tremer, meus os joelhos batiam.
Eu estava excitada, tinha que admitir. E isso me assustou. Tão mal. Eu não queria desejá-la. Não queria ser possuída por ela.
Mas de alguma forma, com nada além de algumas palavras e toques, ela havia me deixado doendo de uma forma que eu nunca tinha pensado ser possível.
- Está vendo? - Seu dedo traçou a maçã de meu rosto, correu sob meu lábio inferior. - Você já começou a entender. Está excitada, Sana. Eu posso sentir isso. Suas narinas estão frenéticas e queimando. Você está tremendo, corando e odeia isso, certo? - Não respondi.- Você não odeia? Se eu lhe fizer uma pergunta, espero uma resposta, Sana.
- Sim.
- Tudo bem. Deteste tudo o que quiser. Combata. Tente como puder, isso não irá ajudá-la. Eu possuo você, Minatozaki Sana e logo você aceitará.
- Nunca.
- Ah. Rebelião. Aí está o espírito. Esse seu temperamento, Sana. Tem botado você em tantos problemas, não é? - Ela parecia se divertir. - O Sr. Lee ainda está se recuperando, você sabe. Quebrou o nariz dele em pedacinhos - Cambaleei.
- Co-como você sabe sobre isso?
- Claro que eu sei. Eu sei tudo sobre você. - Ela se afastou. Ouvi um tilintar de vidro um pouco distante e um líquido derramando. Ela pegou a minha mão na sua, apertou um copo nela, levou-o aos meus lábios. - Beba.
Toquei o líquido, provei a queimadura de fogo do uísque caro tomou minha boca.
Eca. Não.
- Beba. - Sua voz era um chicote. Não gosto de repetir.
Eu bebi. Meu esôfago parecia ter sido revestido em lava, e então bateu no meu estômago como uma pilha de tijolos. Meu sangue disparou, e minha cabeça girou.
- Deus, isso é nojento. - Mas, senti meu corpo vir à luz aquecido pelo Scotch me levantou, como se eu fosse um balão de ar quente. Bebi de novo, não era tão ruim.
- No entanto, você bebeu mais uma vez, por vontade própria. - Ouvi um sorriso em sua voz. - Você beber o uísque é uma metáfora a forma de como reage a mim. Você não gosta em um primeiro momento, mas queima a sua resistência e em breve vai querer mais.
Eu bebi outra uma vez, um pequeno gole, e a lava correu da minha garganta para o meu estômago, o fogo em meu sangue, não era tão ruim. Ela me encorajou.
- Você disse que não espera que eu lhe pague monetariamente. No entanto, falou também, que não vai fazer sexo comigo se eu não pedir. Então, o que quer de mim?
- Simplesmente você. Sua obediência absoluta e imediata em todas as coisas. Sua vida. - Eu a ouvi engolir. - E aqui está o porquê que você irá me obedecer. Além do calor que sente na sua virilha e da forma como reage ao simples som da minha voz, vai me obedecer porque sabe o domínio que eu tenho sobre seu corpo. Vou continuar a fornecer o que for necessário para a sua mãe e sua irmã, enquanto me obedecer. Elas serão muito bem cuidadas, em todas as circunstâncias. Da mesma forma que você irá ser bem cuidada. O tipo de tratamento que recebeu no jato é um mero vislumbre da vida que irei lhe fornecer.
- E se eu não cumprir com todos os seus caprichos?
- Vou mandá-la para casa. Você irá assinar um acordo de confidencialidade férrea, e estaria livre para ir.
- Só isso? - Coloquei todo o sarcasmo e amargura que possuía nessas duas palavras.
- Só isso.
- E eu não teria que lhe pagar?
- Não. - Ela fez uma pausa para dar efeito. - Se não, não receberá nenhum centavo. E você ainda tem um longo caminho a percorrer até terminar a sua graduação. Os postos de trabalho que você está treinando agora, nunca vão oferecer os recursos necessários para que possa cuidar de sua mãe e de sua irmã. E mesmo que pudesse se manter trabalhando tempo suficiente para terminar a graduação e conseguir um emprego em seu campo, você realmente acha que uma assistente social poderia ganhar dinheiro suficiente para pagar os tipos de contas que você tem? O que passa por sua cabeça?
- Eu teria que fazer isso funcionar.
- Sim, Sana. Acredito que você iria se matar tentando. - Ela fez uma pausa para saborear a bebida e eu tomei outro gole da bebida também. - Você poderia tomar esse caminho e talvez seja capaz de fazê-lo funcionar. Mas, suas escolhas são limitadas. Muito limitadas. Quanto tempo você acha que teria, antes de acabar em um clube de strip? Antes de vender o seu corpo? Antes de começar a fazer o que o porco vil do Lee pediu, simplesmente para manter um trabalho que você tão desesperadamente precisava?
Eu não poderia responder. Ela estava certa em tudo. Abaixei a cabeça em derrota, estendi o copo incapaz de segurá-lo por mais tempo. Ela o tirou de mim.
- Exatamente. - Sua voz se afastou, ouvi o barulho na madeira provavelmente ela colocou o meu copo lá. - Ou você pode ficar aqui comigo. Jogando o meu pequeno jogo, e tendo todas as suas contas pagas.
- Em que isso é diferente de prostituição? Exigi com a voz trêmula. - Estou vendendo minha vida, meu corpo e a porra da minha alma para você, para pagar as contas.
- Se você quiser considerar prostituição, então suponho que nesse caso poderia ser feito. Mas não é. Considere, em vez disso, um comércio.
- Comércio? Um acordo?
-!Exatamente. Um negócio. Mas este não é um negócio sexual, Sana. Eu poderia me esforçar para estimular os seus sentidos, transformá-los. Não nego que me sinto atraída por você e que tenho estado por muito tempo. Mas não estou tentando forçá-la a fazer sexo comigo. Vou convencê-la, um passo de cada vez. E passa em bares e clubes todas as noites. Não é diferente do que você mesma já se envolveu. - Ela estava perto de mim novamente, me circulando, bebendo e falando. - Você vai a um bar, encontra um jovem provavelmente cavalheiro, atraente, bem vestido, com um certo brilho nos olhos, um ar de superioridade em sua postura. Você o deixa iniciar uma conversa. Ele compra uma bebida, ou, duas, ou, três. Talvez você lhe dê o seu número de telefone, ou, talvez você simplesmente volte com ele para a sua casa naquela mesma noite. Ou talvez, você espera para marcar alguns encontros com ele primeiro. Você iria flertar, fazer algumas perguntas, determinar ou não se a sua personalidade combina com a sua de uma maneira satisfatória. Se a atração inicial eventualmente permanecer, se estiverem reunidas todas as condições, você iria acabar na cama com ele. E, talvez, isso duraria por algumas semanas, ou mesmo alguns meses. - Ela fez uma pausa, e aqui sua voz parecia quase amarga, parecendo cada vez mais como uma palestra depreciativa. - Tudo isso está baseado em um conjunto de acordos implícitos socialmente pactuados. Você está envolvida em um comércio social. Ele compra-lhe bebidas, compra-lhe o jantar. Flores, talvez, se ele for muito bem educado, vai abrir as portas e puxar sua cadeira. Mas você não estaria agindo fora de um jogo. Se ele pulasse uma etapa além dos parâmetros deste código previamente combinado, provavelmente você iria rejeitá-lo de imediato. Se ele simplesmente caminhasse até você e dissesse que gostaria de levá-la para casa e foder você, como responderia? - Engoli em seco, duro.
- Gostaria. Mas eu ficaria puta. - Admiti. Isso é grosseiro.
- Exatamente. - Sua voz se suavizou, sua respiração mais uma vez no meu ouvido.
- Não é que você fosse se opor a ele levá-la para casa e fode-la. Oh, não. Isso, afinal, é justamente o objetivo do jogo que a nossa sociedade justa criou para foder. Mas a maneira da sua abordagem faz toda a diferença, não?
- Sim. - Eu disse. - Praticamente.
- Diga-me, Sana.Qual é a diferença entre sexo, fazer amor e foder?
- É subjetiva, eu acho. A diferença na definição varia de pessoa para pessoa.
- Sim, eu sei. É por isso que eu estou pedindo para dizer o que você pensa. - Pisquei por trás da venda, uma reação instintiva ao pensar.
- Eu poderia me sentar? Por favor?
- Claro. Como fui rude em deixar-nos aqui em pé no hall. - Ela pegou minha mão. - Venha.
- Espera, a venda, você não vai tirá-la? - Me afastei fugindo da sua mão, e estendi a minha mão para o tecido que cobria os meus olhos. Dedos fortes prenderam o meu pulso, parando-o suavemente, mas com firmeza.
- Não, ainda não. Não por um tempo, eu acho.
- O quê? O que quer dizer não por um tempo? - Puxei minha mão livre, virei para onde eu achava que ela estava em pé.
- Eu quero dizer que vou remover a venda quando estiver pronta para fazer isso. E ainda não estou pronta para que você me veja. Você tem outros quatro sentidos, Sana. Concentre- se neles.
- Você é, tipo, feia, desfigurada, ou algo assim? - Ela riu alto, em pura diversão.
- Como você é contundente, Sana. - Ela pegou a minha mão mais uma vez, e não pude evitar que um arrepio corresse por mim.
A mão dela era grande envolvida na minha. Áspera, com calos, mas suave.
- Não, não acredito que eu seja considerada feia por aqueles que me vêem. E não estou de forma alguma desfigurada. Não sou particularmente velha ou jovem.
- Então, por que não posso vê-la?
- Porque faz parte do meu jogo. Isso me agrada. Gosto da maneira como a venda fica em você. Gosto do controle que me dá, e de como faz você dependente de mim. Você pode, a qualquer momento, removê-la. Afinal não está algemada. Mas você não vai tirar, não é? Não vai. Você vai deixá-la. Porque quer dar o controle para mim, Sana. Só está com medo de fazê-lo, apesar de querer.
- Estou com medo. - Admitir isso, em voz alta tornou o meu medo mais real, no entanto, estranhamente, o pânico diminuiu.
- Eu sei. E isso é bom. O medo nos faz cautelosos. Eu não espero o cumprimento total e imediato. Não espero que você confie em mim ainda. Tenho que ganhar sua confiança. E irei. Você vai aprender a confiar em mim. E quando eu sentir que aprendeu a confiar, quando eu sentir que posso confiar em você, é quando a venda será retirada.
Senti suas mãos levemente apertando meus ombros por trás, e eu a deixei me guiar para um passeio. Ela dirigiu-me para o que parecia ser uma centena de passos, e então, me virou para a esquerda e nós andamos mais cem passos. Virou e me empurrou para trás até que eu senti um sofá ou uma cadeira tocar a parte de trás dos meus joelhos.
Sentei-me em uma cadeira de couro, e suspirei de alívio quando o meu medo e pernas enfraqueceram, relaxando.Seus dedos levantou um dos meus tornozelos, e eu senti o deslizar de um pufe debaixo dos meus pés. Afundei ainda mais na cadeira, imensamente confortável.
- Um momento, por favor. - Ela falou e ouvi seus passos recuarem de volta na direção da qual tínhamos vindo. Ela voltou em alguns segundos. - Aqui, Sana. O seu uísque.
Estendi minha mão e ela apertou o copo frio nela. Levantei a borda para os meus lábios, bebi o calor e desta vez eu apreciei o sabor.
- Agora, onde estávamos? - Ouvi a voz dela vindo do meu lado esquerdo. Me virei um pouco na cadeira, para ficar de frente.
Percebi mesmo que eu fizesse assim, como arbitrária era essa convenção. Costumava ficar diante de uma pessoa, enquanto falava com ela, era um hábito para ter contato com os olhos.
Eu estava com os meus vendados, de frente para ela, portanto, era inútil. Deveria ficar como estava, apesar de tudo.
- Você estava me pedindo para definir a diferença entre sexo, fazer amor e foder.
- Sim, exatamente. - Pensei por alguns instantes, compondo a minha resposta. Minha anfitriã era uma mulher articulada e inteligente, falava como se tivesse sido muito bem educada.
Ela tinha uma pitada de sotaque, talvez algum lugar na Ásia, pensei. Embora fosse fraco o suficiente para impedir que eu soubesse precisamente sua origem.
Eu tinha uma sensação de que ela gostaria de receber uma resposta considerável sobre a sua pergunta.
Por que me importava se ela apreciava minha resposta ou não, mais uma vez, era algo que eu não gostava de examinar. Me importava e não podia negar.
- Trata-se de emoção, eu acho. Sexo é o termo clínico, a palavra para o ato. Isso não significa nada de mais, não tem nenhum significado ou importância, para além do simples ato físico de se envolver em relações sexuais. Fazer amor é bem, obviamente, é sobre o amor. É sobre a expressão da maneira como você se sente sobre alguém. Foda é, eu acho que seja como algo bruto. Áspero e vazio de emoção. Duro e rápido. Embora eu ache que não tenha que ser duro ou difícil, basta ser desprovido de troca emocional. Você foderia com alguém que acabou de conhecer no bar. Não iria, eu acho que não poderia, fazer amor com alguém que acabou de conhecer. Você tem que conhecê-lo, compreendê-lo, se preocupar com ele, realmente amá-lo para fazer amor, enquanto você pode foder com qualquer um, a qualquer hora, sem emoções ou conexões necessárias.
- E você já experimentou pessoalmente as duas coisas? - Hesitei em responder.
- Eu não sei. Acho que sim? Uma vez pensei que estava apaixonada. Pensei que queria dizer alguma coisa. Mas eu tive somente sexo. Fiquei com caras que não conhecia muito bem, mas nunca dormi com nenhum deles imediatamente. Isso só acontecia depois de alguns encontros. Acho que deveria ter um mínimo de três encontros, dai sim poderia dizer. Não é algo que eu tenha estabelecido, mas, agora que estou pensando nisso, é verdade. Nunca tive relações sexuais com alguém que não tivesse encontros antes, três, no mínimo. E nem sempre dormi com as pessoas que estava namorando.
- Você não respondeu minha pergunta, Sana. - Suspirei.
- Eu não sei, ok? Acho que sim, experimentei as duas coisas. Com Jaehyun era doce e significativo, embora nunca tivesse dito 'eu te amo'. Mas os outros caras que já dormi, foram apenas sobre o ato, na verdade, isso de ter um acordo com a minha própria definição, teria sido do caralho. - Fiquei chocada ao me ouvir responder tão abertamente questões profundamente pessoais. Eu geralmente não era aberta.
- E quanto a você? Você já experimentou os dois? - A minha pergunta foi precedida por um longo momento de silêncio. Não tinha certeza de que ela iria responder. Mas, então, ela o fez.
Com lentidão, como se estivesse pensando bem suas palavras ao falar disso.
- Não, eu tenho que confessar que não experimentei os dois. Eu nunca fiz amor antes. Apenas fodi, usando suas definições.
- Qual é a sua definição, então?- Outro longo silêncio e a resposta veio lenta.
- Foi só o ato. Ele sempre foi desprovido de significado, desprovido de emoção. Isso é próprio do projeto. No entanto, ninguém nunca significou nada para mim. Eu nunca as deixava, ou as queria. Minhas parceiras sexuais sempre foram cuidadosamente escolhidas pelas suas intenções de se envolver comigo puramente para relações sexuais nos meus termos. Por contrato, na verdade. Não um contrato financeiro, por que nunca pago por sexo, mas um contrato de silêncio. Ou seja, elas não podem falar do seu tempo comigo.
- Você é muito privada, então. - Ela riu.
- Oh, Sana. Você não tem ideia de quão privada eu sou.
- Por quê? - A pergunta saiu da minha boca antes que eu pudesse impedi-la. Mais uma vez um longo e pensativo silêncio.
- A única razão pela qual estou respondendo suas perguntas é para deixá-la à vontade. Normalmente, eu não responderia a tais artimanhas de conversa. - Ela suspirou. - Eu não confio, Sana. Não confio em qualquer um. Nunca. Não confio em ninguém. Não permito que ninguém ultrapasse as minhas paredes. E por paredes, quero
dizer as paredes literais de minha casa, e as paredes metafóricas ao redor do meu coração e da minha vida.
- Você foi ferida. - Mais uma vez as palavras saíram de meus lábios antes que eu pudesse detê-las.
- Não fomos todos nós?
- Sim, acho que sim. - Tomei um longo gole da minha bebida. - Ainda não entendo o que você quer de mim. Por que estamos jogando este jogo.
- Tudo o que eu quero de você, Sana, é só você.
- Então por que assim? - Fiz um gesto para a venda, e depois para fora, ou seja, a maneira como fui apanhada. - Por que os cheques? Por que a capanga contratada dizendo que estava 'recolhendo-me '? Por que a venda e o mistério? Por quê? Se você me queria, por que simplesmente não fez arranjos para me conhecer?
- Será que você viria? - Eu ouvi o ranger do couro, e sua voz soou mais perto, como se ela tivesse se inclinando para frente. Se eu tivesse arranjado para que 'acidentalmente'. - Ouvi as aspas em torno da palavra. - Nos conhecêssemos, você teria acreditado em mim? O que eu diria? 'Oh. Olá, Sana, sou eu que tem enviado os cheques'. Acho que não. E se eu tivesse arranjado uma reunião e para conhecê-la sob o que seria considerado circunstâncias normais, e, eventualmente, revelasse que eu era a pessoa que tinha enviado os cheques, você não teria ficado chateada que eu tivesse ocultado a verdade? Esse conhecimento teria contaminado todo o relacionamento que nós tínhamos estabelecido até aquele ponto. Estou errada? - Suspirei.
- Acho que você está certa. Eu não tinha pensado dessa forma.
- Sou uma mulher muito honesta, Sana. Talvez você tenha notado isso. Vou lhe dizer a verdade. Desejo que todas as minhas interações sejam sinceras. Desta forma, a verdade fica estabelecida desde o início.
- Ok, entendo isso. Mas por que o segredo, então?
- Como disse, eu sou uma mulher privada, Sana. Poucas pessoas me conhecem pessoalmente. Você é, como uma questão de fato, apenas uma das quatro pessoas que já passaram por essas portas. Mina, que você conheceu, minha governanta, Sunmi e Bambam, o segundo em comando nos meus negócios. E agora você. Eu não estou pronta para me revelar, para a minha própria privacidade e sensação de segurança. E também. - Ela parou, como se considerasse cuidadosamente as palavras seguintes. - Além disso. Estou mantendo um segredo de você, Sana. Um segredo muito profundo e muito obscuro. Um que nos afeta tanto, que vai mudar a estrutura do nosso relacionamento. Não estou pronta para revelar isso ainda. Quando disser este meu segredo, você provavelmente, vai querer ir embora, e eu vou ter que deixá-la ir. Vendo como você acabou de chegar aqui, não estou pronta para que isso aconteça. Estou lhe dizendo isso agora para que esteja ciente de que eu estou escondendo algo de você.
- Mas você não vai me dizer o que é?
- Não.
- Por quê?
- Porque estou com medo, Sana. Porque estive esperando muito tempo para trazê-la para a minha vida, e agora que tenho você, tenho ciúmes do tempo que demorei para traze-la. Algo nessa declaração me enervava. Mas o que, então? Oh, sim.
- É evidente que eu nunca encontrei você antes. Mas ainda assim você diz que vem planejando isso por um longo tempo. O que significa que estava me seguindo?
- Essencialmente, sim. Assistindo. Esperando. Protegendo.
- Protegendo?
- Sim, Sana. Protegendo. Mantive um olho em você. Como acha que eu sabia para onde enviar o cheque quando mandei? - Ouvi ela andar, uma pausa, e então o som de um objeto que estava sendo colocado sobre uma mesa.
Alguns momentos depois, uma porta se abriu em algum lugar, e passos se aproximaram de nós.
- Mina.
- Olá, Mina. - Cumprimentei.
- Boa noite, senhorita Sana.
- Mina tem sido o olho que mantive em você. Sua instrução primária foi de assistir, sem ser observada, e nunca fazer qualquer contato, ou permitir que você se sentisse vigiada. Ela foi bem sucedida nisso? - Pensei muito.
- Sim, acho que sim. Houve algumas vezes em que eu tinha uma vaga sensação de estar sendo observada, mas na maioria das vezes, não.
- Eu tenho um arquivo sobre você, flash em vários momentos, cheios de fotografias. E deixe-me assegurar-lhe que você nunca foi fotografada de forma que possa violar a sua privacidade. Não há fotos nuas ou reveladoras, sem fotos de você em particular com nenhum de seus namorados ou, ligações ao longo dos anos. Apenas o suficiente para informar, para saber.
- Para saber o que? E por quê?
- Conhecer você. Para ter certeza de que estaria bem, segura, provida.
- Mas eu não estava provida. Não estava a salvo.
- Sim, estava. Você nunca passou fome. Nunca esteve em nenhum perigo direto. Eu só interferia quando sentia que não haviam opções. E houve um par de vezes que Mina agiu para mantê-la segura, embora você não possa estar ciente de que algo tivesse acontecido. Ela é, afinal, muito boa em seu trabalho. - Ela fez uma pausa, e então continuou.
- Mina?
Senhorita Sana. Se lembra do dia do St. Kim, há dois anos? Você e sua amiga Momo saíram para beber. Vocês beberam do meio-dia até depois das duas horas da manhã. Ficaram extremamente bêbadas.
Mina disse. Pisquei por trás da venda, pensando.
- Sim. Eu me lembro.
- Você estava usando uma camiseta verde-limão e um par de jeans. Momo estava usando um bem, acho que se poderia chamá-lo de vestido. Era, muito curto. - Não pude deixar de rir de sua descrição. O vestido de Momo mal cobria sua bunda, e se ela se movesse errado, a parte inferior de sua bunda iria aparecer.
Então, o fato de que ela sabia exatamente o que estávamos usando aquela noite caiu, e eu comecei a tremer.
- Você estava lá?
- Eu sempre estava lá, senhorita Sana. Longe da vista, mas sempre presente. Vocês estavam bêbadas demais para andar em linha reta, naquela noite não havia táxis, ou ônibus para ir para onde vocês precisavam. Então você acabou andando, e eu uso o termo 'andando' de forma muito vaga, todo o caminho para casa. Dezessete quarteirões. Às duas da manhã, no centro de Detroit.
Estremeci quando me lembrei daquela noite. Nós vivíamos juntas então, nessa merda de apartamento no centro da cidade.
Nós raramente nos aventurávamos a sair quando escurecia e nunca, jamais, sozinhas. Naquela noite, porém, nós o fizemos. E tínhamos pensado, no dia seguinte, que era um milagre ter chegado em casa vivas. Agora eu estava começando a pensar que não foi um milagre, foi mais a proteção invisível de Mina.
- Essa foi uma decisão incrivelmente ruim de nossa parte. - Eu disse. - Nós acordamos no dia seguinte espantadas que tínhamos chegado em casa intactas.
- Você não deveria, quase não chegaram.
- O quê? - Tomei um gole de uísque, para ter coragem. - O que você quer dizer? Mina respondeu.
- Momo estava tão bêbada, que você basicamente a levou todo o caminho. Ela não conseguia ficar em pé, não podia andar e nem falar. Você não estava muito melhor, mas conseguiu de alguma forma. Eu nunca vou saber como fez isso. Você vomitou algumas vezes, enquanto arrastava sua amiga. - A voz de Mina soava era confusa. Se lembra de alguma coisa daquela caminhada para casa a pé? Qualquer sensação de perigo? Qualquer um que poderia ter provado ser uma ameaça?
Eu pensei muito. Essa ida para casa a pé era um borrão na minha mente. Lembrava-me muito pouco, apenas alguns pensamentos aleatórios.
Como Momo tinha sido pesada, como eu estava cansada, quão bêbada estávamos, o quanto eu queria estar em casa.
Lembrei de tentar não pensar em quanto mais nós tínhamos que andar, foi quando foquei em uma praça, ignorando a dor nas minhas pernas e costas. Era como Mina tinha dito. Eu tinha essencialmente carregado Momo para casa.
- Tenho uma vaga lembrança de três homens. Na esquina de uma rua. Eles estavam gritando para nós, eu acho. Em algum outro idioma. Espanhol, talvez? Acho que eles nos seguiram por um tempo. Eu me lembro de tentar andar mais rápido, mas Momo era tão pesada, tudo inconsciente.
- Sim. Aqueles três. Eles seguiram vocês, na verdade. Durante três quarteirões. E estavam realmente gritando com vocês em espanhol. As coisas que eles disseram, é bom que não fale espanhol. Eles diziam coisas ruins. Não vou repetir, mas era nojento.
- Será que eles nos machucariam? - Eu tive que perguntar.
- Oh, sim. Eles tinha toda a intenção de estuprar e matar as duas. - A voz de Mina foi fria, dura. - Isso é o que eles diziam. Exatamente o que pretendiam fazer. O plano era segui-las para casa, esperar até você estar com a porta da frente aberta, e depois empurrá-las para dentro estuprar vocês, matá-las e deixá-las em seu próprio apartamento. Ninguém jamais saberia o que aconteceu, e eles nunca seriam pegos. Não haviam câmeras em seu prédio. Ninguém sabia que vocês tinham deixado o bar, ninguém estava esperando por vocês. Teriam passado dias antes que alguém encontrasse os seus corpos. - Eu me senti mal depois.
- Eles como... o que os impediu? - Mina não respondeu de imediato. Quando o fez, sua voz era ártica e escura.
- Depois que eu percebi as suas intenções, eu os confrontei. - Disse hesitante.
- Por 'confronto', suponho que você quer dizer que lutou contra eles? - Não tinha certeza se queria saber, mas não poderia deixar de perguntar. Ela respondeu.
Mina não 'lutou'.
- E depois? - Perguntei. Mina pigarreou.
- Eles eram escória. Eu não levo a vida de ânimo leve, mas gostei de acabar com aqueles três. Fiz um favor a raça humana quando cortei suas malditas gargantas imundas. - Uma onda de tontura tomou conta de mim.
- Você, você os matou?
- Rápido e fácil. Não sinto qualquer culpa por suas vidas, senhorita Sana. Eles pretendiam se revezar em estuprar vocês duas durante horas. Eles eram maus, criaturas sádicas sem um grão de humanidade. Mostrei-lhes a misericórdia de mortes rápidas.
- Mas você matou. Por mim.
- Sim. Eu fiz. E eu faria novamente.
- Depois, há também a questão de um assaltante em potencial, isso foi no mês passado. - Ela disse. - Mina fez com que o assaltante nunca chegasse ao seu pretendido ponto de emboscada. Esse indivíduo foi apenas persuadido, digamos assim, a desistir da vida de crime.
- Na verdade.- Mina se manifestou. - Eu posso ser bastante persuasiva. - Repentinamente tive um momento difícil para respirar.
- O que mais.... você fez em meu nome?
- Apenas uma outra vez foi necessária a minha intervenção. O último cavalheiro que você namorou. Bangchan.
- Bang? O que você fez com Bangchan?
- O Bangchan que você conhecia, e o Bangchan real eles não eram a mesma pessoa.- Ela fez uma pausa, e eu ouvi a mudança de voz para falar com Mina. - Você pode ir. Obrigada.
- Boa noite, senhora. Senhorita Sana. - Ouvi os passos de Mina diminuir, e a porta da frente fechar.
- O que você quer dizer? - Perguntei em seguida. - Eu namorei Bang durante seis meses. Ele foi realmente ótimo.
- Bangchan é um animal vulgar, abusivo e vil, com predileções repugnantes. - Sua voz tornou-se grossa, com desprezo.
- O que quer dizer?
- Ele é um predador e, o pior tipo de agressor. Esconde bem o seu verdadeiro eu, esconde-o até que esteja certo de que sua presa está profundamente enredada e fraca demais para fugir.
- Eu não entendo. Ele nunca encostou um dedo em mim. Não dessa forma, pelo menos. Ele nunca foi nada menos do que um perfeito cavalheiro.
- Como eu disse, ele é predador. Um caçador. Ele passou seis meses com você, avaliando, estudando, fazendo você pensar que ele era gentil e inocente baunilha. Ele é um BDSM dominante, Sana. Embora aqueles que praticam BDSM sentiriam uma grande ofensa por rotular um monstro como Bangchan como um 'dom'. O que Bangchan gosta não é BDSM, apenas tortura. Tenho provas fotográficas, relatórios policiais. Eu coloquei o arquivo em seu quarto para que você possa olhar por cima mais tarde, como eu percebi que a minha palavra não será suficiente para convencê-la da veracidade das minhas afirmações. - Ela suspirou. - Eu não podia deixar ele colocar as mãos em você, Sana. Ele quebra as mulheres. Arruína-as. Destrói-as. Eu suspeito que ele seja responsável por pelo menos uma morte, e suspeito ainda mais que o seu gosto por sangue e infligir dor, só irá crescer.
- Gosto de sangue? Ele mata pessoas?
- Sim. Eu não tenho prova concreta quanto a esta última afirmação, mas considerando a forma como as vítimas são deixadas quando acaba com elas, acho difícil acreditar que ele nunca tenha ido tão longe como matar alguém, mesmo que apenas por acaso. - Engoli em seco.
- Eu não eu não entendo. O que é que ele gosta?
- Tudo começa inocentemente. Sexo violento. Alguns tapas aqui e ali, sob o pretexto de espancamento. Mas torna-se pior com o tempo. É muito parecido com a maneira como uma lagosta é fervida. A água, mais e mais quente, e a pobre criatura nem sequer percebe o que está acontecendo até que seja tarde demais. As meninas que são escolhidas como presas ficam apaixonadas, por ele ser um cara legal. Inicialmente elas gostam de fazer sexo com ele. Não se importam com sua propensão por alguns momentos agressivos. Elas toleram a crescente violência de suas atenções. E então ele se move para a servidão. As amarra na cama. Mais uma vez, parece inocente o suficiente, se você gosta dessas coisas. Estabelece uma palavra de segurança, segue todos os protocolos corretos para aqueles que se envolvem no mundo do sexo violento. Mas, eventualmente, a palavra de segurança não tem efeito. Ele não pára. Seus tapas, evoluem a socos. Sua chicotadas suaves perdem a gentileza. O sexo violento se transforma em violência. Tortura. Espancamentos que duram horas, deixando a vítima ensanguentada, indefesa, e então ele as estupra para sua própria satisfação. Tenho em primeira mão relatos de suas vítimas para que você possa ler. - Sinto-me tremer toda.
- Eu... você é real?
- Sim, sou. Como eu disse, sei que você não vai confiar na minha palavra, então quando eu levá-la para o seu quarto, você terá a oportunidade de ler o arquivo que eu e Mina fizemos juntas.
- O que você fez com Bangchan?
- Apenas disse a Mina para convencê-lo de que ele estaria melhor, desaparecendo de sua vida. Permanentemente.
- Você não o matou?
- Não. Ele não tinha feito nada para você, então eu não poderia justificar sua morte. Eu teria gostado, no entanto. Ele é uma criatura vil, imunda. Apenas o denunciei às autoridades, espero que ele seja impedido antes que machuque mais alguém.
Lembrei-me de meu tempo namorando Bangchan. Eu não ia direto para a cama com um cara, mesmo que já o estivesse namorando, então não dormimos juntos até que completássemos quase dois meses.
Ele nunca tinha pressionado, simplesmente esperou pacientemente até que eu indiquei que estava pronta.
E era invariavelmente educado, sempre um cavalheiro, pagando as refeições e abrindo portas, comprando- me flores, levando-me em alguns dos encontros mais românticos em que já estive.
Quando finalmente dormimos juntos, foi bom. Bastante simples, na verdade. Não espetacular, mas não era ruim. Apenas médio.
Ele parecia gostar de sexo missionário, no início. E então, depois de um mês de sexo, começou a tentar outras posições. E sim, ele me bateu algumas vezes.
Não duro, mas me assustou, saindo do nada. Não me importava, na verdade. Eu me senti estranha sobre não me importar com isso, e tinha passado uma noite de bebedeira falando com Momo e me perguntando se eu era uma aberração e não sabia.
Ela me garantiu que não me preocupasse com essa merda, um pouco de tapa na bunda não me tornava uma aberração. A partir daí, as coisas com ele esquentaram um pouco. Parecia, no momento, como se estivesse meramente transformando o calor, como se estivéssemos descobrindo coisas juntos. Era assim que eu pensava.
Mas agora, pelo que eu soube, não tinha tanta certeza. Inocente, simples baunilha, sexo missionário, um pequeno tapa na bunda e então o sexo ficou áspero, mais criativo. E eu tinha ido junto com tudo.
Nada incomum tinha acontecido. Ele nunca me bateu na cara, nunca tentou me sufocar ou me amarrar, mas eu poderia facilmente ver como poderia ter acontecido.
Se ele tivesse sugerido amarrar minhas mãos só para experimentar, teria concordado. Sabia disso. E então eu estaria totalmente à sua mercê, porque comecei a confiar nele.
- Você não está mentindo, não é? - Perguntei meio trêmula.
- Eu nunca minto. Nunca. E, além disso, não tenho nenhuma razão para exagerar ou inventar essas coisas. Posso ver que você está começando a acreditar em mim. - Dei de ombros.
- Ele faz o tipo assustador. A progressão lenta das coisas, foi exatamente como você disse. - Pensei em como as coisas tinham terminado, e se encaixava com o que ela tinha dito. - Ele simplesmente desapareceu. Na verdade eu fiquei realmente ferida. Entre um encontro e outro, ele simplesmente desapareceu.
- Foi mais seguro, Sana. Sinto muito que o seu desaparecimento lhe causou dor, mas era isso ou permitir que você sofresse em suas mãos, e não era uma opção. Eu não vou permitir que você se machuque, Sana. Nunca. Eu posso não ser capaz de impedi-la de sofrer dores emocionais, mas acredite em mim quando eu digo que faria se fosse do meu alcance.
A sinceridade em sua voz me surpreendeu. Soava como se ela realmente se importasse, como se sentisse emoções profundas e poderosas por mim.
Mas ainda assim ela sequer me disse o seu nome, ou me deixou vê-la. Não fazia qualquer sentido, me assustava.
Ela era instável? Não havia nenhuma maneira de saber, e eu me colocaria em suas mãos.
- Se você estiver disposta a acreditar em mim, prefiro não deixá-la ver o arquivo. Ela cortou meus pensamentos. — É muito gráfico e perturbador.
- Eu ainda quero vê-lo. Respondi.
- Tem certeza? - Ela parecia mais perto, mas eu não tinha ouvido ou sentido ela se mover. - Não é bonito o que ele faz com as mulheres. E a parte mais terrível é que se afasta. Se uma menina fosse denunciá-lo, ele teria dito que foi consensual, porque era. No início. Mas no momento em que percebeu o que estava acontecendo, já era tarde demais. Torna-se a sua palavra contra a dele, e as meninas ficam demasiadamente traumatizadas, com muito medo dele para dizerem qualquer coisa.
- Eu quero vê-lo. Também quero ver a informação que você tem sobre mim.
- Não tenho certeza que seja sábio. Não faria nenhum bem. Não é nada, mas informações básicas. Fotografias de você no seu dia a dia. As informações financeiras, Norte. Nenhuma outra família imediata. Você tem um grau de bacharel em serviço social pela Universidade Estadual de Seul, e está atualmente buscando seu mestrado. Você tem um metro e sessenta e quatro, e seu peso oscila entre quarentena e oito e quarenta e nove. Cabelo castanho escuro médio, olhos castanhos escuros. Não há condições médicas. Você teve seu apêndice retirado quando tinha dezesseis anos. Você têm apoiado sua mãe e irmã do seu jeito desde que seu pai morreu há sete anos. Sua cor favorita é roxo. Tem uma leve dependência de iogurte de morango Chobani, e tem uma tendência a abusar do álcool quando está estressada. Você tem uma faixa preta de segundo grau em tae kwon do, que começou a perseguir com a idade de onze anos. Teve quatro parceiros sexuais. Nunca engravidou, ou abortou. Você tem feito controle de natalidade desde os dezoito anos. Odeia brócolis, seu prato preferido é frango com parmesão. pausa, e então ela limpou a garganta. Uma 0 que mais? Oh, sim. Você foi presa por furto quando tinha quatorze anos na Coréia, condenada, e serviu cem horas de serviço comunitário. Eu acredito que isso é tudo.
Eu não conseguia respirar. Literalmente. Meu peito prendeu, meus pulmões congelaram. Meu coração parou.
Tossi e tentei sugar o ar em meus pulmões e não conseguiu. O copo de uísque caiu da minha mão e quebrou no chão causando um estrondo. Agarrei na venda, meu peito apertou.
Senti uma mão quente e grande na minha nuca, forte e implacável, forçando minha cabeça entre os joelhos.
- Respire, Sana. Respire fundo. - Sua voz profunda e espessa como mel, estava no meu ouvido, murmurando, confortando. Acalmando.
Abri minha garganta e ar forçou em meus pulmões, arrastando em grandes goles de ar, respirando fora, dentro, fora. Sua mão permaneceu na minha nuca, um toque suave.
- Isso é bom. Mantenha a respiração. Está tudo bem. Está tudo bem.
- Você, você sabe tudo sobre mim, merda! - Me afastei dela, tropecei nos meus pés, e dei uma guinada para longe.
Sua mão pegou minha cintura e me puxou para frente, eu senti meus calcanhares e as costas dos joelhos bateram em uma mesa.
- Você sabe de tudo. Cada maldita coisa que há para saber. Quantos parceiros sexuais que eu tive? Jesus. Jesus. Vou ficar doente.
O Vidro rangia sob os meus pés. Ouvi uma porta abrir, e, em seguida, o tilintar do vidro quebrado sendo varrido.
- Obrigada, Sunmi. - Ela disse suavemente.
- Claro, senhora. Mais alguma coisa senhora? - A voz de Jihyo soou ao lado, mas longe.
- Não, isso é tudo por agora. O jantar está pronto, não é?
- Ainda não, senhora. Cerca de meia hora.
- Muito bem, Sunmi. Obrigada. - Os passos recuaram, a porta se fechou, e eu senti que estávamos sozinhas mais uma vez. - Está tudo bem, Sana?
Saí do choque, ajeitei minha coluna, forçando a minha respiração para normalizar.
- Eu suponho. Eu poderia ficar alguns minutos a sós.
- Claro. Desta forma, por favor. - Sua mão na parte inferior das minhas costas me puxou para uma caminhada, guiando-me para frente. - Eu vou lhe mostrar o seu quarto. Você vai ter um momento para se refrescar, e depois vamos jantar.
- E eu tenho que fazer tudo isso com os olhos vendados?
- Em seu próprio quarto você terá permissão para remover a venda. E quando não estamos juntas, enquanto eu estou trabalhando, por exemplo, você terá a liberdade para vagar por minha casa à vontade. Meu apartamento privado é inacessível para você, assim não precisa temer me encontrar por acaso. - Ela me conduziu e eu ouvia nossos passos ecoando no que parecia ser um enorme corredor.- Como eu já disse, você não é uma prisioneira. A porta da frente está destrancada. O elevador vai levá-la para a garagem, e de lá para a rua, onde você vai encontrar um táxi prontamente disponível. Vou até mandar um vôo de volta para Seul, se desejar. Se optar por sair, seus pertences serão entregues a você, juntamente com o contrato de confidencialidade. Você é livre para ir. É livre para remover a venda a qualquer momento. Mas se fizer isso, o nosso acordo é anulado e meu apoio financeiro cessará imediatamente. Você teria, no máximo, três meses antes de suas diversas dívidas voltarem e sua situação tornar-se insustentável. Considere sabiamente, Sana. Dou-lhe a minha palavra de honra que não será de forma alguma maltratada, prejudicada, ou forçada a fazer algo para comprometer sua moral, valores ou integridade física.
Eu caminhava com meus saltos de dez centímetros, enervada, ainda trêmula de medo, confusão e desorientação.
- Esta é uma situação fodida. Você sabe disso, não é?
- Sim, acho que esta é uma situação bastante incomum. - Ela disse repleta de diversão. Sua mão enrolada em volta da minha cintura, me parando. - Chegamos aos seus aposentos. Vou enviá-la para dentro, e então você poderá remover a venda. No entanto, por favor, deixe o vestido. Está incrível nele. Sunmi vai lhe trazer para a sala de jantar em trinta minutos.
A maçaneta da porta se abriu, e eu fui empurrada para a frente. Sua mão repousava na parte inferior das costas, a palma da mão contra a minha coluna e seus dedos abertos possessivamente do meu lado.
Assim que percebi o quão bizarro, reconfortante e familiar seu toque parecia, ela retirou a mão, e eu fiquei em um estado ainda maior de confusão emocional.
- Vejo você em breve, Sana. - Lábios quentes encostaram na minha bochecha, com sua respiração de Scotch quente. Tremi ao senti-los na minha bochecha, nem sequer um centímetro próximo da minha boca.
- Sim. - Eu disse, deixando o último pingo de sarcasmo que eu possuía pintar minha VOZ. Você vai me ver. Ela apenas riu, uma risada estrondosa.
- Não será por muito tempo, Sana. Eu prometo. Basta tentar confiar em mim, e a venda vai sair.
- Confiar em você? Como diabos eu deveria confiar em você? Não sei sequer o seu nome! Estou com os olhos vendados!
- Você tem que se entregar para mim. Vai ser assustador, eu sei. Isso vai contra a natureza, especialmente para àqueles que tem passado por tudo que você tem. Eu sei disso. Sei a enormidade do que lhe peço. Mas se eu não pedi-lo, se não achasse que será capaz disso, não pediria a você se não fosse necessário para mim. - Seu dedo arrastou ao longo de minha bochecha. - Ouviu isto, Sana? Quando você aprender a confiar em mim, quando se der para mim, então eu vou aprender a confiar em você, e darei- lhe a mim mesma.
Isso me abalou até o âmago. Eu procurei algo para dizer, alguma forma de reagir, mas não tinha nada. Não há palavras, não há conhecimento sobre o que dizer, o que sinto, o que eu pensava realmente de sua declaração.
- Chega disso por enquanto. Refresque-se e junte-se a mim para jantar. Há um intercomunicador na parede logo à sua esquerda. Pressione o botão verde e chame de Sunmi se estiver pronta antes de trinta minutos se passarem.
- Posso ligar para Momo? - Uma breve hesitação.
- Sim, eu não vejo por que não. Seja discreta, por favor.
- Tudo bem.
- Adeus, por enquanto. - Ouvi a porta fechar e travar, e seus passos retrocederem.
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