Sistema
Minatozaki Sana.
Nós íamos para as Ilhas Turks e Caicos. População cerca de 33.000 pessoas. Geograficamente, era um arquipélago de quarenta ilhas, governada pelo Reino Unido como um "território britânico ultramarino". Sua moeda era o dólar.
Era um paraíso com água azul-turquesa, praias de areia branca, bares com telhado de palha, nas praias intermináveis. Mal podia esperar para chegar lá.
Após a transferência da limusine para um pequeno jato bimotor, Mina levou alguns minutos para repassar os seus planos de vôo e fazer os arranjos finais para a viagem.
Em poucos minutos estávamos no ar, voando várias horas para o sul, em direção ao Caribe.
Momo passou grande parte do vôo ignorando Dahyun e eu, com seus fones de ouvido conectados, música aos berros, lendo um livro em seu Kindle.
Em seguida, no meio do vôo, sem explicação, ela foi para frente e bateu na porta da cabine. Mina a deixou entrar. A porta fechou e não a vimos novamente até a hora do desembarque.
Quando as ilhas de Turks e Caicos entraram em vista, assisti com interesse nossa descida. Era realmente um tipo especial de paraíso.
Sob céus azuis perfeitos, Mina fez a sua abordagem para o Providenciales International Airport e desembarcamos poucos minutos mais tarde, com uma aterrissagem perfeita.
Taxiamos até um hangar privado, onde um velho Range Rover branco esperava, com o motor ligado.
Depois de transferir a nossa bagagem para o Rover, Mina nos levou para longe do aeroporto ... em completo silêncio.
Eu não tinha certeza do que incomodava Momo ou se Mina estava chateada, mas você poderia cortar o silêncio com uma faca.
Mina era difícil de ler quando se tratava de expressões faciais, mas era apenas sua maneira, ela gostava de estar tranquila e inescrutável.
Momo era mais fácil de ler. Ela era minha melhor amiga, por muitos anos. Eu a conhecia por dentro e por fora, por isso não demorou muito para descobrir que estava de fato ainda fervendo.
Qual era exatamente seu problema, não tinha certeza. Ela era sem filtro e sua boca petulante a tinha envergonhado, não a mim.
Foi uma longa viagem pela Grand Turk Island, para uma marina onde um iate esperava para nós.
Durante esse tempo, ela não olhou para mim, não olhou para Dahyun, não olhou para Mina. Apenas ficou em silêncio, observando pela janela.
O silêncio entre Mina e Momo era especialmente gelado pronunciado, e um pouco estranho. Talvez estivesse imaginando coisas ... ou talvez não.
Talvez elas tivessem argumentado enquanto estavam sozinhas na cabine. Ou talvez outra coisa aconteceu.
Observei Momo atentamente por todo o caminho até a marina. Ela estava encostada na porta, com a testa no vidro, observando a paisagem, sua adorável feição estava neutra.
Eu conhecia aquele olhar. Era o olhar que demonstrava que lutava contra uma intensa agitação interna, contra um tsunami emocional.
Minha amiga era uma pessoa intensa. Tudo o que fazia era em velocidade máxima, sem amarras. Mas, emocionalmente, costumava ser fechada.
Qualquer coisa de verdade, nada pessoal, nada profundo e tudo o que poderia deixá-la vulnerável era evitado ou reduzido por trás daquelas paredes.
Mesmo comigo, ela muito raramente se abria emocionalmente, usando a boca inteligente e seu colorido vocabulário para desviar qualquer coisa que ficava muito pessoal.
E se as coisas ficassem muito intensas, Momo se fechava completamente, apagando pontos, e se recusando a interagir até que tivesse tudo sob controle.
Eu apostaria dinheiro que algo aconteceu naquela cabine. As coisas não melhoraram no passeio de barco também.
Mina pilotou o grande barco e antigo para fora da marina e longe da Grand Turk em silêncio, Com óculos Oakleys pretos protegendo os olhos.
Sua única concessão ao clima do Caribe era que escolheu usar uma camisa de botão branca de manga curta e calça cáqui, em vez do terno de duas peças que normalmente usava.
O barco era longo, baixo, com as laterais abertas, com um toldo para bloquear o Sol. Com bancos alinhados dos lados e havia uma sala de estar na proa, duas pequenas cabines nos convés abaixo e na popa a cabine de comando.
Logo que saímos da marina, Momo caminhou ao longo da grade externa e ficou mais à frente, seu cabelo amarrado, um óculos Ray-Ban barato em seu rosto, parecendo completamente miserável.
Estava tentada a tirá-la de sua concha, mas algo me dizia que ela não estava pronta. Deixei Mina sozinha, também.
Ela estava ocupada pilotando o navio, navegando ao redor das muitas pequenas ilhas e recifes. Eu a conhecia bem o suficiente, para saber que não diria uma palavra sobre o que pode ou não ter acontecido entre as duad.
Isso deixou Dahyun e eu na sala de estar, no banco do lado de estibordo, o vento em nosso cabelo, com a água morna e salgada saltando em espetos e sprays enquanto nós rolávamos sobre as ondas rasas.
- Ela está bem?
Perguntou Dahyun, apontando para Momo, que estava visível no parapeito da porta, olhando para a água. Dei de ombros.
- Eu não tenho certeza. Acho que alguma coisa aconteceu entre ela e Mina.
- Você deveria falar com ela? - Neguei coma cabeça.
- Ainda não. Não aqui, de qualquer maneira. Eu acho que ela precisa de algum tempo para lidar com tudo o que lhe incomoda.
- Mas você acha que é algo com Mina?
- Eu não tenho certeza, mas é o meu palpite. Elas tiveram uma conversa do avião até aqui ou algo aconteceu na cabine. Eu não sei. Ela não costuma ser assim. O silêncio de Momo é geralmente um sinal de que algo está muito errado.
- É difícil dizer com Mina. Você teria que conhecê-la muito bem até para saber se algo a está perturbanda.
- Você acha que algo a está perturbanda, também?
- Ela é sempre taciturna e tende a gostar de sua solidão. Mas tem estado especialmente quieto recentemente. É difícil de dizer. Acho que nossas amigas são bastante difíceis de entender. - Eu ri um pouco tristemente.
- Sem brincadeiras. Eu já era a melhor amiga de Momo por dois anos, antes de termos uma conversa séria sobre qualquer coisa pessoal. Ela mantém a sua merda seriamente privada. - Dahyun riu.
- Mina tem trabalhado para mim ... por quase dez anos. E eu sei muito, muito pouco sobre sua vida pessoal.
- Quando velejamos pelo Mediterrâneo para buscá-la, nós conversamos um pouco. Ela disse que veio de uma família totalmente normal, entrou para o Exército aos dezoito anos, nos Rangers aos vinte. Contou que se juntou ao Exército por puro tédio. E ... isso é tudo que eu sei, na verdade. - Dahyun riu outra vez.
- Ela não me disse muito mais do que isso. Eu sei que sua aposentadoria dos Rangers foi ... difícil para ela. Veio após uma missão que deu errado, acredito. Não acho que realmente queira saber o que aconteceu, para ser totalmente honesta. Se foi algo traumático o suficiente para fazer uma mulher como Myoui Mina encerrar uma carreira que amava, deve ter sido extremamente perturbador. Eu a contratei poucos meses depois que deixou os Rangers e sei que ela valeu-se do pacote médico bastante generoso da minha empresa para que contratasse um terapeuta.
- Mina foi a um terapeuta? Isso era difícil de imaginar. - Ela assentiu.
- Todas as manhãs de segunda-feira por quatro anos e meio. A única razão que sei disso, é porque ela pediu um tempo fora, especificamente, e fazer com que me dissesse o motivo foi como puxar seus dentes.
- Eu ainda vou ver a Doutora Ji Eun quando posso, na verdade.- Ouvi Mina dizer atrás de nós. Silenciosa como um gato, apareceu do nada. Não tinha certeza do que dizer.
- Mina. Estávamos só ...
- Fofocando sobre mim. Eu sei, meus ouvidos queimavam. - Um pequeno sorriso iluminou seu rosto, me dizendo que não estava chateada. Ela cruzou os braços sobre o peito. - Qualquer veterana de combate terá demônios para exorcizar. - Disse se recostando na grade. - Eu não sou exceção. Meu pai era um veterano do Vietnã e se recusou a falar com alguém sobre suas experiências ou os efeitos que teve sobre ele. Eu vi em primeira mão o quão bem isso funciona, então depois que deixei o Rangers sabia que se não quisesse acabar como o meu pai, teria que ver alguém. Então fiz isso. Puramente por uma motivação, para ser algo próximo do normal, acho. Então, mudando de assunto abruptamente, acrescentou Mesmo o piloto automático precisa de ajuda. As vejo mais tarde. - E então se foi, novamente para a cabine de comando, puxando o acelerador enquanto nos aproximávamos de uma ilha de baixa altitude.
A ilha apareceu grande à nossa frente, a água desbotando da cor de jade à turquesa, enquanto ficava rasa mais perto da costa.
A praia era uma linha branca grossa na orla de uma explosão de verde, com apenas um toque de vidro que refletia a luz solar de entre os ramos.
Ainda cerca de cem metros da costa, Mina desligou os motores, deixando o barco deslizar para uma parada e então ela foi do estibordo para frente e soltou uma manivela para baixar a âncora.
Ela bateu na água com um respingo enorme. Ela voltou para a popa do barco, com mais barulho e agitação, com guinchos mecânicos ou manivelas, ou algo do tipo e então abaixou um barco branco na água.
- Tudo bem. - Mina chamou. - Vamos descer para o barco. Kim, você primeiro, por favor.
Uma escada de corda foi jogada para o lado, permitindo que Dahyun descesse. Eu a segui, depois Momo e então Mina usou uma corda grossa e um ponto de amarração para descer a bagagem, que Dahyun arrumou na proa do bote.
Mina desceu por último, desamarrou as cordas que ligavam o bote ao iate e usou um remo para nos afastar do navio.
Momo e eu vimos quando as duas colocavam os longos remos nas fechaduras e começaram a puxar, Dahyun primeiro alinhou o bote de frente para a costa e então as duas remaram juntas.
Pela primeira vez, nas doze horas desde deixamos Manhattan, Momo abriu um sorriso.
- Nunca pensei que veria Kim Dahyun fazendo trabalho braçal. - Ela falou.
Kim desabotoou os três primeiros botões de sua camisa, revelando um V de pele branca em seu peito.
Os músculos de seus braços flexionavam enquanto estabeleceu um ritmo de remadas. Seu cabelo castanho era varrido pelo vento e ela tinha um sorriso fácil em seu lindo rosto.
Deus, tão gostosa. Eu não acho que me acostumarei com o quão sexy é minha Dahyun, ou o quão perfeita é.
Sua camisa estava tensa em seu peito enquanto remava em sincronia perfeita com Mina.
- Dê uma boa olhada. - Falei com Momo - Isso não acontece muitas vezes.
- E assim terminou nossa breve troca.
O resto da viagem para a ilha ocorreu em silêncio. Quando o casco raspou na areia, Mina puxou seu remo, tirou as meias e sapatos e levantou as pernas da calça até os joelhos.
Dahyun fez o mesmo e ambas saltaram do barco, uma de cada lado, puxando-o, enquanto balançava suavemente, o bote foi puxado ainda mais na areia, até que a água lambia a extremidade da poра.
E então algo estranho aconteceu. Mina se moveu para o fim do barco onde Momo se preparava para sair do bote.
Estendeu a mão para ela, colocou as mãos na sua cintura, a levantou facilmente, a colocou na areia úmida. E ela deixou!
Ela ainda estendeu a mão para ela, se equilibrando com suas mãos em seus ombros.
Quando os dedos dos pés bateram na areia, Momo afundou lentamente, com os olhos fixos em Mina, com as mãos em seus ombros, depois para seus bíceps e para os antebraços.
Então, de repente, ela virou, jogou o cabelo e se afastou, quase com raiva, através da arrebentação.
Eu sou incapaz de enfatizar como foi totalmente estranho o comportamento de Momo. Ela é a epítome da mulher independente, não do tipo feminista raivosa.
Ela não era uma cadela se um cara abrisse uma porta ou se oferecesse para pagar a conta em um encontro, ela deixava, se gostasse dele.
Mas ela é ferozmente independente. E nunca pede ajuda. Momo não é o tipo de segurar o braço de um cara ou ser carregada de um bote, não é do tipo de se envolver em qualquer tipo de contato em público.
Em casa, perto de mim, quando dividíamos um apartamento, ela me deixava vê-la beijar o namorado atual, mas era só.
Ela não é uma garota que demonstra seus sentimentos publicamente. Muito menos um olhar conflitante e emotivo.
Mas ainda assim, isso aconteceu. Com Mina. Com a Senhorita Alta, Morena e Bonita, a Senhorita Forte e Silenciosa, a Senhorita Fria como um pepino em qualquer situação, a Senhorita Posso matar um homem sem vacilar. Troquei um olhar com Dahyun quando ela me tirou do bote.
- O que eu vi? - Ela sussurrou. Eu só podia balançar a cabeça.
- Nem eu sei, querida.
• • •
A casa era incrível. Dahyun a organizou, então é claro que era. Mas incrível era pouco.
Era apenas um andar, mas grande o suficiente para cobrir mais de 400m², cuidadosamente preparados para aproveitar ao máximo dos pontos de vista, no cimo de uma ligeira subida que dava para o Caribe, cada quarto com vista para a água de um lado e da floresta do outro.
A cozinha era a parte central, ocupando toda a largura do edifício, ligada em um piso plano aberto a uma sala de estar/sala de jantar.
Todas as quatro paredes exteriores do edifício eram de portas de vidro que poderiam ser abertas de canto a canto, tornando-se totalmente abertas para a brisa com aroma de sal e o som suave das ondas à distância.
À esquerda e à direita, haviam passarelas feitas do que pareciam ser troncos recuperados, que serpenteavam ao redor, levando a quartos individuais, todos suítes, banheiros e chuveiros privativos ao ar livre.
Havia seis quartos no total, três à esquerda da cozinha e três à direita, dispostos em um semicírculo ao redor da estrutura principal e ligados pelo mesmo caminho de troncos a cozinha, um ao outro, e a outra estrutura oposta a grande cozinha.
O edifício secundário tinha uma sala de cinema, um ginásio, uma adega e uma pequena biblioteca.
As paredes exteriores da casa podiam ser abertas de canto a canto também, mesmo o cinema, que usava um tipo de vidro que era tingido eletronicamente para bloquear a luz, portanto poderíamos assistir a um filme durante o dia.
No centro da propriedade havia uma piscina ladeada por um bar-cabana e cadeiras.
O pátio também tinha uma churrasqueira cercada por sofás semicirculares e uma cozinha ao ar livre, com um forno de pizza elétrico na parte superior e um balcão geladeira na parte de baixo.
Dahyun nos levou em um passeio, apontando os vários recursos. Mesmo Momo parecia animada com o lugar. Terminamos a turnê na cozinha, compartilhando uma garrafa de vinho branco.
- Todos os quartos são iguais, em termos de tamanho e conforto. - Falou Dahyun. - Por isso, não importa qual vocês escolham.
- Quando você me falou que tinha um lugar em Turks e Caicos, não esperava isso. Por que não viemos aqui antes? - Dahyun levantou um ombro.
- Isso é novíssimo. O construí sob encomenda. Esta é a primeira vez que venho aqui, também.- Inclinei a cabeça.
- Mas você disse...
- Eu tinha um lugar nas ilhas, mas vendi que há vários meses.- Explicou.
- Por quê? - Ela olhou para Momo e então para Mina.
- Vocês podem nos dar licença?
Mina colocou a mão, apenas três dedos de sua mão direita na parte inferior das costas de Momo, sutilmente, mas efetivamente a guiou para fora da sala. Quando ficamos sozinhas, Dahyun voltou sua atenção para mim e suspirou.
- Muitas razões. Comprei-a durante um tempo que não ouvi falar de Chaeyoung em muitos, muitos anos. Eu a vendi, sabendo que nunca voltaria lá novamente. Quando construí este lugar, comprei o lote e contratei os construtores por meio de uma série de falsas corporações, que dissolvi após a construção ser concluída. É inacessível, exceto pela água e é de propriedade de uma empresa que não pode ser traçada de volta para mim. Havia algo que ela não dizia.
- Dahyun.- Meu tom de voz era tudo que precisava.
- Minha propriedade anterior nestas ilhas era um refúgio. Não era uma casa, era algo como um resort privado. Quando precisava ficar um tempo longe do caos de Manhattan, me refugiava lá. - Eu li nas entrelinhas.
- Mas você não estava sozinha, é o que você está dizendo? - Ela assentiu.
- Precisamente. Não sozinha. - Rodeei o
vinho em torno do meu cálice.
- Explique.
- Por quê? - Perguntou.- Certamente você entende, sem precisar de uma explicação detalhada.
- Você sabe de cada detalhe da minha vida, todos os caras com quem namorei ou dormi, absolutamente tudo. Eu, por outro lado, sei bem pouco ou nada sobre o seu passado, romanticamente falando. - Ela negou com a cabeça, deixando escapar um suspiro de aquiescência.
- É verdade, suponho. No entanto, isso requer mais vinho. - Estendeu a mão sob a ilha no meio da cozinha, onde havia um refrigerador de vinho e retirou uma garrafa de vinho branco gelado, a abriu e encheu nossos copos. - A primeira coisa que precisa saber é que não tenho um passado romântico. A única mulher que poderia reclamar qualquer tipo de apego romântico seria Chaeyoung e você sabe sobre ela.
- Mas havia outras mulheres? -.Ela deu de ombros.
- Claro. Muitas. Mas nenhuma delas tinha qualquer significado real. - Me encarou. - Você se lembra de nossa primeira conversa sobre a diferença entre sexo, fazer amor e foder? - Balancei a cabeça.
- Eu me lembro da conversa, sim. - Pensei de volta. - Você disse algo sobre como todas as suas parceiras sexuais anteriores foram como você colocou? Cuidadosamente escolhidas por sua vontade e discrição? Havia algo sobre
um contrato, também, eu creio. - Ela concordou, tomando um longo gole de vinho.
- Correto. Eu não tive namoradas, ou amigas de foda, ou qualquer coisa assim. Escolhia uma mulher, a trazia para o meu escritório, explicava o contrato para ela, a fazia assinar um documento de confidencialidade e então, se estivesse de acordo com o arranjo, assinaria o contrato.
- Eu tenho tantas perguntas, querida. Como você as encontrava? Como as escolhia? E qual era o contrato? - Dahyun hesitou. Ou melhor, levou um longo momento para considerar sua resposta.
- Elas não eram prostitutas ou acompanhantes, que eu sei, é o que você está pensando. Elas eram em sua maioria funcionárias da corporação ou uma das subsidiárias. Nunca ninguém que trabalhava na própria torre ou alguém que podia acidentalmente entrar em contato comigo em uma base diária. Eu lia o registro da empregada, sendo totalmente honesta. Elas eram escolhidas, principalmente, pela sua aparência. Cada funcionário da KD Incorporated, como parte do processo de contratação, era obrigado a fazer um teste básico de perfil psicológico, homens e mulheres, sem exceção. Eu tinha um assistente que vasculhava a lista das funcionárias e criava um arquivo de potenciais candidatas, que eu olharia e escolheria com base em um critério de disposição psicológica para participar do acordo que tivesse em mente. Nem todas as mulheres empregadas pela KD se encaixavam nessa conta. - Eu fiz uma careta.
- Que merda, Dahyun. Isso é ... muito ... eu não sei mesmo. Lógico. Mecânico.
- Bem, sim. Claro. Essa era a ideia, afinal. Não se tratava de uma ligação, romance ou sedução mesmo. Era uma necessidade física. Então, a moça era encaminhada ao meu escritório e eu apresentava a proposta para ela, que era muito simples, na verdade.
Este sistema apenas parecia tão ... estranho. Tão calculado, tão frio, absolutamente lógico. A escolha de uma parceira sexual não é uma coisa lógica, é uma coisa química.
Atração, luxúria, desejo. Não com o perfil psicológico de alguém filtrado. Não numa triagem de uma lista de potenciais candidatas e escolhida como mais adequadas entre elas.
Eu estava enojada? Triste que ela fosse tão fechada, que este seu sistema era tudo do que ela era capaz? Contente que se manteve tão distante, porque significava que a teria para mim?
Um pouco de tudo o que precede, penso eu. Fiquei quieta por um longo momento, tentando resolver meus sentimentos.
- Eu não sei o que pensar, Dahyun - Eventualmente falei.
- Foi há muito tempo. Quando decidi que tinha que ter você, parei tudo isso. - Quando a trouxe para a minha casa, não havia tocado em qualquer outra mulher por meses. Quase um ano. E você foi a única mulher a entrar na minha casa.
- Então você apenas as utilizava para o sexo e era isso.
- Elas me usavam do mesmo modo. - Ressaltou, com um tom de frustração em sua voz - Isso era parte do perfil psicológico. Eu escolhi as mulheres que pensei que teriam uma abordagem mais pragmática do sexo. Nunca ninguém emocionalmente vulnerável ou dada à penhora. Casual, sexo consensual, esse era o propósito total do acordo e ficava claro desde o início. Então sinto que elas me usaram tanto quanto as usei. Nós usamos uma a outra, por acordo contratual. Cada uma delas tinha a capacidade de dizer não, de voltar atrás. Se uma garota amarelasse,uma vez que estávamos lá, sequer a tocaria, não retiraria uma única peça de sua roupa. Se no momento que visse a cama, ela perguntasse se era tarde demais para dizer não, a colocava em um avião dentro de uma hora e a mandava para casa.
- É só ... eu não gosto disso.
- Por quê? - Dei de ombros miseravelmente.
- Você é minha.
- Sim, agora eu sou.
- Eu não gosto da ideia de você apenas casualmente... foder outras mulheres. Você não apenas tem um "diário de foda" mas também um pequeno livro preto, Dahyun, você tinha um maldito sistema. Toda uma lista de funcionárias fodíveis e um 'foda-resort' que as levava para ... - Dei um passo para trás, caminhando até a varanda coberta que circulava o edifício.- Merda. Estou eu não sei. Gostaria de não ter perguntado. - Ela se moveu para ficar atrás de mim.
- Sana, meu amor. Eu nunca mentirei para você. É por isso que lhe disse. Essa era a verdade. Essa era a minha vida. Estou orgulhosa dela, agora? Não. Era tudo o que eu era capaz, então. Depois de Chaeyoung, apenas... desliguei. Não queria ter nenhuma conexão emocional. Eu pensei que a amava, mas ela se virou contra mim. Me controlando, me usando e depois tentou me matar. Tentou me possuir. Eu queria, depois de tudo, ficar longe dela e de seu pai. De todo esse estilo de vida. Eu queria algo que pudesse controlar. Algo fácil, sem amarras, simples.
- Eu entendo isso. E não... eu acho que não a usaria contra você. Tipo, eu não sou louca. Eu só ... não sei. Eu sabia que você teve outras parceiras sexuais. Mas a realidade disso, ouvindo todo o seu sistema ... - Dei de ombros novamente.
- Estou com ciúmes, eu acho.
- Elas não eram parceiras, Sana. Era apenas sexo. Nada mais, talvez isso só piore as coisas, não sei. Embora isso não diminui o seu direito de ter ciúme. Ou o meu. - Ela me virou e seus olhos eram intensos, quentes mais uma vez. - Você acha que não tenho ciúmes de seus ex-namorados? Eu odeio todos por você ficar com eles antes de mim. Odeio o pensamento de qualquer outra pessoa colocar as mãos em você. Isso faz mal ao meu estômago, apenas pensar sobre.- Suspirei e pressionei minha testa contra o seu peito.
- Não houve muitos deles.
- Assim? É para tornar isso melhor, de alguma forma? Você é minha. Toda minha. Se foi um homem ou uma centena, eu odeio a ideia de alguém ter qualquer parte de você. Ela tocou meu queixo e levantou meu rosto. Mas, ao mesmo tempo, sei que cada uma de nossas respectivas experiências, nos levou a ficarmos juntas. O seu passado fez quem você é, assim como o meu me fez quem sou. E ... é difícil colocar isso em palavras. Ela fez uma pausa para pensar e depois continuou. De certa forma, estou feliz por não nos conhecermos como virgens. Eu quero tudo de você, sempre. Mas... se teve experiência antes de me conhecer... significa que sabe o que queria, o que você gostava, isso significa que sabia o que fazer comigo. E meu passado significa que poderia fazê-la minha, significa que sei exatamente o que fazer com você, como fazer você gritar, como fazer você precisar de mim.
- Eu nunca pensei nisso dessa forma. - Admiti, descansando minha bochecha em seu peito.
- Independente de ciúme ou de nossos passados, como nos sentimos sobre qualquer coisa ... não há nada que possamos fazer sobre isso, não é? Nós estamos aqui e o que aconteceu, aconteceu. Cada uma de nós tem direito aos nossos sentimentos, ficarmos chateadas, com raiva ou ciúmes. Mas a verdadeira questão é, o que faremos sobre isso? Será que mudará o nosso presente juntas? Nosso futuro? Será que saber como eu escolhia as mulheres com quem tinha relações sexuais antes de lhe conhecer muda a forma como se sente sobre mim agora? - Ela passou a mão nas minhas costas, alisando e coçando sobre minha camisa. Balancei minha cabeça contra seu peito.
- Não, isso não muda.
- Bom. - Dahyun ficou em silêncio por um momento e depois levantou meu queixo, então tive que olhar para ela. - E, para ser totalmente honesta, vendi o "diário de foda", como você chamou, precisamente porque não queria estar em qualquer lugar com você que já tivesse estado com qualquer outra pessoa. Eu quero que façamos novas memórias, em um lugar totalmente nosso.
- Isso me faz sentir um pouco melhor.
- Falei.
- Eu tenho uma pergunta potencialmente estúpida.
- O que é, amor? - Ela parecia resignada e um pouco divertida.
- Você nunca sentiu alguma coisa por qualquer uma delas? - Ela ficou quieta por um momento.
- Hummm. Isso não é o que pensei que perguntaria.
- O que você esperava? - Dahyun hesitou.
- O número.
- Não acho que quero saber o número.
- Provavelmente não. - Concordou. Não gostei da resposta, era muito vaga.
- Não, nunca senti nada por nenhuma delas. Eu não me permiti. Não as deixei chegar perto de mim, ver o meu verdadeiro eu e não tentei conhecê-las. Eu não quis.
- Alguma vez a proposta lhe saiu pela culatra? A descontração?
- Sim. Mais de uma vez. Se fossem pegajosas, começassem a fazer muitas perguntas, coisas que cheirassem a intimidade, se fossem pessoalmente exigentes, as mandava para casa. Isso aconteceu ... não frequentemente, mas mais do que gostaria. Suponho que era inevitável. Isso me fará parecer uma idiota, mas direi assim mesmo: se você apresentar as mulheres o inalcançável. Alguém misterioso, porém inacessível, frio ou distante... elas tentam ... fisgá-lo. Mudá-lo. Fazê-lo delas. Sempre alguma achava que era a diferente. - Havia verdade em suas palavras, do seu prefácio à declaração.
- E eu? - Perguntei.
- Você não tentou, Sana. Você foi você. Agiu pelas regras e apenas tentou passar por elas com seu próprio coração intacto. Mas ... você foi diferente desde o início. Sempre foi diferente entre nós. Eu tentei me convencer do contrário, mas foi em vão. - Dahyun inclinou meu rosto de novo. Me beijou lentamente, com cuidado.- Podemos não ficar remoendo o passado, Sana? Por favor? Eu não gosto de pensar nisso, não mais do que você. Não é por isso estamos aqui, estamos aqui para o futuro, nosso futuro juntas. Vamos apenas focar nisso, tudo bem? - Concordei com a cabeça, estendi a mão e me agarrei ao seu pescoço.
- Eu gosto desse plano.
- Eu também.
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