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Jantar

Minatozaki Sana.

Sunmi ergueu a venda. Balancei a cabeça em concordância e ela se moveu para ficar atrás de mim, amarrando-a ao redor da minha cabeça.

Mais uma vez, o mundo ficou preto e eu era dependente de meus outros quatro sentidos.

- Sinto que deva te dizer. Eu trabalho para ela há vinte anos, senhorita Sana. Ela é uma boa mulher. Tem suas manias estranhas, gosta de tudo do seu jeito, exige excelência em todas as coisas, mas ainda sim é uma boa mulher. Eu sei que você deve ter medo, mas, por favor, não precisa ter. Se houver algo que eu seja capaz de fazer, você só tem que me pedir. Eu sou a chef, então se quiser qualquer alimento ou gostaria de comer um prato específico, basta me pedir. Você só tem que me chamar através do inter-comunicador, que prontamente atenderei. - Ela me deu um tapinha no ombro, e então ouvi a porta se abrir e suas mãos seguraram a minha. - Por aqui, por favor.

Ela me levou cerca de cinquenta passos, meus saltos ecoando em azulejo ou piso de mármore e distantes paredes.

- Senhorita Sana, senhora.

- Obrigada, Sunmi. - Sua voz veio da minha esquerda, aproximando-se mais, com passos suaves.

- Vamos começar com o primeiro prato, quando você estiver pronta.

- Muito bem, senhora. - Os passos de Sunmi recuaram, na direção oposta de onde tínhamos vindo, em seguida, a porta abriu e fechou.

Senti suas mãos na minha, envolvendo-as, me guiando para frente mais alguns passos, e então ela puxou uma cadeira, me colocou na frente dela e me acalmou com suas mãos pesadas, porém suaves sobre os meus ombros.

Quando eu estava sentada, as mãos permaneceram lá, os polegares massagearam entre meus ombros. Eu estava tensa, percebi sua pressão forte e suave, era uma sensação maravilhosa. Muito maravilhosa. Eu quase gemi em voz alta, mas conseguiu segurar.

- Tão tensa, Sana.

- Eu diria que tenho razões para estar um pouco tensa, não é?

- Humm. Suponho que você tem mesmo.

As mãos dela correram pelos meus braços, seus polegares trabalharam os nós em torno de minha coluna, com poderosos cursos suaves. Jesus me ajude, me senti bem. - Você está com fome, Sana?

Meu estômago roncou, respondendo por mim. Ela riu e eu ouvi o arrastar de uma cadeira, no chão ao meu lado.

- Como isso vai funcionar? - Perguntei. - Você não espera que eu coma com esta venda nos olhos.

- Você verá. - Foi sua resposta enigmática.

Poucos segundos depois, ouvi uma porta se abrir, os pratos foram colocados na nossa frente.

Senti o cheiro de sopa, caldo de carne, possivelmente, com pães recém-assados. Sunmi saiu, e me atrapalhei ao procurar uma colher na minha frente, verifiquei, em seguida, cacei as bordas da tigela.

Eu a encontrei, apenas para empurrar o líquido escaldante e derrubar ao meu lado, me fazendo afastar e praguejar.

- Sana, Sana. Tão, impaciente. Dê-me sua mão. - Sua voz eram partes iguais, diversão e desaprovação.

Hesitei mas, depois estendi a mão latejante. Minha palma descansou contra o sua.

Ouvi um utensílio tilintar contra o vidro, e então algo intensamente frio deslizou sobre a carne queimada entre meu polegar e o indicador.

Resfoleguei em surpresa e gemi de alívio quando o gelo acalmou a queimadura. Depois de alguns segundos, ela colocou o cubo de gelo em uma bandeja ou prato, e um pano limpou minha pele secando-a.

Minha mão foi levantada, seus lábios tocaram o local queimado, beijando-o. Eu senti correr o rubor através de minhas bochechas e um frio na espinha.

- O que você está fazendo? - Perguntei, minha voz chiava.

- Isso. - Ela respondeu entre beijos. - Será que você se sente melhor agora?

- Eu ... eu ... sim. - Respirei fundo.

O toque dos lábios dela era suave, sensual. O gelo havia ofuscado a queimadura, deixando um leve formigamento, seus lábios escorregavam pela minha pele, quente e úmidos, eu não conseguia parar de tremer, não conseguia parar de suspirar.

Seus lábios se moviam da face do meu polegar para a palma da minha mão, não
mais calmante agora, beijava docemente.

Oh, Deus. Ela estava beijando minha mão? Ninguém tinha beijado o meu 'dodói' desde que eu era uma criança pequena.

Minha mãe nunca foi do tipo de beijar para melhorar, mesmo em seus melhores dias. E meu pai, bem, ele me amava o suficiente, mas era ausente, muitas vezes trabalhando.

Agora os beijos atravessavam meus dedos, ao redor da borda da minha mão. Engoli o nó na minha garganta, mas ainda não havia conseguido recuperar o fôlego.

Outro beijo, na borda da minha mão. Ela virou a palma da minha mão para cima, e seus lábios tocaram o centro dela.

Meus dedos se fecharam involuntariamente e tocaram seu lábio superior, roçaram no seu nariz. Sua pele era tão quente, suave e feminina, uma sensação diferente.

Os lábios percorriam da almofada da minha mão ao meu pulso. Oh, Deus, oh senhor, oh merda. O toque dela era esmagador, gentil, doce, insistente e quase erótico.

Eu estava ofegante com respirações rasas, quando seus lábios beijaram o meu antebraço, finalmente aconteceu. Eu gemi.

Não podia parar, não podia acreditar no que tinha acontecido. O som era de excitação flagrante, ofegante e sensual.

Senti mais do que ouvi, o seu rugido em resposta, ela deu um beijo na parte interna do meu cotovelo, um lugar onde lábios nunca, nunca tocaram!

Meu núcleo estava abalado, o calor elétrico queimava através de mim com apenas a sensação de sua boca lá.

Ela sentiu minha reação e me beijou ali novamente.

Eu exalei inclinando a cabeça para trás, lutando por compostura. Mas não tinha nenhuma. Nem um pingo.

Seus dedos enfiaram nos meus por trás, a palma da sua mão apoiada na parte de trás de meus dedos, e sua outra mão segurou meu cotovelo, segurando meu braço para ela.

Outro gemido embaraçosamente ofegante deslizou da minha garganta enquanto seus lábios tocavam meus bíceps, mudou-se para o interior, onde a carne era macia e suave.

Lábios molhados, macios e quentes, beijando-me tão intimamente, tão ternamente, eu não podia evitar que o som escapasse.

Nunca tinha sido tocada desta maneira, nunca fui beijada desta forma. Seus lábios não tinham tocado os meus, não tinha me tocado em qualquer outro lugar, apenas a minha mão e braço, e ainda assim eu estava mais excitada do que já estive em toda a minha vida.

Estava tremendo da cabeça aos pés, toda quente, boca aberta, mal respirando.

- Sana... Sana... tão gentil, tão sensível. Você sente isso? Eu sei que sim, minha coisa doce. Eu sei que você sente. - Sua voz era um fio murmurando baixo, sua respiração tocou meu ombro agora, como um vento quente. - É como um raio, não é? Puro relâmpago, caindo entre nós. Toda vez que meus lábios tocarem sua pele perfeita, você queimará e tremerá. Eu mal a toquei, mal comecei a beijá-la, estou só começando a aprender os segredos do seu corpo, mas já que você reage tão bem.

Ela fez uma pausa. Muito breve.

- Sana você é tão bonita. Uma garota tão preciosa, eu simplesmente não posso esperar para fazê-la cantar, para fazer seu corpo zumbir e arrepiar por mim.

Eu não tinha fôlego, não ouvia nenhum
som, apenas sua voz e a poesia em suas palavras. Se eu ouvisse alguém falar desse jeito, iria ironizar e ridicularizar. Soaria tão artificial, mas de alguma forma, com ela, com sua voz rica e melódica, soava perfeito, natural. E as suas palavras, Deus.

Eu não podia deixar de reagir a tais declarações. Senti minha coluna se arquear, minha cabeça virar para o lado deixando livre a curva do meu pescoço, oferecendo-a o acesso.

Ninguém jamais disse tais coisas para mim. Já fui chamada de sexy, quente e bonita. Um cara tinha até me chamado de 'deliciosamente fodível'. Eu tinha sentimentos mistos sobre isso.

Tinham me dito que meu corpo era sexy e atraente e que meus seios eram fantásticos. Uma vez me disseram que meus olhos eram adoráveis. Essa foi boa.

Mas, isso era diferente. Sua voz era um murmúrio profundo no meu ouvido, espessa, com sinceridade, repleta de algo como admiração, levava sua poesia a um novo nível.

Ela fez como se fosse algo comum e banal, o elogio 'tão bonito', diferente, o empurrou a um novo reino.

E ela não podia esperar para me fazer cantar? Fazer meu corpo zumbir e ter calafrios por ela? O que diabos isso queria dizer?

Mas eu tinha uma suspeita. Sentia o relâmpago. Não podia negar isso. Meros beijos ao longo do meu braço me fizeram gemer.

Se ela podia provocar essa reação com toques tão simples, o que poderia tirar de mim com as atenções mais íntimas? Estremeci quando o pensamento correu através da minha mente.

Seus lábios agora deslizavam ao longo do cume do meu ombro e na curva e base do meu pescoço, sorrindo na minha pele.

- Sim, você sente isso. Sente o que eu poderia fazer. O que vou fazer com você.

Ela arrastou beijos no meu pescoço, um, dois, três e em seguida, seus lábios estavam na minha mandíbula, aproximando-se do meu queixo, será que ela iria me beijar?

Sua boca deslizou para cima, uma pausa logo abaixo do canto dos meus lábios.

- Você quer que eu a beije, Sana? Quer? Está com medo, mas você quer. Eu posso sentir isso. Peça-me, Sana. Peça-me para beijá-la.

Seus lábios pairaram, mal tocando a carne do canto dos meus lábios. Eu tremia toda.

As palavras borbulhavam na minha garganta, batiam contra a parede de meus dentes. Beije-me. Por favor, me beije. Apertei minha mandíbula, serrei os dentes em conjunto para parar as palavras.

- Não? Ainda não, hein? - Sua respiração tocou minha bochecha, e então seus lábios desceram, sempre tão brevemente, para o inchar do meu lábio inferior.

Ela me beijou tão levinho, tão rapidamente que eu poderia ter imaginado. Então senti um beliscão, dentes afiados pegando meu lábio inferior e engasguei.

- Muito bem. Eu posso esperar. - Só respirei quando senti ela se afastar, ouvi o tilintar da colher contra a porcelana.
- A sopa vai esfriar. Abra a boca. - Sua voz era neutra, mais uma vez.

- Você vai me alimentar? - Odiava o quão fraca soava minha voz, o quanto eu parecia afetada.

- Sim, é claro. Agora. Abra. É sopa de carne e cevada, está deliciosa. - Hesitei, mas meu estômago revirou, separei os lábios.

Uma colher deslizou contra a minha boca, sobre os dentes, fechei os meus lábios sobre ela, provei, engoli.

- Hummm. Você não estava brincando. Isso é incrível.

- Sunmi é um tipo especial. Ninguém cozinha como ela. - Eu a ouvi tomar um gole de sopa e em seguida, a colher cutucou meus lábios novamente. - Você gostaria de um pouco de pão?

Balancei a cabeça enquanto engolia, e depois senti algo arranhar meus lábios. O cheiro de pão recém-assado invadiu minhas narinas, abri minha boca para ela, e provei o sabor rico e leve da baguette.

Ela mergulhou-o na sopa, amolecendo-o, e eu tomei o pão dela, mordi, mastiguei, apreciando os sabores. Assim foi, ela me alimentando, levando algum para si mesma.

Deveria parecer estranho, mas de alguma forma isso não era. Seus dedos, quando me alimentava, tocavam meus lábios, meu rosto, e eu não vacilava em seu toque.

Em uma das vezes quase me aninhei em sua mão, depois me repreendi por ser ridícula.

Mas era tão surreal, tão absurdamente romântico e estranho que eu não conseguia entender minhas próprias reações, não podia deixar de ser arrastada um pouco.

Ouvi o balanço da porta abrindo, seguido pelo som de rodas sobre o chão.

- A sopa estava de seu gosto, senhora, senhorita Sana? - Sunmi perguntou quando removeu os pratos e colocou outra coisa na minha frente.

- Estava incrível, Sunmi. Respondi. - Obrigada.

- Na verdade. - Ela disse. - Verdadeiramente maravilhosa, como sempre.

- O prato principal é salmão. Fresco e cozido com ervas. Ao lado, você vai encontrar purê de batatas e feijão verde.

- Ah, Sunmi, isto parece excelente. - Ela falou sua voz era suave em apreciação. - E o vinho? - Ouvi um pop da cortiça, e o som do líquido que estava sendo servido.

- Este é um '96pinot gris. É da vinícola da França. - Ela disse esta última parte, como se descrevesse algo que estava familiarizada.

- Perfeito! - Ela disse e suas próximas palavras foram dirigidas a mim. - Eu possuo várias vinícolas em todo o mundo, uma das quais está na Alsácia-Lorena. Enquanto possuí-la, tenho a certeza que a família original continua a executá-lo, visto que eles vem fazendo esse mesmo vinho por mais gerações do que posso contar.

Ela pegou a minha mão na sua e botou uma taça de vinho na minha palma. Enrolei meus dedos em torno dela, trouxe-a para o meu nariz e cheirei.

- Eu não sei muito sobre vinhos. - Admiti. - Sei que você realmente reconhece bons vinhos pelo aroma, mas não sei que cheiro deveria sentir. - Ela riu.

- Talvez em outra hora, vou me esforçar para ensinar-lhe os pontos mais delicados da apreciação do vinho. Mas hoje não é o momento. Por agora, simplesmente saboreie-o. - Levei o copo aos lábios e tomei um pequeno gole.

Santa Fodida Merda.

Comparando este vinho com os que eu já tinha tomado, parecido uma Ferrari comparada com um Ford Escort 1989.

Fiz um pouco de barulho na apreciação, e tomei outro gole. Desta vez, segurei o vinho que entrava na minha boca, ele rodou em torno de minhas papilas gustativas.

Vi coisas na TV ou no cinema, onde alguns esnobes do vinho, geralmente vestindo uma boina e um cachecol, tomavam goles delicados e usavam palavreado absurdamente improvável para descrever o vinho, coisas como dicas de verdor e toques de carvalho.

Sempre pensei, que besteira. Somente com este vinho pude realmente provar inúmeros sabores diferentes, tons e dicas e notas.

Eu não poderia identificá-los, ou descrevê-los, mas podia sentir o seu gosto.

- Uau. - Acabei dizendo.- Isso é incrível. Delicioso, totalmente delicioso.

- Você nunca provou um vinho de verdade, antes, não é? - Dei de ombros.

- Acho que não. Quer dizer, já provei vinho antes, obviamente. Mas nunca tive uma garrafa que custa mais do que como, vinte dólares no máximo.

- Hah. - Sua voz era abertamente de escárnio. - Isso não é o vinho.

- Bem, é o que tive. Mas posso definitivamente sentir a diferença.

- Isso é bom. Se você tivesse dito algo como 'vinho é apenas vinho', eu poderia ter que repensar as coisas um pouco. - Ela riu tornando uma piada, mas me perguntei se ela estava falado sério.

- Você iria apenas me mandar para casa, então? - Senti a superfície da mesa com a mão vazia, e com cuidado botei o meu copo nela. - Talvez eu devesse ter fingido não notar a diferença.

- Foi uma brincadeira, Sana.

- Foi? - Virei a cabeça, no que parecia olhar para ela. Um hábito, agora um gesto vazio.

Seus dedos quentes afastaram uma mecha de cabelo para longe do canto da minha boca.

- Sim. Foi. Eu gosto de coisas agradáveis. Sou extremamente rica, então posso encher minha casa com o melhor de tudo. Mas isso são apenas coisas. Elas não significam nada. Gosto de vinhos caros, porque eles possuem sabor melhor do que os baratos. Mas ainda é apenas vinho. - Seu polegar deslizou sobre meu lábio superior, tive que parar de me mover com o toque, para beliscar o dedo com os dentes. - E diga-me a verdade, Sana. Será que você realmente quer ir para casa? Só isso?

Eu não tinha nenhuma resposta. Tentei sutilmente mover meu rosto longe do seu toque, nervosa com minhas próprias reações intensas por ela.

- Você faria isso? - Sua voz era afiada.

- Responda-me, Sana. Se eu lhe dissesse que poderia voltar para casa, agora, sem violar o nosso acordo? - Puxei uma respiração instável, tateando minhas mãos sobre a mesa.- Eu não acho que você faria. - Sua voz estava perto, a respiração quente em meu ouvido, falando um pouco acima de um sussurro. - Você sente isso, Sana. Se eu a beijasse agora, acho que você poderia desmaiar. Mal respira.

- Estou respirando muito bem. - Menti. - Você faria isso? Deixaria que eu fosse para casa agora?

- Não, não acho que faria.

- Por que não? - Essas duas palavras saíram sem fôlego, dos meus lábios.

Sua respiração mudou, aquecendo meu ouvido, em seguida, minha bochecha, e então, oh Deus, senti seus lábios na minha pele, a poucos centímetros da minha boca.

- É por isso. - Tão perto como nossos rostos estavam, eu ainda mal a ouvi.

Meu coração estava batendo, martelando, disparando no meu peito, enviando sangue pulsando aos meus ouvidos.

Minha pele estava formigando, minhas mãos tremendo. Nervos, antecipação, medo?

Analisar o que eu sentia era impossível. Só sabia que temia e necessitava em igual medida, pela sensação de seus lábios nos meus. Tão perto. Sim. Não, por favor. Um beijo, um único beijo.

Eu só tinha conhecido essa mulher à talvez duas horas atrás, mas seus lábios estavam roçando nos meus, e ela não estava respirando, também.

Como isso era possível? Eu não sabia seu nome. Não sabia como ela era. Só conhecia o som de sua voz, a sensação de suas mãos.

Ela poderia ter sessenta anos de idade, poderia ser feia, ela poderia ser tantas coisas. Mas de alguma forma, naquele momento que havia a amplitude de apenas um átomo entre nossos lábios, isso não importava.

- Tudo o que você precisa dizer é 'sim', Sana. - Senti suas palavras, as ouvi apenas um pouco. - Diga sim.

Não. Não. Não.

- Sim.

Uma mão quente segurou a parte de trás da minha cabeça, sua palma repousou em meu rosto. Os dedos enroscaram no meu cabelo, aninhados contra minha orelha e ao longo da minha mandíbula, embalando o meu rosto, me puxando para ela.

Demorou, uma mera mudança da minha cabeça, concordando, inclinando meu queixo para cima levemente.

Por que eu estava permitindo esse beijo? Eu não deveria. Mas estava. Eu tinha que fazer. Era apenas um beijo.

Eu era uma mentirosa. Não queria apenas um beijo. Era poder. Controle. O reconhecimento de suas demandas.

Admitindo o seu jogo. Ah... o que é um jogo. A partir do momento em que seus lábios encontraram os meus, descobri que ela era uma mestre nisso, na arte da sedução através de um beijo.

Lento, quente, molhado, insistente. Seus lábios se moviam sobre os meus, suas mãos me seguraram no lugar, não me permitindo afastar até que ela estivesse pronto para me deixar ir.

Ela me beijou como se tivesse algo a provar, de fato ela tinha. E provou para mim que esse beijo foi só o começo.

Eu tinha sido beijada antes. Muitas vezes. Haviam beijos desajeitados e desleixados, aqueles momentos de tensão, repleto de intensidade, desastrados como os de um adolescente. Havia beijos mais qualificados, apaixonados e intencionais.

Havia beijos que roubavam a minha respiração, beijos que se fundiam perfeitamente com a retirada das roupas e a união de corpos.

Mas nunca, antes deste momento, tive um beijo que roubou a minha vontade de afastar, que consumiu a minha capacidade de pensamento, que removeu a minha capacidade de resistir, de sentir qualquer outra coisa, com apenas um beijo.

Ela tinha gosto de vinho branco, leve e doce, levemente ácido e frio. Esqueci de respirar, ela me deu o fôlego, e, em seguida, o levou de volta.

Eu não tinha controle sobre minhas mãos. As senti em movimento, elas levantaram e alcançaram, senti o calor suave do seu rosto nas minhas mãos. Ela não se afastou, ela permitiu que eu tocasse.

Não foi um beijo profundo ou longo. Não havia nenhum embaraço de línguas, sem invasão ou demandas. Foi lento, suave e exploratório. Introdutório. Uma promessa. Um convite.

Quando ela se afastou, fiquei esperando, esperando, querendo saber. O beijo deveria ter continuado. Eu não queria que ela parasse.

Ninguém nunca tinha me beijado com tanto domínio e insistência suave, era viciante. Deixei escapar um suspiro, uma respiração trêmula e instável.

- Por isso.

- Oh.

- Sim. Oh.-  Ela deu na minha bochecha um último roçar com o polegar, então ouvi a raspagem do talher sobre um prato.

- Abra. - Ao seu comando a minha boca se abriu por vontade própria.

Um garfo tocou os meus lábios e língua, provei o metal, em seguida, o salmão, leve e escamoso, perfeitamente aromatizado com ervas.

Ela deu uma mordida, e então me disse para abrir novamente, alimentando-me de purê, grosso, forte, com alho e feijão verde, amanteigado e crocante.

Era a refeição perfeita, satisfatória e equilibrada, cheia de sabor, que até mesmo a estranheza de estar com os olhos vendados e sendo alimentada como uma inválida não era capaz de desbotar.

Sunmi trouxe a sobremesa no momento em que eu tinha terminado o prato principal. Foi um crème brûlée, cremoso, doce e grosso.

- Você não estava brincando. - Eu disse.
- Sunmi é uma chef incrível.

- Eu a escolhi entre mil. Passei quase um ano habilitando cada candidato individualmente. Só entrevistei quatro deles, e Sunmi, obviamente foi quem escolhi. Na verdade, ela é uma fazedora de milagres.

- Milhares de candidatos? - Ela fez um barulho 'mmhmm' suponho que saboreava a sobremesa.

- Para ser minha governanta pessoal? Esses foram apenas os que fizeram o corte inicial. Havia um total de quase dois mil, mais da metade dos quais faltava o conjunto de competência adequado. Sunmi faz quase tudo para mim. Ela cozinha, arruma a minha roupa, limpa meus aposentos pessoais, e vê quaisquer outras necessidades domésticas. Compras, alfaiataria, etc. Ela trabalha mais horas do que a maioria dos CEOs de empresas, e em compensação eu pago-lhe um salário que a esses mesmos CEOs causariam uma inveja mortal. Ela me alimentou de outra colherada da sobremesa, falando enquanto fazia isso. Eu exijo excelência, e, se estou satisfeita, eu compenso generosamente.

- Ela limpa todo esse lugar sozinha?

- Oh, não. Eu tenho uma empresa privada que vem duas vezes por semana. Eles estão sob contrato, é claro. Mas eles não são permitidos nos meus aposentos privados. Ninguém vai lá. Sunmi é a única pessoa que já esteve lá. Nem mesmo Mina cruzou esse limite.

- Então você confia em Sunmi.

- Totalmente. - Sua voz ficou tensa com a emoção. - Ela está ao meu serviço há vinte anos. Ela foi o meu primeiro funcionário em tempo integral, e viu a minha empresa crescer a partir do nada para o que é hoje.

- Estou confusa. Você disse que a escolheu entre mil candidatos. Mas também disse que ela foi seu primeiro funcionário. Como é que isso funciona? - Ela suspirou.

- Você está afiada, Sana. Um milhar de pessoas é muito, mas eu a escolhi na lista de empregados do meu pai. Foi uma espécie de teste, suponho que você poderia dizer. Ele me deu a liberdade de escolher qualquer empregado de suas fileiras, mas apenas um. Ele queria ver quem eu escolheria. - Uma pausa, o raspar da colher buscando o último bocado do crème brûlée. - A piada foi sobre ele, no entanto, porque Sunmi era de sua própria equipe doméstica pessoal. Ela estava sendo preparada para ser sua empregada.

- Eu aposto que ele não ficou feliz com essa sucessão de eventos.

- Não, ele não ficou. Ele tentou mudar o acordo, mas eu o tinha feito assinar um contrato escrito. - Ela riu. - Aprendi com o melhor.

- Quem é seu pai? - Sua voz foi nítida.

- Boa tentativa, Sana. Você vai saber a minha identidade no devido tempo. Eu bocejei. Está ficando tarde, e você teve um dia puxado. Permita-me levá-la até seu quarto.

- Bem, não tenho escolha. Vou ter de permitir que faça isso, pois é a única pessoa que pode ver.

- A venda irrita você, não é?

- Obviamente. Odeio depender de alguém. Esta é a definição de desamparo.

Ela se levantou, arrastou a cadeira no chão, em seguida, pegou meu cotovelo, deslizando minha cadeira.

- Esse é o ponto, Sana. Confiança. A dependência, desamparo. Você não tinha ninguém, além de si mesma para confiar por muito tempo. E agora é a vez de me permitir cuidar de todas as suas necessidades.

- Eu pensei que era sobre controle. E privacidade. - Caminhamos em silêncio por alguns instantes antes de responder.

- Sim, isso é verdade, também. A venda serve a muitos propósitos.

- E quando você vai tirá-la?

- Quando sentir que você e eu estamos prontas.

- E quando vai ser isso? - Ela me puxou para uma parada, me virou e apertou minhas costas contra a parede.

Senti sua presença diante de mim, me prendendo. Sua voz, tão perto, veio acima da minha cabeça.

- Você confia em mim?

- Não.

- Não?

- Não, não completamente.

- Por que não? - Engoli em seco.

- Eu não sei o que quer de mim. Não sei o que está acontecendo. Para mim. Entre nós. Por que há um 'nós' aqui. Parte de mim se sente, não sei, coagida. Chantageada. Mas você está certa, eu sinto uma conexão. Uma conexão possível. Uma química. Aquele beijo foi, intenso. Mas ainda não sei o que eu quero. O que você quer. - Hesitei antes de continuar. - Eu olhei o arquivo.

- Você não deveria. - Ela disse.

- Eu quase desejo não ter visto. Mas o fiz, e ... obrigada. Por me proteger dele.

- Claro. Eu não podia me sentar e permitir que ele lhe fizesse mal.

- Então. Vai haver um longo caminho para que eu confie em você. Não é assim tão fácil. Não para mim. Eu não posso simplesmente decidir confiar em alguém. Isso leva tempo. Esforço.

- E é por isso que a venda deve permanecer. - Um dedo tocou meu queixo, inclinando meu rosto. - Beije-me. - Foi um comando.

- Peça-me.

- Não.

- Então, não.

- Você não está entendendo o arranjo, ao que parece.

- Não recebo comandos muito bem.

- E eu não me repito. - Sua voz tornou-se acentuada. - Mas, só desta vez, para você, vou repetir. Você quer saber o que eu quero? Do que se trata? É uma questão de confiança. Obediência. Cumprimento. Você obedece, eu aprendo a confiar em você. Se eu confiar em você, lhe direi meu nome e permitirei que me veja. Então vou permitir que as coisas sigam mais longe. Se eu não confiar em você, isso vai levar muito mais tempo e será muito mais difícil.

- Você disse que não iria me forçar a fazer algo que eu não queria. - Ouvi um sorriso em sua VOZ.

- E aquele beijo, no jantar? Será que eu forcei você?

- Não.

- E não estou forçando-a a fazer nada agora.

- Você está me ordenando a beijá-la. - Deus, eu odiava como isso soava tão petulante.

- E você não quer? - Senti o cheiro de seu perfume, o seu calor. E não poderia deixar de lembrar do beijo, eu sabia que ela estava certa.

Eu queria beijá-la novamente. Não queria desejar o beijo, mas desejava. Queria sentir a sua mão no meu rosto, seus lábios nos meus.

Maldita seja.

- Eu posso ler você como um livro, Sana. Está corada. Sem respiração. Você sente a minha presença. Quer isso. Você me quer. Tem medo do seu próprio desejo, e tem ainda mais medo de mim. Mas não precisa ter medo. - Ela colocou ambas as mãos sobre meu rosto. Inclinei a face para cima. - Agora me beije.

Obedeci seu comando. Eu a beijei. Pressionei minhas costas contra a parede e me levantei na ponta dos pés, toquei meus lábios nos dela.

Nossas bocas se reuniram, então suspirei. Foi uma expiração de necessidade, de avidez, alívio e frustração.

Ela chupou meu suspiro em sua boca e puxou meu rosto suave e irresistivelmente.

Nossas bocas unidas e suas mãos no meu rosto, estes foram os únicos pontos de contato entre nós, mas eu sentia ela ao meu redor.

Senti como se ela estivesse de alguma forma bloqueado todo o mundo, incluindo os meus medos. Era como se o sabor de seus lábios apagassem meus nervos, medos e minha hesitação, de modo que tudo o que restava era a sua boca sobre a minha.

Isso em si me apavorava. Minhas mãos, mais uma vez me traíram. Levantei e toquei uma dura e ampla parede humana. Seda, fresca e suave, percebi pelo meu toque.

Meus dedos abriram, e as palmas das mãos descansaram contra seu peito. Eu senti firmeza sob as roupas. Minhas mãos subiram e descobriram ombros largos, incomuns.

Longe, para cima. Esta mulher parecia alta. Encontrei seu pescoço e deixe minhas mãos viajarem até tocar o seu queixo, pele macia sem a aspereza de barba. Tão delicada....

Comecei a pesquisar para cima, tentando aprender as características de seu rosto como se fosse cega, mas uma de suas mãos agarrou meus pulsos juntos, puxou-os para baixo, segurou-os entre nós.

Meus dedos se agitaram em seu aperto e o beijo continuou. Aprofundou-se. Os fogos da minha paixão, uma vez sonolentos, foram desencadeados.

Levantei mais, na ponta dos meus pés, inclinei-me para ela, agora não era apenas um encontro de bocas, este beijo, era um presente e uma tomada.

Deixou de ser apenas um beijo. Um acordo que, sim, eu queria. Eu tremia quando a sua boca se moveu na minha, o rosto torcido para o lado, nossos narizes se tocando, batendo, e o tremor também era uma admissão de que disse sim e eu tenho medo disso.

Mesmo assim, o beijo continuou dirigido, exigente. Tornando-se mais e mais, até que quebrar todos os outros, afogando a memória de qualquer outro beijo. A ponta de sua língua deslizou através da costura dos meus lábios, mas antes que eu pudesse abrir a boca, ela foi se afastando, liberando os pulsos.

A partir de um ou dois pés longe eu podia ouvir que a sua respiração era dura e difícil. Era bom saber que pelo menos ela tinha sido afetada.

Quanto a mim? Estava tremendo toda, as mãos achatadas contra a parede ao lado de meus quadris, costas arqueadas, meus ombros contra a parede, a cabeça ainda inclinada para cima, como numa memória de um arremedo de beijo. 'O beijo'.

Ouvi um toque de maçaneta, o sussurro de uma porta se abrindo em todo o carpete.

Suas mãos agarraram meus ombros, ela me guiou para a porta. Senti sua frente contra as minhas costas, suas mãos deslizavam pelos meus braços, cruzando sobre meu estômago.

Ela me segurou junto de seu corpo, apenas por alguns instantes. Pela sensação de seu peito subindo e descendo com a respiração ofegante, eu estava ciente de sua altura. Realmente alta. Eu mal chegava ao seu peito.Ou ela era muito alta, ou eu era baixa demais.

- Feche os olhos. - Murmurou.

- Eu tenho uma venda neles. - Lembrei, mesmo assim fechei os olhos por trás do pano.

- Feche.

- Eles estão fechados. - A interrompi. Ela fez um som de desaprovação a minha insolência, mas não disse nada. Seus dedos pegaram as pontas da venda, as separou, desatando-a.

- Não falhe neste teste. - Foi tudo o que ela disse, quando a venda caiu.

Mantive meus olhos fechados, 'olhando' para frente, ouvindo atentamente, sintonizada com cada som.

A ouvi dar um passo para trás. Dois. Três. Eu queria tanto abrir meus olhos e girar ao redor, mas não o fiz. Por que não? Porque eu estava gostando desse jogo.

- Boa noite, Sana.

- Boa noite à você, também. - Ela riu, o som crescia distante. Silêncio.

Abri meus olhos e me encontrei na sala de estar dos meus aposentos. Em um impulso, me virei, na ponta dos pés, para dar uma olhadela na silhueta passando pela porta.

Cheguei a tempo de pegar um vislumbre de alguém, um flash de cabelos castanhos presos. Calça apertada, paletó e saltos todos pretos. Ela dobrou a esquina e desapareceu.

Fechei a porta, inclinando-me para deixar a minha testa descansar contra a madeira.

O que eu estava fazendo?

Eu a beijei. Duas vezes. Uma mulher! Uma mulher a qual eu não sabia literalmente nada. No entanto, não podia negar que foi, de longe, os melhores beijos da minha vida.

E eu queria mais.

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