Ícaro
Minatozaki Sana.
Dahyun e eu tendíamos a ficar muito selvagens na cama. Era exatamente como éramos.
Ela era uma mulher poderosa, com um apetite insaciável por sexo, e eu era uma jovem se aproximando do seu auge sexual, meu apetite era tão voraz quanto o dela.
Depois que ela tinha enviado o primeiro cheque para mim, nos meses seguintes tivemos todos os tipos de sexo incrível.
Nós tínhamos transado em todas as posições possíveis, em camas, no chão, contra a parede e literalmente em todos os lugares. Nós tínhamos transado sóbrias, bêbadas, transado com raiva uma da outra.
Isso era muito épico, na verdade. Eu nem me lembro do porquê estávamos com raiva. Um daqueles dias longos frustrantes, onde cada pequena coisa dava errada, crescia e culminava em uma competição de gritos.
Eu gritava:
- Foda-se! - E Dahyun rosnava para mim. E então, de repente, ela me batia contra a porta de vidro da varanda do hotel, arrancando minhas roupas e empurrando seu pau para dentro.
Eu gritava de raiva, mas quando ela estocava, e não tinha escolha a não ser colocar minhas pernas em volta da sua cintura e segurá-la, cravando minhas unhas em seus ombros, batendo sua bunda tão forte quanto podia na tentativa de feri-la.
No momento em que nós duas acabávamos, nenhumade nós lembrava o que estávamos discutindo.
Tínhamos fodido de todas as maneiras, e ainda, nenhuma delas conseguia sequer chegar perto da ferocidade louca do que tinha acontecido, nesse oral.
Eu ficaria muito, muito dolorida se tivesse realmente transado com Kim. E ainda tínhamos uma longa e dolorosa conversa chegando.
Nada foi resolvido. Nada estava bem ainda. Kim não estava bem. Antes dela se virar, vi a selvageria ainda à espreita em seus olhos, e isso me assustou um pouco.
Mas eu precisava que Dahyun soubesse que era eu.
Soubesse quem estava com ela. E, honestamente, estava preocupada que ela, literalmente, ficasse louca se eu não fizesse algo.
Dahyun tomou uma droga experimental para libido, e quem sabia como isso iria afetá-la. Ela estava com dor, sendo torturada por necessidade, e eu era incapaz de deixá-la permanecer em tal agonia demolidora.
Recolhi minhas emoções, preocupações e os meus pensamentos, os empurrei para baixo, os afastei. Eu não podia lidar com tudo isso, não ainda.
Não poderia combater a raiva que sentia contra a vadia que tinha feito isso com
Dahyun. Saber que ela havia torturado a mulher que eu amava de várias maneiras diferentes, o ódio que eu nutria era muito potente para lidar direito, com Dahyun no estado em que estava.
Quando acabamos ela rolou para o lado esquerdo, e me encaixei atrás dela, abracei-a e a senti cair no sono.
Inquieta, coração dolorido com amor, mente queimando sob o peso das perguntas sem respostas, eu escorreguei no meu próprio sono.
• • •
Acordei com o som de Dahyun engasgando, arfando. A cama estava vazia e ela ajoelhada no pequeno banheiro, vomitando.
Me movi para ficar perto da porta do banheiro, me curvando para descansar a palma da mão sobre suas costas nuas.
Ela ainda estava nua, e todo o seu corpo estava coberto de suor. Sua pele estava quente ao toque, com o cabelo molhado e emaranhado.
Ofegante, Kim se endireitou um pouco, levantando com uma mão na borda do vaso sanitário, visivelmente trêmula.
- Ajude-me, preciso me deitar. - Lutou para se equilibrar, eu a apoiei, ajudando-a a tropeçar para a cama. Ela cobriu os olhos com o antebraço, peito subindo e descendo. - Balde. Preciso do... balde.
Me levantei, peguei o grande balde de plástico que levei para o quarto, o esvaziei no banheiro e coloquei-o no chão ao lado Dahyun.
Ela estendeu a mão, para mim. Me ajoelhei no chão, peguei a mão dela na minha, e coloquei a na minha bochecha.
- Eu estou aqui, Dahyun. Estou aqui.
- Eu não sei o que eu faria sem você. - Murmurou.
- Você não tem que descobrir.
Seu estômago soltou, sua garganta se moveu e eu trouxe o balde para mais perto. Ela agarrou o lado dele, inclinou-se, engasgou, respirou estremecendo e depois vomitou.
Eu segurei o balde com uma mão e tirei o cabelo da sua testa com a outra. Quando a onda passou, ela descansou sua testa na borda do balde, ofegante, ainda arfando.
Engasgou novamente, tossiu, cuspiu, babando, e depois vomitou de novo. Nada veio desta vez, apena a bile. Rolou para longe, deixando-me levar o balde.
- Eu não tenho mais nada para liberar. - Disse.
- Eu vou ver se consigo encontrar alguma coisa. Um pouco de água, pelo menos. - Falei colocando o balde no chão ao lado dela. - Aqui está o balde no caso de você precisar dele.
- Só... se apresse. - Corri para a cozinha, onde encontrei Mina fazendo café. Ela ergueu o queixo para mim.
- Como ela está?
- Nada bem.- Procurei na pequena geladeira por uma garrafa de água, encontrei um pacote de biscoito Saltines em um armário.
- Ela lhe deu algum tipo de droga experimental. Os efeitos colaterais são desagradáveis. Kim está mais doente do que um cão velho.
A julgar pela expressão cuidadosamente em branco no rosto de Mina, ela nos ouviu.
- Devemos encontrar um médico? - Balancei minha cabeça.
- Ainda não. Com sorte, ela pode eliminá- la. Nós vamos ter que ver, eu acho. - Parei na porta.
- Onde estamos agora?
- A poucos quilômetros da costa de Creta. Tentei puxar um mapa do Mediterrâneo na minha cabeça.
- Espere, Creta? Não é na direção oposta de onde viemos? - Mina concordou.
- Sim. Mas voltar pelo mesmo caminho é provavelmente a pior coisa que poderíamos fazer. Nós estamos indo para Alexandria.
- Alexandria? Tipo na África? - Ela acenou com a cabeça.
- Último lugar que esperariam que a gente fosse. Kim não tem contatos de negócios lá, sem amigos. Por esse motivo, é um lugar perfeito para ir. Podemos nos esconder até que a Senhorita Kim esteja se sentindo melhor e nós tenhamos a chance de fazer um plano. - Ela torceu a tampa sobre a garrafa térmica de café.
- Nós vamos parar em Creta para reabastecer. Um pequeno lugar chamado Sitia. Podemos conseguir algum combustível e alimentos, e espero sair da tempestade que está vindo na nossa direção.
- Há uma tempestade chegando? - Mina concordou com a cabeça, batendo o polegar contra a lateral da garrafa térmica.
Seus olhos não encontraram com os meus, um leve rubor tingiu suas bochechas.
- Sim. Uma grande, vinda do oeste. Vento e chuvas fortes. Ela vai fazer algumas ondas muito assustadoras, eu acredito. Melhor nos abrigarmos. Nós não somos grandes o suficiente para enfrentar uma tempestade, especialmente se a Senhorita Kim estiver doente.
Não dormi. Eu não saí do quarto, exceto para esvaziar o balde e trazer mais água para beber.
Ela passou três dias vomitando, três dias em um barco balançando e acampando sob o dilúvio, três dias de inferno.
A passagem da tempestade coincidiu, ironicamente, talvez, com a calmaria da doença de Kim. A raiva ferveu dentro de mim, enterrada abaixo da preocupação e do amor.
Depois que ela foi capaz de manter um pouco de água e biscoitos, caiu no sono dos mortos, e não fez mais do que agitar toda a viagem a partir de Sitia para Alexandria.
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