Envelope
Minatozaki Sana.
- Senhorita Minatozaki. Entre, por favor. - Meu chefe, o Senhor Lee, acenou com a mão para as duas cadeiras de frente para a mesa. - Sente-se, Sandra. - Como sempre, falou meu nome de forma errada.
- Meu nome é Sana. - Eu não podia deixar de corrigi- lo pela milésima vez. Senhor Lee deslizou em sua moderna cadeira de couro preto e, em seguida, desabotoou o paletó.
- Sim. Claro. - Ele puxou os punhos da camisa branca de botão e limpou a garganta. - Bem, senhorita Minatozaki, eu vou direto ao assunto. Estamos permitindo que você vá, eu sinto muito. Não tem nada a ver com você, a questão é que simplesmente estamos agilizando nosso fluxo de trabalho, e por ser a mais nova e menos experiente membro da nossa equipe ... bem, os seus serviços têm se tornado algo supérfluo.
Eu pisquei. Duas vezes. Três vezes.
- Eu sou o quê?
- Supérflua. Significa-
- Eu sei o que significa supérflua. Eu só não entendo por que isso está acontecendo. Na semana passada, Beomgyu disse que eu era a próxima na fila para uma posição permanente. - Senhor Lee me cortou com uma mão levantada.
- Beomgyu estava incorreto, peço desculpas pelo mal-entendido. Veja, Beomgyu tem o hábito infeliz de fazer promessas mesmo que não tenha autoridade para isso, não há recursos para mantê-los. Ele também será dispensado.
Um clarear discreto de sua garganta indicou que o assunto estava encerrado. Ele abriu uma gaveta e retirou um envelope.
- Seu salário final, senhorita Minatozaki. Ele inclui uma indenização por dispensa, de duas semanas. Você vai limpar sua mesa imediatamente. Caso necessite de alguma referência, você pode apresentar um pedido por escrito, através dos canais apropriados. - Eu balancei minha cabeça.
- Não, por favor, Senhor Lee, você não pode fazer isso. Eu preciso deste emprego, talvez o senhor não saiba, mas eu nunca cheguei tarde, nunca deixei de fazer o meu trabalho, me destaco na minha seção. Por favor, me dê uma chance ...
- Senhorita Minatozaki. Implorar não vai mudar os fatos. O assunto está encerrado. Você foi designada para nós através de uma agência de trabalho temporário. Temporário, ou seja, você é temporária. Como eu disse, isso não é um castigo. Não estamos demitindo-lhe estamos simplesmente deixando você ir, agora que a sua posição não é mais necessária. Agora, se você não se importa, eu tenho uma chamada de conferência em alguns minutos. - Ele arqueou uma sobrancelha para mim com expectativa.
- Tudo bem. - Me levantei, alisando minha saia lápis azul marinho sobre meus quadris, virando-me. - Caralho.
- Desculpe-me? - Senhor Lee ficou em pé, um punho fechado ao seu lado. - O que você disse? - Eu levantei meu queixo.
- Eu disse, caralho. - Usei o mesmo tom condescendente que ele frequentemente usava. - É um termo pejorativo que significa pênis. Ou seja, você é um idiota. - Me virei outra vez, agarrei a maçaneta e abri a porta. ,Fui parada por uma mão no meu pulso.
- Senhorita Minatozaki. Você não quer ir com xingamentos, não é? Vai ser muito fácil ligar para a sua agência de empregos temporários e me certificar que você nunca mais trabalhe para eles novamente.- Seus dedos se apertaram no meu pulso, e eu senti sua respiração quente no meu pescoço. - E ... você sabe. Pode haver uma maneira que você possa manter o seu emprego. Possivelmente até conseguir essa posição permanente que você mencionou.
Eu o senti pressionar contra mim, e senti a evidência do que ele queria. E, não vou mentir, o pensamento passou pela minha cabeça. Uma vez. Muito, muito brevemente.
Eu precisava desse trabalho. Eu já tinha dois meses de aluguel atrasado, três meses de atraso de conta de energia elétrica, precisava manter o meu curso e da minha irmã, mais os custos sempre crescentes de cuidar de minha mãe.
Eu poderia fazer o que este incompetente queria, para manter o meu trabalho. Não levaria muito tempo, no máximo, poucos minutos desagradáveis. Ele era velho, perto dos sessenta anos, eu acho. Havia luxuria suficiente para a sua idade, mas de nenhuma maneira viril.
Mas ... não importa o quão desesperada eu poderia estar, isso nunca iria acontecer. Não é assim.
Não com esse cara. Mesmo ele estando quente, e que possivelmente eu quisesse muito esse trabalho, talvez?!
Isso! Talvez fosse uma justificativa se fosse um trabalho do caralho, que realmente pagasse as contas.
Mas era um trabalho temporário. De hora em hora, e um salário de merda. Apenas o suficiente para cobrir alguns gastos, nunca o suficiente para todas as contas de casa.
Eu me virei, deixando-o segurar meu pulso, por enquanto. Ergui os olhos para ele, fazendo a minha melhor atuação.
- Sim? Só isso? Que fácil, não é? Chupá-lo, e você vai me deixar ficar com o meu trabalho? Aposto que se eu deixar você foder comigo sobre a mesa, vou obter uma posição permanente, também? - Ele não percebeu a calma perigosa na minha voz.
- Agora você está pensando. - Ele lambeu os lábios, levantou um dedo para tocar o ápice do meu decote, o pouco do que mostrava em minha roupa de trabalho conservadora. - Você é uma jovem muito atraente, senhorita Minatozaki. Eu tenho certeza que podemos chegar a um acordo aceitável.
Deus, eu odiava maneira maliciosa, falsa e formal que ele estava usando para falar comigo. Um arranjo desagradável. Eu disfarcei a minha repulsa por mais alguns segundos.
- O que você tem em mente, Senhor Lee - Minha coluna arrepiou com nojo, enquanto seus olhos riam e sua língua sacudiu para fora sobre seus lábios finos e pálidos.
Ele teve pouco trabalho com o cinto, e eu ouvi o zip revelador de sua calça. Não olhei, não queria ver o que ele tinha acabado de puxar para fora.
- Bem, vamos ver como você faz, e nós vamos seguir daí. - Ele encostou-se na borda da mesa com um sorriso guloso em seu rosto. - E ... desabotoe a blusa um pouco.
Eu brinquei com o botão da minha camisa, olhando em seus olhos castanho-lodo.
- Você quer um pouco de show, hein Senhor Lee?!
Libertei o botão de cima, o que eu teria feito no elevador de qualquer maneira. Senti os meus seios afrouxarem um pouco no decote, já que não estava mais tão apertado. Seus olhos devoraram a extensão do meu colo.
- Gosta do que vê?
- Muito bom. Mas ... que tal um pouco mais?
Eu balancei a cabeça, como se isso fosse perfeitamente razoável, ainda me recusando a olhar para sua virilha. E então, sem aviso, eu lancei minha cabeça para a frente bruscamente. Senti a minha testa se conectar com seu nariz e a ruptura da cartilagem. Me afastei observando o sangue que escorria de seu nariz.
- Como quer que eu foda você, Senhor Lee? - Deixei-o sangrar, seu corpo estava mole contra sua escrivaninha.
Estremeci quando eu peguei um vislumbre acidental de suas rugas cheias de veias, do seu pênis agora flácido, pairando sobre seu zíper. Deus, eu poderia viver o resto da minha vida sem ver isso.
Abri a porta e sai, olhei para minha camisa e amaldiçoei quando percebi que tinha algumas gotas de sangue sujando minha blusa. Eu parei no banheiro das mulheres e limpei com água fria a mancha, então recuperei meus pertences da minha mesa.
Eu não tinha muito o pegar, algumas barra de cereal, alguns absorventes, e o mais importante, o porta retrato com a foto da minha família. Mamãe, papai, minha irmã mais nova Sullyoon e eu. Ela foi tirada há alguns anos atrás.
Antes do meu pai ser assassinado. Antes da minha mãe ficar doente. Antes de eu ir de inocente, ingênua, menina da faculdade privilegiada à principal ganha-pão para manter três pessoas, uma das quais nem sequer me reconhecia na maioria dos dias.
Uma foto obtida antes que minha vida escapasse completamente pelo ralo, colocando todos os meus sonhos fora do alcance, deixando-me desesperada, exausta, estressada e frustrada.
Enfiei minhas coisas na bolsa e caminhei com toda a dignidade que eu possuía em direção aos elevadores, escondendo minha alegria quando vi o senhor Lee sendo escoltado para fora por seguranças.
Suas calças estavam abotoadas, mas não fechada, e seu terno que uma vez fora impecável estava sujo de sangue.
Dois membros da equipe de segurança estavam indo de cubículo em cubículo, procurando por mim, eu suponho. Desci pelas escadas e saí do prédio.
Desde que a minha agência de empregos temporários nunca tinha vagas de estacionamento disponíveis, peguei o ônibus para os seus escritórios na esperança de conseguir encontrar outro emprego imediatamente.
Meu contato, Park, bateu em seu computador por alguns minutos, em seguida, virou-se para mim com o cenho franzido.
- Eu sinto muito, Sana, mas nós simplesmente não temos mais nada agora.
- Ele me agrediu sexualmente, Park. Ela soltou um longo suspiro.
- Eu entendo isso, Sana, e ele será punido de acordo, mas isso não muda o fato de que eu não tenho nenhum trabalho disponível no momento. - Tentei continuar respirando.
- É possível verificar novamente? Não vou escolher nada. Literalmente qualquer coisa serve. - Ela olhou de novo, e então voltou sua atenção para mim com os ombros encolhidos.
- Nada. Eu sinto muito. Talvez em algumas semanas.
- Eu não vou ter um apartamento para morar em algumas semanas.
- Sinto muito, querida. As coisas estão apertadas. O que eu posso fazer? - Ela colocou a mão bem cuidada na minha. - Você precisa de algum dinheiro? Eu posso emprestar para você. Eu me levantei.
- Não. Obrigada. - Eu precisava, desesperadamente. Não almocei hoje, apenas para ter um pouco mais de dinheiro para o aluguel. Mas eu não iria querer caridade. - Eu vou pensar em alguma coisa.
Lentamente, peguei meu carro no estacionamento. O liguei, em seguida, lembrei-me que, por ter sido demitida, não teria meu estacionamento validado. Merda. Lá se foi mais quinze dólares que eu não poderia perder.
A viagem para casa foi longa por diversas razões. Eu vivia a mais de quarenta e cinco minutos, nos subúrbios, ao norte de Busan.
Meu carro estava rodando com pouca gasolina quando cheguei em casa, meu estômago estava vazio, rosnando e borbulhante.
Eu me esforçava para segurar as lágrimas enquanto checava a caixa do correio. Eu estava conferindo os envelopes, murmurando merda, merda, merda sob a minha respiração em cada nova conta.
Havia DTE Energy Consumers, AT & T por cabo e Internet, água, gás, taxa de matrícula da Sullyoon, a minha aula, conta do hospital da mamãe e um envelope branco, sem remetente, apenas o meu nome.
Minatozaki Sana, escrito no centro, à mão, com caneta preta, e logo abaixo o meu endereço.
Eu meti as contas em minha bolsa e coloquei o envelope entre meus lábios, enquanto eu inseria a chave na fechadura.
Isso, é claro, foi quando eu vi o aviso branco colado à porta do apartamento. Aviso de despejo: pagar o aluguel ou sair dentro de 3 dias. Eu ainda devia uma centena de dólares do aluguel. Ou melhor, além do mês de aluguel atual, que eu poderia enrolar.
Eu tinha esperança de evitar o despejo a tempo de recuperar o atraso sobre o valor devido. Mas isso não ia acontecer agora. Eu tinha acabado de ser demitida. Ainda segurando as lágrimas, eu abri a porta, fechei-a atrás de mim, e abafei um soluço. Eu deixei o envelope cair no chão aos meus pés e cobri minha boca com a mão, com lágrimas quentes e salgadas nos meus olhos.
Não. Não. Sem lágrimas, sem remorso, sem auto-piedade. Bota a porra para fora, Sana. Bota para fora.
Me arrastei para longe a porta, ajoelhei-me para recuperar o envelope bizarro, e liguei o interruptor de luz. Nada. É claro a força tinha sido desligada. No topo de tudo, eu estava morrendo de fome. Comi uma das minhas barras de cereal na viagem para casa, mas precisava de algo mais.
A única comida que eu tinha na cozinha era um pacote de macarrão, um pouco de ketchup, comida japonesa de duas semanas e um saco de mini- cenouras. E um único copinho de iogurte de morango Chobani.
Obrigado, Jesus, e a todos os gregos pelo Chobani. E obrigado pelo fato de que o iogurte ainda estava frio. Eu peguei meu iogurte na escuridão, a geladeira ainda estava fresco, peguei uma colher da gaveta, e agitei-o.
Abri minha blusa até o fim, abri o zíper da minha saia e encostei no balcão, comendo meu iogurte, saboreando cada colherada. Além da quantidade insuficiente de alimentos, eu tinha um salário de menos de oitocentos dólares para duas semanas de trabalho do escritório temporário, além de minha indenização. Era isso.
Finalmente, eu não conseguia segurar os soluços por mais tempo. Desisti e me permiti chorar por uns bons dez minutos. Arranquei um pedaço de papel toalha, meu último rolo, enxuguei o nariz e os olhos, tentando parar. De algum modo consegui descobrir que podia fazer isso.
O envelope estranho chamou minha atenção. Ele estava onde eu o tinha deixado, em cima do microondas. Estendi a mão e o peguei, deslizei o dedo indicador por baixo da aba. Dentro havia ... um cheque? Sim, um cheque. Um cheque pessoal. De dez mil dólares! Feito para mim.
Respirei fundo, coloquei o cheque no meu colo, e pisquei várias vezes. Difícil. Ok, olhei novamente. Sim. Ele dizia: Pagar a ordem de Minatozaki Sana, o valor dez mil dólares e zero centavos. No canto superior esquerdo do cheque o ordenante: KDE Inc., e um PO endereço de caixa, em Manhattan.
E lá, no canto inferior esquerdo, na linha única em frente à assinatura ilegível, estava uma única palavra VOCÊ. Todas letras, em negrito como no envelope.
Examinei a assinatura de novo, mas era pouco mais que uma pequena linha preta. Eu pensei que poderia haver um 'K', um 'D', mas não havia nenhuma maneira de ter certeza. Eu acho que isso faria sentido, dado o fato de que o emissor era KDE Incorporated. Mas isso não me dizia muito.
Sem nota, nada no envelope, exceto a palavra e o cheque. Dez mil dólares. O que diabos eu deveria fazer? Descontá-lo?
Dez mil dólares pagaria aluguel atual, bem como o valor dos outros devidos, teria a energia elétrica religada ... dez mil dólares pagaria todas as minhas contas e ainda me deixaria com o suficiente para consertar os freios do meu carro.
Dez mil dólares. De quem? E por quê? Eu não conhecia ninguém. Eu não tinha mais ninguém, só minha mãe minha irmã de família. Quero dizer, sim, eu tinha a vovó e vovô na Coreia do Norte, mas eles estavam vivendo da Segurança Social, e em breve se mudariam para uma casa de repouso que eu não podia pagar. Eles me pediram dinheiro no ano passado. E eu tinha dado o pouco que podia a eles.
E se eu descontasse isso, e fosse como, a ... máfia? E eles viessem atrás de mim fazer a cobrança e quebrassem meus joelhos.
Ok, isso era estúpido. Mas, de verdade, quem na terra me enviaria tanto dinheiro assim?
Eu tinha uma amiga, Momo. E ela era quase tão desesperada quanto eu. No entanto, eu liguei para ela que atendeu no quarto toque.
- Ei, fedorenta. O que está acontecendo?
- Isto vai parecer meio idiota, mas você por acaso me enviou um cheque? Foi você? Como, você secretamente ganhou na loteria? - Eu ri, como se fosse uma brincadeira. - Quero dizer, você não enviou, certo? - Momo gargalhou.
- Você andou bebendo? Por que diabos eu iria enviar-lhe um cheque? Eu nem sequer tenho cheques. E se eu fiz, se eu tivesse dinheiro para lhe dar, por que eu iria enviar ele para você?
- Sim, certo. Isso ... isso é o que eu pensava.
Momo pegou o tom na minha voz.
- O que está acontecendo, Sannie? - Eu não tinha certeza do que dizer.
- Eu ... Hum ... Posso ficar aí? Por ... alguns dias?
- Sua eletricidade foi desligada?
- E também fui despejada.
- Não?! - Ouvi sua respiração.
- E despedida.
- O quê?! - Momo gritou. - Você não acabou de me dizer, que estava para começar o trabalho permanente?
- Fui assediada sexualmente pelo Senhor Lee.
- Cale a boca.
- Ele disse que eu poderia continuar meu trabalho se eu chupasse seu pau. Quero dizer, ele não disse com todas as letras. Mas ele deixou claro ... puxando o pau para fora.
- Sannie. Você tem que estar brincando comigo. - A voz de Momo era claramente de incredulidade.
- Desejaria que estivesse. - Eu nunca vou conseguir tirar essa imagem da minha cabeça. Ugh. Eu não fingi o estremecimento de repulsa. - Sabe o que eu fiz ?
- O quê?
- Eu bati com a cabeça nele. Quebrei o seu nariz.
- Você não fez isso! - Balancei a cabeça confirmando, em seguida, percebi que estava no telefone.
- Eu fiz. Estou absolutamente certa. - Momo ficou em silêncio por um minuto. Então disse:
- Minha nossa, Sana. Isso é um inferno, que dia de merda. O que foi isso do cheque?
- Posso ir aí? Você não acreditaria se eu lhe dissesse. Tive que forçar minha voz para manter a calma.
- Claro. Traga o seu cobertorzinho, cadela. Vamos dar uma festa do pijama.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro