Através do Mediterrâneo
Minatozaki Sana.
- Bom. Agora empurre o slide no lugar. Certo, assim mesmo. Perfeito. Agora puxe-o de volta. Bom trabalho, Sana. - Mina tomou a pistola de mim e colocou sobre a mesa entre nós. - Agora faça novamente e desta vez eu não vou instruí-la.
Peguei a arma preta pesada e comecei o processo de remoção, retirando cada peça e as colocando em cima da mesa na ordem que Mina tinha me mostrado.
Quando a arma estava reduzida a pedaços, eu os coloquei juntos novamente, mais rápido do que da outra vez.
Estive fazendo isso pelas últimas duas horas, desmontando e remontando a pistola que Mina tinha me dado.
A primeira vez, pareceu estranho e impossível, como montar um quebra-cabeça sem quaisquer diretrizes, ou peças de bordas, ou uma imagem de referência.
Mas com a instrução da paciente Momo, ficou fácil. Agora eu poderia fazê-lo por conta própria, sem ela me mostrando qual peça iria aonde.
Era bizarro, eu, uma garota de classe média da área metropolitana de Detroit, antes estudante universitária e uma solteira voraz, aprender a desmontar uma Glock.
Mina se levantou e foi para baixo do convés, retornando com três latas de refrigerante vazias.
Sacudindo a cabeça para indicar que eu deveria segui-la, foi até a popa do barco e ele jogou uma lata na água.
- Atire. - Apontou para a lata.
- Mas... o barco está em movimento, Como posso se a água está se movendo?
- Eu não espero que você a acerte daqui. É um tiro difícil, mesmo para um atirador experiente. O ponto é só para lhe dar alguma coisa para mirar. Basta tentar.
A lata vermelha estava boiando na água, agora a uns bons nove metros da popa. Eu segurei a arma com as duas mãos, os braços estendidos na minha frente.
Mina mudou a minha mão esquerda para que meus dedos ficassem sobrepondo minha mão direita, abrindo meus pés na largura dos ombros, me colocando na posição que tinha me mostrado antes de começarmos a desmontar.
Eu respirei fundo, expirei lentamente e apertei o gatilho. Só que a trava de segurança ainda estava acionada.
Apertei o botão e mirei mais uma vez a lata, que era agora um pequeno ponto vermelho a quinze metros de distância e balançando sobre as ondas.
BANG!
A arma empurrou para cima, o barulho e a violência me assustando. Sabia que não tinha atingido a lata, obviamente, mas eu estava curiosa para saber o quão perto tinha chegado. Olhei para Mina, que assentiu.
- Ótimo. - Ela jogou outra lata. - Tente novamente.
Mirei a segunda lata, soltei a respiração e apertei. Desta vez, eu vi o spray de água de onde a bala atingiu, uns bons sessenta centímetros para a esquerda e bem abaixo de onde eu estava mirando.
Assisti o movimento da lata de refrigerante, esperei até que ela estivesse no fundo de uma calha de onda e dei o disparo. Desta vez, a lata estalou e desapareceu sob a água.
Estava a apenas quatro metros de distância, mas ainda assim, eu acertei e isso era algo.
- Excelente, Sana. Excelente. - Ela jogou a terceira. - Mais uma vez.
- Sim. É. A primeira vez, é ... horrível. Não sei o que mais posso dizer. Eu vomitei na primeira vez que matei um homem. E você sabe, se isso alguma vez se tornar fácil, é hora de encontrar outra linha de trabalho. É sempre difícil.
Horas se passaram e eu observava o horizonte em silêncio, o céu noturno aprofundando a escuridão enquanto as ondas agitavam debaixo do casco.
- Será que vamos chegar à Grécia hoje à noite? - Perguntei. Mina balançou a cabeça, parecendo se divertir com a minha pergunta.
- Oh, não. São mais de mil milhas náuticas de Marselha até Atenas. Vai levar alguns dias para fazer a viagem. Estou direcionando para Palermo primeiro, vamos estocar e abastecer, depois vamos para Atenas.
- Oh. - Aparentemente, a minha compreensão da geografia do Mediterrâneo estava um pouco em falta.
- Nós vamos encontrá-la.
- Quando? E como? - Minha voz era suave, silenciosa e hesitante, traindo a minha dúvida. Mina não respondeu de imediato.
- Eu estou trabalhando no como. Quanto ao quando? Assim que pudermos, suponho. Se Son Chaeyoung estiver com ela, resgatá-la poderá ser complicado. A outra questão é se Seunghyun está envolvido. Há uma série de variáveis para lidar, e ... sou só eu. Não posso arriscar trazer mais ninguém. E não deveria ter envolvido Tzuyu, mas já o fiz.
- Estou aqui.
- Eu sei. Mas como posso dizer isso sem soar insultante? Eu era uma Ranger do Exército.
- E eu sou apenas o quê? O que sou?
Agora que a questão foi levantada, percebi que isso tinha se infiltrado dentro de mim por muito tempo. Mina me olhou.
- Eu não tive a intenção de incitar uma crise existencial, Senhorita Sana.
- Você não fez. Está acontecendo o tempo todo, só estou apenas ... falando sobre isso, eu acho.
- Entendo.- Ela suspirou. - Sabe, quando me alistei no Exército era uma garota de 18 anos de idade. Estava entediada. Eu vim de uma família totalmente normal. Tinha uma mãe, um pai e uma irmã. Sem drama, nada de interessante. Mas não tinha ideia do que queria fazer comigo mesma. Me formei, e passei seis meses apenas... literalmente fodendo tudo ao redor. Isso era só o que eu fazia. Ia às festas e fodia. Mas até isso ficou chato. Então, um dia, aconteceu de eu passar pelo escritório de um recrutador. Ele estava do lado de fora, fumando um cigarro. Pedi um a ele, e começamos a conversar. O maldito era bom vendedor, tinha me inscrito no momento em que terminei com o meu cigarro. - Mina riu. - Eu odiava o Exército nos dois primeiros anos. Mas, então, entrei em uma briga fora da base com algumas Rangers e tive minha bunda chutada. As mesmas mulheres que me bateram pra cacete, acabaram me comprando cerveja e me convencendo a tentar a escola de Ranger. Depois de meses de trabalho eu entrei, e esse foi o começo das coisas para mim. De repente eu tinha algo que queria. Isso forneceu a motivação para tentar.
Era estranho pensar em Mina como outra coisa senão uma mulher segura e infinitamente capaz que eu conhecia.
Olhei para ela novamente. Mais de um metro e setenta de altura, era esbelta pra caralho e resistente, quase como uma lâmina de barbear.
Ela tinha o cabelo escuro, longo e franja, olhos castanhos vivos e inteligentes que poderiam ser tanto amigáveis e calorosos como verão, ou frios e assustadores como pedras antigas.
Ela era miseravelmente bonita, embora suas feições fossem muito ásperas. Mas era impressionante, o bastante para se destacar na multidão. Ela era intensa, exalando competência e poder. Sexy.
Se movia com uma graça fácil, o tipo de espreita predatória de alguém capaz de extrema violência, alguém que é intensamente apta, atlética, seu corpo afiado como uma navalha.
Olhando para ela, era impossível determinar quantos anos tinha. Mais de trinta anos, com certeza e certamente menos do que cinquenta.
O silêncio desceu e ficou por um longo tempo. Me sentei na cadeira ao seu lado e vi as estrelas surgirem na escuridão como pontos de prata, multiplicadas de milhares, a milhões de quintilhões em uma multidão inumerável.
O barco subia ondas suaves e deslizava para dentro das calhas, inclinava e voltava, resistia e balançava, batendo através das ondas e da escuridão, e apenas o movimento imprevisível do mar tirava a viagem da mesmice hipnotizante.
Não havia nada para ver, além do mar sempre em movimento e o céu, preto com estrelas prateadas.
Cochilei e fui acordada pelo ronco baixo do motor do barco cortando e do dobramento das ondas na baía.
Esfreguei os olhos e me espreguicei enquanto Mina atracava o barco, amarrando a corda no cais e voltava para a cabine.
- Nós vamos dormir no barco. - Falou. - Há duas cabines. Tranque a sua e durma com a arma por perto. Eu não espero problemas aqui, mas vale a pena estar pronto.
Assenti com a cabeça e o segui para baixo, entrei em um dos quartos. Tranquei a porta, me arrastei para a cama totalmente vestida, e tentei não pensar sobre o quanto eu sentia a falta de Dahyun.
• • •
Acordei com o grasnar estridente das gaivotas e a batida suave das ondas contra o casco, o zumbido suave do motor acelerando, vozes à distância.
Me levantei e subi para a casa do leme, me sentei ao lado de Mina, apertei os olhos para a ofuscante luz do Sol cintilante nas ondas diamante e azuis.
- Bom dia, Senhorita Sana. - Ela girou o leme, trazendo a proa do barco, empurrou a alavanca do acelerador e a embarcação avançou.
Me entregou uma garrafa térmica verde. Tirei a tampa e derramei uma medida de café preto grosso, bebi, agradecida.
- Você poderia ter dormido mais, sabe. - Dei de ombros, tomei um gole.
- Está tudo bem. Estamos reabastecidos e tudo mais? - Mina concordou.
- Reabastecidos, um pouco de comida e algumas outras coisas. - Algo em sua voz me alertou.
- Algumas outras coisas, hein? - Ela deu de ombros.
- Estou desenvolvendo um plano. E espero ser capaz de resolver as coisas sem envolver você, mas eu tenho medo que não tenha muita escolha. Há apenas ... muitas variáveis. Ainda não sei. Vamos ver.
- Eu não sei se gosto do som disso.
- Eu só conheço a família Son pela reputação e pelo pouco que a Senhorita Kim me disse. São brutais, meticulosos e têm essencialmente recursos infinitos. - Guiou o barco para fora da baía, em mar aberto, brincou com o GPS e o piloto automático, definindo nosso próximo destino. - O que eu ouvi é que Seunghyun é o tipo de chefão que o governo grego é cauteloso ao se envolver porque, na situação econômica e política atual, ele tem muita influência embora esteja quieto.
- E ele pegou Dahyun?
- Eu não tenho certeza se realmente Son a tem. Acho que é sua filha, a ex-namorada de Kim. Mexer com ela não torna isso mais seguro, até onde eu sei. Além de cruel, ela tem os recursos do pai à disposição, bem como os próprios. - Engoli em seco.
- E nós, você e eu, vamos ... o quê? Apenas andar até lá, bater na porta e pedir ela de volta? Entrar e matá-la? - Mina fez uma coisa de encolher os ombros e acenar com cabeça.
- Basicamente, sim. Embora eu vá tentar desviar um pouco de atenção para outros lugares primeiro, e espero que isso nos compre tempo suficiente para resgatar a Senhorita Kim e sair.
- E, em seguida? Se essas pessoas são tão assustadoras como você está dizendo, que chance temos de realmente fugir? - Mina soltou um suspiro.
- Eu não sei. Realmente não sei. Eu gostaria de ter algo reconfortante para lhe dizer, mas simplesmente não tenho. Você prefere dar meia volta e ir para casa? Apenas deixá-la? - Fuzilei ela com um olhar.
- Claro que não.
- Tudo bem, então. Vamos ter que improvisar e ter esperança. Não é como se eu pudesse apenas reunir um exército de capangas ou algo assim.
Assisti as ondas dançarem e girarem, tentando desesperadamente não pensar sobre o que Dahyun estava passando.
- Eu vou te dizer uma coisa, Mina: eu não vou ficar sentada em algum quarto de hotel ou na cabine deste barco esperando sem fazer nada, ok? Aconteça o que acontecer, eu vou com você. Sei que não tenho a sua formação, mas... Dahyun é a mulher que eu amo, e eu não posso ficar sentada, esperando.
- Eu sei. Mas o quão bom é resgatá-la se você estiver morta? - Mina me deu um longo olhar penetrante. - Você a mudou, Sana. Você fez isso. E para melhor.
- Ela me mudou, também.
• • •
Quarenta e oito horas depois, estávamos atracando em Atenas, na Marina Zea, Mina me informou.
Nós colocamos nossas mochilas no ombro, assegurando que nossas pistolas estavam em segurança, mas ao alcance e partimos a pé para baixo da doca da marina.
A marina foi construída em uma ampla baía, circular com docas projetando-se para o centro, barcos de todos os tamanhos ancorados à espera dos seus donos.
Além, prédios de apartamentos de vários andares construídos em um círculo, varandas e telhados planos ascendentes em fileiras cerradas.
De longe todos eles pareciam uniformemente brancos, mas conforme fizemos o nosso caminho do cais mais próximo da cidade propriamente dita, percebi que cada edifício era diferente, um pouco de rosa, alguns brancos, alguns amarelos, mas a maioria deles aderia ao mesmo projeto básico, em forma de bloco, varandas de frente para a rua, com lojas e restaurantes abaixo, no nível do solo.
Havia uma sensação de velhice na cidade que era imediatamente palpável, mesmo à distância, mesmo sem ter passado mais de cinco minutos aqui.
Nós tecemos através da marina, passando por caminhões que transportam cargas de vários tipos, famílias, grupos de empresários, bandos de crianças rindo, de vários tipos, famílias, grupos de empresários, bandos de crianças rindo, pares de mulheres, casais, moradores e turistas e homens de cabelos brancos e rostos enrugados.
Chegamos a um lugar onde os prédios se fechavam densamente à nossa esquerda, uma parte da marina à nossa direita cercada pela construção, o pavimento estreitando a um espaço apenas suficientemente amplo para que caminhássemos lado a lado.
Mina parou, olhando a paisagem da cidade a nossa volta. Estávamos em frente a um edifício branco, velho, baixo, com marcas de grafite, selado com pedaços de madeira e vazio, uma cerca de arame a três metros de altura de um lado.
Localizado à beira da água estavam píeres e pilares de concreto parcialmente construídos, feito sentinelas nas águas escuras.
O barulho da cidade estava sufocado abafado e distante. Não havia ninguém à vista, os únicos carros que passavam estavam a mais de um quilômetro de distância.
- Eu não gosto disso. - Mina falou, alcançando suas costas para pegar a sua pistola. - Algo não está certo.
Como se suas palavras fossem uma sugestão, uma porta de metal azul se abriu, ela estava fortemente marcada com tinta spray branca, um grafite tão ilegível como o grafite nas construções abandonadas e viadutos de auto-estrada de Detroit.
A porta rangeu ameaçadoramente e um homem saiu, seguido por mais três. Cada um estava vestido da mesma forma, em um terno escuro elegante e uma camiseta preta.
Os homens seguravam metralhadoras, um tipo pequeno que pensei que poderia ser uma Uzi.
- Você levou muito tempo para chegar aqui. - Falou um deles. - Nós a esperávamos ontem.
Mina deu um passo para o lado então seu corpo bloqueou o meu. Ela não disse nada, apenas ficou em silêncio com sua pistola em sua cоха.
- Nada a dizer? - Quem falava era um homem alto, feio e jovem usando um cavanhaque preto esparso, com o rosto marcado por acne severa. Seus olhos eram cruéis, frios e sem graça. - Vamos lá, então. Ela está esperando vocês duas.
- Foda-se. - Mina inclinou a cabeça para o lado.
- Eu acho que não. - Ele olhou para os lados em um gesto exagerado, olhando para seus três companheiros. - Nós somos quatro. Vocês são duas. Nós temos estas. - Balançou sua metralhadora. - Você vem agora. Largue a arma.
Mina me fitou de soslaio. Ele parecia estar pensando em alguma coisa.
- Que tal você primeiro? - Voltou sua atenção para os homens na nossa frente.
Eu não via uma saída para isso. Deslizei mais para trás de Mina, deixando seu corpo bloquear completamente o meu.
Esperando que estivesse sendo discreta, cheguei às minhas costas e retirei minha pistola, cautelosamente, calmamente manuseando a trava de segurança.
O que estava fazendo? Eu não poderia fazer isso. Eles tinham metralhadoras. Eu não poderia.
Aparentemente não estava sendo discreta o suficiente, porque um dos homens gritou alguma coisa em grego, dando um passo em minha direção, levantando a arma.
Três passos irritados curtos e ele estava ao lado de Mina, e eu me torcia para longe dele, relutante em deixá-lo colocar as mãos em mim.
Logo depois, distorcidos milissegundos passaram, como se tudo de acelerasse. Mina girou, com o braço para fora envolvendo em torno da garganta do meu agressor, empurrando-o na frente dele.
A Uzi acenou, cuspindo fogo e barulho, a pistola de Mina soou uma vez e sangue foi pulverizado.
Eu gritei, mas minhas mãos estavam segurando a arma a minha frente, pés na largura dos ombros, pistola em concha e apoiada como Mina tinha me mostrado, e meu dedo estava apertando o gatilho, o cano preto nivelado em um dos homens.
Mina empurrou o corpo para frente e deu um passo rápido para o lado, sua pistola soando, uma, duas, três vezes.
Uzis batiam e o cadáver estremeceu e estourou vermelho, mas, em seguida, as armas foram silenciadas e os corpos foram se dobrando, eu ainda estava de pé com a minha pistola estendida na minha frente, dedo no gatilho, o cano tremendo, apontando para o espaço vazio.
- Sana. Guarde isso. Acabou. - Mina falou do meu lado, com a voz muito calma. - Coloque-a para baixo. Ative a trava de segurança. Agora, Sana. Agora.
Vacilei no tom cortante em sua voz e abaixei a arma, pressionando o botão para travar a pistola, ela retornou para a parte baixa das minhas costas.
- Eu não consegui... não consegui. - Minha voz falhou. A mão de Mina tocou meu ombro.
- Eu espero que você passe por tudo isso sem jamais precisar. Realmente espero.
Ela se inclinou e pegou dois punhados de perna e calça. - Venha. Ajude-me a puxar esses idiotas para fora do caminho.
Mina arrastou o corpo para trás alguns metros, o sangue foi deixando um rastro largo. - Foda-se. Deixe-os. Precisamos nos mover.
Ela partiu em um trote, passando por cima dos corpos sem nem olhar. Segui menos, incapaz de desviar o olhar do sangue, dos olhos arregalados e dos buracos.
Mina voltou, agarrou meu braço e me puxou para uma corrida, diminuindo apenas quando nós pegamos uma estrada principal e conseguimos nos perder no meio da multidão agitada.
Eu não estava seguindo Mina nesse momento, e sim sendo puxada por ela sem resistir. Vendo os homens baleados e mortos eu não poderia superar isso.
Saber que alguém tinha morrido era uma coisa, saber que alguém tinha provavelmente morrido quando bati no Peugeot era uma coisa ... o que tinha acontecido agora, era algo totalmente diferente.
Ela tinha nos levado em um padrão irregular, esquerda aqui, direita nesta esquina, por este beco e voltávamos, e depois nós estávamos em um ônibus, esmagados entre uma multidão de moradores suados.
Eu ainda estava enjoada e vendo buracos em troncos e olhando fixamente, olhos cegos. A voz de Mina encheu meu ouvido, em um sussurro quase inaudível.
- Sei que você está em estado de choque, Sana, mas você precisa se recompor. Éramos nós ou eles. - Respondi com uma voz grossa, dura.
- Eu sei. Eu apenas. Deus... continuo os vendo.
- Entendo, acredite em mim. - O ônibus virou e balançou para um lado. - Ele usou a comoção para puxar minha camisa mais para baixo cobrindo a minha arma. Da próxima vez que a puxar, você atira, ok? Não pense, nem mesmo realmente tente mirar. Basta apontar para o centro do corpo e puxar o gatilho. Se você puxar, você atira. Me entendeu? - Balancei a cabeça.
- Entendi. Sinto muito. Eu só ... congelei.
- E é assim que você é morto nessas situações. Você não pode congelar. - Sua voz era totalmente calma, como se estivéssemos discutindo esportes ou o tempo.
- Eu estava com medo, Mina. Eles tinham a porra de metralhadoras. Eu estava prestes a morrer. - Ela soltou um suspiro.
- Eu sei. Eu sei. - Tocou meu ombro em um gesto que era parte afeição amigável e parte um pedido de desculpas. - Sinto muito que estamos nisto. Sinto muito que você esteja nisto.
- Eu só ... só quero Dahyun de volta.
- Eu também. - Acariciou meu ombro novamente. - E nós vamos recuperá-la.
- Promete? - Mina ficou um longo tempo sem responder.
- Não. Eu não posso prometer isso.
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