Ataque
Minatozaki Sana.
Eu corri atrás de Mina, meus pulmões queimavam e minhas pernas doíam. Finalmente ela havia decidido, que a única possibilidade real era apenas atacar.
Depois de algumas investigações e perguntas que eu não queria saber as respostas, Mina descobriu o local que Son Chaeyoung estava.
Ela vivia em uma ilha a cerca duzentos e quarenta quilômetros de Atenas ao sudeste, em um lugar chamado Oia.
Pegamos o barco e navegamos pelo Egeu, passamos por um conjunto de ilhas de vários tamanhos, atracamos no lado oposto da ilha onde a casa de Chaeyoung estava situada, de acordo com as informações de Mina.
Começamos devagar, simplesmente passeando pelo campo como se fôssemos turistas, iguais a quaisquer outros.
Pegamos um antigo ônibus barulhento e fomos em uma jornada ruidosa, assustadora sobre colinas e em torno de falésias, eventualmente, saindo na periferia de Oia.
Era um lugar pitoresco, casas brancas quadradas, com portas azuis e persianas, marchando até o mar calmo e distante, muito abaixo.
O sol brilhava, alguns tufos de nuvens flutuando lentamente aqui e ali. O ônibus retumbou, alguns carros passavam.
Um velho segurava o cabresto de um burro cinzento puxando um carrinho cheio de frutas.
Mina apontou para uma enorme casa no alto de uma colina, uma propriedade que expandia com torres e cúpulas todas pintadas com o mesmo azul como todo o resto.
- Ali. Lá está. - A estrada que nos levaria até a casa em questão era sinuosa, estreita e íngreme, e havia um muro ao redor, dois metros de altura no mínimo.
Feito de tijolos caiados de branco com pedaços quebrados de vidro cintilantes e reluzentes na margem superior. Mina olhou para cima.
- Isso vai ser difícil. Fique atrás de mim. - Torceu um longo cilindro no cano da pistola, tirou três pentes da sua mochila e os enfiou no bolso. - Venha. Vamos acabar logo com isso.
Ela saiu correndo até a colina, percorrendo o lado da estrada. Não havia ninguém nas ruas aqui, tão perto da propriedade.
Cortinas se mexiam e alguns homens observavam, aparentemente não ficariam surpresos ao ver uma arma em punho.
Eu a segui até a colina, ignorando a fraqueza gelatinosa em minhas coxas e a dor dos meus pulmões privados de oxigênio.
Chegamos à última fileira de casas antes da estrada curvar em direção ao portão de entrada, e Mina parou e abaixou contra o canto de uma casa.
Mesmo ela estava respirando com dificuldade e suando. Eu estava ofegante, pingando suor e mal conseguia ficar de pé.
- Tome um minuto e recupere o fôlego. Eu já volto. - Pegou vários pequenos pacotes da sua mochila, coisas em forma de tijolos com fios ligados.
- Mina? O que são?
- Distrações.
- Jesus. O que é isso, Duro de Matar? - Esta última frase foi dita a mim mesma, porque Mina já estava do outro lado da estrada, se pressionando contra a parede próxima aos portões controlados eletronicamente.
Ela tirou algo da parte de trás da bomba e colou o pacote na parede ao lado do portão, apertou um botão ou interruptor, não conseguia ver o que era a esta distância, e em seguida se moveu de cócoras virando a esquina ficando fora da vista.
Depois de alguns minutos, voltou correndo e parou ao meu lado. Ela estava respirando profundamente, um brilho de suor na testa.
- Sana, eu não sei o que vamos encontrar quando chegarmos lá. Talvez nada. Talvez algo horrível. Eu não sei. Apenas ... esteja preparada para tudo. E acima de tudo, fique bem atrás de mim, não importa o que aconteça. - Assenti com a cabeça incapaz de falar.
A explosão foi um ensurdecedora CRUMP, seguido de uma chuva de detritos tamborilando e gritos em grego.
Mina sacou a pistola e acenou para mim, e então saímos do outro lado da rua, para a nuvem de fumaça ao redor do portão.
Eu puxei a camisa em volta do meu nariz e boca, e a segurei lá enquanto entrávamos na nuvem de poeira, seguindo de perto atrás de Mina, que não parecia afetado pela fumaça acre.
Um perfil definido nas sombras pelos raios solares surgiu na fumaça. A pistola de Mina fez um som tranquilo surdo, não como de um fogo de artifício, mas muito mais alto do que eu esperava que uma pistola com silenciador fizesse.
O corpo caiu. Outro o substituiu e Mina disparou naquele também. Então nós continuamos caminhando, pisei em algo ao mesmo tempo macio e duro, rolando debaixo do meu pé.
Senti meu estômago guinar e me recusei a olhar para baixo, simplesmente ajustei meu pé e fiquei firme atrás de Mina.
Ela girou de um lado para o outro e sua pistola estalou, uma e outra vez, e então houve uma barulheira de metralhadora, cuspindo poeira acima das telhas de mármore quebradas perto dos nossos pés, mas o atirador foi rapidamente derrubado por Mina.
Ela estava se movendo com a graciosa economia predatória de uma guerreira profissional, parcialmente agachada, com os pés silenciosos, o corpo inclinado, girando e girando como se a sua metade superior fosse uma torre de arma.
Enquanto ela disparava a sua arma, não parava, não diminuía, apenas continuava deslizando, serpenteando com rapidez, a pistola estalando e empurrando em suas mãos sem parar.
Eu não sentia nada.
Todas as minhas emoções e meus sentidos estavam desligados, empurrei para dentro e tentei fingir que estava em um filme, que isso era tudo mentira coreografada, mas eu não podia.
Não totalmente. Eu tinha uma arma, também, mas não me atrevi a sacá-la. Não foi possível, não seria, a não ser que eu estivesse pronta para atirar e matar alguém, e sabia que não estava.
Então, antes que eu percebesse, estávamos do lado de fora da casa. Mina trocou os pentes em um movimento rápido e prático, parou de costas para a parede, girou e olhou para cima na direção da escada.
Eu não conseguiria descrever como a casa em que estávamos parecia, com exceção de uma impressão de pisos de mármore, paredes brancas e escuras vigas no teto.
Ela manteve as costas para a parede enquanto deslizava até a escada, olhando para cima e dobrando para ver nos cantos.
A pistola disparou, duas vezes, uma terceira vez, e eu continuava bem atrás dela, olhando para trás de vez em quando.
Ao dobrar a esquina da escada, vi uma sombra se movendo no patamar abaixo de nós. Bati no ombro de Mina, apontando para baixo, sem falar.
Ela assentiu com a cabeça, em um agachamento que durou três degraus, apontou a pistola para baixo e esperou.
Um corpo empunhando um rifle de assalto preto, de aparência perversa, apareceu na porta e Mina atirou duas vezes.
Olhei para longe após o primeiro tiro, em seguida ele já estava batendo no meu joelho e tive que segui-la. Uma voz de mulher gritava em grego, parando de vez em quando, claramente envolvida em uma discussão por telefone.
Seguiu-se o silêncio e depois o som de um motor rugindo e o gemido de pás de helicóptero ligando.
Mina parou na porta da escada, fora da vista, esperando até que o helicóptero decolasse.
Ela, então, acenou com a cabeça para que a seguisse, caminhando para uma porta no final de um curto corredor.
Um homem estava do lado de fora, com um M-16 em suas mãos. Ele viu Mina, mas um pouco tarde demais.
Mina me empurrou para um lado e atacou, a M-16 rasgando o ar, mas a pistola já estava rachando, rajadas batendo no corpo do guarda num piscar de olhos. Mina me empurrou para fora do caminho.
Eu bati na parede com força suficiente para ficar sem fôlego, ainda estava ofegante quando Mina vasculhou os bolsos do morto e veio com uma pequena chave de algemas.
Ela empurrou a porta trancada, xingando, procurou os bolsos do homem novamente, e então xingou de novo antes de dar um passo para trás e chutar a porta à esquerda da maçaneta.
O portal lascou, mas segurou, ela chutou novamente. Desta vez, ela abriu e Mina a atravessou, fazendo uma pausa para pegar o M-16. Eu estava bem atrás, assim que a porta se abriu.
Mina deixou o rifle de assalto curvar, claramente absorvendo o choque. Eu não podia ver ao seu redor, só conseguia ver uma cama, um estribo de bronze e um pé algemado ao trilho, um pouco de uma perna nua.
Eu conhecia aquele pé. Conhecia os dedos meio tortos e a cicatriz em seu tornozelo, onde ela disse que se cortou em uma escalada aberta, conhecia aquela perna, a cicatriz em sua panturrilha do silenciador de uma moto de trilha.
- Dahyun! - Corri dando a volta em Mina, mas parei em choque.
Ela estava totalmente nua, algemada aberta na cama, com o cabelo molhado e emaranhado no couro cabeludo, o sangue escorrendo da sua testa.
Estava viva, porém, os olhos arregalados e enlouquecidos, dentes à mostra numa expressão de loucura. E tinha uma ereção enorme, tão inchada que suas veias se destacavam latejantes e roxas.
Um frasco de comprimidos estava em uma mesa lateral, bem como uma jarra de prata. Kim estava suando, se contorcendo, arqueando a coluna e lançando os quadris no ar.
Seus pulsos e tornozelos estavam ensanguentados, em carne viva da sua luta contra as algemas.
- O que diabos há de errado com ela, Mina?
- Droga é o meu palpite. Uma droga para fazê-la... fazer o que "ela" queria, quando ela não cooperasse.
- Como vamos tirá-la daqui neste estado? - Olhei para Mina, que só balançou a cabeça.
- Eu não sei. Mas temos que fazer. - Me entregou a chave que tinha pego do homem morto. - Tire as algemas da cama. No entanto, deixe as algemas de seus pulsos, por agora. Eu não sei o quão louca e drogada a deixaram. Eu poderia ter que dominá-la até que o efeito passe. - Ela parecia calma demais, lhe lancei um olhar. É, claramente a perturbava ver Dahyun desta forma.
Kim, que estava sempre no controle, sempre calma e serena. Kim, aparentemente, a mestre do seu universo, reduzida a um animal, nua e enlouquecida.
Eu queria chorar, mas não o fiz. Me movi para o lado dela, tocando seu rosto. Limpei o sangue e tirei o cabelo molhado que estava colado na sua testa.
- Dahyun? Sou eu. Sana. Estou aqui. Mina está aqui. Nós vamos tirar você daqui, tudo bem? - Ela rosnou com a garganta, mas seus olhos travaram em mim. Seu olhar escureceu, mudou.
- Não é você. Afaste-se de mim, sua puta. Afaste-se. Me mate. Fique longe ou me mate. Eu não vou fazer isso. Não outra vez. Eu não vou. Não vou. - Lágrimas encheram meus olhos, minha garganta fechou.
- Dahyun? Sou eu. Sou realmente eu. - Nunca tinha ouvido ela falar assim, tão grosseira, vulgar, tão cheia de raiva e nojo.
Ela não me reconheceu. Tinha que ser isso. Não quis falar comigo desse jeito. Ela me amava. Certo?
Me obriguei a acreditar nisso, me ajoelhei ao lado dela para que meu rosto ficasse nivelado com o seu.
- Dahyun? Sou eu. Sana. Me escute. Ouça a minha voz. Sou eu.
- Sana? - Ela parecia hesitante. Cética.
- Senhorita Minatozaki. Temos que ir. - Mina estava tensa na porta, rifle apontado para o corredor. - A segunda carga está prestes a explodir e nós temos que estar fora quando isso acontecer.
- Me dê um segundo. Dahyun acha que eu ... sou ela.
- Nós não temos um segundo. Chaeyoung vai voltar com um maldito caminhão de homens armados, está bem? Eles estão vindo para cá e nós temos que ir embora antes que cheguem. - Ela se curvou, procurou nos bolsos do morto pela terceira vez, pegando um cartucho de reposição, que usou para substituir o esgotado parcialmente da arma.
Fechei meus olhos e fiz uma oração, para o que quer que pudesse estar ou não estar lá fora desaparecesse, e beijei Dahyun.
Um beijo lento e profundo. O tipo que dizia eu te amo, eu te amo, eu te amo.
- Sou eu. Sou eu. - Ela não respondeu ao beijo. Me afastei, a vi piscar e olhar para mim.
- Sana? Você é real?
- Sim, eu sou real. E nós temos que sair daqui, está bem? Você pode andar?
- Eu ... Deus ... eu não ... não sei. - Ela parecia quase incapaz de formar palavras, os músculos tencionando e flexionando, cada movimento e o empurrão das suas mãos retirando sangue fresco de seus pulsos e tornozelos. - Vou tentar.
Encaixei a pequena chave na algema presa à cama, abri, em seguida, destranquei a outra mão e os pés o mais rápido que pude.
Dahyun pulou para fora da cama, escorregou nos lençóis e tropeçou no chão, cambaleando para longe de costas para o canto.
Peguei uma toalha de uma pilha no chão, sem me atrever a perguntar o que tinha acontecido com os baldes, jarra e outras toalhas, e me aproximei dela.
- Vamos lá, Dahyun. Levante-se, tudo bem? Nós temos que sair daqui. - Levantei a toalha.
Dahyun se ergueu e ficou ainda mais pressionada no canto. Ela parecia com medo de mim, desconfiada, como se eu não fosse quem disse que era.
- Fique... fique longe. Não me toque. Não me toque. - Ela flexionou as mãos em punhos, as abriu, fechou, esfregou o rosto e puxou respirações profundas e exalou.
Fechou os olhos e os abriu novamente, me fitando com uma mistura bizarra de desespero, luxúria e preocupação.
- Diga-me algo que só você sabe.
- Sou realmente eu, Dahyun, juro.
- DIGA-ME! - Gritou, sua voz crua e rouca. Vasculhei meu cérebro.
- Você me enviou três cheques! A mensagem nos três cheques formavam 'você pertence a mim.' - Dei mais um passo para perto dela, com a toalha estendida. A M-16 crepitou, ensurdecedora.
- Temos que ir, porra! - Mina gritou.
Dahyun pegou a toalha e enrolou-a em torno de sua cintura, cobrindo sua ereção ainda enorme.
- Não me toque. Por favor. Eu não posso... não sou eu agora, e não posso ... estou ... porra ... - Ela cortou com um rosnado, empurrando passando por mim, sem me tocar. - Vamos.
Ela parou, soltou o cinto do guarda morto e puxou as calças dele, entrou nelas e amarrou o cinto com um nó.
As calças eram mais curtas, a cintura muito solta e o cinto muito longo, mas ela estava coberta até certo ponto.
Mina partiu com Dahyun em seus calcanhares e eu logo atrás. Descemos as escadas, viramos a esquina, estávamos longe do portão da frente em um pátio.
Um Mercedes SUV quadrado, um Jaguar e um Rolls Royce estavam parados ali, brilhando à luz do sol. Mina se abaixou para estudar o Mercedes, verificou a maçaneta da porta do lado do motorista.
Ela estava destrancada, Mina se inclinou surgiu com um circuito de ignição e ligou o carro sem usar a chave.
- Entrem. - Apontou para nós duas. - Sana na frente. Senhorita Kim vai na parte de trás. - Olhou para o relógio.- Agora, por favor.
Deslizei para o banco da frente, Kim também entrou e assim que estávamos acomodadas e as portas se fecharam, Mina teve o carro guinando para trás, girando ao redor.
Um clarão iluminou o pátio, acompanhado por uma explosão que arremessou pedaços de rocha, tijolo e argamassa para o ar.
Janelas quebradas, alarmes de carro soando estridentes. O telhado do Jaguar foi amassado por um pedaço de tijolo e a janela do lado do motorista do Rolls quebrada.
Um enorme pedaço de tijolo atingiu o capô do nosso Mercedes, o amassando e outro atingiu o teto, perto da minha cabeça.
Mina acelerou o motor e o poderoso V-8 nos fez disparar para frente, passamos por um buraco feito pela bomba.
Os pneus esmigalhando pedaços de tijolo, o carro sacudiu, saltou e depois fomos puxados muito rápido para trás, enquanto descíamos a colina.
Freando e guinchando pela estrada, Mina controlava o veículo e então avistamos o litoral. Um helicóptero soou distante.
Olhei de relance para Kim, que estava debruçada no assento, suor cobrindo suas costas e ombros. Ela estava tremendo, algemas ainda pendendo os seus pulsos e tornozelos.
Arrisquei estender a mão, tocar em seu ombro. Ela se encolheu para longe, me fitando com olhos selvagens, vermelhos.
- Não. - Chiou. - Eu não posso controlar isso.
- O que ela fez com você? - Sussurrei, mais para mim. - Você não pode controlar o que?
- Eu mesma. Preciso eu - Kim não terminou, parou no meio da frase e abaixando a cabeça, agarrando as correntes das algemas e puxando com força, tirando sangue, como se a dor oferecesse lucidez.
- Deixe-a por enquanto. - Disse Mina.
- Dê uma olhada para trás. Alguém nos seguindo? Você vê aquele helicóptero? - Olhei para trás.
- Não, não. Eu não vejo ninguém atrás de nós, e o helicóptero ... está lá, mas sobre a água, voando em direção à ilha. Não acho que ele está nos seguindo.
Nós estávamos correndo ao redor de uma curva na encosta, o mar muito, muito abaixo. Um ônibus passou correndo por nós, muito perto, nosso espelho quase raspando na sua lateral.
No banco de trás, Kim estava balançando e rosnando, sua mão indo para sua virilha e moendo em si mesmo, como se a dor de seu pênis inchado fosse demais.
Então puxou a mão e agarrou a parte de trás do assento de Mina, seus dedos ficaram brancos com a força do seu aperto. Ela virou a cabeça e me viu observando-a.
- Não olhe para mim, Sana. Não ouse olhar para mim. Você vê o estado em que estou? Eu estou louca agora, Sana. Louca. - Sorriu, um olhar malicioso selvagem. - Você quer me ajudar, amor? - Ela nunca soou tão ela como agora, a forma como as suas palavras torceram, sua voz se aprofundou e seus lábios se curvaram.
Ela está fora de si. Repetia isso na minha mente, odiando as palavras saindo da sua boca e a maneira como as disse.
- Você quer meu pau, não é mesmo, Sana? Você vê isso? Estou muito louca agora. E não posso suportar. Eu preciso de você. - Estendeu a mão para mim, os olhos quentes, maliciosos e vorazes. Com uma lança de dor no meu coração quando fiz isso, me afastei do seu alcance.
- Kim. Não é você. Isso não é você. Não é você. - Seu rosto se contorceu e ela curvou.
- Foda-se. Porra. - Esfregou o rosto com as duas mãos, falou por entre os dedos. Não se aproxime de mim. - Não me toque. Não olhe para mim. - O ódio, a repulsa, a mordacidade crua em sua voz me fizeram vacilar, estremecer e fez com que lágrimas escorressem pelo meu rosto.
Mina parou o SUV em uma rua lateral, acenando para seguirmos. Eu deslizei para fora do carro e empurrei minha mochila, esperando até que Kim estivesse na minha frente antes de ir com Mina.
Nós fizemos nosso caminho através da pacata aldeia à beira-mar, barcos de pesca operando nas águas ao longe, um violão tocando em algum lugar, a água batendo em cascos de barcos e se lançando nos postes da doca.
Nosso iate se destacou entre os antigos barcos de pesca e pequenas embarcações. Embarcamos, Mina nos desamarrou e foi se retirando antes que nós duas tivéssemos sequer nos sentado.
Dahyun se dirigiu para as escadas que levavam para baixo, e eu a segui, deixando cair a mochila no convés.
Ela empurrou a porta da cabine que eu estava dormindo, talvez por acaso, ou talvez porque podia sentir meu cheiro sobre os cobertores.
Segui-a, hesitante, mas determinada. Tranquei a porta atrás de nós. Esta era Dahyun. Minha Dahyun. Não podia deixá-la sozinha, não agora, não assim.
Ela girou, com peito arfando, suor brilhando em sua pele, seus músculos salientes. Seu cabelo longo e úmido, enrolando em seu pescoço, seus olhos castanhos avermelhados loucos e selvagens.
Suas mãos tremiam. As algemas pendiam, prateadas listradas com sangue.
- Por que você está aqui? - Perguntou, com a voz baixa e ameaçadora.
- Eu ... não posso deixá-la sozinha. Acabei de recuperar você. E não quero deixá-la. Eu não vou.- Fiquei ereta e firme conforme ela deu um passo lento, rondando em minha direção. Como um animal selvagem rodando sua presa.- Sou eu, Dahyun. A Sana. Estou aqui. Eu te amo. - Seus dedos tremeram e enrolaram.
Eu confiava nela. E a conhecia. Mesmo sob o efeito de uma droga, sabia que não iria me machucar. Kim me amava. Eu confiava nisso.
Seus dedos trêmulos levantaram e tocaram minha bochecha. Senti uma lágrima lá, embora eu não tivesse percebido que estava chorando.
Ela a limpou. Sua respiração era irregular e ofegante, seu peito subindo e descendo, seu maxilar cerrando, cada músculo firme e tenso.
Seu dedo deslizou pelo meu rosto, meu pescoço, parando em minha clavícula e soltando longe. Fiquei imóvel, deixando-a me tocar, negando o medo que sentia em minhas entranhas.
Ela se inclinou, colocou o nariz ao lado do meu pescoço, inalando profundamente. Por alguma razão, o meu olhar fixou sobre a cama, um quadro baixo aparafusado à parede.
As barras da estrutura eram estreitas o suficiente para que eu pudesse algemá-la, se fosse preciso.
Por que pensei nisso? Por que? Eu tinha acabado de resgatá-la, por que precisaria contê-la?
Sua inalação se transformou em um beijo, lábios deslizando pela minha pele. Permaneci imóvel, com as mãos ao meu lado, o medo agitando minhas entranhas.
Esta era a minha Kim me beijando? Ou era a besta maliciosa do carro que havia me olhado como se quisesse me comer?
Eu queria beijá-la, para lembrá-la quem eu era, quem nós éramos. Toquei seu queixo, levantei seu rosto.
- Kim? - Procurei seus olhos.
Os próximos segundos aconteceram em um borrão rápido demais para compreender. De alguma forma, eu estava na cama e Kim estava rasgando minha camisa, expondo meu sutiã, que ela puxou para baixo, se inclinando e beijando meus seios enquanto suas mãos puxavam a minha calça, o botão e o zíper.
- Kim, espere ... - Ela não esperou.
Minhas calças estavam fora, a pistola batendo no chão ao lado da cama, e ela em cima de mim, pulseiras frias das algemas contra meus braços.
Suas mãos estavam em meus pulsos, me prendendo. Ela tirou as calças emprestadas em algum momento, agora estava nua.
- Sana... droga, Sana. É você. Eu posso sentir seu cheiro. Eu posso te provar. Você é você. Você é realmente você. Eu sonhei uma vez, mas era ela. - Dahyun rosnou no meu ouvido, e choraminguei com a fome louca em sua voz.
- Dahyun, me deixe levantar, está bem? - Estava perdida na justaposição de sensações aterrorizantes.
Eu adorava estar sob Dahyun, amava a sensação do seu corpo quente, firme e enorme sobre o meu, amava o cheiro da sua pele, a força em suas mãos e a pressão do seu pau contra o meu núcleo, pouco antes dela empurrar.
Eu amava tudo, valorizava e precisava dessas sensações. Mas isto? Isto não era ela. Isto era a loucura.
Loucura induzida por drogas. Uma necessidade enlouquecida que ela não podia controlar, e não estava me ouvindo enquanto eu choramingava, enquanto lutava contra seu aperto esmagador em meus pulsos, lutando contra o pânico enquanto lutava contra ela.
- Me deixe ir, Dahyun - Sussurrei. Levantei e coloquei minha boca em seu ouvido. - Me deixe ir. Por favor.
Ela se afastou e me fitou, os olhos arregalados, loucos, sombrios e estranhos.
- Eu preciso ... disso. - Balancei minha cabeça, consegui liberar um pulso. Toquei seu rosto, lutando contra as lágrimas.
- Não assim, Dahyun. Por favor. - Empurrei seu peito, suavemente, delicadamente, suplicante.
Ela tremia toda. Guerreando dentro de si mesma. Senti-a na minha entrada, e neste momento, com esta Kim, eu queria pressionar minhas coxas fechadas e isso fez com que lágrimas fluíssem.
Seus quadris flexionaram, olhos estreitando, maxilar cerrado, e a senti deslizar um pouco, sua glande me separando apenas ligeiramente. Minha respiração veio em suspiros.
- Kim, não. Não, assim. Esta não é você. Por favor, Kim.
Ela rosnou, seus lábios se curvando em uma expressão louca, os olhos se fechando com força. Eu a senti tremendo, tensa, mais que uma corda de guitarra, cada nervo e músculos duros como rocha.
Com o que parecia ser um esforço fisicamente doloroso, um esforço supremo sobre o seu corpo, ela se moveu apenas o suficiente para que eu pudesse deslizar por debaixo dela.
Caiu no colchão e deitou de costas. E então, em mais um ato supremo de esforço, de vontade, ela pegou o fim das algemas e as clicou em torno dos trilhos da estrutura da cama, uma e depois a outra.
Sabendo ao que Kim tinha sido submetida, eu não podia deixar escapar a enormidade do que ela tinha acabado de fazer, por mim, para me proteger de si mesma, voluntariamente se algemando à cama.
- Sana... Sana.- Sua voz quebrou. - Não ... por favor não me deixe, Sana. Não vá embora.
Eu estava chorando de verdade agora, mal conseguindo ver através das lágrimas. Fiquei ao lado da cama, vendo o sangue escorrer de seus pulsos.
- Dahyun. Estou aqui. - Caí de joelhos, descansei minha cabeça no travesseiro ao lado dela. Coloquei a palma da mão em seu rosto febril.
- Por que? - Seus olhos encontram os meus, vermelhos, selvagens e perversos, mas em algum lugar, eu podia enxergar Dahyun. Ela estava ali.
- Porque eu te amo.
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