Parte II
O MUSEU METROPOLITANO DE ARTE DE NOVA IORQUE FOI inaugurado em 1872. A construção, em estilo beaux-arts, possui um acervo com mais de um milhão de obras - incluindo a coleção de pintura europeia dos séculos XII ao XX, obras da arte antiga (grega, romana, egípcia e assírio-babilônica) e oriental. Além de seções dedicadas a instrumentos musicais, armas e indumentária.
Ela adorava passar o tempo livre no museu quando era criança, admirando as pinturas e imaginando uma história para cada quadro. Sua paixão pela arte cresceu tanto que, aos vinte e dois anos, Claire Stewart se formou em Artes pela The New School, e, alguns meses depois, conseguiu um emprego para trabalhar como assistente de restauração.
Claire aprendeu rápido a técnica de restaurar quadros, e, em menos de dois anos, passou de assistente para chefe do setor de restauração do Museu Metropolitano. Embora ninguém tenha ficado surpreso quando isso aconteceu, afinal, estava em seu sangue. Após trabalhar no Museu Britânico de Arte por quase dez anos como diretor, seu pai foi transferido de Londres para Nova Iorque. Assim que chegou a Manhattan, seu coração foi roubado pela jovem e agitada guia do museu. Alguns meses depois eles se casaram e, quatro anos mais tarde, Claire nascia em uma noite de outono.
Uma noite como aquela...
Não era noite de lua e havia algumas poucas estrelas visíveis no céu parcialmente encoberto; um vento frio soprava, tirando os cabelos dourados de Claire para dançar, além de lhe causar arrepios, fazendo com que ela fechasse um pouco mais seu casaco.
Ela estava a caminho de casa após mais um dia de trabalho. Recusara o convite de um colega para sair para dançar naquela sexta-feira. Não gostava de lugares com muita gente. A sensação de falta de ar só fazia com que sua agonia aumentasse. Não, Claire preferia passar a noite em casa a ir a uma discoteca.
Ao dobrar a rua, Claire sentiu um aroma de café fresco no ar. Seu estômago roncou na expectativa de provar uma xícara de café bem quente, enquanto ela atravessava a rua. Um sorriso tomou conta de seus lábios assim que Claire entrou na cafeteria. O ar lá dentro era uma mistura deliciosa de canela, café e brownies.
Havia uma mesa vaga mais ao fundo da cafeteria. Claire acomodou-se e começou a tirar as luvas que cobriam suas mãos manchadas de tinta. Ela não queria demorar-se, estava cansada e seu corpo pedia por um banho quente e, talvez, até por uma cama confortável. Contudo, a ideia de se refugiar na cafeteria fora tentadora demais. Quem sabe depois de beber alguma coisa conseguisse enfrentar a brisa gelada da noite com mais entusiasmo.
― Boa noite ― cumprimentou a garçonete, sem muita emoção na voz. A senhorinha era robusta e possuía um ar enfadonho, como se a vida tivesse se tornado desinteressante demais para sequer sorrir.
― Boa noite. ― Claire sorriu e, ao fazer isso, pequenas linhas de expressão se formaram ao redor de seus olhos azuis cristalinos.
― O que a senhorita deseja? ― perguntou a garçonete, pronta para tomar nota.
― Um café.
― Com quantos torrões de açúcar?
― Um.
A senhorinha robusta afastou-se com um leve resmungar.
Uma pequena e, quase, imperceptível pontada atingiu o peito de Claire; queria tanto que, através de seu sorriso, a mulher que lhe atendera pudesse sentir alguma alegria dentro de si. Mesmo passando a maior parte de seu tempo no museu entre quadros e artefatos, vira frieza demais nas pessoas a sua volta. É como se a alegria, a vontade de viver tivesse se esvaído.
Quando Claire se virou para guardar as luvas dentro de sua bolsa, percebeu que a havia colocado em cima de uma revista em quadrinhos. Ela se ajeitou no banco e começou a folhear as páginas desprovidas de cor. Ficou tão envolvida pela história do jovem piloto que treinava para o Grand Prix, que sequer reparou que a garçonete trouxera-lhe o café junto com a conta.
Conforme avançava na leitura, Claire descobriu que a classificação de Morten não era bem vista por um de seus adversários. Nolan parecia estar disposto a tudo para tirar Harket da competição.
"Cretino!", pensou ela, enquanto virava a página. Harket estava olhando para algo além da pista de corrida e Claire notou que, para um personagem de uma revista em quadrinhos, ele era muito bonito, e, além do mais, ficava sexy de jaqueta de couro.
Ela passou algum tempo olhando para o desenho, para a profundidade que aqueles olhos transmitiam, mesmo sem possuírem uma gota de cor.
Então, para sua total e completa surpresa, Morten piscou. E Claire arregalou os olhos.
Alguns segundos depois ela concluiu que trabalhara demais e que, realmente, precisava de uma boa noite de sono. Como ele poderia ter piscado sendo apenas um desenho? Um desenho muito bonito e sexy, mas ainda assim, um desenho.
Quando Claire cogitou a ideia de pagar a conta e ir embora, a mão de Harket saiu da revista e, em um gesto, a convidou para ir com ele. Ela olhou para os lados, assustada, certa de que mais alguém havia visto, contudo, as pessoas ao seu redor pareciam alheias ao que se passava.
Uma pequena e breve batalha começou a ser travada dentro de si. Sua razão lhe disse para sair dali e deixar a revista para trás, disse-lhe que ela estava cansada demais, por isso via coisas que não existiam; mas seu coração proferiu, de maneira bastante convincente, que o que Claire via era real, e se ela possuía alguma dúvida, bastava olhar nos olhos de Morten que veria a verdade.
Só que Claire viu muito mais nos olhos de Harket. Então, sem pestanejar, aceitou seu convite.
No instante em que ele segurou sua mão, com uma delicadeza que ela jamais pensaria existir, Claire sentiu algo tomar posse de seu coração e sua pele se arrepiar, então teve a certeza de que não estava enlouquecendo e muito menos sonhando.
🏁 🏁 🏁
Oi, gente! Parte dois no ar \o/
Espero que vocês estejam gostando da história :)
Peço desculpas com a demora na publicação dessa segunda parte, mas tive alguns contratempos. Mas, como sempre digo, antes tarde do que nunca :D
Em breve (daqui há dez dias, mais ou menos hehe) sai a parte três e teremos o primeiro encontro do nosso casal. Ai que emoção! ❤
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro