4. Blind Spot
Como foi o natal de vocês? O que pretendem fazer no fim de ano? (provavelmente ficar em casa rs) Como se sentiram com Louis fazendo aninhos? :') Espero que estejam se alimentando bem e tomando água, por favor. Não me preocupem.
Aquele agradecimento caloroso para quem comentou no capitulo passado, minhas estrelinhas:
LarryxHor4n, BeatrizAlmeidaFerre7, WooThyWins, MariaClaraKlem, claratpwk, hslt_18, hsrryscherryline, yngbldshiniest, cadelinhah_HL, kinghouis, loverficsy, Lily_milq, loueh101, MilyDuda0, sunrisehl, Kapo_BR, niallbundadepastel, alwaysfallingxx, 01just_little_girl, ana_liz21 e signoflarry
Tenham uma ótima leitura, Residents! Até a próxima semana.
~o~
Uns dias depois de Harry ter contado sobre a crise de orçamento iminente para os amigos, ele chega para o expediente com Zayn e Clare e encontra um pandemônio no saguão.
- Nossa, o que está acontecendo? - Harry murmura por baixo da respiração.
Dezenas de doutores, enfermeiros e analistas estão ao redor de James, gritando.
- Eu não entendo. O que está acontecendo? - James faz a mesma pergunta.
- Isso é o que você vai falar para a gente! - uma residente cirurgiã respondeu por cima dos outros, ou melhor, demandou.
- Nos fale o que está acontecendo! - um diagnosticador residente se manifestou. - A gente anda escutando que o hospital vai fechar!
- Parece que a fofoca se espalha rápido por aqui. - Zayn dá um sorrisinho.
- Especialmente quando sai da sua boca, Malik. Não que eu não tenha contribuído... - Clare dá de ombros, despreocupada.
- Vocês dois espalharam a notícia para os outros? - Harry se espanta. - Eu contei isso para vocês em sigilo. Não era para passar da gente. Dr. Tomlinson queria que ficasse quieto.
- Hã? - Clare franze o cenho. - Você mesmo quem disse. As pessoas merecem saber a verdade.
- Pois é, Harry. Quem decide quem pode saber? Onde você traça a linha?
- Eu não sei... - Harry falou com desânimo, sabendo que eles tem razão. - Mas eu não queria isso. - ele indica com a cabeça para a confusão ao redor de James.
- Por favor, por favor... - James pede calma. - Peço perdão por tê-los deixado no escuro. Não queríamos causar nenhum alarme prematuro. Mas os rumores são verdadeiros. Edenbrook perderá muito dos subsídios do governo de que dependemos. Não sabemos qual a situação completa ainda. Nossa equipe de finanças está trabalhando nisso. Eu gostaria de poder—
- O hospital vai fechar ou o quê? - o médico de antes cortou.
- Estamos examinando nossas finanças para descobrir isso. Mas eu os prometo... nós faremos absolutamente tudo que pudermos para manter essas portas abertas. Mas a assistência médica é um negócio caro. Pode ter cortes temporários na folha de pagamento. Por exemplo, teremos que dar o salário de internos para os residentes desse ano por enquanto.
- Que diabos? - Clare se exaltou para o ouvido dos amigos. - Não vamos ter nosso aumento? Eles não podem fazer isso!
- Nós temos que fazer nossa parte, Clare. - Harry diz com relutância, sabendo que é injusto, mas a culpa é do governo e quem mais sofreria seria os pacientes, o que é sempre a prioridade para ele.
- Nossa parte? Harry, a gente faz nossa parte. Nós trabalhamos 80 horas por semana salvando a vida das pessoas, e eles não nos pagam o bastante para morar na cidade.
Ela tem um ponto, mas...
- Não vai durar por muito tempo, Clare. - Zayn diz. - Eles vão dar um jeito, e nós voltaremos ao normal.
- Não estou no humor para o positivismo ensolarado no momento, Malik.
Enquanto James luta para responder as perguntas acaloradas da multidão, Harry sai para começar o expediente e vê Louis observando a comoção de longe. Ele observa Harry se aproximar como se o enxergasse de uma nova maneira.
- Styles.
- Dr. Tomlinson... - ele ficou hesitante, mas logo depois determinado. - Você disse que confiava em mim para fazer o que fosse certo.
- E eu realmente quis dizer isso.
- Ótimo. Porque eu confio nos nossos colegas de trabalho. Eu acho que eles podem saber da verdade e ainda darem o melhor deles para os pacientes.
- Eu certamente também espero que seja assim. Como eu disse... Isso está fora de nosso controle e nós precisamos focar no que podemos controlar. - Louis acenou com a cabeça para uma direção. - Começando com nossa nova paciente. Me siga.
Harry acompanha Louis para a sala de consulta da equipe de diagnóstico, onde Yuki e Clara estão papeando com a paciente.
- Bom dia. - Harry a cumprimenta.
- Quem disse isso? - os olhos da paciente procuram pela área de onde a voz de Harry veio, mas nunca encontram o olhar dele.
- Evelyn, por favor, conheça os doutores Tomlinson e Styles. Doutores, essa é Evelyn de la Vega. - Clara os apresenta. - Ela está sofrendo um início repentino de perda total de visão.
- Quando isso começou? - Louis começa a investigar. - Você notou alguns sinais antes? Algum trauma?
- Não, nada mesmo. Dois dias atrás, puf! - ela estalou os dedos. - Só aconteceu. Eu acordei e achei que ainda era o meio da noite. Se não voltar logo, eu vou perder minha primeira exibição de galeria de arte.
- Evelyn é uma pintora. - Yuki esclarece.
- Oh! Eu sinto muito... - Harry não queria dizer algo como "você voltará a pintar em breve" porque isso seria dar esperança para algo que talvez ele não tenha o poder de mudar. - Isso é uma experiência horrível para qualquer um, mas para alguém que o trabalho de vida é tudo sobre a visão...
- Quase poético, não é? - Evelyn sorrir apesar de tudo.
- Eu preciso dizer, você parece estar lidando com isso quase notavelmente bem.
- Talvez eu devesse ter sido uma atriz então, porque estou extremamente apavorada. - ela sorriu um pouco mais fraco. - Mas estou me dizendo várias vezes que terei uma perspectiva totalmente nova quando isso acabar.
- Dr. Styles, por que você não dá uma olhada mais de perto? - Louis sugere, indicando para ele se aproximar da paciente.
- Okay. Evelyn, fique parada agora, e mantenha seus olhos abertos por um momento.
Harry pega o oftalmoscópio e examina os olhos de Evelyn.
- Eu consigo ver o reflexo vermelho. Sem opacificação.
- Isso elimina hemorragia vítrea e endoftalmite. - Clara diz.
- Evelyn, tem alguma condição crônica que não esteja na sua ficha? - Louis indaga.
- Eu sou bem saudável para uma mulher de 60 anos. Se você não contar a câimbra nas pernas que eu tenho por ficar o dia todo de pé com uma tela de pintura.
- Poderia ser um coágulo? - Yuki considera.
- Nos dois olhos ao mesmo tempo? Pouco provável... - Clara duvida. - Mas deveríamos fazer exame do índice tornozelo-braquial para ter certeza.
- A ficha mostra que a pressão arterial está um pouco alta. Mas não o bastante para hipertensão maligna. - Louis descarta outra opção.
- Evelyn, você já teve catapora quando criança? - Harry pergunta.
- Quem não teve?
- Pode ser vírus varicela-zóster retornando depois da dormência nos nervos.
- Boa ideia. Vamos fazer um exame para isso e fazer o I. T. B. também. - Louis se virou para a paciente. - Evelyn, nós voltaremos logo.
Enquanto a equipe sai apressada, Evelyn toca na mão de Harry, olhando inexpressivamente para o espaço perto dele.
- Obrigada, doutor. Eu te devo uma pintura quando ficar melhor.
...
Depois de pedir os exames para Evelyn, Harry dá novos casos para a interna dele.
-...E aí o senhor Daniels no quarto 904, apresentando dificuldade ao respirar e edema. Então, é provavelmente—
- Exacerbação de insuficiência cardíaca. - Gabriella completou. - Entendido.
- Você entendeu tudo? Eu preciso correr e cobrir cinco horas na clínica.
- Isso soa horrível.
- Bem, esse será seu próximo ano, então aproveita seu ano de interna enquanto durar! - ele rir com ela.
Harry deixa Gabriella e se apressa para cumprir as horas semanais na clínica gratuita do Edenbrook. Ele se esgueira por corredores apertados, onde pacientes se juntam em montes, esperando o dia inteiro na esperança de serem tratados.
Não existe qualquer possibilidade dessa clínica permanecer aberta, mesmo se o hospital sobreviver a crise... O que vai acontecer com todas essas pessoas? Harry se preocupa enquanto um por um, ele leva pacientes da sala de espera lotada para uma pequena sala de consultório.
- Qual parece ser o problema?
- Está preso! - o garotinho responde com a voz anasalada.
- Will colocou uma cabeça de lego dentro da narina e eu não consigo tirar o maldito objeto. - a mãe do garoto explica.
- Will, o que o carinha do lego fez para merecer isso? - Harry suspende a sobrancelha, um sorriso divertido no rosto.
- Ele queria explorar!
- Não posso culpar essa lógica. - Harry delicadamente ilumina as narinas do garoto com uma lanterna caneta.
- Você consegue tirar ele?
- Meu sugador de confiança não me decepcionou ainda. - Harry responde a mãe com positividade.
...
Harry atendeu o máximo de pacientes que conseguiu lidar durante o expediente, e então subiu para a cafeteria para recarregar. Uma voz familiar o chamou.
- Harry!
- Cara! Ei! - Harry sorriu para ela. - Eu não sabia que você tinha uma consulta marcada para hoje. Você quer uma companhia?
- Sim para a companhia, mas não para a consulta. Estou aqui por um bom motivo para variar. Eu tenho uma entrevista de emprego! - ela se empolga de contar. - Edenbrook está procurando por uma nova assistente administrativa.
- Aaah. Pelo o que parece, eles definitivamente precisam de ajuda nesse departamento. - ele se senta com ela.
- É só um trabalho temporário, mas eu tenho uma formação em contabilidade e um monte de contas médicas. Dois coelhos com uma cajadada só!
- Cara, seria tão legal se você trabalhasse aqui. - Harry está ansioso só de imaginar.
- Não é? Tipo, eu já sei todas as fofocas sobre todos os médicos. - ela arqueia as sobrancelhas. - Agora eu só preciso arrebentar na entrevista.
- Você está nervosa? - Harry checa, apesar de não aparentar do lado de fora.
- Pode apostar. Eu quero muito mesmo esse trabalho, Harry. Estou tão cansada de ser a garota do câncer.
- Ninguém te vê como a garota do câncer. - Harry garantiu, pelo menos do lado deles.
- Diga isso para minha família e todos meus outros amigos. - Cara revirou os olhos. - Tudo que eles querem falar é sobre como estou, como me sinto, estou com medo, estou lidando bem, como sou tão corajosa. E eu nem tenho nada mais acontecendo na minha vida para mudar de assunto. Tudo que eu faço é tratamento e me recuperar dele. É chato e exaustivo, e horrível e assustador, e...
- Oh Cara. Eu sinto muito. - Harry a interompe, gentilmente, não querendo que ela se angustie mais.
- Não sinta. Estou farta de me prender a isso. Estou pronta para ser uma pessoa de verdade de novo. - ela diz com determinação. - Eu quero reclamar do meu trabalho e fofocar com meus colegas de trabalho e não pensar na coisa crescendo nos meus pulmões. Agora tudo que preciso fazer é garantir que meu nervosismo não ferre com minha entrevista.
Harry tem tempo de sobra para ajudar a amiga a aumentar a confiança e arrebentar na entrevista de emprego.
- Por que eu não te ajudo a se preparar para essa coisa?
- Você é um anjo, Harry! - Cara sorrir largo.
- Vem, vamos achar um lugar mais silencioso.
Harry leva Cara para um jardim lindo e quieto do campus do hospital.
- Que lugar é esse? - ela se impressiona.
- É um jardim da serenidade. Às vezes trazem os pacientes psiquiátricos para cá.
- E agora é para me "psiquianimar"! - Cara brinca. - Isso foi ruim? Me desculpa, estou nervosa.
Harry balança a cabeça com um sorrisinho e os dois sentam num banco de madeira. Abelhas voam distraidamente ao redor deles, pousando de flor em flor.
- Então, com quem vai ser sua entrevista?
- Terá alguns deles. Um vai ser o chefe, Dr. Corden...
- Sorte sua. James é um ursinho de pelúcia.
- Daí tem uma Dra. Panabaker.
- Uou, ela é séria.
- E aí o Dr. Winston.
- Eita. - Harry faz uma careta.
- Eita? Por que eita? - ela se preocupa.
- Ele gosta de fazer os outros se darem mal. Ele é um ótimo médico, mas ele é o pior médico de se fazer rodízios. Ele sempre dá para todo mundo umas perguntas muito difíceis.
- Então, como me preparo para isso? - Cara fica receosa.
- Através do honorário e velho roleplay.
- Pervertido. - ela provoca como se fosse roleplay de sexo.
- Vamos começar com o Dr. Corden. Só imagina que sou um homem mais velho abraçável que genuinamente se importa com os pacientes e funcionários igualmente. - Harry estipula.
- Imaginação ativada!
- Então, Sra. Delevingne, por que você quer trabalhar no Edenbrook? - Harry faz a imitação dele.
- Bem, doutor Corden, como você sabe eu sou atualmente uma paciente do Edenbrook, então estou bem familiarizada com o hospital e funcionários. A atmosfera que vocês criaram aqui é realmente especial. Todo mundo claramente quer o melhor para os pacientes. Isso é algo do qual eu gostaria muito de fazer parte. - Cara responde com sinceridade, como se fosse a real entrevista.
- Uma boa resposta, Sra. Delevingne. Mas você está ciente que uma assistente administrativa não tem muito a ver com cuidar de pacientes.
- Eu respeitosamente discordo, Dr. Corden. Cuidar de pacientes começa de baixo para cima. A administração é responsável pela experiência completa do paciente no Edenbrook. Acho que é fácil ficar atolado nas planilhas e começar a ver as pessoas como números. Mas isso não vai acontecer comigo. Porque eu sou um desses números.
- Excelente resposta. - Harry aprova.
- Obrigada. E como você é o chefe, você que fala para os outros me contratarem, não é? - ela brinca um pouco.
- Não exatamente. Vamos prosseguir para a Dra. Panabaker. - Harry muda de postura.
- Então, quão séria é essa mulher exatamente?
- Tenta imaginar uma mulher viciada em café que precisa trabalhar como médica para um super herói todo santo dia se arriscando para salvar vidas de uma cidade inteira.
- Ai não. - Cara fica boquiaberta.
- Sim, e não tente fazer ela sorrir ou se animar. Isso só a deixa mais ansiosa. Só responda as perguntas dela. - ele aconselha.
- Anotado.
- Ela é uma cientista, então ela é mais racional. Você não pode falar para ela aceitar qualquer coisa de fé. Você precisa ser convincente. - Harry endireita os ombros e fica sério. - Sra. Delevingne, está dizendo aqui que você tem câncer nos pulmões... Como podemos esperar que você se concentre no seu trabalho?
- Você está preocupada que vou passar todo meu tempo preocupada com... morrer? - Cara reformula.
- É uma possibilidade. A taxa de sobrevivência para seu câncer não é alta.
- Bem... eu não vou mentir. Eu penso mesmo nisso. Eu sei que minha saúde pode falhar a qualquer momento. E eu estaria mentindo se dissesse que isso não me assusta para caramba. Mas o melhor remédio para isso é ficar ocupada. - Cara chega ao ponto. - Eu posso fazer tanta coisa boa para esse hospital e trabalhar aqui será tão bom para mim.
- Mas você não preferiria estar lá fora aproveitando o máximo do que você tem?
- Eu não vou me demitir, Dra. Panabaker. E não acho que você queira uma candidata que seja uma desistente, de qualquer forma. - Cara diz.
- Você é bem difícil de se argumentar. - Harry sorriu.
- Eu sei. Ok, vamos fazer Dr. Winston.
- Winston sempre quer que você pense fora da caixa. Além das soluções óbvias. - Harry encosta as pontas dos dedos uma na outra e faz um rosto inexpressivo. - Você aprende que um dos nossos funcionários está roubando o hospital. Você os denuncia para o chefe ou dá um aviso?
- Posso saber o que essa pessoa está roubando? E se são um interno ou residente.
- Vamos dizer que algo inofensivo. Copos de pudim e guardanapos. E é um interno.
- Primeiramente, eu perguntaria como está a situação financeira da pessoa, porque se um funcionário de um hospital como Edenbrook tem que roubar guardanapos, então ele está com dificuldade terrível.
- Isso é uma piada, sra. Delevingne? - Harry semicerra os olhos.
- Nem um pouco. Eu ofereceria minha habilidade para os ajudar com as despesas e eu também os direcionaria a algum programa de ajuda financeira. Quanto a sua pergunta, - ela volta para o ponto principal. - Não acho que estaria no meu poder dar um aviso para ele, mas isso não é algo que eu falaria para o chefe, também. Eu conversaria com o residente do interno primeiro. Se o residente considerasse um problema, eu esperaria que tomassem as medidas corretas.
- Correto. E me lembra de falar contigo sobre minhas finanças. - Harry sai do papel, rindo.
- Sempre que quiser.
- Eu acho que você vai ser ótima, Cara. Você me convenceu.
- Isso é um alivio. - ela relaxa o corpo.
- Sinceramente, gostaria que você nem tivesse que fazer isso.
- Você quer dizer, entregar meu salário de volta para o hospital para pagar minha luta contra o câncer na minha casa dos 20? É, não é ideal! - Cara é brincalhona com a realidade outra vez. - Mas ei, se a diversidade constrói caráter, eu vou ter o maior caráter que você já viu na vida!
- Como tem ido sua quimio? - Harry aproveita para perguntar.
- Nada de novo. Náuseas e vomitando o tempo todo. Mudança de humor, de peso. Porém eu fico linda careca.
- Concordo. - Harry sorrir de lado.
- Meus médicos disseram que está indo bem. E ultimamente... estou começando a ser capaz de imaginar um futuro. Sempre que eu imaginava o futuro antes, era só... escuridão. - ela confessa quietamente. - Mas agora, é como se... eu pudesse vencer isso. É loucura! E isso significa que terei que fazer todas as coisas normais de adulto. Pagar contas, ter um currículo, talvez até voltar para a faculdade. Coisas que nunca considerei antes.
- Cara...
- Eu sei que são boas notícias. Eu deveria estar feliz. Eu estou feliz. Mas... Também é estranhamente assustador. Que o tempo não vai parar por mim. Vai continuar passando. - Cara desvia o olhar. - Eu sei, é estupido.
- Não é estupido, Cara. - Harry busca o olhar dela de novo e sustenta. - O tempo é assustador. O futuro é assustador. Mas tudo que você pode fazer é lidar com um dia de cada vez. Se você pensar sobre toda sua vida à sua frente, o futuro chegando como um trem em alta velocidade... isso é opressivo. Mas se você pensar nos desafios só de hoje... então não parece tão grande.
- Essa entrevista parece bem grande para mim. - Cara murmura.
- Cara, você sabe que eu acho que você é perfeita para o trabalho. Mas se você não conseguir... e daí? Isso não vai definir sua vida de qualquer jeito. Terá mais entrevistas em mais cidades, e mais amigos para te ajudarem a encontrar seu caminho. Você só precisa viver por hoje.
- Levando em conta quanto tempo já me perguntei se acordaria no dia seguinte... eu acho que posso fazer isso. - ela assente levemente. - Eu sei que reclamei que todo mundo me define como a garota do câncer... Mas se eu for sincera, eu tenho me definido dessa forma por muito tempo também. E se eu vencer isso, se eu não for a garota do câncer... então quem sou eu? Eu não faço ideia. Mas essa entrevista, eu acho, são meus primeiros passos de bebê em direção de seja lá... quem essa pessoa é.
- Mal posso esperar para a conhecer. - Harry compartilha um sorriso cúmplice com a amiga.
- Eu também.
Cara checa o relógio.
- Ai inferno. A entrevista é em dez minutos!
- Que bom que você está mais que preparada! Vem, vou te levar para lá.
Harry e Cara fazem o caminho de volta pelo hospital e param do lado de fora do escritório do James.
- Obrigada por me ajudar, Harry. Eu estava tão nervosa quando cheguei, mas agora acho que posso realmente conseguir isso. - Cara abraça ele com a gratidão que sente.
- Depois me conta como foi?
- Com certeza.
Cara levanta o queixo e bate na porta.
- Pode entrar! - James diz do outro lado.
- Boa sorte. - Harry sussurra para ela.
...
Uma hora depois, Harry escuta um gritinho animado ecoando pelo saguão.
- Harry! Eu consegui! Eu consegui o emprego!
- Eu sabia que você conseguiria! - Harry se anima com Cara, quase dando pulinhos. - Como foi com eles?
- Praticamente exatamente como você descreveu. E eles querem que eu comece assim que possível! Parece que eles estão meio que com pressa? Tem algo acontecendo? - ela fica curiosa.
- Sim, pode se dizer que sim. Tenho certeza que logo você vai saber mais do que eu.
Já que Cara trabalharia na administração.
- Bem, desde que eles não me façam manipular os dados financeiros... Inferno, ainda assim... Só estou feliz de ter algo para fazer! - ela comemora outra vez.
- Bem-vinda a família, Cara. - Harry a recebe na equipe.
...
Mais tarde naquela noite no Rendezvous's, Harry e os amigos levam as bebidas para a mesa deles onde Sarah tinha adormecido. Ela se sobressalta com o retorno dos outros.
- H-h-hemocromatose!
- Pesadelo? - Clare rir com a palavra que Sarah soltou.
- Você parece tão exausta ultimamente, Sarah. - Harry observa.
- Estou bem. Internos só são... bem trabalhosos!
Cara entra no bar e vai até eles.
- Cara! - Ed sorrir largamente. - Harry estava nos falando mais cedo sobre como você arrebentou na sua entrevista.
- Bem-vinda ao time. - Zayn bate a mão com a dela.
- Escutei que você foi frita pela Panabaker e Winston. - Clare diz.
- Eles ficaram muito impressionados isso sim, principalmente graças a preparação que Harry me deu. Eu estava pronta até para as perguntas de pegadinha e tudo.
- Feliz em ajudar. - Harry diz.
- Então, quando você começa? - Zayn pergunta.
- Tecnicamente, deveria ter sido amanhã, mas eles estavam meio que com pressa. Eles me jogaram direto para o financeiro para começar a movimentar o dinheiro. - Cara diz.
- Está ruim assim, huh? - Harry se preocupa.
- Praticamente tudo está na tabela de corte. A clinica e a equipe de diagnostico são caras de manter.
- A equipe de diagnostico? - Ed se surpreende. - Eles tem um perfil nacional! Eles provavelmente trazem toneladas de pacientes para o Edenbrook.
- Sim, mas nós recebemos casos baseado em mérito. Nossos pacientes pagam o que eles podem. Isso significa que metade dos casos acabam sendo de graça. - Harry conta.
- Soa como se vocês precisassem começar a rezar para alguns bilionários ficarem seriamente doentes. - Zayn diz.
- Na verdade... Cara, aceitarmos mais pacientes ricos anularia as despesas dos pacientes de graça? - Harry pensa nisso.
- Claro, eu acho.
- Ooh, como Zendaya! - Sarah exclama.
- Quem? - Zayn faz careta.
Sarah digita no celular e o desliza para os outros. O perfil de uma mulher jovem e bonita enche a tela.
- Ela é uma influencer. Ela começou fazendo vídeos de tutorial de maquiagens, e ela é muito boa. Mas ela também é bem positiva e doce. Agora ela tem dois livros de auto-ajuda, um reality show, quinze milhões de seguidores... e uma doença misteriosa. - Sarah se estica para dar play na postagem mais recente.
O rosto adorável de Zendaya aparece na tela, lágrimas escorrendo artisticamente pelas bochechas.
- Eu estou com tanto medo, gente. Não importa o que eu faça, não importa o que eu coma, eu não paro de perder peso. Os médicos não me levam a sério. Eles me mandam para psiquiatras, me dão panfletos sobre distúrbios alimentares... Eles acham que estou fazendo isso comigo mesma. - a influencer contava. - Estou tão cansada o tempo inteiro. Eu vomitei três vezes hoje. Eu só quero saber qual o problema comigo. Mesmo se... mesmo se for más noticias.
- Uou, Zendaya realmente parece precisar de ajuda. - Harry fica um pouco revoltado. - Ninguém merece ser dispensado pelos médicos.
- Isso é verdade. - Clare concorda. - Apesar de ela soar mesmo como uma cabeça de vento.
- Se você fizesse pessoas como ela vir para o Edenbrook, isso pode salvar sua equipe de ser cortada no financeiro e permitir que vocês continuem tratando pessoas que não podem pagar por isso. - Cara diz.
- Só tem um problema. A equipe de diagnostico nunca foi atrás de pacientes. Eles que vem até nós, nós não vamos até eles. - Harry diz pontualmente. - Como diabos vou fazer Dr. Tomlinson concordar com isso?
...
Na mesma noite, Harry está estudando no sofá quando uma batida alta o faz levantar. Ele atende a porta e encontra o proprietário.
- Nick? Qual o problema?
- Seu cheque foi negado! Se isso for alguma merda de direitos de inquilinos, eu juro—
- Meu cheque não foi negado. - Harry interrompeu, confuso. - Do que está falando?
- O seu está bem. É o da moça que é o problema. A garota oriental que vive vestida de couro.
- O cheque da Clare foi negado?
Depois que Nick saiu batendo os pés, Harry se vira para ver Clare saindo do quarto dela.
- Ei. Desculpa por isso. - ela pede, mostrando que estava escutando.
- Clare? - Harry a segue com o olhar, cauteloso. - Você está com problemas?
- Hã? - Clare diz distraidamente. - Não. Claro que não. - ela cruza os braços desafiadoramente, mas parece envergonhada.
Os olhos estão vermelhos.
- Clare... eu não posso te ajudar se você não me disser o que está errado.
- Eu sei que você acha que pode consertar tudo, mas você não pode. Isso é meu problema.
- Tenta.
Clare suspira e olha para o teto em exaspero.
- Estou falida, Harry.
- Desde quando? - ele estranha.
- Estou atolada em debito da faculdade de medicina. Eu tenho pagado nada além de juros. Eu achei que podia tomar de conta até nosso aumento esse ano. Mas agora...
- Você não tem ninguém que possa pedir por ajuda? - Harry se refere a familiares.
- Minha família não está exatamente em posição de me bancar. Não que eu fosse pedir para eles, de qualquer maneira. Eu cavei esse buraco, eu vou sair dele sozinha.
- Por que você não pediu ajuda para um de nós?
- Porque vocês todos são pobres também? - Clare retruca. - Exceto Katie, eu acho.
Clare limpa os olhos com uma risada seca. Os dois amigos se jogam no sofá. Ela apoia a cabeça no ombro de Harry com um suspiro pesado.
- O que eu vou fazer, Harry? Preciso começar a ganhar um dinheiro extra.
Harry abre o notebook que estava na mesa de centro e começa a procurar empregos temporários na área.
- Ei, olha. Um trabalho de babá aqui no nosso prédio! - ele encontra e aponta na tela. - Não é tão ruim. Você poderia até estudar um pouco enquanto faz dinheiro extra.
- Não sou exatamente boa com crianças. - Clare lembra ele.
- Mas você tem experiência com internos, e isso acaba sendo mais difícil. Confia em mim. - Harry diz com convicção. - Eu já fui babá antes. É mamão com açúcar.
- Bem... - Clare hesita, reconsiderando. - Eu não sei se sirvo para isso, mas... talvez se você pudesse me dar umas dicas?
- Ser babá é dinheiro fácil. Você aparece, alimenta a criança, coloca um filme e aí espera ela adormecer.
Clare faz careta.
- Adolescentes são babás, Clare. E você é muito mais esperta e mais capaz que uma pessoa de dezesseis anos. - Harry racionaliza.
- Eu acho que encaixaria melhor na minha carga horária do que um segundo emprego de verdade.
Alguns minutos depois, Clare está discando o número da postagem de emprego.
- Uh, oi... meu nome é Dra. Clare Uchima—
Ela é interrompida.
- Não, não, tudo está bem. - Clare desfaz o susto da moça que atendeu por uma médica ligar. - Eu moro no seu prédio e vi que você está procurando por uma babá. Eu adoraria te oferecer meu serviço—Agora mesmo? - Clare se surpreende. - Uh. Claro! Estou livre! Chego já aí. - ela desliga e pisca os olhos para Harry. - Acho que começo essa noite.
- Quer companhia? - Harry oferece, para a primeira vez.
- Aimeudeusdocéu, sim. - ela aceita rapidamente. - Por favor. Me ensina como fazer isso.
Dez minutos depois, Harry e Clare estão dentro de um apartamento aconchegante no quinto andar.
- Ai meu Deus, não podemos dizer o quão gratos estamos. - a mãe da criança os recebe.
- Meu trabalho tem planejado esse evento faz meses, mas tivemos tanto problema em encontrar uma babá... - o pai diz.
- Tínhamos tanta certeza que não conseguiríamos ir. Vocês são um par de salva-vidas. Ou salva carreiras.
- De nada. - Clare sorrir. - Onde está a pequena, er, anjo? - ela quase diz outra coisa.
- Ela está brincando no quarto dela. Ela odeia sair de lá e nos dar tchau. - o pai que responde.
- Tudo que precisam fazer é alimentar a Lulu e a colocar na cama. - a mãe instrui. - Não tentem fazer nada complicado demais.
- Complicado? - Harry repete, curioso. - O que exatamente você quer dizer com isso?
- Ah, nada. - a mãe abana a mão em descaso. - Só não tentem muito na questão entreter ela.
- Ela vai se entreter sozinha. Vocês só precisam passar por isso.
- Hã? - Harry não gosta muita da escolha de palavras.
- Nossos números estão na geladeira. Se tiver uma emergência... bem, vocês dois são médicos, certo?
- Certo. - Clare assente para o pai. - Nós iremos cuidar disso.
- Boa sorte! - a mãe diz animada. - Se lembrem, vocês são os adultos aqui! Ela não tem poder com vocês!
A porta se fecha atrás do casal.
- Isso soou sinistro para você? Ou todos os pais falam sobre as crianças deles assim? - Clare checa com Harry.
- Não, isso definitivamente foi estranho. - ele confirma a suspeita dela.
- Bem, acho que é melhor nós irmos e conhecer ela.
Clare bate na porta levemente e depois a abre. Uma garota de aparência doce está sentada no chão, colorindo um desenho.
- Oi, Lulu. Eu sou Clare e esse é o—
- Por que seu rosto é assim? - a criança interrompe.
- Assim... como? - Clare diz lentamente.
- Você parece triste. E velha. Você está triste e é velha?
- Não, eu estou irritada e sou jovem. Tem um problema com isso? - Clare enfrenta.
A criança vira a atenção para Harry.
- Qual a sua desculpa?
- Para o quê? - Harry inclina a cabeça.
- Seus olhos. - ela enfatiza. - Você tem bolsas maiores que minha mochila embaixo deles. E mais escuras também. Você parece ter sido socado no rosto. Tipo, bastante.
- Vamos procurar algo para você comer. - Harry ignora.
- Eu não quero comer. - Lulu nega. - Eu quero pintar.
- Bem, você precisa comer. Crianças que não comem, ficam com dores de barriga horríveis.
- Eu quero pintar. - ela insiste.
- Ugh, Harry, isso é um saco. Vamos embora. - Clare se vira para sair.
- O quê? Não podemos ir. - Harry para a amiga.
- Hm, sim, vocês não podem me deixar. - Lulu fica abismada. - Isso é abandonamento de criança. Você vai para a cadeira.
- É abandonamento se seus pais te deixarem. - Clare pontua. - Nós só somos dois estranhos que seus pais deixaram entrar porque não conseguiram achar mais ninguém para lidar com você. A única consequência de nós te deixarmos aqui sozinha é os seus pais reclamando. E eu tenho headphones que isolam barulhos, então eles podem gritar do lado de fora do nosso apartamento o quanto quiserem.
Lulu pisca os olhos para Clare, admirada.
- ...O que tem para o jantar?
- Vamos ver o que seus pais tem. - Clare volta a sorrir.
...
Harry faz três porções de macarrão com queijo enquanto Clare senta na mesa da cozinha com Lulu.
- Então, você já viu uma pessoa morta?
- Eu já vi centenas de pessoas mortas. Nós costumávamos cortar elas para nosso rodízio de cirurgia na faculdade de medicina. - Clare dá de ombros, como se não fosse grandes coisas, ao contrário do que a criança acha ser.
- Sério mesmo? Você viu os órgãos delas?
- Sim. É o que significa cirurgia.
- Qual a coisa mais nojenta que você já viu?
- Eu vi um fígado que tinha se apodrecido completamente no corpo de um cara uma vez. Estava super pegajoso e nojento. - Clare conta.
- Legaaaal! Você deve ser, tipo, mil vezes mais inteligente do que parece.
Harry olha do rosto maravilhado de Lulu para o macarrão com queijo. Ele tem uma ideia brilhante. Ele vai fazer o macarrão parecer com um cérebro. Harry encontra os utensílios de assar da mãe de Lulu e mistura algumas gotas de corante rosa comestível no molho de queijo.
- Venham e comam seus cérebros quentes! - ele chama para se servirem.
- Você disse... cérebros? - a garota acha não ter escutado direito.
- Yup.
Lulu corre até Harry e encara a tigela de purê rosa pegajoso.
- Espero que você tenha pego um cadáver esperto. Não queremos comer nenhum cérebro de bobalhões. - Clare entra na brincadeira.
- Por sorte, esse cadáver foi mandado para o necrotério com o histórico inteiro de notas dele. Ele era um gênio genuíno. - Harry diz com o rosto sério.
- Legal! - Lulu agarra a tigela e pega a mão de Clare, a levando de volta para a mesa. - Me fala mais sobre a faculdade de medicina!
- Ok. Com uma condição.
- Qual?
- Você come isso, toma banho e vai para a cama. E aí eu te conto sobre a mulher que morreu com bactérias comedoras de carne. - Clare balança as sobrancelhas.
- Combinado!
Lulu começa a devorar o macarrão, mal parando para respirar. Clare e Harry sorriem um para o outro.
Algumas horas depois, os pais de Lulu voltam para uma casa limpa e silenciosa.
- Onde está Lulu? - a mãe olha em volta.
- Ela está na cama. Ela dormiu uma hora atrás. - Harry responde.
- Vocês fizeram ela dormir? - a mãe fica perplexa.
- Vocês não parecem chateados. Como vocês não parecem chateados? Ela foi legal com vocês? - o pai também não consegue acreditar.
- Nós somos casca dura. - Clare ergue a cabeça.
- Podemos chamar você de novo? Por favor, diga que podemos chamar você de novo. - a mãe praticamente implora para Clare.
- Minha carga horaria pode ser cheia, mas desde que eu esteja livre, sou toda de vocês. E da Lulu. Ela é uma criança legal. - Clare aprova.
A mãe da criança dá um gritinho e segura Clare num abraço apertado.
- Nós nunca conseguimos achar alguém disposto a voltar! Obrigada! - ela pega 500 dólares da bolsa e pressiona na mão de Clare.
- Tem muito aqui! - Clare protesta.
- Considere isso um pagamento inicial. - o pai diz. - Faz tanto tempo desde que conseguimos sair juntos.
- Nós ligaremos para você daqui uns dias para falar de horários. - a mãe promete.
...
Harry e Clare se jogam pesadamente no sofá. Ela entrega algumas notas para Harry.
- Aqui, sua parte.
- De jeito nenhum. - Harry recusa. - Você encantou aquela criança assustadora sozinha. Você mereceu isso.
- Mas isso não é justo. - Clare fica inquieta.
- Você pode me pagar de volta com uma cerveja. - Harry decide.
Ela vai até a geladeira e pega duas latas. Clare passa uma e mostra a dela.
- À domar demônios.
- À trampos lucrativos paralelos. - Harry bate a lata na dela e os dois bebem a cerveja.
- Mas sério, Harry. Obrigada por me ajudar essa noite.
- Esse dinheiro é suficiente para cobrir seu aluguel com o cheque? - ele dispensa o agradecimento.
- Sim. E se eu conseguir mais um pouco disso por semana, dá para segurar as pontas do meu pagamento perdido no trabalho. - ela diz e para variar, positivamente. - Não é exatamente uma solução a longo prazo, mas pelo menos me dá espaço para respirar.
- Só me promete uma coisa? - Harry a encara.
- O quê?
- Se você algum dia ficar com problemas financeiros desse jeito de novo, você vai me deixar saber.
- Eu prometo. - ela sorrir e assente.
...
Na manhã seguinte, Harry encontra Louis sozinho no escritório dele, revisando os relatórios da Evelyn.
Ok, hora de dar meu grande argumento, Harry pensa e senta na cadeira de frente para o mais velho. Louis fala sem tirar os olhos dos papeis:
- Você quer algo.
- Eu gosto de pensar nisso mais como uma proposta. - Harry corrige. - Eu sei como podemos salvar Edenbrook.
- Ok. - Louis levanta o olhar para ele. - Você tem minha atenção.
- Nós solicitamos por pacientes ricos de alto padrão que possam anular nossos custos. - Harry vai direto ao ponto.
Louis segura o olhar dele por um longo momento.
- Não.
- Me escuta. Se nós—
- Harry, James fundou essa equipe com a missão expressa de ajudar aqueles sem mais lugar algum para ir. Eu não posso abandonar essa missão. - Louis diz calmamente, o cenho franzido. - Eu não vou negligenciar as pessoas que precisam da gente. Especialmente se for para ir atrás de pessoas que já tem uma vasta gama de opções de cuidados disponíveis para eles.
- Mas Louis, nós podemos fazer os dois! Nós não precisamos negligenciar ninguém. - Harry balança a cabeça, ansioso para o convencer. - Isso é o que vai nos permitir a continuar cuidando das pessoas que você falou.
- Eu entendo seu lado. Você está pensando fora da caixa. Mas você está falando sobre mudar o que essa equipe é. Nós encontraremos outra forma.
- E se não encontrarmos? - Harry retruca. - E se o tempo acabar? Nós devemos só continuar fazendo nosso trabalho até que tudo acabe?
- Sim. Eu posso viver com isso.
- Bem, eu não posso. - Harry murmura.
Clara bate na porta e põe a cabeça para dentro.
- Tomlinson. Styles. Tenho mais alguns resultados. - ela se refere a Evelyn.
- Vamos compartilhar as noticias com Evelyn. - Louis se levanta e indica para Harry ir na frente.
...
- Bom dia, doutores! Ou, boa tarde, doutor no singular? Não consigo distinguir.
- Somos todos nós, Evelyn, - Harry a situa. - Nós temos algumas noticias.
- O exame a ver com catapora veio negativo, o que é boas noticias. - Clara diz primeiro.
- E enquanto o I. T. B. detectou uma doença arterial periférica, é só nos membros. - Yuki informa em seguida. - Um coagulo não causou sua perda de visão repentina.
Evelyn fica cabisbaixa. Harry se senta do lado e coloca uma mão na dela.
- Nós não acabamos de lutar com isso. Tem várias outras causas que ainda podem explicar isso.
- Não é isso. - ela sorrir fracamente, balançando a cabeça. - É bobo. Minha exibição é essa noite. Eu amaria estar lá, sabe? Eu tenho pintado minha vida toda, mal me sustentando. Ninguém nem pensava muito na minha arte. Eu tenho sessenta anos agora e as pessoas finalmente se importaram. As pessoas finalmente quiseram ver o mundo do jeito que eu via ele. E agora eu nem consigo o ver.
- Evelyn... - Harry fica triste com o que escutou, mas quer melhorar o humor da paciente e não piorar. - Eles vão amar sua exibição. E quando escreverem sobre isso no jornal, eu vou ler o artigo em voz alta para você.
- Eu iria gostar muito disso. - ela consegue sorrir mais verdadeiramente.
- Evelyn, eu gostaria de fazer exames para uma série de doenças desmielinizante que podem estar afetando seus nervos ópticos. - Louis diz gentilmente.
- A pressão alta do sangue pode ser também um sinal de tumor produtor de hormônio adrenocorticotrófico na glândula pituitária. - Yuki traça outro cenário. - Até um de tamanho pequeno pode estar comprimindo o nervo óptico.
- Viu, Evelyn? Não acabamos ainda. Foque em ficar melhor. - Harry a encoraja.
- Vou tentar. Não tem muito mais que eu possa fazer, afinal.
Enquanto Clara e Yuki saem, Harry nota Louis ficando para trás no corredor.
- "O mundo do jeito que eu via".
- Louis? - Harry se aproxima de novo. - O que está pensando?
- Isso foi o que ela disse sobre a exibição dela essa noite. É "o mundo do jeito que eu via".
- Você acha que algo nas pinturas dela pode revelar algo sobre a visão dela? - Harry percebe.
- Vale a tentativa. - ele assente, e olha demoradamente para Harry. - O que diz, Styles? Temos que aguardar os exames de qualquer forma. Devemos dar uma passada na galeria essa noite?
Harry sorrir com o canto da boca.
...
Harry e Louis encontram a galeria escondida numa rua lateral da North End. Uma placa os convida para "Artista local em destaque: apresentando o trabalho de Evelyn de la Vega".
- Uou, casa cheia. - Harry fica feliz com a visão.
- Evelyn ficaria orgulhosa. - Louis também se agrada.
Apreciadores bem vestidos examinam a seleção enquanto os garçons servem vinho e queijo.
- Então, o que exatamente estamos procurando?
- Não tenho completa certeza. - Louis olha em volta. - Minha esperança é de que tenha algo na arte dela nos últimos meses que possa sugerir um sintoma precedente. Cor, saturação... apesar de eu estar um pouco fora do meu conhecimento aqui. É por isso que estou feliz de você ter conseguido vir junto.
Imediatamente, Harry é atraído por um retrato de um pescador. Louis segue ele, ficando do lado enquanto o cacheado examina a arte: uma careta cansada de um homem num casaco de chuva velho.
- Uou, Evelyn é muito boa, né? Diz aqui que ela pinta uma série de retratos de trabalhadores locais depois de um dia de trabalho. - ele lê a plaquinha.
- Consigo entender porquê ela quer pintar você. Você daria uma adição adorável na série. - Louis fala completamente genuíno.
Harry olha para ele.
- Eu quis dizer como um doutor. Uma boa profissão para retratar.
- O que você pensa da pintura? - Harry deixa passar e volta para o assunto em questão.
- Eu acho... que não ajuda nosso caso.
- Isso é tudo? - Harry suspende a sobrancelha.
- Para ser franco, eu nunca entendi completamente o real "proposito" da arte. - Louis revela.
- Para mim, a arte te ajuda a explorar seus próprios sentimentos. - Harry dá a opinião. - Não é a arte que você está examinando. É você mesmo. Desafiando seus próprios valores, sua própria historia, através das lentes dela. Você aprende sobre você mesmo.
- Tenho certeza que isso é útil para alguns, mas eu não preciso de algo para me levar a auto refletir.
Garçons trazem bandejas de queijo e taças de vinho, e Harry e Louis se servem enquanto exploram as outras obras.
- Eu entendo, é claro, que a arte mira em ser a busca para a verdade... mas não é. - Louis continua o raciocínio. - A verdade é objetiva. Existem fatos. A causa e o efeito. Arte é subjetiva. Está nos olhos de quem vê.
- Mas você ama opera. - Harry argumenta.
- É claro. Eu sou humano, afinal. - Louis rir. - Eu admiro a habilidade, o oficio. Eu até admiro a beleza. Mas para mim, isso é tudo o que é. Não é... a "verdade" do jeito que os outros fazem parecer ser. Eu não invejo ninguém em sua busca. Mas acho que prefiro ficar com meus livros didáticos.
- Louis, tudo é subjetivo quando se pensa nisso.
- Se você pretende atacar a fundação da minha visão do mundo, eu espero que você tenha uma munição forte. - ele suspende uma sobrancelha em desafio, sorrindo.
- Estou falando sério. - Harry sorrir ainda assim. - Pensa nisso. Por exemplo, o que você faz?
- Ok, vou entrar no seu jogo. Eu sou um médico. Eu diagnostico doenças e trato elas.
- Por quê?
- Porque do contrario, as pessoas vão continuar doentes.
- E por que isso importa?
- Porque é a coisa certa a fazer.
- E isso não é subjetivo, Louis? - Harry desfaz o sorriso, inclinando a cabeça levemente. - Você faz julgamentos morais e éticos o tempo todo.
- Eu irei concordar que nós realmente aplicamos quadros subjetivos num mundo de fatos. - ele concede. - É só que a arte, essa procura por significado no mundano, é infrutífero. Muitos dos nossos pacientes, incluindo Evelyn, tentam achar significado ou poesia no dilema deles. Alguma força educacional maior... mas não tem nada atrás disso além da causa mecânica. - Louis dá de ombros, um pouco desanimado.
- Ás vezes, Louis, não importa o que você solucione, você não pode ter todas as respostas que alguém precisa...
- Eu não culpo essas pessoas. - Louis esclarece. - Quando alguém tem tanta coincidência, como a condição da Evelyn, parece... pessoal. É tão punitivo, você pensa que tem que haver uma mensagem disso.
- Punitivo?
- Querer fazer algo mais do que tudo... e saber que é a única coisa que você nunca pode fazer de novo.
Os olhos azuis encontram os verdes por um longo momento. O significado escondido neles.
- Louis... Eu... - Harry começa a falar, mas deixa no ar quando se distrai repentinamente com uma pintura atrás do Louis.
Louis se vira para seguir a visão dele. Uma paisagem de um farol numa costa rochosa.
- O que foi?
- Eu já vi isso alguma vez antes... e algo está faltando. - Harry sente essa impressão. - É isso! - ele lembra. - Tinha pedaços de um navio antigo naufragado nas pedras desse canto! Eu vi no nosso caminho para o club country ano passado. Eu lembro de pensar: ou esse farol é ruim no que faz, ou é o motivo de terem construído ele.
- Hm... um detalhe faltando. Será se é uma escolha de estilo?
Harry pega o celular e pesquisa fotos das outras paisagens mencionadas nos nomes das pinturas.
- E aqui, na da fazenda... não deveria ter um estabulo pequeno ali? - ele aponta.
- No mesmo canto que está faltando o do navio.
Eles comparam mais e mais fotos das paisagens, juntando um padrão de detalhes faltando em cada uma, as organizando cronologicamente.
- E as áreas que estão faltando os detalhes ficaram mais largas com o último ano. - Louis repara.
- É um escotoma. - Harry diz o que os dois concluem. - Um ponto cego.
- Nós estivemos fazendo exames para causas de perda de visão repentina, mas não foi nada repentino.
- Foi gradual, e ela não percebeu. A mente dela estava preenchendo os vazios.
- Mas o que poderia—
Louis se agita, e então se dá conta.
- Arg, ela nos falou. As câimbras na perna. De ficar em pé o dia todo. O que as pessoas frequentemente tomavam para câimbra noturna nas pernas, algo que pode facilmente alcançar níveis tóxicos? - ele leva Harry para a resposta.
- Quinina! Toxidade da quinina pode ter causado escotoma, levando a total perda da visão.
- Parou de ser recomendado por esse proposito dez anos atrás... Mas velhos hábitos nunca morrem. - Louis suspira pesadamente. - Vamos voltar para o hospital para confirmar.
- Louis, espera... - Harry o impede. - Se estivermos certos, isso não é reversível.
- Sim. - Louis reflete a tristeza nos olhos de Harry. - Eu temo que Evelyn não vai recuperar a visão dela, mas, Harry—
- Eu sei, eu sei. "Controlar o que podemos controlar".
Louis dá um olhar significativo para Harry e se encaminha para a porta. Harry olha para as pinturas de Evelyn uma última vez e então, segue Louis para a noite do lado de fora.
...
No dia seguinte, no final do expediente, Harry pausa na frente do quarto de Evelyn, onde ela está conectada na maquina de hemoperfusão para o tratamento. Ela está encarando o pôr do sol pela janela como se conseguisse o enxergar. Harry entra.
- Oi, Evelyn. É—
- Dr. Styles. - ela diz por ele. - Estou ficando melhor em escutar. Eu estava esperando ver você de novo. - Evelyn sorrir. - Er, mal escolha de palavra, talvez.
Harry senta do lado da cama dela.
- Como você está se sentindo?
- Esse tempo todo, eu achei que se recuperasse minha visão, eu seria abençoada com uma perspectiva nova. Parece que ganhei isso de qualquer forma. - ela diz, sem ressentimento. - Minha filha vai me levar para casa depois do tratamento. Ela vai ficar por umas semanas até descobrirmos como faremos tudo, eu acho.
- Eu só queria dizer que eu fui para sua exibição.
- Você foi? Posso perguntar como foi? - ela fica curiosa. - Por alguma razão, estou mais nervosa com como ela foi recebida do que minha própria situação.
- Todo mundo... amou como você via o mundo. - Harry conta suavemente.
Evelyn sorrir, lágrimas de alegria se acumulando nos olhos brilhantes.
- Obrigada, Dr. Styles. Na verdade, tem outro motivo de eu esperar que você viesse. - ela tenta apontar com a cabeça para uma cadeira do outro lado do quarto, onde algo retangular está coberto. - Eu tenho um presente. Deve estar por ali. Eu te disse que te devia uma pintura quando eu ficasse melhor. E essa máquina leva muito tempo, então pedi para minha filha trazer meus equipamentos.
- Você fez um retrato de mim? Mas como—
- Minha filha é muito paciente. Ela me mostrava as cores na minha paleta. Eu sei que nunca te vi... mas é como você parece para mim. Como seu espirito parece para mim.
Harry remove a coberta e vê uma pequena tela de pintura florescendo com cores radiantes. Vermelho, amarelo, rosa, laranja, um pouco de azul e verde. O médico se emociona.
- O que posso dizer? Sou teimosa. Pessoas teimosas dão um jeito, mesmo se forem cegas como um morcego.
- Bem, é como você disse... - Harry sorrir agradecidamente. - Existe mais de uma maneira de enxergar.
...
Harry está carregando o retrato para casa no metrô quando recebe uma mensagem da Katie pedindo uma reunião de membros da casa. Quando ele está de volta, todos já estão reunidos, sentados num circulo.
- Tá tudo bem? - Harry pergunta.
- Olha, se isso for sobre o cheque, é só porque meu pagamento estava atrasado. Eu já paguei o aluguel. - Clare se defende logo.
- Não é isso. - Katie diz.
- Vai ser uma designação de tarefas na casa, não é? - Ed joga a cabeça para trás num suspiro sôfrego. - Eu estava temendo esse dia.
- Não é isso, Ed. - Katie cruza os braços. - Mas é um bom lembrete. Deveríamos fazer isso. - ela tenta não esboçar reação, mas mal consegue conter o sorriso. - Eu fui oferecida a chance de transferir minha residência para o Mass Kenmore... E eu aceitei.
- Aiiiiimeudeus. - Sarah fica boquiaberta.
- Isso é uma pegadinha? - Ed confere.
- Katie, você ligou para aquele cara! - Harry exclama.
- Ooh, que cara? - Sarah se interessa.
Katie cora enquanto Harry põe os amigos em dia do diagnostico heroico dela com o homem na fila.
- Uou, Katie, isso soa muito foda! - Ed a exalta.
- Então, quem era esse cara exatamente? - Clare quer saber do cara que Katie ligou.
- Avan Jogia. Ele é um atendente no Mass Kenmore. Ele providenciou uma reunião com o chefe de medicina deles ontem, e eles me ofereceram a posição essa manhã. - Katie termina de contar.
- Você já contou para sua tia? - Harry pergunta.
- Ainda não... - Katie fez uma careta. - Mas ela só vai ter que lidar com isso. Minha mente está feita. E não planejo me mudar da casa, se estiverem se perguntando.
- Quer dizer, faça o que você quiser. Mas não entendo porquê você gostaria de ir para lá. - Clare franziu o cenho. - Mass Kenmore é ótimo, mas não é Edenbrook.
- É exatamente por isso que quero ir. - Katie aponta. - No Edenbrook, eu sempre serei a sobrinha de Anna Shaffer. Mas Dr. Jogia nem sabia quem eu era quando me deu aquele cartão. Eu quero um lugar onde eu possa me construir sozinha. Está na hora de eu traçar um novo caminho...
...
Mais tarde naquela noite, Harry estava mexendo no celular enquanto adormecia. A mente voltando para a conversa no Rendezvous's com a Sarah. Ele procura o perfil da Zendaya. Ela posta várias horas por dia, com seis lives disponíveis nas últimas 24hrs.
Essa garota realmente publica sobre tudo, Harry pensa. Ele desliza pelos postes recentes dela. Ela fez sete no total sobre a perda de peso repentina. Harry checa os comentários e se encolhe com todos os conselhos não qualificados.
Ei minha tia teve isso bem antes de morrer. é definitivamente câncer foi mal
MDS vc é tãão sortuda. Queria perder peso do nada assim
Não é à toa que a pobre garota estava pirando. Ela não tem lugar nenhum para recorrer ajuda, igual a todos os outros pacientes da equipe de diagnostico. Os olhos de Harry se demoram no símbolo para mandar mensagem.
Controlar o que se pode controlar. Eles ainda tem opções sobrando. E Katie está certa... está na hora de traçar um novo caminho. Harry aperta o botão e começa a digitar.
~o~
No próximo episodio: a equipe de diagnostico pode estar na tabela de corte. Harry vai conseguir mudar as coisas a tempo para a salvar? Ele traz uma paciente controversa para ser tratada. Louis irá concordar em receber o caso?
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro