9.0 - Do You Wanna Dance with me?
💥 Atenção: Quando ver o "**" no texto, se preferir, volte na música da mídia para uma melhor experiência! 💥
Não era um encontro.
Ao menos, não um cujo objetivo era se dar bem naquela noite.
Mesmo assim, Bucky Barnes passou o dia tão distraído que acabou vendendo uma lanterna no lugar de um martelo e acabou tomando uma bronca da psicóloga pelo atraso de quase quarenta minutos.
Seria hipócrita se não admitisse que estava nervoso. Bucky sentia que, dependendo daquela noite, ele não teria outra oportunidade de conhecer Belle mais a fundo e de tirar sua imagem de idiota.
Não que ele devesse se importar com o que ela pensava, mas… Tinha um relacionamento legal com Ruby e até gostava de Allie. Por que com Belle ele não podia ter uma amizade interessante também? Só porque ela era bonita? Infantilmente, Bucky chegou à conclusão que se ela tivesse o rosto cheio de perebas e mau hálito seria mais fácil para manter uma amizade.
Mas ela era bonita demais e uma placa em luzes neons ficava piscando em sua cabeça com as palavras "Bisneta do Steve" em letras garrafais. Não que ele estivesse pensando em dar uns beijos ou uns amassos nela. De jeito nenhum. A menina tinha idade para ser sua bisneta. Mas parecia errado e imoral nutrir qualquer tipo de carinho.
Por isso, quando chegou em casa e percebeu o telefone tocando com o nome de Isabelle na tela, ficou na dúvida se atendia a ligação e cancelava o encontro ou fingia que o mundo estava acabando e não poderia atender.
Por fim, ele apenas esticou a mão, aceitou a ligação e forçou um sorriso.
-Oi, Isabella!
-É Isabelle! - Isabelle corrigiu, bufando. - Escuta, eu estou ligando porque daqui há uma hora acaba o meu turno aqui no Museu e… Bem, considerando que a Ruby e a Allie me contaram que você andou bem ocupado esses dias…
Bucky franziu a testa, apoiando os cotovelos na bancada da cozinha.
-O que tem?
-Bem, se você preferir ficar em casa, sabe? Quer dizer… O que eu estou tentando dizer, James…
-Bucky.
-... É que se você não estiver confortável para vir ou até quiser cancelar o nosso encontro, não tem problema!
Os dois fizeram silêncio no telefone, enquanto Bucky olhava a hora em seu relógio de pulso. Ainda estava cedo. Tinha a opção de ir encontrar com Isabelle e conhecer ela ou de ficar olhando para as paredes até dormir de exaustão no meio da madrugada.
Pensando, ele murmurou:
-Você acha melhor cancelar, é isso?
-Não! - Isabelle suspirou. A voz dela estava em um tom levemente nervoso. - Eu queria muito que você viesse, sabe? Não é isso… Só pensei que você podia estar cansado.
-Hmmm… - Ele fechou os olhos e perguntou a primeira coisa que veio em sua cabeça. - Eu te pego no Museu ou vou direto para sua casa?
Isabelle sorriu, Bucky tinha certeza absoluta, pelo tom na voz com a qual ela respondeu, animadamente.
-Não precisa! Você consegue ir daqui há duas horas? Quero tomar um banho antes e arrumar o que o Thor, com certeza, bagunçou! Eu vou te mandar o endereço por mensagem, está bem? Ah, e não se preocupe em trazer nada! Você bebe o que? Cerveja? Vinho?
-Qualquer coisa! - Bucky riu, coçando a nuca. - Não se preocupa com isso, tá? Vou levar algo para a gente beber, sim! Você bebe o que?
-Hm… Bem… - Isabelle xingou quando um barulho pôde ser ouvido. - Oh, merda! Calma! Ah… Eu me embolei no fio do computador… Desculpa! Bem, eu gosto de vinho, mas é sério! Não precisa…!
-Tinto?
-Aham. Suave.
-Bom gosto! - Bucky riu. - Eu tenho um aqui em casa… Acho que você vai gostar! Até daqui a pouco, Isabella!
-É Isabelle!
Bucky encerrou a ligação, soltando o telefone. Então, entrou em pânico e ligou para Natasha, mas, de novo, o celular dela estava na caixa postal desde que ela viajou. Tentando manter a calma, Bucky discou outro número conhecido e passou os próximos quinze minutos ouvindo tanto os socos de Sam contra um saco de pancadas, quanto os conselhos sobre manter a calma e encarar aquilo apenas como um encontro entre amigos.
Duas horas depois, Bucky Barnes chegou ao prédio com paredes brancas e de vidro, segurando uma sacola com um vinho tinto e alguns bombons, se sentindo ridículo. Ele tentou manter a calma e ajeitar os cabelos que estavam rebeldes na parte de trás por não terem secado direito depois do banho e, conferindo se não estava com nenhum tipo de odor estranho, como bafo ou Cece, ele tocou o interfone.
Um senhorzinho o atendeu com um sorriso extremamente simpático, assim que foi abrir o portão para ele.
-Ah, Senhor Barnes! Que prazer, finalmente, conhecer o Senhor!
Bucky franziu a testa, confuso, cruzando o portão e encarando o senhorzinho.
-O Senhor me conhece?
-Como não? - O Senhor esticou a mão, apertando a de Bucky com força e entusiamo, sorrindo. - O Senhor é uma lenda! Além de ser o melhor amigo do Capitão América, ainda é um Herói e…
Bucky chegou mais perto quando o Senhor abaixou o tom de voz, pondo uma mão na frente da boca, sorrindo e piscando.
-A Senhorita Rogers me contou tudo sobre você! Aliás, pode subir! Ela está o aguardando!
Bucky sentiu o rosto ficar vermelho ao ser empurrado pelo senhorzinho na direção da portaria do prédio. O homem continuou falando:
-Ela me avisou que você vinha e pediu para eu não envergonhá-la, mas… Eu tenho que dizer que você é o ídolo dela e confesso que eu também gosto muito da sua história!
-Muito obrigada! - Bucky tentou dar um sorriso, mesmo que estivesse sem graça. - Desculpa, qual seu nome?
-Pode me chamar de Stan, querido!
Stan empurrou Bucky para dentro de um cubículo quadrado e espelhado, apertando o botão de número nove. Ele sorriu.
-Juízo vocês dois! Ela tem o coração de ouro, viu? Boa noite! E usem proteção!
Bucky ergueu as sobrancelhas, incapaz de falar qualquer coisa quando aquele senhor fechou a porta do elevador. Ele sentiu o pescoço esquentar violentamente e se concentrou em ajustar a aparência na frente do espelho do elevador.
Os cabelos continuavam com frizz e rebeldes, com fios apontando para cima e o hematoma do nariz fazia com que ele tivesse algumas bolsas arroxeadas debaixo dos dois olhos.
Ao menos, Bucky escolheu uma roupa simples e confortável, mas que o fazia ficar relativamente atraente, já que a blusa era apertada e ressaltou os músculos de seu peito e seu braço. Ele guardou a luva no bolso da calça, já que não havia necessidade de ficar de luva e casacos dentro do apartamento.
A porta do elevador abriu com um sininho. Ele saiu do cubículo e andou pelo corredor. O apartamento de Isabelle era o último, número 905.
-É só um encontro entre amigos, Bucky… - Bucky sussurrou para si mesmo. - Ela não vai interpretar errado. É só uma reuniãozinha… Só isso!
Ele apertou a campainha, o que fez um cachorro latir do outro lado da porta. O latido era fino e agudo, bem diferente do que ele imaginava que um cachorro chamado Thor teria.
Então, Bucky ouviu a voz de Belle falando com o cachorro e Thor parou de latir. A porta abriu, fazendo os dois se encararem.
Isabelle vestia um vestido leve, mas colado no corpo, descalça. A maquiagem era leve, mas o cabelo estava preso em um coque desfiado e levemente solto. Ela o encarou, arregalando os olhos.
-Meu Deus! Você está péssimo!
-Oi. Boa noite para você também! É claro que eu quero entrar, não precisa nem perguntar!
Isabelle sorriu e cedeu passagem para Bucky, que ultrapassou o portal e encarou o cachorro, sentado no sofá.
-Esse é o Thor?
-Aham. - Isabelle fechou a porta atrás dele com um sorriso. - Ele é uma gracinha, né?
Thor era um poodle toy caramelo que não devia pesar mais que três quilos. Os pelinhos enrolados estavam levemente sujos com o que parecia algum tipo de pó branco e só quando Isabelle esticou a mão para pegar a sacola com o Vinho, Bucky percebeu que o cabelo dela também estava sujo.
-Hm… Eu achei melhor trazer uma coisa para você. - Bucky avisou, sentindo o pescoço esquentar. - Quer dizer… Tem uns bombons…
Isabelle olhou para dentro da sacola, sorrindo ao erguer a cabeça.
-Cereja?
-São meus favoritos. - Bucky se justificou, dando de ombros.
-Ótimo! São os meus também! Aliás, eu tenho que botar um bolo no forno. Não vai levar mais que cinco minutos. Eu já volto! - Ela avisou, indo para a direção de um pequeno corredor, à esquerda.
Bucky observou ela até Isabelle sumir. E então, olhou para a sala, a analisando. Era apinhada de coisas, mas de alguma forma, era uma bagunça organizada. Havia uma estante cheia de prateleiras com medalhas, diplomas e livros na parede ao lado da janela ampla. A televisão ficava pendurada em cima da lareira eletrônica, em frente ao sofá, separados por uma mesinha de centro de madeira e de vidro. Apesar disso, o apartamento era amplo e tinha espaço de sobra para transitar.
Bucky se sentou no sofá, tirando o casaco e apoiando no braço do mesmo, dobrado. A janela estava aberta, permitindo que o vento gelado do nono andar balançasse as cortinas cinzas. A vista da janela era deslumbrante e Bucky pode perceber uma pequena sacada, onde uma outra mesinha e duas cadeiras estavam dispostas de forma a ficarem viradas para o horizonte.
Thor se aproximou de Bucky, hesitante, o cheirando. Achando melhor estender o braço que não sentiria dor caso o canino atacasse, Bucky esperou o cachorro o cheirar. Então, o rabo dele (que não era cortado) começou a abanar e Thor iniciou uma verdadeira festa para ele.
Rindo sozinho, Bucky pegou o cachorro no colo com a menor dificuldade e deixou que ele lambesse seus braços, enquanto acariciava o pelo macio do bicho. Sentindo que estava sendo observado, Bucky ergueu o olhar e encarou Isabelle, parada no corredor. Ela o observava com um sorrisinho.
-Gosta de cachorros?
-Prefiro gatos. Mas não tenho nada contra cachorros. É só que…
Bucky não completou a frase. Um espirro saiu por entre seus lábios, enquanto ele colocava o cachorro no chão. Isabelle ergueu as sobrancelhas.
-Ah, minha nossa! Você tem alergia?
-Que? Não! - Bucky riu, coçando a nuca, constrangido. - Eu tenho rinite. É o cheiro de livros. Enfim… Eu ia dizer que eu não tenho tanta paciência para cuidar de um cachorro!
-Ah… - Isabelle riu, caminhando até a mesinha de centro. - Que bom que não tem alergia. - Bucky espirrou mais uma vez, o que fez ela sorrir, sem graça. - Com certeza, é esse livro aqui. Eu vou tirar ele de perto de você!
Bucky concordou, espirrando uma terceira e uma quarta vez, quando Isabelle tirou um livro enorme e velho de cima da mesinha. Ao fechá-lo, o livro chegou a erguer poeira, o que fez Bucky espirrar uma quinta vez.
Ele achou melhor ir pegar um ar na varanda, enquanto Belle não voltava. Xingando o soro de supersoldado que não adiantou em nada para acabar com a rinite alérgica dele, Bucky se surpreendeu ao perceber uma imitação de rádio antiga no canto da varanda.
-De novo, me desculpe pelo livro! - Isabelle voltou a sala, fazendo Bucky voltar também. - Ah… Prefere sentar na varanda?
-Tanto faz! - Bucky deu de ombros, passando a mão pelos cabelos. - Onde for melhor para você.
Isabelle assentiu, passando por ele, deixando o rastro do cheiro de seu perfume de lavanda pelo caminho. Bucky sentou em uma das cadeiras, de frente para Isabelle, separados por uma mesinha.
-Eu pedi pizza e tem um bolo de cenoura no forno. Também coloquei o vinho na geladeira, tá?
-Tudo bem. - Bucky se deu conta de que o silêncio constrangedor estava próximo de se instaurar, então, achou melhor cortar antes mesmo de acontecer.
Olhando ao redor, Bucky analisou o ambiente, fazendo uma varredura com os olhos para dentro do apartamento.
-Hm… Então, eu vi uns diplomas… Você é formada em que?
-Museologia. - Isabelle sorriu de lado, pegando Thor no colo. - É aquele maior alí. Fiz três anos de intercâmbio no Egito e um na África, intercalando com seis meses aqui, uma vez por ano. Na verdade, mais especificamente, Cairo e Wakanda.
-Wakanda?! - Bucky se surpreendeu. - Você foi para Wakanda?
-A Princesa Shuri achou melhor abrir Wakanda para um determinado tipo de população. - Isabelle esticou os pés e pôs em cima da mesa. - Eu era uma dessas pessoas. Eu voltei para casa meses antes do estalo. Você sumiu, não foi?
Bucky concordou, esticando o corpo na cadeira e deixando a coluna relaxar.
-Cinco anos. Quando voltei, o mundo estava uma bagunça! - Bucky explicou. - Eu ainda não entendi muita coisa e nem concordo com a maioria das decisões tomadas na ausência das pessoas, mas entendo que para vocês, deve ter sido muito difícil.
Belle concordou, com um leve sorriso, enquanto acariciava o pelo enroladinho do cachorro.
-Foram anos! Perdi quase todo mundo…Ao menos, as pessoas importantes. Só ficou meu biso. Enfim…
Bucky percebeu que Isabelle não queria tocar no assunto Steve Rogers. Ele não fazia ideia do motivo, mas talvez, fosse para não ficar triste. Se fosse o caso, Bucky concordava: Aquele seria um péssimo assunto naquele momento.
-E você. O que fazia antes de entrar para o exército, Barnes?
-Eu trabalhava na loja da minha mãe. - Bucky explicou. - Sou o mais velho de cinco irmãos. Quer dizer, eu era. Só a minha irmã caçula ainda está viva. - Bucky explicou, com um suspiro. - Eu mal a conheci. Ela tinha só dez anos quando eu fui para a Guerra. Antes, eu não era muito apegado a ela porque tínhamos uma diferença de 18 anos e ela não era filha do meu pai. De qualquer forma, eu trabalhava na lojinha de doces da minha mãe desde que o meu pai morreu. Digamos que eu não levava muito jeito para os estudos.
-Te entendo. - Isabelle rolou os olhos, dando de ombros. - Museologia foi a vergonha da vida da minha mãe. Ela queria que eu fizesse advocacia como a Ruby fez, ou medicina. Até engenharia. Mas meu avô e meu biso insistiram que eu tinha que fazer o que eu gostava.
-Concordo. - Bucky assentiu, com um leve sorriso. - Mas como descobriu que gostava de Museologia?
Isabelle deu de ombros, explicando que suas melhores notas eram em história e biologia, explicando a seguir o que uma coisa tinha a ver com a outra quando Bucky perguntou.
A campainha soou alta, os interrompendo. Isabelle levantou da cadeira, indo buscar as duas caixas de pizza, com Bucky atrás de si, insistindo que ia ajudar ela a carregar. Foi quando o entregador deu as pizzas para Isabelle que ele e Bucky se reconheceram.
-Ah… Oi, Senhor! - O rapaz chamado Peter Parker acenou, vermelho. - Hm… Você mora aqui? Prédio legal…
-Não moro. - Bucky corrigiu, segurando as duas caixas. - Na verdade, moro perto de você.
-Ah…
-Se conhecem, Peter? - Isabelle perguntou, alternando o olhar entre os dois e entregando o dinheiro na mão do menino. - Pode ficar com o troco!
-Ah… Valeu. Na verdade, sim. - Peter deu de ombros. - Eu segurei um soco dele.
Bucky ergueu as sombrancelhas, surpreso dele falar aquilo. Isso fez Isabelle rir, enquanto se despedia dele. Foi a vez de Bucky estreitar os olhos para ela.
-Vocês se conhecem?
-Ele me salvou de um assalto uma vez. - Ela explicou, dando de ombros e pedindo para Bucky a seguir. - Ele não sabe de quem eu sou parente e deve estar pensando "O que raios aquele cara está fazendo no apartamento dela?".
Bucky concordou, entrando na cozinha. Também era ampla e muito bonita, mais organizada que a sala. Isabelle pegou os pratos, talheres e duas taças de vinho, o encarando.
-Quer beber logo ou deixar para mais tarde?
-Tanto faz…
-Hm… Vamos deixar para mais tarde.
Bucky concordou. Eles sentaram de frente um para o outro em uma mesa redonda, com Thor no chão, ao lado deles. Enquanto se serviam de pizza e refrigerante de blueberry, Isabelle o encarou.
-Hey, você quer assistir um filme quando a gente terminar aqui?
-Qual filme?
-Qual tipo de filme você gosta? Eu curto ficção científica, terror, romance… Sou bem eclética, na verdade, mas meu favorito é Star Trek!
-Que bom! Porquê eu amo esse filme! - Bucky sorriu, concordando. - Na verdade, eu gosto mais desse do que de Star Wars, embora eu também goste muito!
-Os dois são mitos! - Isabelle pontuou, lutando com uma azeitona que não queria ir para o garfo. - Mas confesso que também gosto mais de Stark Trek! O que mais você curte?!
Vendo que, talvez, ela ficasse ali pela noite toda batendo com o garfo no prato até a azeitona encaixar, Bucky controlou a vontade de rir, debruçando por cima da mesa e pegando ele próprio aquela azeitona. Isabelle fuzilou o alimento com o olhar, ficando vermelha, mas aceitando o garfo que Bucky esticou para ela, puxando a azeitona com os dentes.
-Eu estava dando uma olhada por aí, sabe? A cultura pop de hoje em dia é bastante maneira. Eu vi uns filmes e até li uns livros na internet… Game of Thrones, Harry Potter, Jogos Vorazes…
-Crepúsculo? - Isabelle ergueu uma sobrancelha, desafiadora.
Bucky riu, concordando.
-Eu gostei bastante, mas a Bella é meio tonta!
-A Bella é totalmente tonta! - Isabelle riu, pegando a casquinha da pizza que Bucky deixou no canto do prato. - O único motivo de eu ter lido e visto crepúsculo é o Edward! E o Jacob, embora ele seja meio chatinho… Você disse que viu Harry Potter? Qual sua casa?
-Eu li. - Bucky concordou. - Me considero da Sonserina. É fácil achar as coisas na internet agora, né? Também curto Senhor do Anéis. Eu tinha esquecido desse!
Isabelle sorriu amplamente, apontando o garfo para ele.
-Então, você é Geek?
-Geek?
-Isso. Um fã de sagas, livros, séries… Enfim, da cultura pop, no geral.
Bucky franziu a testa, dando um sorriso culpado.
-Na minha época, isso era ser nerd. Ou estranho, se o cara fosse bonito! E eu era…
Isabelle riu.
-Para ser Nerd você precisa curtir assuntos que ninguém curte tanto assim, sabe? E gostar de estudar coisas estranhas, sei lá… Como o espaço, por exemplo, ou física quântica!
-Ops…
Isabelle sorriu, impressionada.
-Jura que gosta disso?
-Eu sou meio obcecado por tecnologia, e aí, essas coisas acabam surgindo e eu penso " Por quê não? Vai que é importante, um dia?".
-Uau! - Isabelle manteve o sorriso no rosto. - Bucky Barnes é um nerd… Eu nunca imaginaria isso!
-Por que eu era mulherengo e bonitão?
-Touché!
Os dois ficaram um pequeno tempo em silêncio, saboreando a pizza. De vez em quando, pedacinhos de pizza iam parar debaixo da mesa, direto na boca do cachorro, dados por Bucky.
Eles comeram uma pizza inteira quando o bolo, finalmente, ficou pronto. Nesse ponto, Isabelle estava contando sobre a vez que foi assistir um grande lançamento mundial e acabou saindo tão emocionada do filme, que derrubou o copo de refrigerante em cima de um homem.
-Meu Deus! - Bucky passou a mão pelos cabelos compridos, rindo. - Como você fez isso?!
-O copo estava cheio. Ele caiu no chão em pé e explodiu para cima! Não foi minha culpa!
-Ah, é claro que não! - Bucky continuou rindo, vendo Isabelle desenformar o bolo.
O cheiro de cenoura e de chocolate fez Bucky salivar. Para sua sorte, ela nem mesmo perguntou se ele queria um pedaço, depois de jogar a calda e os confeitos por cima. Isabelle simplesmente pegou um pedaço grande e entregou na mão dele.
-De um a Dez, o quanto é seguro comer um bolo feito por você? - Bucky estreitou os olhos, implicando com ela.
-Deixa de ser ridículo e come! - Ela empurrou o prato na direção dele, revirando os olhos.
Bucky continuou com os olhos semicerrados na direção dos olhos verdes dela. Com o garfo, Bucky pôs um pedaço na boca e mastigou, sob o olhar atento de Isabelle. A cenoura derreteu em sua boca enquanto o chocolate grudou nos dentes, fazendo ele reprimir um longo suspiro.
Era o melhor bolo de cenoura que tinha comido em cem anos.
-E aí? O que achou?
-Eu acho… Quer dizer… - Bucky controlou a vontade de rir. - Eu não senti gosto de veneno! Caramba… Você esqueceu de botar?!
Isabelle soltou uma risada, se esticando por cima da mesa e dando um tapa no ombro de Bucky.
-Você é engraçadinho, né? Palhaço. ..
-É um dom. - Bucky riu, enfiando mais um pedaço de bolo na boca e falando, de boca cheia. - Isso está incrível! Eu juro! Nunca comi um bolo tão bom!
Isabelle assentiu, ficando vermelha.
-Eu gosto de doces. É por isso que estou 18 quilos acima do peso!
Bucky franziu a testa, analisando ela. Isabelle não era magrinha e alta como a irmã. Mas também, não era gorda. Na verdade, dando uma pequena olhada pelo corpo dela quando Isabelle se levantou e foi pegar mais bolo, Bucky lambeu os lábios, pensando que ela tinha tudo no lugar.
A placa neon apitou em sua cabeça e Bucky se concentrou em raspar o chocolate do prato, apenas, para não olhar para ela. A ajudando a recolher a louça, Bucky percebeu que ela era bastante baixa em comparação a ele e, por algum motivo, ele achou fofo o fato dela ter que erguer a cabeça para falar com ele.
-Hm? Que?
-Eu perguntei se você quer ir ver o filme agora! - Isabelle repetiu, enxugando as mãos em um pano.
-Ah, quero! Vamos?
Ela concordou, caminhando pelo corredor. A mão de Isabelle puxou a de Bucky, de vibranium, e eles foram de mãos dadas até o sofá, onde ela o soltou para se jogar lá.
Bucky encarou a mão, franzindo a testa. Ainda não conhecia tudo que aquele braço fazia, claro, mas não havia reparado que sentia calor com ele até Isabelle o segurar. Tocando o próprio braço, ele voltou a não sentir nada, então, associou ao "braço" fantasma, que às vezes, ainda coçava e ficava dormente, mesmo sendo impossível, já que não havia um braço de verdade no local.
-Hey, o que houve?
Bucky percebeu que estava enfiando um dedo por todo o braço e na mão, na tentativa de sentir algo, então, deu de ombros.
-Nada, não.
Isabelle estreitou os olhos, mas não falou nada. Ela apenas pegou um tênis jogado ao lado do sofá e mirou na parede, acertando o interruptor com precisão, o que fez a luz da sala desligar. Bucky soltou uma risada alta.
-Está bem. O que houve agora, Barnes?
-Achei que eu era o único que desligava a luz jogando algo no interruptor!
Isabelle começou a rir, acompanhando ele, enquanto passava os filmes pelo catálogo do serviço de streaming.
-Ah, não! Aprendi esse truque quando fui morar sozinha! Às vezes, fica a marca do sapato na parede, mas normalmente, eu acerto!
Eles ficaram quietos assim que o filme começou. Na verdade, Bucky se distraiu com as cenas e acabou só percebendo que Isabelle levantou do sofá quando ela passou na frente da televisão. Ela seguiu na direção da cozinha e voltou com a segunda caixa de pizza e a garrafa de vinho, já aberta.
Bucky aceitou a taça, vendo Isabelle encher as duas até a metade. Ele esperou que ela sentasse ao seu lado e eles encostaram as bordas da taça, sorrindo um para o outro, de leve.
-Um brinde a…? - Isabelle perguntou, o encarando sob os longos cílios pintados.
Bucky suspirou, tirando o olhar do rosto dela.
-A nossa amizade?
-Somos amigos, Barnes?
-Depende, Rogers. Tem veneno na minha taça?
Isabelle riu, negando. As taças fizeram um barulho agudo quando se encostaram. Eles beberam vinho juntos, se encarando por cima das bordas das taças, com leves sorrisos presos em seus lábios.
Bucky não pôde deixar de pensar, enquanto voltava a prestar atenção no filme, que Isabelle era uma boa companhia. Além de ser engraçada e divertida. Talvez, se não tivesse sido a pressão para que se dessem bem desde o início, isso teria acontecido naturalmente.
É claro que isso não impediria Bucky de implicar com Isabelle apenas para irritá-la. Então, minutos depois, quando ela estava no sofá, com os dois pés erguidos do chão, mexendo no celular, sorrateiramente, Bucky esticou a mão e puxou o elástico que prendia o cabelo de Isabelle.
A massa de cabelos castanhos caiu como uma tempestade por cima do rosto dela, o que fez Isabelle bufar e o encarar, com raiva.
-Ah, mas tinha que ser! Quer parar de soltar o meu cabelo?
-O que eu fiz, Isabella?
-É Belle, Buchanan! Belle!
Bucky revirou os olhos, escondendo o sorriso. Ela suspirou, prendendo os cabelos em um coque de novo e voltando a mexer no celular. Ele esperou.
Esticando um dedo, Bucky passou rapidamente pela tela, fazendo o facebook de Isabelle sair "voando" para baixo. Ela suspirou, pesadamente, o encarando.
-O que você está fazendo?
-Tentando não matar você é uma boa resposta?
Bucky sorriu, dando de ombros. Ele deu um tapinha no coque dela, fazendo todo o cabelo da mulher cair para frente de novo.
-BUCKY BARNES!
O homem caiu na risada, murmurando algo como "É muito fácil te irritar!", o que fez ele levar um tapa dolorido no peito.
-Ai, Boneca! Doeu!
O filme foi esquecido naquele minuto, já que Isabelle virou de frente para Bucky, estreitando os olhos.
-Não faça isso.
-Isso o que?!
-Me chamar de Boneca. - Isabelle reclamou, agitando os braços. - Eu sei muito bem que isso era uma forma de elogio estrutural da sua época, mas estamos no século XXI e eu não vou adoçar com você só porque ressuscitou um apelido do tempo da vovózinha, o qual, você, com toda a certeza, usava com qualquer uma!
Bucky riu, mordendo os lábios. Ele cruzou os braços e deu de ombros, a analisando.
-Como eu devo te chamar, então? Gatinha? Lindinha? Gostosa?
Isabelle engasgou com o ar, tossindo, o que fez Bucky rir, batendo contra as costas dela, até o ar voltar para seus pulmões.
-Acho que é melhor só Belle…
-Okay, Isabella!
Ela revirou os grandes olhos verdes, cruzando os braços e desviando do assunto.
-Então… Assim que eram os encontros antigamente?
Bucky negou, pulando mais para perto de Isabelle. Daquela distância, ele conseguia ver todas as pintinhas leves por baixo da camada de maquiagem, apesar do ambiente escuro, iluminado apenas pela luz da televisão.
-Ah, com certeza, não. Em primeiro lugar, se você fosse "Moça de família"... - Bucky fez uma careta acompanhando as aspas. - Você nunca poderia sair comigo. Mas caso saísse… Não teria marcado um encontro às nove horas da noite. Muito menos, eu iria na sua casa e ficaria sozinho com você. Na verdade, você teria levado uma amiga, de tarde, em um local público e bem às vistas de todos.
Isabelle ergueu as sobrancelhas, rindo, enquanto esticava a mão, parando no ar, e recolhendo em seguida, se dando conta de que quase havia posto o cabelo de Bucky para trás da orelha dele.
-Enfim… E o que a gente teria ido fazer?
-Cinema, sorveteria, biblioteca… - Bucky fez uma careta, sorrindo. - Talvez, algum parque ou pracinha. Então, eu levaria até em casa e, se fosse o caso, eu te chamaria para sair de novo.
-E quando era o caso?
Bucky deixou um sorriso cafajeste escapar involuntariamente. Isabelle chegou a perder o fôlego.
-Quando eu não tinha alcançado o meu objetivo.
-Mas que cafajeste! - Ela riu, empurrando ele. - Mas… E aí? O que teríamos feito em um segundo encontro?
Bucky demorou a responder, a placa piscando em sua mente tão forte, que ele nem mesmo enxergava a mulher na sua frente.
-Eu acho que precisamos de um segundo encontro para eu te contar.
Isabelle riu. Então, percebeu que ele estava falando sério e deixou uma exclamação surpresa escapar entre seus lábios.
-Espera… Está me chamando para sair?
-Eu devia ter trazido flores de novo?
Ela riu, negando. Suas bochechas ficaram vermelhas quando ela ergueu o olhar das unhas, o encarando nos olhos.
-Tem que me prometer que não está dando em cima de mim.
-Eu prometo. Eu não estou dando em cima de você.
Isabelle sorriu, cruzando os braços.
-Ótimo. Essa semana eu estou livre.
-Meu apartamento dessa vez?
-Pode ser! - Ela assentiu.
Finalmente, Isabelle cedeu à vontade e esticou a mão, pondo o cabelo solto de Bucky para trás de sua orelha. Ele fechou os olhos, por segundos. Com um pequeno baque, pelo jeito que a cabeça dele continuou buscando o contato quando ela retirou a mão, Isabelle percebeu que, talvez, ele não recebesse muito carinho.
Um silêncio constrangedor ficou no ar. Buscando não deixar isso acontecer, Isabelle ergueu a mão para ele, após se levantar do sofá, sorrindo. Bucky franziu a testa.
-Que foi?
-Me dá a mão?
Ele continuou confuso, mas cedeu, sentindo Isabelle puxar ele do sofá. Ela caminhou até o rádio, o ligando em uma estação qualquer.**
-Dança comigo?
-Dançar com você?! Por quê?
-Gosto de dançar. - Isabelle sorriu, parando na frente dele. - E vou gostar de dançar com você. Além disso, quando vou ter a oportunidade de dançar com uma peça de museu em perfeito estado de novo?
Bucky estreitou os olhos, balançando os pés e tirando os sapatos. Ele os jogou ao lado do sofá, sentindo o tapete macio em seus pés, enquanto puxava Isabelle pela cintura, segurando a mão dela.
-Engraçadinha, você, né? Palhaça…
A música era calma, com acordes de violão e uma melodia tranquila e apaixonada.
-Eu não menti! - Isabelle sorriu, apoiando a cabeça no peito de Bucky. - Você é o que eu classificaria como uma "Antiguidade em perfeito estado, edição de colecionador".
Bucky riu, movendo os pés ao ritmo da música, com o queixo apoiado no alto da cabeça dela.
-Nem tão em perfeito estado assim…
-Eu classificaria como Defeito de fábrica. Na verdade, um defeito bem interessante até.
Bucky e Isabelle encararam o braço de vibranium ao mesmo tempo, sem parar de dançar, balançando de um lado ao outro, até formar um círculo pela sala.
-O que ele faz?
-Hm… Soca. E sei lá… É forte. É bom para carregar peso. Abrir coisas…
-Já usou ele sexualmente falando?
Bucky parou de dançar e encarou Isabelle, vermelho igual a uma pimenta.
-Que?! Meu Deus, menina…
-Não sou menina. Tenho vinte e sete anos e foi uma pergunta séria! Deixa de ser envergonhado!
Bucky voltou a puxar Isabelle pela cintura, encaixando a mão de vibranium na curva da coluna dela.
-Como Sexualmente?!
-Bem, acredito que você não esteja vivendo em celibato.
Bucky riu, jogando a cabeça para trás e negando. Ela fez um movimento com a cabeça que indicava, claramente, um "Assim, né?". Bucky suspirou.
-Está bem. Já. E foi bem interessante. Mas eu não vou entrar em detalhes.
-Eu não ia perguntar!
-É, sei que não…
-Já usou para fazer massagem? Bater um bolo? Martelar alguma coisa?
-Não, não e sim. Martelei a cara do Sam algumas vezes.
Isabelle soltou uma risada alta e aguda, prendendo o pé debaixo do tapete e quase caindo. Na verdade, Bucky a segurou no último segundo, mas ele também embolou os pés no tapete, movido por ter Thor entre seus pés, e os dois foram ao chão, rindo.
-Me desculpa! - Isabelle riu, deitada no tapete, embaixo de Bucky. - Eu acho que escorreguei.
-Tudo bem. - Bucky rolou para o lado e encarou o teto, se sentindo cansado. - Eu também escorreguei…
Thor pulou em cima da dona, abanando o rabo e latindo, feliz. Bucky não se mexeu. Pelo contrário, enquanto Thor lambia Isabelle em uma demonstração de carinho e ciúmes, Bucky apenas ficou observando o sorriso dela e a interação entre a mulher e o cachorro.
Sorrindo, Bucky percebeu que não importava para ele, que ela fosse bisneta de Steve: Ele gostava, de verdade, da pessoa que Isabelle parecia ser e que demonstrou naquela noite.
Da mesma forma que Isabelle observou Bucky dormindo no chão da sua sala, minutos depois, pensando que ele não era mais só o melhor amigo do seu avô ou um ídolo de guerra pelo qual passou a adolescência "apaixonada ", plantonicamente.
Bucky Barnes era uma pessoa divertida quando não estava se esforçando para ser desagradável. Inteligente, culto e completamente engraçado.
Ela pensou em acordar ele, mas então, seu lado infantil sussurrou, questionando quando teria outra oportunidade de dormir com Bucky. Então, ela apenas pegou uma almofada do sofá e virou para Bucky, o observando, até cair de sono.
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Ooie, Gente! ❤
Nossa, será que tem alguém vivo depois desse capítulo?? E será que vocês gostam mais da Isabelle agora?? KKKKK
Eu amo demais esse capítulo, sério! Ele foi o que mais me empolgou e deu cerca de 5.300 palavras, então... Aja Texto! KKKKK
Bem, eu espero que vocês tenham gostado! Esse capítulo é muito especial para mim e pode ser considerado como comemoração pelos 4k de visualizações! 🥳💫💖 Muuuuito obrigada, Gente! De verdade! Vocês são incríveis!
Segunda eu volto com mais Isabelle e Bucky para vocês! ❤
Ps: Não sei se vocês viram, mas essa semana criei uma segunda conta para postar fanfics do Sebby, Chris (que já está em andamento!
Se quiserem me dar uma forcinha lá, só seguir: umabuckystan
Se já viram, desconsiderem!
Bjs 💋💋
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