23. Sensação de desespero.
Tudo que Bucky queria naquela manhã chuvosa de quarta feira, era um pouco de paz enquanto ele encarava o teto de seu quarto, após ter uma noite inteira de pesadelos tão vividos e reais, que por segundos, ele se perguntou se era melhor ligar para Isabelle e verificar se estava tudo bem.
No entanto, estava sentado há meia hora, ouvindo um sermão enorme de Natasha, sobre a promessa que tinha feito para Steve e do quão irresponsável foi se apaixonar por Isabelle.
Ele mataria Sam Wilson assim que tivesse oportunidade. Na verdade, enquanto Natasha andava de um lado ao outro da sala apertada, Bucky observava Alpine correr atrás de Natasha por causa dos cadarços desamarrados dos tênis dela. Mas sua cabeça estava pensando na melhor forma de matar falcões esgoelados.
-Nat… - Bucky suspirou, cansado, atraindo a atenção para si. - Eu já sei disso tudo e tô me sentindo péssimo por isso. Será que a gente pode acabar com o assunto?!
Natasha pôs as mãos na cintura, encarando o homem seriamente. Alpine, finalmente, alcançou o cadarço, comendo o tênis de Natasha, que nem mesmo percebeu.
-Promete que vai ligar para ela e esclarecer a verdade!
-Mas eu não sei se quero contar a ela que me apaixonei! - Bucky protestou, xingando baixo…- Porra… Eu queria ter um tempo para mim, sabe?! Só para pensar!
-Você tem que, ao menos, avisar que acabou, Bucky. Ela não pode ficar segurando a porta de entrada da vida dela para sempre, sem saber se você foi embora mesmo ou vai voltar.
Ele assentiu, entendendo. Havia sido a mesma coisa que a psicóloga disse: Não podemos obrigar ninguém a ficar nas nossas vidas, mas as pessoas merecem ao menos um aviso de que aquilo que tinham, acabou.
-Eu sei. Eu vou ligar para ela e falar a verdade. Ou parte dela, no caso.
-Faz isso agora, Bucky.
Natasha insistiu, pegando o telefone fixo do suporte. Ela esticou o objeto na direção de Bucky, o encarando, seriamente. O homem hesitou, lambendo os lábios.
Doía muito pensar em não ver mais Isabelle. Mas doeria mais ainda se ficasse vendo enquanto ela se apaixonava por outra pessoa. Afinal, era mesmo só uma paixão idiota: Ia doer, mas ele não morreria por ela.
Com um impulso de coragem e movido pelo pensamento de que era muito mais fácil superar se ele cortasse o mal pela raiz, Bucky discou o número de Isabelle. O celular caiu na caixa postal sem nem tocar.
-Caixa postal… - Ele informou, olhando as teclas do telefone.
-Liga para a casa.
Bucky respirou fundo e assentiu mais uma vez.
-Certo. Casa.
O número da casa de Isabelle chamou inúmeras vezes, até cair a ligação. Natasha deu de ombros.
-Maia tarde você tenta, então.
-É, mais tarde eu tento. - Bucky inspirou ar para os pulmões e soltou devagar . - Obrigado por ter se dado ao trabalho de vir aqui.
Natasha sorriu, sentando ao lado de Bucky. Ela deu um tapinha na coxa dele e sorriu.
-Eu te beijaria agora, mas acho que você está comprometido, certo?
-Ainda não. - Bucky admitiu. - Pedi um tempo para pensar. Eu tô confuso, na verdade.
-Quer me contar?
Ele assentiu. Ajeitando o corpo no sofá, Bucky começou a listar, contando nos dedos.
-Okay, vamos lá; Eu conheço o Bill há só dois meses. Não sei quase nada sobre ele. E ainda tenho sentimentos pela única pessoa que eu não poderia ter. Não acho que seja muito justo com o Bill porque… Ele sabe da Isabelle. Sabe o que temos… Ou tínhamos. E não gosta muito dela por ela ter começado a ficar com a Susan…
Natasha inclinou a cabeça para o lado, curiosa.
-E você? Qual sua opinião sobre ela ter começado a ficar com a Susan?
-Eu acho que ela é livre para fazer as próprias escolhas. - Bucky hesitou, sentindo dor em cada sílaba. - E eu acho que ela merece ser feliz e… E que ela vai ser com a Susan. Enfim, Nat… Nós dois sabemos que nem era para sermos amigos. Não dava certo nunca…
-Até o dia que deu.
Bucky calou a boca, encarando o teto. Ele fechou os olhos, lembrando daquele primeiro beijo, contra a porta da festa de Alex. Dos beijos roubados enquanto eles assistiam filmes. Das vezes que ficaram jogados no chão, apenas conversando.
Por incrível que pareça, embora Bucky tenha descrito o relacionamento deles como "exclusivamente sexual" para a terapeuta, em sua cabeça, passavam inúmeras lembranças, mas nenhuma delas era somente sexual.
Quando Isabelle atendesse o telefone, ele sabia que não perderia apenas uma parceira, ou a mulher pela qual se apaixonou. Perderia alguém que admirava, que gostava, que permitiu que ele fosse a melhor versão de si e a mais verdadeira. Ele perderia a melhor amiga que nem sabia ter.
Quando Natasha saiu do apartamento, Bucky foi até o seu armário e pegou a última blusa que Isabelle usou dele. Queria chorar. Queria ligar para ela e se humilhar, rastejar ao seus pés e implorar para ela não ficar com Susan.
Mas não o fez.
Cheirando a blusa, Bucky ainda podia sentir os resquícios do cheiro de lavanda. Quase podia sentir a pele macia sob seus dedos.
Ele a guardou, de novo, no fundo do armário. E se convenceu que estava fazendo drama demais para alguém tão efêmero e passageiro em sua vida. No segundo seguinte se arrependeu. A amizade deles não era efêmera e rasa. Ele tinha exposto todas as suas camadas e sabia que Isabelle tinha confiado a ele coisas que não confiou para mais ninguém.
Aquele era só um ciclo se encerrando. Nada demais. Era a vida, apenas, exercendo seu papel. Mas isso não queria dizer que a amizade deles era ruim ou que não foi de verdade. Foi tudo verdadeiro, honesto e muito intenso.
Bucky ligou mais algumas vezes para os dois números no decorrer da tarde, mas acabou desistindo quando Bill apareceu em sua porta, segurando uma caixa de pizza. Eles comeram, beberam e, por fim, transaram no banho, antes de irem para a cama, onde ficaram abraçados, conversando por cerca de meia hora, até que Bill tivesse caído no sono.
Se ia tirar Isabelle da sua vida, deveria começar pelo aspecto romântico. Talvez, se desse uma chance ao homem que dormia em sua cama, ele poderia perceber que Isabelle nem foi isso tudo e que ele tinha se apegado a ela por ser parente de Steve, que por coincidência, havia sido seu primeiro amor. Só isso.
Estava tão decidido que acordou cedo apenas para montar um café da manhã especial. Quando Bill saiu do banho e entrou na cozinha, panquecas, frutas, geleias, café e pão o aguardavam na cozinha, enquanto Bucky terminava de preparar ovos mexidos e bacon para ele.
-Uau! Tem alguém inspirado hoje… - Bill se aproximou dele, o beijando suavemente.
-É que hoje é um dia especial!
Bill se sentou na cadeira, pegando algumas panquecas, enquanto franzia a testa para a direção de Bucky.
-É?
-É!
Bucky desligou o fogo e pôs os ovos e o bacon no prato do homem, beijando a testa dele ao passar para a pia. Alpine estava na bancada, encarando Bill fixamente, quase como uma estátua. Ele fez um carinho na cabeça da gata, mas apenas recebeu um silvo, seguido de um rosnado, e um arranhão na pele da mão comum.
-Ai! Alpine!
-O que foi? - Bill perguntou de boca cheia, dando uma olhada no jornal eletrônico.
-Ela me arranhou… Eu, hein! Já volto! Vou só lavar isso…
Bucky caminhou até o banheiro do apartamento, pegando papel higiênico e pressionando no corte, que ardia e sangrava. Quando o sangue finalmente parou, ele lavou a mão com água e sabão e enxugou, enrolando uma gaze ao redor do ferimento provocado por três longas unhas afiadas.
Quando Bucky voltou para a cozinha, ele se serviu de uma xícara de café ao sentar na mesa. Sabia que Bill era curioso, portanto, não falou nada quando sentou. Dito e feito.
-Então, James… Por qual motivo estamos comemorando algo?
-Bem, simplesmente porque hoje é o que em que eu ac…
A campainha interrompeu a fala de Bucky. Ele suspirou e voltou a falar:
-Como eu ia dizendo: Hoje é o dia em que nós…
A campainha soou alta de novo, dessa vez, acompanhada por batidas secas na porta e a voz de Allie, levemente chorosa. O coração de Bucky apertou em seu peito e ele nem mesmo se importou em responder o que quer que Bill havia dito.
Afinal, o medo de algo ter acontecido a Sam ou a Alice foi grande.
-Bucky! Abre a porta! Por favor! Eu sei que você está em casa! Bucky!
-Calma! Vou abrir…
Ele abriu a porta, tendo sido seguido de perto por Bill, que parou na entrada da sala, confuso, ao ver Allie entrar pelo apartamento como um furacão.
-Allie? O que aconteceu? Qual o problema?! O Sam está…?
-Quando foi a última vez que você falou com a Belle?!
Bucky franziu a testa, tentando lembrar.
-Semana passada, eu acho… O que aconteceu?!
-Bucky, por qual motivo você não está falando com a Belle?!
-Isso é importante?
Allie encarou Bill, notando a presença dele no apartamento pela primeira vez. Ela franziu a testa.
-Quem é esse cara?
-O Bill…
-Ah… - Ela revirou os olhos e voltou a encarar Bucky, quase como se estivesse com raiva dele. - Você prometeu, Bucky, que ia tomar conta dela!
-Allie, do que diabos você está falando?!
Allie se deixou cair no sofá, chorando silenciosamente. O silêncio dela só fazia Bucky querer sacudir a mulher pelos ombros, gritar com ela, arrancar o porquê daquele desespero e o que tinha a ver ele ter prometido cuidar dela? Isso não fazia sentido…
A não ser que…
A cabeça de Bucky rodou, formulando mil e uma possibilidades diferentes.
-Allie!
-Ela sumiu, Bucky! Ela desapareceu! - Allie explodiu, erguendo o corpo do sofá, enquanto se descabelava. - Ela não atende o telefone faz três dias inteiros! Ninguém viu ela no trabalho, ninguém viu ela depois que a Belle saiu de casa… O Thor ficou trancado dois dias inteiros no apartamento até o Senhor Lee abrir e ficar com o cachorro…
Bill, percebendo o estado de choque de Bucky, perguntou:
-Ela não pode ter fugido? O Bucky disse que ela tinha uma namoradinha…
-Ela não faria isso sem avisar a pelo menos, a mim ou a irmã! - Allie negou. - De qualquer forma, mesmo que ela fizesse essa maluquice, e ela nunca faria isso, ela não deixaria o Thor para trás! Nunca! Além disso…
Allie esticou o telefone de Isabelle na direção de Bucky. Trêmulo, ele o pegou e desbloqueou, arfando, bem de leve, ao perceber que a foto de bloqueio dela era uma foto deles, em um dia que foram ao Central Park.
Allie mexeu na tela, abrindo o aplicativo de mensagens. Bucky passou os dedos pela tela, olhando as últimas que Isabelle mandou, mas nunca chegaram até ele por ter bloqueado ela.
"Bucky? Tá tudo bem?
Olha… Eu sei que tem dias que são piores para você. Se quiser conversar, tô aqui…
Bucky, você tá chateado porque cancelei nosso compromisso? Eu juro que fico o fim de semana seguinte inteiro com você!
Olha, se você não quer mais nada porque conheceu o Bill (sim, eu já soube dele, desculpa), não precisa ficar com vergonha! Eu vou entender…
Cara… Você me bloqueou mesmo?!
Bucky… Tem alguém me seguindo. Não consigo falar com a Ruby e você não está atendendo minhas ligações! Por favor! Atende! Eu tô com medo e não sei mais para quem ligar. "
Essa era a última. Tinha sido enviada no dia anterior, logo pela tarde. Bucky fechou os olhos. Tinha sido no horário em que ele e Bill estavam aos beijos. Entrando nas ligações, Bucky percebeu que Isabelle fez 40 chamadas em cinco minutos, para cerca de quatro pessoas diferentes: Ele, Ruby, Sam e Sharon.
Quando Bucky devolveu o celular para Allie, ele tinha lágrimas descendo em cascatas sobre sua face. Se não tivesse bloqueado Belle, ou ao menos, tivesse atendido a ligação…
-Por que essa menina não mandou mensagem para outras pessoas? - Bill questionou, erguendo uma sombrancelha.
Ele havia lido a tela por cima do ombro de Bucky.
-Como assim?
-Quer dizer… Ela fez várias ligações para ele, mandou até mensagem… Não sei, não… Será que ela não está querendo chamar sua atenção, amor?
Allie ergueu as duas sombrancelhas na direção de Bucky, surpresa demais para falar alguma coisa. Bucky limpou as lágrimas que escorriam por seus olhos e ignorou a presença de Bill por completo, voltando o olhar para a mulher na sua frente.
-Já falou com a Susan?
-Ela foi uma das primeiras a me ligar para avisar que a Belle não estava em ligar nenhum.
-Eu vou vestir uma roupa! - Bucky declarou, de repente, se dando conta de que não vestia nada mais que uma samba canção velha. - Você entrou no apartamento dela?
-Entrei. Tá tudo igual. Seja o que for que aconteceu, foi na rua. - Allie acompanhou Bucky até o quarto. - Até porquê, o Senhor Lee disse que ela saiu do prédio a pé.
-A pé? - Bucky estranhou. - Não estava no horário de trabalho dela? E como você conseguiu o telefone dela?!
Allie hesitou, encarando Bill. Mas por fim, quando percebeu que ele não ia sair da cola deles tão cedo, bufou e desistiu.
-É isso que está estranho! Ela digitou essa mensagem antes de sair do apartamento! O celular estava jogado no chão… Tive que botar para carregar, até…
Bucky quase caiu no chão ao enfiar a calça com pressa. Talvez, tivesse feito a maior besteira da sua vida inteira e se algo acontecesse a Belle, ele nunca se perdoaria. Por ele e por Steve.
-Tá, temos que começar por algum lugar. - Bucky raciocinou, pondo as blusas. - Vamos para a Shield. Você consegue acessar as câmeras de segurança ao redor do prédio? Precisamos determinar onde, exatamente, ela parou de ser vista.
-Certo! Vou ligar para a Ruby e avisar que estamos indo!
Allie saiu de perto, indo na direção da sala. A gata de Bucky voltou a soltar um silvo agudo na direção de Bill e se escondeu debaixo da cama.
-O que você queria me dizer mais cedo?
Bucky, que estava enfiando algumas facas nos bolsos do uniforme, ergueu uma sombrancelha, confuso. Então, se lembrou de que ia acabar aceitando o pedido de namoro. Mas agora, diante de tudo que estava acontecendo, ele já não tinha mais tanta certeza se teria aceitado por gostar de Bill ou por tentar superar Isabelle.
-Não era nada.
-Bem, eu acho que se você fez um café da manhã daquele nível, era algo!
-Dá um tempo, Bill?! - Bucky perguntou, tentando não soar tão rude. - Eu tô com um problemão, tá legal?!
-Problemão?! - Bill perguntou, chocado. - Você nem estava falando com essa garota! Garanto que daqui a pouco ela aparece!
Bucky fuzilou o homem com os olhos, escolhendo mais duas pistolas para pôr no coldre. Bill continuou falando, sem dar uma pausa.
-Cara… É sério! Você vai ver! Ela vai aparecer em alguns dias quando notar que você não deu atenção a ela! Isso deve ser só birra porque você está comigo…
-Você pode calar a sua boca?! - Bucky reclamou, sem a menor paciência. - Nem tudo se resume a você, caralho! Que inferno! Tem coisas muito mais importantes do que você acontecendo por trás disso tudo, então, se puder calar a boca e cooperar, pode ficar! Se for falar besteira por causa desse seu ego enorme, então cai fora!
Bill parecia chocado demais para responder algo. Bucky também. Mas não se arrependia das palavras. Isabelle não era uma menina mimada que jogaria tudo para o alto porque não tinha a atenção de um "crush". Bucky sentia, no fundo de si, que havia algo errado. Os pesadelos da noite anterior passavam por sua cabeça naquele momento, os gritos de dor, o sangue…
Devia ter ligado. Mas não adiantaria nada. Devia ter atendido o telefone. Isso, sim. Mas estava com raiva de ter sido trocado e queria que ela percebesse isso. Queria que ela sentisse a mesma dor que ele sentiu ao perceber que ela não precisava dele. E agora, ele tinha estragado tudo. Toda a promessa que fez a Steve, toda a chance que ainda tinha com ela… Por causa de ciúmes.
-Eu vou te dar dez segundos, Bucky, para você sentar e conversar comigo ou ir atrás dessa garota, mas… - Bill pontuou, vendo que ele ia abrir a boca para falar algo. - Se você for, não quero te ver nunca mais.
Bucky fechou o último cinto do uniforme e pegou a mochila embaixo da cama. Ele nem mesmo hesitou antes de passar por Bill na direção da sala, e sussurrar um "Quando sair, fecha a porta!". Afinal, se Bill era o tipo de cara que estava tendo uma crise de ciúmes no meio de algo tão tenso quanto um desaparecimento, então, realmente, não servia para ele.
-Allie? - Bucky chamou, chegando no corredor.
-Oi! - Ela ergueu o corpo dos degraus da escada, limpando as lágrimas. - Vamos?
-Vamos!
Eles desceram as escadas do prédio e fizeram sinal para o primeiro táxi que apareceu. Obviamente, o homem ficou levemente receoso de levar alguém com tantas armas ou facas pelo corpo, mas assim que reconheceu o homem em questão, fez um esforço maior para chegar mais rápido ao prédio da Shield. Eles passaram a identificação na portaria e subiram direto para uma sala de reuniões ampla, onde Sam, Natasha, Wanda, Visão e Sharon já estavam em reunião.
-Ah, que bom que chegaram! - Natasha exclamou ao vê-los. - Mandei a Ruby e uma equipe fazerem uma varredura pelo prédio e pelo apartamento. Allie, você tem todo o equipamento de segurança à sua disposição.
-Certo! - Allie exclamou, sentando na mesa de vidro, enquanto ligava o laptop.
-Como eu estava esperando vocês chegarem para contar uma coisa…
Ela andou até o painel eletrônico em 3D, e encarou Bucky, enquanto falava.
-Acho que sei a motivação do sequestro da Isabelle.
-Qual?
-Há uns dois meses atrás, eu tive uma pequena idéia, sabe? Parecia até loucura, considerando que ela era a bisneta, mas… Pedi para a Ruby e a Isabelle fazerem testes de DNA específicos.
Bucky sabia a resposta antes mesmo dela falar. De qualquer forma, ficou quieto. Como ele nunca tinha pensado nessa possibilidade? Mas talvez, não imaginasse que ela ia ter isso… Não sendo bisneta.
-Esse é o exame de sangue do Steve. E esse é o seu. Vê essas células? São diferentes, mas têm o mesmo formato e função…
-Certo…
Natasha apontou de novo. Mais dois exames de sangue.
-Esses são os exames de Ruby e Isabelle que pedi para o Bruce rastrear em sigilo e fazer a comparação. Eu já sei por qual motivo é importante que a gente tomasse conta delas.
-Elas são supersoldados?! - Sharon perguntou, em choque.
Natasha negou.
-Em teoria, elas têm os genes de um supersoldado. Mas não são.
-Mas podem virar? - Wanda perguntou, levemente confusa.
Natasha assentiu, fazendo a tela sumir na sua frente, enquanto apoiava as mãos na mesa e respirava fundo.
-Sim, elas podem. É como se o soro tivesse pulado algumas gerações e se manifestado como os genes recessivos. Entendem?
-Não. - Quase todo mundo exclamou junto.
Mas dessa vez, foi Visão quem começou a explicar. Só que quando Wanda fez uma careta, sem entender uma palavra técnica do que o marido falava, Natasha voltou a atrair a atenção para ela.
-É como se fossem os olhos azuis ou o cabelo ruivo. Podem levar gerações para se manifestar e, algum dia, por algum motivo específico desconhecido, vir a se manifestar novamente.
Silêncio.
-Tá. E por que o Visão não falou logo isso?! - Sam reclamou.
-A questão é… - Natasha gritou por cima da discussão que iria se iniciar entre Sharon, Bucky e Sam. - Eu acredito que quem quer que queira a Isabelle, não quer que ela seja um supersoldado.
-Quer que ela seja uma fonte de estudo. - Bucky completou, sentindo um arrepio percorrer seu corpo.
Natasha assentiu. A vontade de vomitar, enojado, ao lembrar dos pesadelos era tanta, que Bucky precisou engolir em seco e pegar a garrafa de água em cima da mesa.
-Gente… Achei uma coisa!
Todos encararam Allie, que conectou o laptop na imagem do painel. A imagem da Câmera de segurança mostrava Isabelle saindo às quatro e meia da manhã com roupa de corrida e Thor para um passeio. Normal. Às vezes, ela fazia isso.
Cinco e meia, ela voltou, ainda com as mesmas roupas e Thor no colo. Coincidentemente, um homem com casaco preto fechado e capuz entrou logo atrás dela, segurando a porta que fecharia. Ele passou por ela e pelo porteiro, provavelmente desejando um bom dia e sumiu no elevador.
Allie adiantou a gravação. Agora, mostrava Isabelle vestida com um short e uma blusa larga, saindo do prédio, apressada. Dois minutos se passaram até o mesmo homem sair do prédio.
-Ele é morador? - Bucky perguntou, sério.
-Não sei. Mas acho que não. - Allie deu de ombros. - Tô tentando acessar as câmaras de segurança da prefeitura. Talvez, eu precise de meia hora.
Meia hora…
Bucky se mexeu na cadeira, pensando no que mais poderia dar errado em meia hora.
》》☆《《
As câmeras de segurança mostravam apenas Isabelle andando apressada entre as pessoas. Esse homem estava alguns passos atrás dela, a seguindo de perto. O grande problema é que se ele havia sequestrado mesmo Isabelle, então fez isso em uma rua que não tinha câmeras.
De qualquer forma, foi emitido um alerta oara todas as unidades móveis de Polícia e para todos os Agentes da Shield. Mas já tinham se passado 72 horas que Isabelle tinha sido sequestrada e nenhuma notícia nova surgiu nas próximas três horas. O apartamento dela estava imaculadamente limpo de pistas, a não ser pela pressa em sair do apartamento, evidenciada na forma como Isabelle deixou o armário aberto, com roupas caídas e como tinha batido a porta com tanta força, que acabou soltando a maçaneta.
Bucky não aguentava mais ficar na Shield, esperando por notícias que não viriam. Avisando que estaria com o celular ligado, caso precisassem dele, Bucky tomou o metrô na direção do cemitério. Ele sabia que tinha sido seguido, mas não se importou. Talvez, precisasse mesmo de companhia.
Sam só tomou coragem de chegar perto, depois de quinze minutos que Bucky encarava o túmulo de Steve, deixando algumas lágrimas correrem pelo rosto. Sam dizer uma palavra, Sam ficou parado ao lado dele, encarando a lápide.
-Pode ser loucura… - Bucky respirou fundo, sem olhar para Sam. - Mas eu não sinto a presença dele aqui. Sabia?
-Não?
-Não. - Bucky suspirou. - Na verdade, sinto mais a presença dele no Bunker do que aqui. Mas deve ser porque aqui é só um corpo sem vida, sei lá…
Sam assentiu, entendendo. Os dois se encararam.
-Foi minha culpa, Sam.
-Não foi…
-Prometi que ia ficar de olho nela e me afastei por causa de ciúme.
-Bem, eu posso dizer: "Eu te avisei"?
Bucky abaixou a cabeça, encarando os próprios pés. Em seu pulso, uma pulseira preta com três pedrinhas pretas brilhou. Isabelle tinha dado para ele uma das noites que passaram abraçados, assistindo filme. Era para ser a pulseira da amizade deles. Obviamente, ele não a merecia. Tirando do pulso, Bucky a escondeu no bolso, engolindo em seco.
-Ela me ligou.
-Quem?
-A Isabelle. - Bucky contou, lutando contra as lágrimas. - Mas não atendi de propósito. Eu queria que ela visse que… Que eu tinha outras coisas para fazer, além de atender ela…
Sam pôs a mão no ombro de Bucky, apertando de leve.
-Cara… Não foi sua culpa! Você não tinha como saber…
-Mas se eu tivesse atendido ela…
-Para com isso! - Sam reclamou. - Se o Steve tivesse dito logo o que queria que fizéssemos e não tivesse deixado um monte de cartinhas, a gente podia ter tomado conta melhor! Se a Nat tivesse falado do soro… Existe um milhão de "E se?", Bucky. Maa você tem que focar na realidade: Isabelle está em algum lugar e vamos achar ela! Eu tenho certeza!
Bucky assentiu. Ele encarou o túmulo de Steve por longos segundos, em silêncio.
-Eu amo ela.
-Eu sei. - Sam deixou um pequeno sorriso escapar, apesar do momento. - Todo mundo sabe, na verdade! Menos você!
Ele socou Bucky no ombro, de leve. Bucky suspirou, com um leve sorriso, negando.
-Na verdade… Eu sabia. Desde que ficamos pela primeira vez. Eu só não queria admitir porque nos conhecíamos há dois meses e… Sei lá, parece tão errado!
-Não tem nada de errado em amar quem te faz bem. - Sam cantarolou. - Escuta, quando a gente achar a Isabelle você tem obrigação de contar a ela que ama essa garota! Mas não seja frio e fala que ama, só, não! Fala a verdade, como se sente ao lado dela, como foi esse tempo sem a Belle… Mulher gosta de se sentir amada, não só receber um "Te amo", cara!
Bucky hesitou, negando.
-Não…
-Por que não, Oh, Don Juan?!
-Porque ela não…
-Ela tá apaixonada por você.
-Que?!
Sam revirou os olhos, cruzando os braços. Um vento gelado bateu contra os dois homens, fazendo os dois olharem na direção do céu, que começava a ficar cinza.
-Como assim "apaixonada"?
-Conversei com a Allie enquanto você ia trocar de roupa.
Sam admitiu, apoiando o quadril na lápide ao seu lado. Então, se deu conta de que estava apoiado na lápide de alguém e deu um pulo de susto, pulando para o lado, o que fez Bucky controlar a vontade de rir.
-Enfim… Ela disse que a Belle percebeu que estava apaixonada por você umas semanas antes da Susan aparecer. Só que ela sabia que você não estava por ela, por isso, decidiu seguir em frente com a Susan.
Bucky sentiu o corpo gelar, surpreso. Sam revirou os olhos.
-Isso tudo podia ter sido resolvido com uma boa conversa, mas são dois cagões cegos e com problemas de autoestima!
Bucky respirou fundo, sem acreditar no que tinha ouvido. Perdeu tanto tempo com Bill… Sendo que podia estar com Isabelle. Sua vontade era de quebrar a lápide inteira de Steve só por saber que ele quem tinha feito essa bagunça toda.
-Tá… Você tem certeza disso?
Sam revirou os olhos, entediado.
-Tá me chamando de mentiroso?!
-Tô perguntando se você não está aumentando?!
-É claro que não! Tô falando o que a Belle contou para a Allie!
-Certeza?!
-Absoluta, caramba!
-Okay….
-Você não vai entrar em pânico e vomitar agora, vai? Ou desmaiar? Se desmaiar, vou te jogar na lápide do Steve!
-Ah, vai à merda!
-Vou esfregar sabão na sua ling…
O toque do telefone de Sam interrompeu os dois. Ele o pegou, ainda fuzilando Bucky com o olhar.
-Alô? Oi… A gente tá… Hm… Perto do cemitério. Aham… Sério?!
Bucky franziu a testa, sem entender a animação de Sam.
-O que foi?!
-Espera, Bucky… Onde foi?! Que estranho… É…
-Fala, Wilson!
-Caramba, quer esperar?! Não, Nat… Não você! O Bucky… Qual o endereço? Beleza… Estamos indo para lá!
-Estamos indo para onde?
-Tá bom! Tchau!
-Oh, Sam!
-Acharam a Isabelle! - Sam exclamou, sério.- Mas acho que ela está meio mal, Bucky.
Oiie, Meus Amores! 💘
Chegamos para mais um capítulo e ele trouxe muuuuitas emoções e revelações, né? Quem mais imaginava que a Isabelle tinha o soro do SuperSoldado Inativo? 👀
Aliás... FINALMENTE O BUCKY ENTENDEU QUE AMA ELA!
Deixe o seu "Aleluia" para Bucky Barnes 🤣🤣🤡
Aliás, pessoal... Eu não sei se semana que vem vamos ter atualização porque eu ando meio travadinha com as idéias dessa fanfic: São muitas e que estão completamente emboladas. Além disso, minha cabeça essa semana tá uma bagunça, então... Se por ventura, eu não atualizar na semana que vem, me perdoem e podem ter certeza que na outra, teremos! ❤
Aproveitando também para passar aqui e perguntar o que vocês acham de uma fanfic com menos carga emocional e mais ação e comédia, onde o Bucky conhece uma moça por um aplicativo mas não sabe quem ela é, se apaixonando, assim, por ela mesma ao mesmo tempo? 👀 (Se ficou confuso é só perguntar KKKKKKK Eu já to caindo de sono aqui)
Ah, e por último, mas não menos importante: OBRIGADA PELAS 17 MIL VISUALIZAÇÕES! 🥺💘🦋
Amo vocês!
Beijos e até o próximo!
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