12.0 - Um fim de semana divertido.
-O Sam tem uma filha?!
O grito de Isabelle reverberou pela cozinha enquanto Bucky assentia, cortando alguns tomates sobre a bancada da cozinha. Na verdade, ele deu graças a Deus de ser destro e sua mão de vibranium ser do lado esquerdo de seu corpo, ou naquele momento, ele teria amputado os próprios dedos, de susto.
A mulher, que estava em pé ao lado de Bucky, descalça, vestindo apenas um vestido vermelho soltinho e usando um coque, engasgou com o vinho, tossindo levemente.
-Pois é… Meio inesperado.
-Totalmente inesperado! - Isabelle largou a taça de vinho em cima pia e suspirou, ajeitando alguns fios de franja que escaparam do coque. - Quer dizer… Nossa… Parece história de filme da Disney!
-Sabe que foi, exatamente isso, que eu pensei?! - Bucky sorriu, ligando o liquidificador a seguir.
Ela esperou, pacientemente, que o motor do liquidificador parasse de fazer um barulho ensurdecedor enquanto observava o homem. Bucky Barnes era lindo e ficava ainda mais vestido tão informalmente quanto estava: Um rabo de cavalo desajeitado no alto, uma calça azul escura, larga e uma blusa branca.
Sua testa formava uma ruguinha enquanto ele se concentrava em jogar os tomates batidos no molho refogado da panela. Isabella suspirou, desviando o olhar para a janela e observando o beco ao lado do prédio.
-Tem certeza que esse molho está certo, Barnes?
-Eu tô seguindo as instruções do Google. O que pode dar errado?
Isabelle ergueu uma sombrancelha e revirou os olhos, voltando a pegar a taça de vinho e a bebendo. Tudo podia dar errado, mas não queria bancar a chata controladora de comida alheia. Ela encostou o quadril no balcão novamente, bebericando o vinho.
-E como a menina é?
-Uma graça! - Bucky informou, com um pequeno sorriso. - Ela tem cinco anos e se chama Alice.
-E a mãe dela…?
-Morreu há uns dez dias. Câncer.
-Droga… - Isabelle suspirou. - Tadinha. Ela está levando isso numa boa?
Bucky parou de mexer no molho e foi verificar o macarrão, constatando que estava começando a ficar macio. Então, virou de frente para Isabelle e roubou a taça da mão dela, bebendo um longo gole do líquido gelado ao mesmo tempo que dava de ombros.
-O Sam disse que ela chorou nos primeiros dias, mas que já tem dois que não chora antes de dormir. Acho que ela é pequena e não tem muita noção, né? Ai, Isabelle! Por que me bateu?
A mulher puxou a taça da mão dele depois de enfiar um tapa no peito de Bucky, com os lábios franzidos.
-Porque esse vinho era meu, engraçadinho!
Bucky deu de ombros mais uma vez, sorrindo de lado, enquanto encurralava Isabelle contra a bancada da cozinha, encarando a mulher de perto. Bucky podia contar todas sardas leves sobre seu nariz ou seus cílios, se quisesse.
-Na verdade, meu vinho. Mas tudo bem, vou deixar você ficar bêbada com ele!
-Não vou ficar bêbada! E seu molho está queimando, inteligente!
-Que? Ah, Meu Deus!
Bucky deu meia volta em um movimento rápido, se concentrando no molho novamente. Isso permitiu a Isabelle que ela voltasse a respirar, embora estivesse tremendo levemente. Pegando a garrafa, Isabelle a levou aos lábios, torcendo para o álcool pegar em seu sangue.
-Hey, escuta… - Isabelle criou coragem e começou a falar, mas o telefone no bolso de Bucky os interrompeu novamente.
Já era a terceira vez desde que ela pisou no apartamento que um dia pertenceu ao seu avó. Nas três, Bucky franziu os lábios e desligou a ligação de uma forma apressada, sem deixar ela ver a tela. Isabelle estava levemente curiosa.
-Hm… Desculpa. O que você estava falando?
-Ah, então… É que na semana que vem…
O toque do celular soou alto mais uma vez. Só que dessa vez, Bucky havia posto apenas metade do celular no bolso de trás, o que permitiu a Isabelle ler o nome de Sharon na tela. Ela ergueu uma sombrancelha.
-Deve ser importante, Bucky.
-Não é. - Bucky engoliu em seco, se sentindo um verdadeiro idiota.
Tinha ficado tão ocupado ajudando Sam com Alice e tão ansioso para o encontro com Isabelle, que esqueceu totalmente de desmarcar com Sharon. Na verdade, naquele dia nem mesmo tinha pego o celular, tendo em vista que estava ocupado demais tentando dar um jeito no apartamento, de forma que ficasse, no mínimo, apresentável.
-Você devia atender!
-Eu deveria desligar o celular! - Bucky respondeu, bufando. - Quer saber, é isso que vou fazer!
Pegando o aparelho, Bucky digitou uma rápida mensagem informando que teve uma emergência e não poderia atender, mas que depois explicaria. Então, desligou o aparelho e entregou na mão de Isabelle.
-Pode botar lá na sala para mim? Perto do carregador?
Ele aproveitou o momento em que ela assentiu e saiu da cozinha para escorrer o macarrão. Então, quando terminou, ele foi pegar o celular no bolso para olhar o resto da receita e se deu conta de que havia acabado de desligar o aparelho. Bucky respirou bem fundo e devagar, se controlando para não enfiar a cabeça no moedor da pia até moer todinha.
-Isabelle!
-Eu estava me perguntando quando você ia se dar conta que precisa do celular! - Isabelle voltou para a cozinha, rindo.
Afinal, ela não chegou a ir até a sala. Apenas ficou parada no corredor, espiando atrás da porta.
-Engraçadinha! Me dá esse celular…
Isabelle deu o celular na mão de Bucky e se afastou, indo na direção do balcão de novo. Com um pulo de costas, Isabelle sentou em cima da pedra marmore, balançando os pés para frente e para trás, admirando sob os óculos redondos, cada músculo das costas tensas de Bucky.
Às vezes, não conseguia acreditar que, finalmente, tinha conhecido Bucky Barnes. E pior: Que estava construindo uma amizade tão íntima e sólida com ele. Quer dizer, era apenas o segundo encontro oficial, mas Isabelle se sentia mais à vontade com o homem do que com muitos de seus amigos de longa data.
Ela suspirou, alto, atraindo a atenção dele. Bucky revirou os olhos enquanto jogava o molho na travessa de macarrão.
-Pergunta, Isabelle!
-Pela milionésima vez na vida, cacete… É Belle!
-Okay, Isabelle. Pergunta!
Isabelle torceu os lábios e calculou quantos por cento de chance tinha de acertar a frigideira ao seu lado na nuca de Bucky, naquela distância. E quantos por cento de ser inocentada em um tribunal depois de explicar sua situação e o porquê esfaqueou Bucky até a morte.
-Boneca?
-Pelo amor de Deus! - Isabelle esfregou o rosto. - Você é tão irritante!
Bucky sorriu de lado e pôs o macarrão no forno. Então, encarou Isabelle e se aproximou dela, encaixando o corpo entre suas pernas, enquanto ria e erguia o queixo dela.
-E você é muito fácil de irritar!
-Posso perguntar? Se você não quiser responder, tudo bem.
-Claro. Fala.
-Por que não pegou o escudo?
Silêncio. Isabelle estava se perguntando isso desde que seu avô contou que ofereceu, sutilmente, a Bucky e Recebeu um "Talvez, o Sam mereça mais que eu". Não que ela não achasse que ele não merecesse, pelo contrário. Sam fazia um trabalho impecável como Capitão América e Isabelle sabia que não havia ninguém melhor para o posto.
Talvez, exceto o homem na sua frente.
-É… Complicado. Você não vai entender…
-Por que não me explica?
-É que… Bem, em primeiro lugar: Quando se tem tantas guerras, mortes e destruição no currículo, você não consegue se enxergar como um herói, sabe? - Bucky iniciou, sentindo que precisava falar disso para alguém que não fosse sua terapeuta. E confiava o suficiente em Isabelle para isso. - E esse escudo representa esperança e heroísmo, então… Não me imagino com ele. De qualquer forma, o Sam é um ótimo Capitão América.
Isabelle concordou.
-É, ele é. Eu só… Sei lá, fiquei me perguntando…
-Entendi. - Bucky respirou fundo, descansando a mão em cima do joelho nu de Isabelle, sentindo a pele quente em contato com sua mão de vibranium. - E bem… Em segundo lugar, eu… Quer dizer, é muita responsabilidade e eu não sei se quero isso. As pessoas não confiariam em mim.
-Você é um herói, Bucky.
-Não para mim. - Bucky torceu os lábios e engoliu em seco. - Maaaas… Não quero falar mais sobre isso. O que você ia dizer antes daquele telefone interromper?
Isabelle deixou que Bucky a puxasse da bancada, sem o menor esforço, a pousando no chão. Ela o seguiu para a sala, tentando acalmar as batidas do coração agitado. Afinal, não era todos os dias que você podia para seu crush de guerra sair para encontrar seus amigos.
Os dois se jogaram no sofá e viraram de frente um para o outro, enquanto Bucky olhava o relógio para saber se precisava desligar o macarrão.
-Ah… Então, é que esse sábado que vem… Bem, se não quiser ou não puder, tudo bem.
-Não tenho nada para fazer. - Bucky deu de ombros.
-Hmm… Tá. Mas é que… Bem, é que… Acho que você não vai querer…
-Por que você não pergunta e eu respondo se quero ou não?
Isabelle concordou, respirando fundo.
-Minhas melhores amigas do tempo do Ensino Médio marcaram um encontro em um bar aqui perto, sabe? E… De forma resumida, não quero ir sozinha, muito menos, segurar vela, já que as três estão casadas ou namorando. Eu levaria a Allie, mas ela já vai conhecer a filha do Sam no sábado…
-Eu vou.
Silêncio. Isabelle franziu a testa e encarou Bucky, confusa.
-Hm… Mesmo?
-Aham. Por quê não? Vai ser divertido!
Bucky não achava que seria divertido. Ir em um encontro em um bar, com mais seis pessoas desconhecidas não era o tipo de programa favorito dele. Mas Isabelle estava tão nervosa que Bucky não teve outra opção, senão, aceitar. Afinal, se não fosse importante para ela, Isabelle nem mesmo se daria ao trabalho de perguntar.
E no final, ele estava certo. Quando ela percebeu que ele falou sério e que ia mesmo, Isabelle soltou uma exclamação empolgada e se jogou no colo de Bucky, o abraçando com força.
-Obrigada! Sério! Quer dizer… Eu podia ir sozinha, mas…
-Tudo bem. - Bucky se afastou dela, forçando um sorriso e ignorando a placa neon em sua cabeça. - Só me falar a hora e o endereço.
-Está bem!
Isabelle começou a falar, empolgada, sobre os tempos de escola, enquanto Bucky apoiava a cabeça na mão e observava o rosto dela. Isabelle tinha um brilho lindo quando começava a falar de algo que gostava: Seus olhos brilhavam, o rosto ficava levemente corado, enquanto sua voz aumentava o tom e ela sorria. Era gostoso ficar ouvindo Isabelle falar e ele poderia fazer isso por horas e mais horas.
Bucky compartilhou mais algumas experiências dos tempos de escola com ela antes de ter que levantar para apagar o macarrão. Ela o seguiu para dentro da cozinha, pondo a mesa, enquanto ele pagava a bandeja de macarrão ao molho e a depositava no centro da pequena mesa redonda no canto da cozinha.
-Nossa, esse cheiro tá tão bom! - Isabelle comentou, pousando uma garrafa de refrigerante gelado no centro da mesa.
-Espero que o gosto esteja tão bom quanto o cheiro! - Bucky comentou, pondo macarrão em um prato e esticando para ela. - Tá quente, cuidado!
Isabelle assentiu, esperando que Bucky se servisse, enquanto colocava refrigerante em dois copos. Os dois se encararam e Bucky indicou com a cabeça que ela poderia experimentar na frente.
-Primeiro as damas!
-Ah, claro! Se eu morrer de intoxicação…
-Dá tempo de me salvar!
Isabelle revirou os olhos, sorrindo. O primeiro garfo de macarrão entrou na boca dela e, após um longo tempo mastigando e fingindo analisar muito bem o macarrão, Isabelle sorriu.
-Minha Nossa! Acabei de descobrir um talento escondido em você! Isso tá muito bom!
-Ficou meio salgado… - Bucky reclamou, observando ela enfiar mais um garfo cheio na boca, o que fez Bucky rir. - Calma, menina… A comida não vai sair correndo!
-Mas eu tô com fome! Me deixa! E além disso… Para mim, o sal está ótimo!
Bucky sorriu, tentando não deixar seu ego inflar. Mas havia algo de satisfatório em saber que, ao menos um macarrão com molho caseiro e gratinado ele sabia fazer.
Durante algum tempo, os dois se concentraram apenas em comer, sem se preocupar em falar nada. O silêncio entre os dois era confortável e nada constrangedor, muito embora, Isabelle estivesse fazendo um esforço sobrehumano para não corar a cada vez que Bucky a encarava tão intensamente, como se estivesse tentando adivinhar cada pensamento dela.
Não estava apaixonada por Bucky. Na verdade, o que tinha por ele era bem platônico em comparação ao sentimento de amizade que sentia. Mas foi inevitável para Isabelle, não sentir o pescoço esquentar e a mãos suarem quando Bucky se inclinou por cima da mesa e, com o dedo, limpou o canto da boca dela, o lambendo a seguir.
-Tá toda suja, sabia? Parece uma criança…
O gesto foi automático e completamente sutil. Na verdade, ele nem mesmo percebeu o quão abobalhada Isabelle ficou nos minutos que se seguiram.
-Hey, ainda vamos assistir ao filme, né? - Bucky perguntou, assim que terminou de comer o terceiro prato e, finalmente, começou a se sentir satisfeito. - Qual você quer ver?
Isabelle, que estava no segundo prato, confirmou com a cabeça, mas deu de ombros a seguir.
-Qualquer um que você queira ver, ué.
-Ah, não! Vai, fala! Qual você quer?
-Não sei!
Os dois começaram a rir, juntos. Isabelle o encarou, pensando.
-E se fosse algo diferente?
-Contanto que não sejam essas comédias românticas cheias de piadas forçadas e situações ridículas, por mim, tá ótimo!
-Hmm… É romântico, mas acho que você vai gostar. É o meu livro favorito da vida toda!
-A culpa é das estrelas? - Bucky perguntou, incerto, a vendo negar.
Isabelle terminou de engolir o macarrão e empurrou o prato de leve.
-Diário de uma paixão. Do Nicholas Sparks. Na verdade, sou meio obcecada por ele. Tenho todos os livros!
-E já leu todos?
Isabelle riu, negando.
-Eu não seria uma leitora de verdade se não tivesse mais livros para ler do que posso!
-Faz sentido!
Os dois levantaram, depois de desprezar momentaneamente, o bolo de chocolate que Isabelle levou, mesmo Bucky insistindo que ela não precisava. Enquanto Bucky lavava a louça que os dois recolheram da mesa, Isabelle se ofereceu para enxugar e guardar e, assim, dez minutos depois, os dois foram para a sala.
-Está chovendo de novo?! - Bucky se surpreendeu ao perceber que o clarão na janela foi um raio.
-Isso explica o frio.
-Tá com frio? - Isabelle assentiu. - Okay, já volto.
Bucky caminhou na direção do corredor, então, parou alguns passos depois. Se voltando a Isabelle, ele coçou a nuca, meio sem jeito.
-Hmm… Belle?
-Oi?
-Você quer que eu traga para cá a colcha ou prefere ir ver no meu quarto? Assim, se você dormir, já está na cama…
A mulher soltou um leve sorriso depois de morder o lábio inferior.
-Vai dormir comigo?
-Hmm… Melhor, não, né?
-Ah… Então, não tem graça! - Isabelle deu de ombros.
Bucky sentiu seu estômago dar uma voltinha completa e seu corpo inteiro formigar de expectativa para dormir com Isabelle de novo. Há uma semana não sabia o que era relaxar o suficiente para dormir e, de alguma forma, ele sabia que se dormisse com ela ao seu lado, ele conseguiria.
Mas ao mesmo tempo, o medo de acordar excitado mais uma vez ou, sabe-se Deus, sonhar com Steve dando bengaladas nele por estar se esfregando na sua bisneta o faziam paralisar diante dessa possibilidade.
Vendo a indecisão dele, Isabelle levantou do sofá e puxou Bucky pela mão, sorrindo para ele.
-Vem, Bucky! Preciso me aquecer antes que eu tenha hipotermia.
Foi inevitável a Bucky não pensar que o destino estava de brincadeira com a cara dele quando botou Isabelle em seu caminho. Era apenas a segunda noite de um encontro decente e amigável e, no entanto, eles estavam indo para a cama dele, debaixo das cobertas, assistir a um filme, quase de madrugada.
Esse era um nível de intimidade que Bucky Barnes nunca teve com mulher ou homem algum.
Primeiro, porque em sua época, os filmes passavam no cinema. E em segundo lugar, porque… Bem, sequer passou essa possibilidade em sua cabeça com mais ninguém. Claro que um filme não teria o menor problema. Dormir abraçado, também. O enorme problema disso tudo era estar fazendo essas coisas com Isabelle.
-JAMES!
Bucky estremeceu de susto e, por impulso, pegou o travesseiro que jogou sobre o colo quando sentou na cama, na direção de Isabelle, que estava em pé, ao lado da cama, com o controle remoto na mão. Ela desviou do travesseiro com maestria, esticando a mão e o pegando no ar.
-Eu tô te chamando há uma hora!
-Não tem uma hora que estamos aqui. Não tem nem cinco minutos!
-Ah, como sabe?! Estava no mundo da lua!
Bucky revirou os olhos, pegando o travesseiro que Isabelle jogou em sua direção. Ela respirou bem fundo.
-Qual a senha?
-Que senha?
-Para entrar na sua conta, Homem!
-Ah… BarnesBuchananJames.
Isabelle franziu a testa e murmurou algo como "Que criativo!". Ela escolheu o filme e se jogou na cama, fazendo a mesma ranger, enquanto deitava(!) Com a cabeça no colo de Bucky, bem em cima do travesseiro. O homem respirou fundo mais uma vez, sem saber o que fazer com as mãos.
Subitamente, Isabelle levantou do colo dele e passou a deitar, esticada, ao lado de Bucky, mas com o corpo virado para a televisão, o que deu um bom ângulo a ele da bunda arrebitada de Isabelle. Tirando os olhos, ele perguntou:
-O que foi?
-Ah, nada… - Isabelle virou meio corpo e deu de ombros. - Você não parecia estar confortável, então… Sei lá. Desculpa se estou sendo invasiva ou folgada, eu só…
Bucky negou com a cabeça, a interrompendo.
-Não tá, não. - Ele arrastou o corpo para baixo, deitando na cama, esticando os dois braços. - Vem cá?
Isabelle franziu a testa.
-Tem certeza?
-Aham. Você está com frio e eu estou quente. Vem logo!
Isabelle não esperou outro convite. Ela simplesmente se enfiou debaixo da coberta e deitou ao lado de Bucky, sentindo ele passar o braço normal pela sua cintura, enquanto seu peito largo servia de travesseiro para sua cabeça.
O queixo de Bucky encostou no alto da cabeça de Isabelle, entre os cabelos que estavam soltos. O cheiro de lavanda e cereja invadiu seu nariz e Bucky sentiu o quão gelada ela estava quando passou a mão de vibranium pelo braço dela, que repousava sobre sua barriga.
-Assim tá melhor?
-Muito! - Isabelle respondeu, em um fio de voz. - Obrigada.
-Disponha, Boneca!
Bucky sentiu Isabelle enfiar os dedos na barriga dele e, por mais que quisesse, não conseguiu não se contorcer e rir.
-Hey! O que eu falei sobre cócegas?!
-E o que eu falei sobre o "Boneca"?!
Os dois reviraram os olhos, levemente emburrados, voltando à posição original em segundos. Bucky sentiu, por debaixo da colcha, os pés de Isabelle encostarem em sua panturrilha.
-Meu Deus… Você quer uma meia?!
-Claro que não! Suas meias devem estar fedidas!
Bucky revirou os olhos, bufando. Então, se deu conta que o filme já havia começado e nem mesmo tinha reparado. Ele se concentrou em olhar para a tela, tentando entender o que se passava por lá.
Mas foi difícil se concentrar quando Isabelle pôs os pés gelados nos seus. Ele respirou fundo, abraçando mais ela, que soltou um longo suspiro.
E mais uma vez, o silêncio entre eles não foi desconfortável. Para falar a verdade, Bucky chegou a ficar aliviado quando percebeu que Isabelle estava dormindo. Pegando o controle, ele diminuiu o som da televisão até ficar quase mudo e pegou o telefone ao lado do criado mudo.
Algumas mensagens estavam esperando para serem respondidas há horas. Ele as abriu por ordem de importância: Ou seja, primeiro Natasha, que apenas queria saber se ele morreu porque Sharon estava atrás dele desde cedo e não conseguia falar. Depois, a própria Sharon, para a qual ele arranjou uma desculpa esfarrapada, e por fim, Sam.
Na verdade, Sam fez, basicamente, um monólogo, falando sobre como o material escolar era caro e informando que Alice começava na escola na segunda seguinte. Também falou sobre como descobriu que para fazer ela ficar quieta por horas era só dar biscoito, suco e canetinhas coloridas, mas que ela acabou desenhando borboletas em alguns documentos importantes.
E por fim, quando Sam não tinha mais nada para fazer, ele começou a falar no grupo que Ruby criou. Como uma das frases foi uma provocação, Bucky pegou uma figurinha animada e mandou para ele.
Sam respondeu quase na mesma hora com outra figurinha, onde duas pessoas se batiam. Eles ficaram trocando dedos do meio e figurinhas de espancamento por quase dez minutos, ignorando Natasha, que ameaçou expulsá-los do grupo, caso continuassem.
Mas ao invés disso, foi Bucky quem, ao perceber que também administrava o grupo, tirou Sam.
Segundos depois, Natasha o colocou de volta e aí, foi Sam quem tirou Bucky. Mais uma vez, Natasha colocou ele de volta.
Então, de alguma forma, Sam e Bucky se tiraram do grupo juntos e ao mesmo tempo. Eles foram postos por Natasha mais uma vez.
"O próximo que fizer gracinha vai sair do grupo e nunca mais voltar! Isso é um grupo sério, não de palhaçada para as duas crianças se divertirem!".
Ruby apareceu, segundos depois, com várias carinhas rindo.
"Ah… Mas tava divertido!"
Natasha mandou uma carinha séria, que fez Bucky mandar um coraçãozinho para a ruiva, ao mesmo tempo que Sam. Bucky respirou fundo e digitou:
"Quer parar de mandar a mesma mensagem que eu mando?!"
Sam respondeu:
"É Você que está mandando a mesma mensagem que eu!"
Ruby soltou mais umas carinhas rindo, mas eles pararam de discutir quando Natasha silenciou o grupo. O que fez Sam mandar uma mensagem no privado.
"Como está o encontro?"
Bucky não raciocinou muito bem quando mandou um "Ela está dormindo comigo". Na verdade, nem mesmo tinha reparado no duplo sentido até Sam mandar uma carinha de lua safada.
"NÃO DESSA FORMA!".
Sam mandou só mais uma mensagem antes de desaparecer.
"É, sei bem. Usem camisinha!".
Bucky revirou os olhos e voltou a prestar atenção em Isabelle. Ela estava mais quente e completamente adormecida. Os cabelos dela fizeram cócegas em sua boca quando Bucky cedeu ao impulso de beijar o topo da cabeça dela, antes de desligar a televisão.
E mais uma vez, ele conversou mentalmente com o espírito de Steve, explicando para si mesmo que não era errado iniciar uma amizade com ela. O errado seria querer transar ou beijar e Bucky não queria isso, portanto, não havia necessidade de visitar ele em sonho para puxar seus cabelos.
Bucky chegou a pensar que nem dormiria naquela noite, quando pôs a mão de vibranium embaixo do pescoço e encarou o teto escuro de seu quarto. Mas adormeceu rapidamente e sem sentir, minutos depois.
Não teve sonhos. Ou ao menos, não se lembrou de nenhum quando rolou para o lado, na cama, sentindo o frio do colchão. Erguendo a cabeça e olhando ao redor, Bucky percebeu que estava sozinho no quarto. Mas o cheiro que vinha da cozinha denunciava que Isabelle ainda estava no apartamento.
Ele voltou a deitar na cama, esparramado, enquanto aproveitava o sono que ainda sentia para descansar o corpo, que estava levemente dormente. Talvez, Bucky tenha adormecido novamente, afinal, quando abriu os olhos de novo, Isabelle estava pendurada por cima dele, os cabelos caídos em suas costas, enquanto ela o acordava tão suavemente, que Bucky reprimiu um sorriso.
-Já acordei.
-Ah, que bom! Eu fiz o café da manhã, tá? Aliás… Você baba enquanto dorme, sabia?
Bucky esfregou o rosto e a boca, os limpando, antes de acordar de vez e sentar na cama. Isabelle passou uma xícara cheia de um café preto e cheiroso para as mãos dele, o olhando nos olhos.
-Terminou de assistir o filme?
-Na verdade, não. Eu acabei dormindo também.
Isabelle sorriu, como se soubesse que ele falaria, exatamente, isso. Ela também esticou um prato com dois sanduíches de misto quente e uma maçã para ele. Bucky pegou a maçã e deu uma única mordida, antes de se inclinar e depositar os lábios na bochecha de Isabelle.
-Aliás… Bom Dia, Menina.
-Não sou menina. Quantas vezes tenho que falar isso?
Bucky deu de ombros. Em breve, acabaria descobrindo mais algum apelido que Isabelle não gostava e usaria contra ela, apenas porque era divertido vê-la irritada.
-Você vai fazer algo hoje? - Bucky encostou contra a cabeceira da cama, enquanto terminava de comer a maçã.
Isabelle negou, comendo um pacote de batatinhas palha. Um café da manhã muito saudável, por sinal.
-Nada. Só pegar o Thor na casa da minha vizinha e passear com ele um pouco. Por que?
-Pensei que você podia ficar aqui mais um pouco. - Bucky comentou, dando de ombros, como se não tivesse importância. - A gente podia verificar o sótão que tem no apartamento com as coisas velhas do seu biso… Ou poderíamos sair, sei lá. Não tenho nada para fazer mesmo…
Isabelle respirou fundo, tentando não sorrir. Passar o fim de semana com Bucky não estava em seus planos, mas seria divertido.
-Por mim, tudo bem! Que tal se a gente… Ah, droga!
Bucky acompanhou o olhar de Isabelle para a tela do celular, que tocava ao seu lado. Um nome brilhava na tela e Bucky não precisava ser um gênio para saber que Daisy era a mãe dela.
-Vai atender?
-Não…
-Tem certeza?
-Não to afim de falar com a minha mãe, Bucky. Sinceramente!
Bucky mordeu a boca, pegando o celular a seguir. Isabelle tentou tirar o aparelho da mão dele, mas Bucky ergueu no alto, enquanto atendia.
-Alô?! Bom dia! Não, senhora… Não há nenhuma Isabelle nesse número! Deve ter sido engano… De nada! Bom dia!
Isabelle deixou o queixo cair, estática. Bucky desligou o aparelho e entregou a Isabelle.
-Pronto! Agora dá para fingir que essa ligação foi engano e que você ficou sem bateria desde ontem.
-Caramba… Você é um gênio!
-Eu sei. E agora… - Bucky ajoelhou na cama, jogando Isabelle embaixo dele e cutucando a barriga da mulher, para ouvir as risadas altas e histéricas. - Você é só minha o dia todo!
O ataque de cócegas durou alguns minutos e só parou quando Isabelle começou a fazer cócegas em Bucky, fazendo os dois caírem da cama, direto no chão, o que iniciou um ataque de risos, sério.
》》☆《《
Ooiee, Pessoal! 🦋
Cheguei com mais um capítulo, o segundo de hoje, o qual eu havia prometido antes, portanto, se não leu o anterior... VÁ LER! KKKK ❤🤭
Então, né, gente...
Acho que já tem alguém caidinho pela Isabelle sem nem perceber! 👀 E sinceramente, eu amo esses encontros dos dois! Eles são muito a minha meta de namoro: Filminho, cozinhar junto, rir de bobeiras... 🥺💕👉🏻👈🏻 Eu fico toda soft!
Aaaah, tivemos uma pequena referência a Percy Jackson e uma enorme referência à uma das minhas melhores amigas, se não, a melhor: sarahnaves ! ❤ Te amo e obrigada pelas besteiras que a gente faz no Whatsapp por causa de implicância!
Aaah, sobre esse final... 👀
A mãe da Isabelle e a Isabelle vão ter uma relação complicada, muito embora, não é certo a visão de "vilã" para ela. Elas só tem idéias diferentes e visões de mundos contrárias. Juntando isso ao fato de que as duas tem personalidades bem fortes e características, então... Vamos ter alguns embates e situações levemente constrangedoras e que podem gerar algum tipo de gatilho de você, assim como eu, tem algum conflito de relacionamento com sua mãe!
Ah, o próximo capítulo é um dos meus favoritos e já estou doida para segunda chegar e poder postar logo! 🤭💕🥰
Até segunda!
Bjs 💋💋
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