0.5 - Prólogo.
¤ Para melhor experiência, recomenda-se ouvir a música da mídia!
A luz prateada da lua iluminava o caminho do chão de pedras cinzas. O brilho fantasmagórico refletia nas pedras e estatuetas de cada túmulo dentro do Cemitério de Nova York. Os únicos sons eram os do vento gelado entre as folhas das árvores, os de uma coruja piando e os passos dos sapatos pesados de Bucky Barnes.
Em outras circunstâncias, o homem nunca se aproximaria de um cemitério. Especialmente, durante uma noite como aquela.
Em um passado tão distante que ele poderia encarar como uma outra vida, Bucky sentia um certo receio de cemitérios. Não gostava da energia triste e pesada que passavam. Afinal, ninguém nunca ia em um cemitério para comemorar nada.
Ele mesmo não estava alí porquê queria.
Eram duas horas e dez minutos da manhã, segundo o relógio em seu pulso direito. Abraçando ainda mais o corpo, Bucky cortou o vento gelado, seguindo as instruções das placas. Usando uma lanterna para se orientar, continuou segurando o choro para a hora certa.
Naquele mesmo dia, mais cedo, o corpo de Steve Rogers foi enterrado no mausoléu da família, ao lado do corpo de Sarah Rogers, sua mãe. Bucky não foi ao funeral, muito menos ao enterro. Ele não conseguiria. Não quando uma família inteira choraria a morte de um patriarca.
Bucky não chegou a conhecer nenhum dos inúmeros bisnetos e netos de Steve. Tampouco, conheceu algum dos filhos. Mas de alguma forma, Evelyn, filha mais nova dele, tinha conseguido o contato de Bucky e, logo depois de sair do Cemitério, a senhora entregou a carta a ele.
Steve tinha sido dado como morto durante a batalha contra Thanos. E não foi, exatamente, uma mentira. Afinal, cerca de duas semanas depois que entregou o Escudo para Sam Wilson, Steve teve uma falência múltipla dos órgãos e foi encontrado morto em sua cama, logo pela manhã, por uma neta.
Sendo assim, ninguém acharia estranho que houvesse uma lápide com esse nome ou o sumiço de Steve da face da terra.
A lanterna de Bucky bateu na pedra de mármore escura. A foto de um homem loiro e os dizeres " Herói honrado. Pai, avô e bisoavô amado. Descanse em paz" brilharam em prata conforme a luz incidiu sobre eles. A lanterna tremeu quando Bucky soltou o primeiro soluço.
De alguma forma, ver aquela lápide fazia com que tudo se tornasse real e, enfim, a dor dormente que sentia em seu peito desde que recebeu a notícia, se expandiu, tomando todo o seu ser e fazendo com que os soluços escapassem entre seus lábios.
Aquele era, finalmente, o fim da linha.
Bucky chorou compulsivamente por muito tempo. Estava triste, desconsolado e sentia o mundo ruir ao seu redor, por mais que soubesse que Steve foi muito feliz durante sua vida e que sua hora, um dia, chegaria.
Bucky só não fazia idéia de que esse dia seria tão rápido.
Agora, ele se encontrava completamente sozinho no mundo: Não tinha amigos, não tinha família, não tinha sequer um lar. Estava usando os últimos recursos para viver as últimas semanas em um Hotel barato.
Perder Steve foi como perder seu outro braço. Foi ter a certeza que ninguém nunca mais enfrentaria o mundo para o ajudar. Ninguém nunca mais seria capaz de confiar tão cegamente nele, que colocaria em risco o bem maior.
Aquele cara que estava no túmulo não tinha sido só um pai de família, um herói de guerra, um líder de equipe. Aquele homem tinha sido seu melhor amigo e o motivo para que ele, um dia, tivesse uma vida normal novamente. E só por isso, Steve merecia todas as suas lágrimas e sua dor.
Quando seus pulmões voltaram a respirar normalmente, Bucky afastou a poeira de cima da pedra de granito que tampava a sepultura e se sentou alí. A luz da lua batia contra seu rosto dando um brilho pálido a ele.
Bucky criou coragem e pegou o envelope de dentro do bolso do casaco, reconhecendo a letra no verso com seu nome. Ele soltou uma risada muda e sem graça.
-É, Stee… Tá na hora da gente de despedir, não é, mesmo, Parceiro? - Engolindo a vontade de chorar de novo, ele abriu a carta. - Eu já me despeço de você, está bem? Vou só ver o que você tem para dizer antes…
Com as mãos trêmulas, ou melhor, ao menos a mão normal, ele acabou se assustando com o miado longo de dois gatos que passaram por ele, se embolando e rosnando, e acabou rasgando a carta ao meio.
-Ah, puta que pariu! - Bucky reclamou, percebendo que deixou algo cair de dentro da carta, direto no chão.
Usando a lanterna, Bucky achou um chaveiro com três chaves prateadas no chão. Pelo barulho, tinha sido isso mesmo que caiu. Então, ele voltou a sentar na lápide e usou a lanterna para iniciar a leitura, enquanto juntava as duas partes rasgadas do papel sobre as pernas.
Com um longo suspiro, Bucky começou a ler silenciosamente
"Meu Querido Amigo Punk,
Você está com essa carta em mãos. Isso quer dizer que, conforme eu achei que faria, você não foi no meu enterro. Muito menos, no funeral, onde meu testamento será lido conforme a minha vontade. E sim, eu fiz um testamento. Vai ser um pouco confuso, afinal, eu tenho que fingir que morri durante a batalha. Mas o que eu preciso que você saiba posso resumir aqui.
Eu sei que agora você deve estar triste e até mesmo com raiva de mim. Eu sei. Eu não te culparia. Quando foi Você quem "morreu", por um tempo, eu fiquei com muita raiva. Eu me lembro de pensar "Caramba, como ele morre e me deixa aqui, sozinho?". É, eu sei que é idiotice e que a gente não escolhe morrer, a não ser que seja um suicídio.
E eu acho que como o bom velho que sou, estou me desviando do assunto principal… Como eu sei que você detesta ler (e ainda deve estar detestando mais ainda ler uma carta póstuma), vou adiantar o assunto.
Eu deixei o legado do escudo para o Sam. Sob a perspectiva da lei, ninguém pode tirar isso dele, somente o próprio. E é seu dever, como melhor amigo do Capitão América, não deixar isso acontecer. Eu tenho certeza que você e ele ainda vão superar suas animosidades e serem bons amigos. Vocês são muito parecidos e talvez, por isso, se irritem mutuamente. Mas dê uma chance ao Sam, amigo. Ele é, em certa parte, uma lembrança de mim.
Para a Nat, você sabe… Eu deixei minha moto. E eu sei que você adoraria ter uma moto como aquela. Mas eu juro que achei que você ia precisar de algo mais importante e que é, realmente, uma necessidade.
Essa chave, dentro do envelope, é a chave do meu primeiro apartamento no Brooklyn. Comprei assim que saí do Gelo, com a indenização do Exército e, desde então, ele está fechado. A escritura, agora, está em seu nome. Eu sei que você não tem onde morar no momento e eu não quero que volte a viver como um fugitivo. Também tem dinheiro em uma conta em um banco perto do Central Park. O endereço está no verso. Faça bom uso!
Eu quero que você viva, Bucky. E que viva uma vida tão boa quanto a que eu vivi. Eu quero que conheça pessoas novas e que conheça lugares novos. Descubra como utilizar as tecnologias modernas (e eu tenho certeza que você vai descobrir, afinal, você sempre foi um nerd obcecado por tecnológicas futurísticas), ouça músicas, veja filmes…
Quem sabe, apesar de você ter se tornado alguém tão fechado emocionalmente, você não conheça uma bela garota, a chame para jantar, dance com ela e, enfim, se apaixone de verdade? Não aquelas paixões efêmeras que você colecionava, deixando um rastro de corações partidos para trás. Mas alguém que vá te aceitar com todos os seus defeitos, enxergar por trás dessa carranca mau-humorada e por trás dessa juba descabelada, o rapaz animado e empolgado que você sempre foi.
Quem sabe você não recomece do zero, arranje um emprego que gosta e se estabilize? Eu consigo enxergar você sendo pai. Vai ser apenas uma pena não participar disso.
Mas pode ter certeza que, onde quer que eu esteja, eu sempre vou estar com você. Com o Sam e a Nat. Cuidem uns dos outros. Proteja os seus.
Obrigado por tudo que vivemos. Obrigado por ser uma parte tão importante da minha vida e por ter sido o primeiro a acreditar e ver potêncial em mim.
Você não é só meu melhor amigo, Bucky. Você é o irmão que eu nunca tive. Eu nunca vou ter palavras para agradecer o apoio e o incentivo para que eu fosse viver minha vida. Você tinha razão: Ela foi linda!
Agora, eu quero que você viva a sua. Eu tenho certeza que será linda também.
Eu te amo.
Parece que o fim da linha chegou para mim. Mas pode ter certeza que vamos ser amigos além dela. Eu estou te esperando aqui, do outro lado. Só não precisa ter a menor pressa para vir!
E vê se não faz nenhuma idiotice até chegar aqui!
Com saudades,
Jerk. "
Bucky releu a carta cerca de cinco vezes antes de cair em um novo choro desesperado. Não queria que o amigo voltasse a vida. Não "não aceitava a morte". Pelo contrário, ele sabia que Steve estava pronto e merecia aquele descanso.
Mas não sabia se merecia tanto quanto um apartamento em seu nome ou dinheiro em uma conta. Bucky encarou a foto de Steve na sepultura e enxugou as lágrimas.
-Eu te amo também, seu idiota! - Bucky riu, sem graça. - Acha que vai ser fácil viver sem você, é? Não vai, Stee… Mas tudo bem. Eu faço. Por você, eu faço.
Mais lágrimas desceram dos olhos azuis cristalinos. Ele engoliu em seco. O vento bagunçou seus cabelos enquanto ele enxugava as lágrimas e levantava do túmulo.
-E pode deixar: Eu vou cuidar da Nat para você. Só não prometo fazer sacrifícios para cuidar do Idiota do Sam. Obrigado por tudo, Stee. Eu nunca vou esquecer você!
Ele não chorou dessa vez, enquanto olhava uma última vez para o túmulo e repousava sobre a pedra fria, uma dog tag com o nome dele.
Criando coragem, Bucky olhou uma última vez para a lua alta e prateada, redonda, bem no meio do céu. Steve agora era uma estrela e tinha seu próprio escudo: A Lua brilhante no alto do céu.
Então, os passos de Bucky ecoaram pelas pedras frias e ele saiu do Cemitério, pulando o mesmo muro pelo qual entrou sem ser visto.
Ele caminhou entre as ruas quase vazias de Nova York, a passos largos. Aquela noite, voltaria para o Hotel e arrumaria suas coisas, enquanto criava coragem para ir ver o apartamento.
Depois disso, cumpriria o que foi pedido: Começaria a arrumar a sua vida de alguma forma.
》☆《
Oooie, Gente! 💕
Sim, eu me empolguei MUITO com o capítulo de Falcão e Soldado Invernal, tive um milhão de surtos, não sabia como reagir e no fim, vim postar aqui! KKKKKK
Esse é o prólogo que eu estava MUITO ansiosa para postar. O primeiro capítulo, só no dia 14/04 mesmo... Eu espero que esse capítulo tenha emocionado vocês tanto quanto eu me emocionei escrevendo!
Aliás, eu preciso agradecer às quase 300 visualizações! Nem iniciamos a fanfic e vocês já me deram esse presente 🥺🤧🦋💖
Enfim...
Aguardo vocês em abril!
Beijos 💋
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