Capítulo Vinte e Oito
Hey, pessoal, cá estou outra vez nessa linda plataforma... Vive grandes emoções graças aos concursos, aos leitores e tudo mais que vem no pacote. Agora estou de volta (tentando ao menos) então vamos lá para mais um capítulo de Tabuleiro Vermelho. Espero que gostem! <3
Capítulo Vinte e Oito
A Irmandade dos Homens
Após sua mais recente aventura, Davina voltou para cidade e por mais que não tenha se agradado tanto do serviço a ação funcionou como planejado, sua mente estava ocupada. Foi direto para casa de Tomás. Lá tudo estava diferente as obras de artes das paredes haviam sumido e a casa tinha menos seguranças. Entrou no escritório depois de ser anunciada e esperou o homem ali que não demorou.
—Davina, meu amor! Sempre acreditei que você voltaria viva. Onde está minha carga preciosa?
—Onde está o meu dinheiro?
Ele sorriu e bateu palmas, na sala entrou dois homens carregando malas que foram abertas em cima da mesa.
—Não vai querer contar não é? — ele riu, mas estava mais controlado do que da última vez.
—Não, mas quero um acréscimo de quatro mil pelo menos.
Ele se sentou sorrindo e olhou para ela.
—Por quê? Não foi o que combinamos.
—Eu trouxe além do combinado. Um filhote e mais uma arma usada pelo Troll, talvez ele mesmo tenha forjado.
Ele se ergueu quase em um salto.
—Fascinante, mas me permita olhar a mercadoria, primeiro.
Ele a guiou por uma porta ao quintal dos fundos, ela pode observar na grama a marca de pneus, muitos carros passaram por ali. Ela então lançou a carta no ar e o conteúdo se materializou. Tomas correu para cima, atônito, olhando para criatura em seus pequenos detalhes, o fedor. Retirou as flechas presas e entregou a Davina.
—Para você, pode fazer venenos e tornar suas flechas mais poderosas. Você é uma grande arqueira, um em quarto arqueiros conseguem acertar um ponto como esse.
—Obrigado!
—Eu queria lhe pedir desculpas, eu danço conforme a música, seu amigo Gabriel Gallá está colocando para mim um ritmo desagradável, por isso precisarei do dinheiro e das criaturas. — ele sinalizou discretamente para os seguranças que atiraram em Davina com armas de choque. A garota caiu no chão se contorcendo vendo Tomás levar as criaturas deixando a menina ali na grama. Ela desmaiou.
Depois de um tempo e por causa de uma nuvem de chuva a menina acordou, sua cabeça estava doendo e seu corpo dorido. Correu para dentro da casa e estava completamente vazia, nem moveis, nem sequer um papel perdido. Ela socou a parede e gritou, correu para fora percebendo que eles também haviam levado seu carro. Caminhou na chuva pela estrada em direção a sua casa, até ouvir um ronco de um moto se aproximar.
—Acho que é uma regra que nos encontremos assim! — falou à voz que ela conheceu na mesma hora. Parou e se aproximou do menino. —O que aconteceu? — perguntou Ítalo.
—Você poderia me dar uma carona? Eu fui roubada.
Ele se espantou, seria quase impossível que um mago fosse assaltado. Sem insistir deu a menina um capacete e partiu para o Hotel Liger Palace. Ela não resistiu e contou ao menino tudo que aconteceu, agora estavam em sua casa e ela tomava uma bebida quente preparada por ele após seu banho.
—Kaila disse que esse cara poderia ajuda em uma questão, ele até podia, mas cobrou muito caro, mas Gabriel não quis pagar, na verdade não queria pagar nada. Ele conseguiu o que queríamos e agora precisamos mais do que nunca pega-lo. Ele fugiu demitiu seus seguranças, eu o persegui, mas o perdi foi ai que te encontrei. — contou ele arrumando a casa da menina.
—Deixa isso aí! — falou para ele enquanto juntava roupas espalhadas. —Eu quero matá-lo, ele me deve muito dinheiro.
—Morto não pode te pagar. — ele riu sentando-se ao seu lado no sofá. —O queremos vivo você pode nos ajudar com suas habilidades de rastreamento. Eu posso até conseguir esse dinheiro para você. Bloqueamos as contas e tudo que é dele.
—Como assim? Vocês têm poder para fazer isso? — indagou confusa.
—Agora temos, agora temos muito poder para fazer a diferença. Esse cara é um canalha, eu sabia que nunca deveríamos ter recorrido a ele, mas ninguém me escutou. — falou chateado.
—Vamos caçá-lo! — ela sorri, fazia tempo que não ficava com o amigo. Começaram a falar de coisas mais sadias.
Ítalo permaneceu ali o resto da noite ajudou a menina a encantar suas flechas e a fazer um veneno poderoso com o que restou do sangue de Troll e acabou por dormir no sofá.
Ao acordar no outro dia a menina notou que seu amigo não estava mais lá, partiu cedo e não quis acordá-la, ao menos foi o que disse no bilhete que deixou. Davina ansiava por vingança e aquilo que Tomás lhe fez não seria esquecido. Voltou ao seu quarto com uma xícara de café e começou a rastrear o carro que foi de seu pai, era sua primeira opção e por sorte, talvez, ela encontrou. Sem acreditar se arrumou o mais ligeiramente possível e partiu para o lugar.
Chegando a um estacionamento avistou o carro na última fileira. Aparentemente estava normal, ela usou a chave reversa para abri-lo. Ela sabia que ele não retornaria, não havia nada a olho nu que indicasse o contrario. Insistindo na procura encontrou uma lata de refrigerante, aproveitou daquilo para fazer um encantamento de localização, não foi preciso em sua informação, mas pelo menos deu um norte a menina. Ela passou os dias seguintes o rastreando.
Em uma noite enquanto caminhava em uma rua deserta de terra vizinha ao mar voltou a encontrar Ítalo, passava para ele bem menos pistas do que tinha. Ao subir em sua garupa seguiram para um prédio bem mais distante, perto do porto, na frente dele estava Kaila que apertou os olhos para tentar enxergar quem Ítalo trazia.
—Davina! — expressou após ela retirar seu capacete. —Por Olitso, continua sem comer? — espantou-se com a feição dela que não respondeu. —Quero pedir desculpas pelo que Tomás fez a você. Ele é muito escorregadio e sua ligação com a gente...
—Eu não estou ligada a vocês, nem a ninguém! Estou por mim, só. — alertou para surpresa de Kaila. —Mas tudo bem, eu o farei pagar!
—Suas pistas confirmam com as minhas fontes, ele deve estar aqui. — falou kaila com desdenho do lugar. Como sempre estava bem vestida e lamentava ter que entrar no recinto.
Caminharam para a entrada do prédio e foram barrados pelo porteiro já que eles nem sabiam em que andar iriam. Após um suborno deixou que os três passassem indicando o andar e o quarto. Chegando diante da porta Ítalo a chuta a fazendo voar na parede dentro do apartamento.
—Aí! Não tinha necessidade disso. — falou Kaila dando uma tapinha no braço dele.
Davina foi à primeira entrar deixando os dois na porta discutindo. Ela caminhava lentamente pelo lugar olhando cada detalhe.
—Achou alguma coisa? — perguntou Ítalo.
—Como suspeitei, ele não fica mais de dois dias no mesmo lugar. Veja a camada de poeira, ninguém entregou aqui no mínimo três dias, ou seja, estamos muito atrás dele.
—Ele não sairá do país, Gabriel e Tiago estão garantindo isso. — falou Kaila entrando como se estivesse pisando em ovos.
Ítalo acendeu a luz fraca revelando mais do péssimo lugar. Kaila em seu cuidado pisou em uma parte do assoalho que chamou atenção de Davina. Abaixou-se e bateu no chão, o som denunciou um compartimento que após retirarem o assoalho puderam ver um cofre, ela o abre sem dificuldade. Era maior do que parecia, Ítalo e Davina enfiavam a mão e retiravam varias coisas de dentro, entre elas: Um colete a prova de balas, munição, armas e três caixas de madeiras com símbolos grifados.
—Acônito, Araven e Ligor! — leu Ítalo. —São plantas venenosas. Acônito contra lobos, Avaren contra magos e criaturas mágicas e Ligor para o azarado que tocar, perigoso o seu manuseio e letal quando utilizado, mas uma pequena quantidade no ar pode gerar envenenamento, exceto quando está na natureza. — Explicou como sempre gostava de fazer.
—Por que ele viria aqui e deixou isso para trás? Não é caro no mercado negro? — perguntou kaila.
—Demais, mas talvez o que ele esteja carregando seja mais valioso do que isso tudo.
—Essa coleção pode não ser para venda, pode ser para proteção dele. — pensou Davina olhando para os dois. Eles pareciam confusos.
—Não notaram? Ele não pode fazer magia. — falou para surpresa e esclarecimento. —Eu já havia percebido, agora tenho certeza. Veja: Que mago protege suas coisas de valores em cofre de segurança normal? Sem encantamentos de defesa, maldiçoes.
—Ele não confia em ninguém, se ninguém sabe do esconderijo ninguém pode encantar para ele. — completou Kaila. —Não acha bebê? — perguntou para Ítalo.
—Hã?! Sim, sim. — ele mostrou o motivo de sua distração, uma caixa com o mesmo símbolo de Araven, mas com munição. —Esse tipo de Araven é mais complexo, uma mutação. Usado por caçadores de magos, a Irmandade dos Homens. Se ele lida com esse tipo de gente pode ser um perigo enorme para gente. — ele parecia assustado com o fato.
—Será que ele iria até eles para procurar auxilio? — questionou Kaila.
—É possível. — respondeu se colocando de pé e pegando tudo e colocando em uma mala que havia dobrada dentro do cofre.
Enquanto Kaila e Ítalo estavam ocupados, Davina encontrou através de magia no banheiro uma pegada muito fraca, mas foi o suficiente. Eles partiram dali, ao chegar a sua casa Davina preparou um encantamento e agora conseguiria rastrear ele de outro modo, encantou um óculos para que pudesse ver as pegadas de Tomás no chão e ela saberia por onde ele passou.
Voltando então até sua última localização, Davina pode ver que o encantamento atribuído aos óculos realmente funcionavam. Ela podia ver pegadas em um tom esverdeados bem fracas, ela as seguiu a pé por varias horas, as pegadas entravam e saiam da floresta. Tomás sabia de fato fugir. De volta à cidade ela chegou até uma árvore antiga muito conhecida, ali era o Centro de Ensinamento em Magia. Porém a menina não estava com sua chave e não sabia entrar sem. Segundos depois de sua chegada dois homens saíram da escuridão, de armaduras pretas.
—Onde está sua chave? Está atrasada. — alertou um. —Qual seu nome? — indagou o homem com uma lista na mão.
—Davina Volar!
—Sra. Volar, suas faltas são monstruosas. Acredito que será indicada ao internato! — falou colocando a mão na árvore abrindo o portal.
—Internato? — indagou curiosa, aquela escola não era um internato.
—Sim, todos os alunos rebeldes e burros estão sendo colocados sob regime de internato, para melhor aprendizagem. Onde está seu uniforme?
—Eu vim falar com uma professora, não voltarei a estudar agora. — falou ela e os homens avançaram. —Estou em uma missão para Kaila Tarin! — falou rápido.
Os homens hesitaram e se olharam.
—Tem como provar? — perguntou o outro.
—Bom, eu posso ligar para ela e dizer que vocês estão me atrasando, quais os nomes?
—Não tente nos ameaçar, Sra.! — ofendeu-se o guarda.
—Não é! Mas sabe como Gabriel Gallá é impaciente. — ela foi ainda mais ousada.
O nome realmente causou mais impacto, eles abriram caminho e a deixaram passar pelo portal. Ela nunca esteve tão nervosa, mentir não era seu forte. Os passos estavam mais frescos ali. Passou por um corredor onde estudavam os mais novos. O antigo uniforme havia sido substituído por um preto absoluto com símbolo da escola e do Senado. Em uma sala apenas meninos com espadas e escudos, do outro lado do corredor uma sala com meninas estudando o que parecia ser poções. Ela tentou não pensar muito no que aquilo significa até ouvir um choro que a fez recuar. Um menino estava aos prantos enquanto era surrado por três maiores. O professor instruía para os menores apenas enquanto olhavam.
—... E como podem ver, o fraco perece, o forte prevalece e a força está na unidade. Vamos garoto, levante-se e lute! — gritou ao menino que já estava de outra cor.
Davina ia se intrometer quando uma mão a puxou subitamente para uma pequena sala. Demorou alguns segundos para reconhecer Helen, a professora estava ainda mais velha.
—Os Viocuns a enviaram? — indagou em um sussurro desesperado.
—O quê? Não! Estou por outros motivos.
—Uma desgraça caiu sobre nós. O Senador Adie conseguiu aprovação no Senado para militarizar o C.E.M e assim o fizeram, mas essa formação tem como objetivo criar monstros.
Davina estava horrorizada, mas não demonstrava.
—Eu tentei contatar Lorde Lorenzo, mas não tenho certeza se ele recebeu minha mensagem, por favor...
—Essa luta já não é mais minha! — protestou ao pedido.
A porta da sala se abriu com violência, o atual diretor encarava as mulheres.
—Não devia está dando aula, sua velha? Ou já se esqueceu de todo conteúdo? — ele gargalhou. —E você menina, se está aqui em nome do Sr. Gallá, deve provar. — ele falou se aproximando.
Helen não conteve sua expressão diante do que ele disse, andou para trás bem assustada.
—Ligue você para ele se quiser. Precisava falar com a senhora, agora tenho tudo que preciso para encontrar os Viocuns e talvez eu entregue uma mensagem bem direta. — ela não olhou para trás, esbarrou no homem antes de sair da sala. Helen entendeu sua mensagem, a garota estava dançando conforme a música.
Partiu correndo de volta ao passo que seguia até o mais baixo nível, aquilo se transformou em uma masmorra e alunos estavam presos ali. O lugar estava úmido e fedido. Davina pode sentir algo molhado em seu rosto e logo identificou ser cuspe. Um aluno entre as grades sorria.
—Está louco? — gritou ela limpando-se.
—Vai fazer o quê?Me matar? Vocês não são capazes de tanta misericórdia assim.
—Por que está preso? — indagou.
—Vai saber.
—Pela tentativa de fuga, pela explosão, por ajudar aquelas crianças a fugir... A lista é enorme. — falou outro menino preso dentro de uma parede com apenas sua cabeça de fora.
Ela se perguntou o que ele fez para está ali. Com o coração apertado seguiu seu caminho, podia ouvir choro, sussurros. Chegou a uma parede onde havia sido um armário, a pedra havia sido removida recentemente, ela notou. Ao abrir pode ver um painel cheio de chaves, esconderijos, sem dúvidas.
—O homem pegou a chave 13, dizia "edifício Ruguro." — falou uma menina que não perecia ter mais de 12 anos. Lembrou de imediato a Larissa. —Por que estou aqui? Meus pais se negaram a apoiar a Força Alfa. Está se perguntando se está no caminho certo? Talvez, todos os caminhos levam em algum lugar, para saber se está no caminho certo é preciso saber aonde se quer chegar.
Davina se levantou em um salto e observou melhor à menina, seus olhos eram alaranjados fluorescentes, uma Dripare, concluiu.
—Todos estamos em prisões, Davina, a sua só não tem quatro paredes. — ela recuou de volta para escuridão e fechou seus olhos.
Davina saiu correndo dali sem olhar para trás, ou faria algo sem pensar. Deixou o C.E.M. Enquanto caminhava em direção ao estacionamento passou em uma rua entre prédios repleta de pessoas, moradores de rua; foi o que ela pensou, mas observando melhor viu que estavam muito limpos e suas coisas de qualidade para serem moradores de rua. As pessoas estavam sendo despejadas de suas casas e aquilo chamou muita atenção, resolveu outra vez sair de seu objetivo. Ao entrar na portaria do prédio dois homens vieram a recepcionar.
—Este cordão em seu pescoço é uma armadura?! Deve entregá-la imediatamente. — falou um deles estendendo a mão. —Por um decreto do Senado, toda mulher ou criatura do sexo feminino deve entregar sua armadura e se dedicar apenas ao nível de encantamentos médios, por favor, não resista.
—Isso é ridículo! — protestou deixando sua armadura a envolver.
Mais destemida do que nunca, estava pronta para encarar uma longa batalha, mesmo diante de humanos naturais.
—Sua mestiça insolente, morrera aqui! — falou o homem puxando sua espada.
—Estou em uma missão para Kaila, ela não ficara contente com essa intromissão! — tentou se salvar como da última vez.
—Nós estamos cumprindo a vontade de Sr. Ezra, e ninguém ficara em nosso caminho!
Ele ganhou em seu argumento, Davina já não via mais escolha.
—Vamos todos manter a calma. — falou uma voz atrás dos homens que recuaram. —Davina meu anjo, faz dias que não a vejo. — era Nicolas que se aproximava com toda intimidade para um abraço. —Não precisa ficar nervosa, tenho certeza que depois da sua contribuição para achar o centro, o Sr. Ezra abrira uma exceção. Agora desfaça sua armadura, não há necessidade disso.
—Ela deve entregar...
—Cale a boca seu rato de esgoto! — interrompeu o homem. —Davina fez um trabalho mais importante do que esse seu de dedetizador, coloque-se em seu lugar.
—Dedetizador? — perguntou Davina após os homens partirem.
—Sim! Estamos tornando toda essa área um condomínio mágico, apenas magos habitaram esses prédios, nesse bairro.
—E todas aquelas famílias? Como assim? O Senado não pode ter aprovado isso.
—Houve uma sessão nessa manhã, a Irmandade dos Homens tem atacado e matado muitos magos e o Senado precisou agir. Reunindo todos os magos em um só lugar facilita a proteção. — Nicolas sorri aparentemente convencido daquele discurso, mas ele era um garoto escorregadio e Davina sabia disso.
—Agora siga seu caminho, será melhor! — recomendou ao ouvir passos em sua retaguarda, mas pelo cheiro sabia quem era.
—Davina, a boa filha a casa torna! — falou Heitor esbarrando em Nicolas, era mais baixo e não se deixava intimidar. —Soube que se negou a entregar a armadura...
—Sim. Se quiser mande Gabriel vir buscar! — ela caminhou para fora e Heitor ameaçou segui-la, mas Nicolas o impediu.
Heitor fez um sinal e os guardas como poderosos espadachins saíram na rua assassinado as famílias remanescentes fazendo uma grande confusão e correria, era o verdadeiro objetivo deles. Os dias estavam cada vez mais sombrios e a sociedade sofria.
Em uma área mais afastada do centro havia um prédio abandonado, o que não era nada comum, mas conhecendo a historia de seu país a menina acreditou que poderia ter algo haver com a magia. Estacionou um pouco distante e encarou o resto de placa que havia, algumas letras já tinham caído. O mato tomava conta e alguns animais saiam correndo ao ver a menina. Ela retirou de sua aljava uma flecha especial, sua ponta era a cabeça de uma águia. Mirou para cima e disse:
—Encontre-o! — e disparou. A flecha se comportava de modo diferente as comuns. Seguiu além do impulso que a menina deu e voou até certo andar onde penetrou o vidro e fincou no chão. Davina pode sentir quando ela parou e através os olhos da flecha pode ver Tomás assustado começando a organizar suas coisas para fugir. Ela murmurou outra palavra e se teleportou para o andar, trocando de lugar com a flecha.
—Davina! — falou Tomás aparentemente feliz, o terror antes demonstrado desapareceu como se ela não representasse perigo algum. —Devo lhe parabenizar, conseguiu me rastrear. Fiquei feliz quando vi que achou seu carro. — ele riu. —Sei estou em teoria te devendo dinheiro, mas tenho uma novidade, conseguir um contato finalmente e ele vira me buscar hoje. Venha comigo e lhe pagarei tudo que devo e mais um acréscimo. — concluiu batendo as mãos e sorrindo sempre com muita energia.
—Eu sempre fui ingênua, e se fosse alguns meses atrás você teria conseguido me convencer. Mas acontece que eu mudei, e a partir de agora as pessoas só me enganam uma vez, antes de morrer! — Davina em um gesto rápido puxou uma adaga e lançou na perna de Tomas. Ele urrou de dor.
—Espere, espere! Eu não uso magia, isso seria injusto. — argumento desesperado.
—Não se preocupe, não vou precisa de magia com você.
Ela pariu para cima com ferocidade, ele tentou se defender e falhou miseravelmente. A raiva de Davina era quase tangível, para o azar dele naquele momento seu rosto se parecia com de todos que a menina queria se vingar. Ela bateu sua cabeça em uma mesa, repetidas vezes. Girou seu braço e com um golpe o quebrou. O lançou na parede enquanto cuspia sangue ela o encarava. Ela chutou seu abdômen, pisou nele, pisou em seu rosto até ouvir o som de seu nariz quebrar.
—Leva o dinheiro, por favor! — suplicou.
Ele ainda não havia entendido que não era pelo dinheiro, estava acostumado com o mercado negro onde tudo era dinheiro. Ele se colocou de joelhos com toda força que tinha. E Davina o decapitou com sua espada e limpou seu sangue nas vestes dele. De repente ela notou o que fez. Não tinha mais volta; uma assassina diante de sua vítima. Caiu de joelhos como se tempo tivesse parado. A sensação não era a que esperava, não havia prazer ou satisfação, apenas o puro e refinado arrependimento.
Observou no meio da bagunça uma mala, semelhante a que Ítalo pegou no esconderijo dele. Resolveu abrir, havia muito dinheiro ali. Uma pasta que ela abriu e viu muitas folhas com palavras em língua desconhecida para ela. Guardou tudo quando ouviu passos no corredor. Pegou a mala e ficou atrás da porta, um homem entrou aparentemente um policial natural. Ela achou que não tinha sido percebida, mas se ele virou quando estava no meio do cômodo e atirou. Davina saltou para o chão chegando nele rapidamente, empurrou sua arma para cima enquanto ainda disparava e com sua adaga perfurou o pescoço do homem. Quando retirou dele lançou em outro que estava na porta. Ela viu o símbolo no colete, o mesmo que tinha no esconderijo de Tomas: Varias mãos unidas formando um circulo. A Irmandade dos homens, concluiu.
Ouviu um som de um objeto deslizando no chão que começou a expelir um gás que rapidamente tomou todo o cômodo, ela começou a tossir e tentou se teleportar, mas por algum motivo não conseguiu, se preparou para pular a janela, mas avistou dezenas de carros cercando todo o prédio, sem dúvidas Tomás era um homem muito importante.
Outros soldados entraram com máscaras e atacaram a menina, com sua espada longa se defendia e conseguiu fugir pelo corredor. Um homem com uma metralhadora a surpreendeu atirando em parar. Entrou em outra sala para se salvar, mas sala estava com um imenso buraco no qual ela caiu. Aquilo foi bom de certo modo, achou que seria mais fácil para fugir. Não teve tempo de pensar, um grande clarão tomou todo o lugar e a jogou para fora, uma granada. Caiu de mau jeito, mas não se demorou a levantar e correu para o que parecia ser o antigo estacionamento do prédio.
—Não a deixem escapar! — falou uma voz feminina, aparentemente a líder.
Davina acreditou estar envenenada, sua visão turva e uma tremedeira sem igual. Seu celular, fora de rede, mas a quem iria chamar? Resolveu enfrentar, estava abaixada em um pedaço grosso de muro, ela pegou seu arco e disparou em quem conseguia a certar. Restavam lhe três flechas, quando mirar para melhor aproveitá-las tomou um tiro no ombro e um na barriga. Caiu no chão. Fez um encantamento desesperado que gerou um vento lançando todos ao seu redor para longe. Pegou outra flecha e a encantou e quando disparou como um imã carregou tudo que era de metal, exceto algumas armas. Não sabia como as balas penetraram sua armadura.
Ela ouviu tiros, um montes deles, mas não era nela. Estava encostada no muro perdendo sangue, pegou sua última reserva uma arma de fogo que era de seu pai. Desde cedo os magos aprendiam que não deviam usar armas de fogo, mas ela não tinha escolha. Sentiu uma presença e alguém se abaixou ao nível dela, estava tão escuro. Ela atirou, mas seja quem for segurou o tiro colocando a mão na ponta da arma e retirou dela.
—Você está bem?
Aquela voz para ela declarou sua insanidade, ou que aquela altura já estava morta e o barqueiro veio buscar sua alma, acreditou fielmente e não respondeu por três vezes. A voz ficava mais desesperada. Tocou no seu rosto e daí ela notou está viva, pois aquele toque era de Liam.
—Fica comigo, calma! Você está perdendo muito sangue. — falou o menino disfarçando seu nervosismo fazendo pressão no ferimento da barriga.
Logo outra figura apareceu, a pessoa estava recuando enquanto desviava os tiros com a espada. Rose com seus cabelos longos, cacheados e volumosos estava na cobertura deles. Uma parede atrás deles explodiu. Liam entrou na frente de Davina criando um grande escudo. Quando abaixou viu Rose lançar água nos agentes e os congelar e depois os despedaçar. Do buraco dessa vez saiu alguém conhecido. Renan lançava varias adagas para proteger as costas de Rose.
—Gente essa festa está um arraso. Eu os deixei abrirem esse caminho para vocês, Tito espera lá fora.
—Você podia ter aberto um portal. — falou Liam pegando Davina no colo, estava fraca demais para falar.
—E você podia parar de ser exigente. — rebateu.
—Mais que saco, vocês só sabem discutir! — reclamou Rose após fazer um grande muro de gelo que lhes daria tempo.
—E meu pai? — perguntou Liam começando a ir em direção do buraco.
—Ele está lá na frente esfregando na nossa cara que podia ter vindo sozinho. — explicou Renan enquanto o muro de Rose explodiu. Ela dominou os pedaços de gelo e lançou de volta nos atiradores. Conseguiam ver graças à luz dos carros Lorenzo batalhava com vários homens e mulheres.
Eles não conseguiam acertá-lo, era rápido, dominava muito bem a arte do combate. Sua lâmina dançava entre os inimigos separando membros do corpo. A mulher que estava de frente fora bem audaciosa e pegou um lança míssil e atirou em Lorenzo. Ele com um gesto fez o míssil ir para cima e explodir comprometendo a integridade do prédio. Sem ter tempo para perder ali, Lorenzo ergueu todos os carros no ar e os fez explodir. Aproveitando a deixa Renan pegou o fogo e o transformou em um Dragão que perseguia os inimigos. A mulher se escondeu bem entre os arbustos e jurava com toda a sua fé uma vingança aquele monstro diante dela.
Ele saltou e se transformou e uma coruja, para surpresa dela. Um de seus homens conseguiu acertar nele enquanto voava um projétil que emanava eletricidade, o fez cair e voltar a sua forma humana. Lorenzo ergueu a mão na direção do sujeito e o atraiu para perto dele e o golpeou o desmaiando, continuou seu caminho. Liam já estava no carro com Tito. Uma segunda leva de caçadores chegava como reforço. Lorenzo entrou mais rápido que pode.
—Vamos, vamos!
Renan voltou desesperado e gritando.
—Da onde saiu tanta gente? Por Calisto! — falou entrando no carro. Não havia espaço para Rose, ela lançou a mala dentro do carro.
—Estava com Davina. Darei cobertura, Vão!
—Nada disso. Vamos juntos! — protestou Renan.
—Vamos Rose! — falou Lorenzo e ela saltou em cima do carro e Tito saiu dali.
Estava tudo acontecendo tão rápido, não havia tempo para nada. Em menos de cinco minutos três carros estavam seguindo eles, como atirados de granada, mísseis e metralhadoras. Rose ergueu suas mãos aos céus e nuvens começaram a ser formar e começou a chover. Uma granada e lançada, Renan a faz explodir antes de chegar neles. Rose cria vários espinhos gelo na pista que já estava molhada pela chuva, os carros tinham seus pneus furados. Surgiram do cruzamento à frente motos e mais carros.
—Gente, as coisas estão complicando. — gritou Rose.
—Tito, preciso que vire o carro! — pediu o Lorenzo.
O homem fez uma manobra que quase derrubou Rose e agora estava dirigindo de ré. Lorenzo ergueu as mãos e se concentrou.
—Losocie Geocnot! — todos os aparelhos eletrônicos daquele bairro se desligaram, exceto o carro deles. Logo a Irmandade os perdeu de vista e conseguiram fugir dali.
Davina acordou em um salto, assustada olhava para todos os cantos. Estava em sua casa, em seu quarto, de roupa trocada e com curativos e o que parecia ser suro sendo introduzido em sua veia. Ela arrancou e se levantou rápida, ficou tonta e quase caiu, mas Liam a segurou, de onde ele surgiu, ela não sabia.
—Você está bem? — perguntou sem receber respostas. —Ela acordou! — anunciou.
Renan, Rose e Lorenzo entraram no quarto.
—Tava querendo morrer? — perguntou Renan recebendo olhares de reprovação.
—Como me encontraram? — foram suas primeiras palavras.
—Eu e Liam sentimos que você estava em perigo! — contou Rose. —Você foi envenenada com muitas substancias, retiramos o que conseguimos, mas seu estado ainda me preocupa. A irmandade tenta matar o mago a tiro, se ele não morrer, morre do veneno.
—Você precisara de sangue. — falou Lorenzo. —Perdeu muito, sua magia está abalada...
—Obrigada! Ela falou interrompendo. —Eu poderia está morta agora se não fossem vocês, mas agora já podem ir.
—Está lutando com Gabriel? — perguntou Liam um pouco desconfortável.
—Você o viu lá? — respondeu ríspida. —Luto por mim, estava lá por mim e vocês já podem ir!
O grupo se entreolhou.
—Ok! Nos já tentamos, agora vamos? — perguntou Renan se preparando para sair.
—Precisa do sangue Davina, nos garanta que conseguira. Queremos o seu bem e sabe disso! Insistiu Lorenzo.
—Eu não sei por que fizeram isso, não sou considerada inimiga de vocês? — indagou irritada.
—Inimiga? Não. Você ágil, nós reagimos. — respondeu Lorenzo notando que ela não o olhava mais como antes.
Ela se colocou de pé com muita dificuldade.
—Obrigado, Senhores Viocuns. Rose e Renan. Mas agora devem ir.
—Eles estão aqui. Gabriel! — Falou Liam todos foram para sala. —O que faremos?
—Fiquem perto de mim. E coloquem a mão de vocês em meus ombros, preciso de magia. — falou Rose os levando para um canto e fechando os olhos de mãos unidas murmurando um encantamento e diante dos olhos de Davina começaram a desaparecer. A campainha tocou, ela se esforçou para ir até a porta e abrir. Gabriel, os gêmeos e kaila estavam do lado de fora. Entraram sem esperar um convide. Os irmãos foram para a grande janela para vigiar a rua. Kaila se sentou no sofá em lado contrario ao de Davina.
—Acabamos de encontrar a maior bagunça onde ficava o Edifício Rugaru. — falou Gabriel, estava sem sua mascara. As cicatrizes já não mais o incomodavam. —Com muita dificuldade encontramos o corpo de Tomas Rossi. Soubemos que esteve lá, e a julgar pelo seu estado...
Ela se sentou em uma poltrona.
—Por que não nos contatou quando achou Tomás? — perguntou Kaila com frustração.
—Eu queria dar uma surra nele, depois entregaria... Mas a Irmandade estava atrás dele e complicou tudo. — mentiu, estava mais nervosa por Liam está ali escondido bem atrás de Gabriel.
—O prédio caiu! Nem em outra dimensão você faria isso sozinha. Voltou a lutar com aqueles terroristas, não é? — falou Ícaro com um tom hostil.
—Eu não sou mais uma ovelha para seguir qualquer um que tenha um lugar para chegar. Estou sozinha e luto por mim! — colocou-se de pé irritada.
—Não teve ajuda de Liam? — perguntou Gabriel.
Ela sabia que ele queria apenas confirmar.
—Tive sim. Eles me salvaram e me deixaram aqui!
—Eu deveria prendê-la por traição ao Senado, por conspiração com terroristas, deixar você morrer em uma cela. Mas já que está sozinha, vou deixar que morra aqui mesmo, está quase... — falou Gabriel enojado, ele nunca havia a olhado daquela maneira. Todo desejo que havia pela menina se perdeu.
—Não devemos fazer exceções Gabriel, devemos levá-la presa! — insistiu Ícaro.
Diferente do que Davina pensou, Ítalo e Kaila permaneceram em silêncio. Ítalo nem sequer a encarou.
—Não. Não se chuta cachorro morto! — respondeu Gabriel.
Ela partiu para cima dele, mas não tinha força e caiu no chão. Kaila ia tentar ajudá-la, mas Gabriel não deixou. Sua visão estava turva.
—Você é habilidosa, mas como Ezra disse é fraca e não tem mais utilidade para nós. E pel amor que vivemos, não farei nada, mas se souber que compactuou com qualquer terrorista vou colocar fogo nesse prédio, com você dentro! — ele se abaixou para olhar nos olhos dela.
—Os chama de terroristas... Vocês mentem crianças presas, matam humanos gratuitamente...
—No reino de Olitso todos ocupam o lugar que merecem. Veja, você está no chão como um verme, no lugar que merece! — ele se ergueu e começou a caminhar para saída.
—É nisso mesmo que acreditam? — perguntou a Ítalo e Kaila antes que saíssem.
—Confiamos em você. — Ítalo estava com olhar triste, encarou todo o apartamento com curiosidade, mas voltou a olhar para ela. —E você nos traiu. Nossos caminhos se separam aqui. — saiu sem olhar para trás.
—Agora tudo está uma bagunça, mas quando toda resistência cair tudo será melhor. Cuide-se Davina, cuide-se! —Kaila fechou a porta e partiu.
Em questões de segundos Liam estava diante dela ajudando a levantar. Lorenzo foi para a janela e pode ver o carro partindo com o grupo.
—Parabéns Rose, foi um encantamento continuo muito bem executado! — falou o Lorde com um sorriso curto.
Tentaram ignorar a cena que presenciaram. Liam queria fazer bem mais do que estava. Ela sentia através de seu toque uma energia fluindo, como se naquele curto momento tudo estivesse dando certo, mas foi efêmero. Ele a colocou no sofá.
—Precisamos partir. — avisou Lorenzo. —A solidão às vezes pode ser uma questão de escolha e o clã Viocum sempre estará disposto a acolher aqueles que se arrependem.
Ela fitou o chão por um tempo, se sentia perdida como se não pertencesse a lugar algum, como se flutuasse no espaço vendo a grandeza de todos.
—Tem uma pasta dentro da mala que estava comigo, pode ajudar vocês em algo, acredito que era por isso que todos estavam caçando Tomás!
Rose pegou a mala no quarto e abriu, dentro havia dinheiro, armas e uma pasta. Ao abrir fora notória sua surpresa.
—O que é isso? — perguntou Renan indo olhar e se aproximando de mais de Rose. —Mandarim?
—Não. É uma língua muito antiga de uma tribo local chamada... Ropava! — ela parecia conhecer aquele nome. —Isso pode mudar nossas batalhas futuras, Lorenzo! — falou ofegante, parecia estar com uma bomba nas mãos. —Mas eu preciso traduzir, eu conheço pouco desse dialeto.
—Micaela pode ajudar, ela é formada em línguas antigas. — falou Liam olhando para o pai que acenou com a cabeça.
—Estamos quites não é? — Davina se colocou de pé, tudo ficou escuro pela velocidade e voltou a cair nos braços de Liam.
—Vamos levar você conosco Davin... Ela não ouviu o final da frase de Rose, pois desmaiou.
Uma nova era se erguia, a paz antes conhecida desaparecia dando lugar para o medo que entrava sem convite nos corações e reinava sobre a sociedade.
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