Capítulo Um
Olá pessoal, logo estarei publicando um livro sobre as principais curiosidades de Tabuleiro Vermelho... Muitas perguntas podem se formar ao longo da leitura, eu responderei todas! Deixem também suas dúvidas nos comentários .
Abraço, espero que gostem!
Tabuleiro vermelho
Capítulo um
Uma cidade antiga, com raízes profundas na historia, banhada pela luz da lua cheia, que era dona de mitos e lendas que aterrorizavam as crianças na hora de dormir. Muitos dos homens não sabiam das coisas que sucediam ali naquele lugar, uma pratica antiga como os dias, mantida ali de geração em geração. A tecnologia cegou o homem ás coisas que sucediam debaixo de seus narizes e a magia seguia apenas para aqueles que podiam vê-la e famílias antigas matavam para fazer valer suas tradições. E para renovar a magia sobre aquela terra, um torneio devia ser realizado.
O torneio ganhou o nome ao longo dos séculos de Tabuleiro Vermelho, sendo sua pratica que originou o jogo dos homens chamado de xadrez, de forma que ambos eram semelhantes em muitos aspectos. Os sábios eram os que estudavam a magia a fundo e escolhiam, dentro da comunidade mágica, dois reis que, por sua vez, deveriam recrutar, cada um, sete guerreiros. Cada guerreiro receberia uma posição e uma peça que o represente e esse recrutado deve escolher um aprendiz para substituí-lo caso seja preciso. Reunia-se, assim, trinta e dois guerreiros, divididos e brancos e negros.
O objetivo desse sangrento torneio é um dos reis capturar todas as peças do oponente e a peça do rei inimigo. É permitido chegar a essa peça com uma justa batalha até a rendição do guerreiro ou mesmo até a sua morte. Os mais antigos sabiam que os preparativos já haviam começado, os reis já estavam escolhidos e o torneio estava prestes a ter início.
Liam, como de costume, estava no terraço de seu prédio, olhando para lua e para as luzes que contrastavam-se a escuridão que tanto tentava evitar. Era um garoto moreno, pequeno para sua idade, com cabelos longos e rebeldes, espinhas sobre a face e um coração forte e bom. Sua família era praticante da arte da magia desde os primórdios daquela terra. Ele possuía grande habilidade na magia.
Liam ouviu um som em sua retaguarda e depois passos, o medo não imperava em seu coração nem tampouco a coragem, e sim a razão e paciência.
— Falaram-me que poderia te encontrar aqui! – Falou a voz um pouco familiar.
Liam nada respondeu e também não demonstrou estar preocupado com aquele homem.
— Lembra de mim? – Pergunta o homem se aproximando.
— Deveria? – Diz ele, com sua voz grossa.
— Estudamos juntos. – Responde o homem.
Liam se vira, reconhecendo o homem diante dele, um pouco mais alto, com olhos negros, cicatrizes no rosto e cabelos curtos. Eles estudaram magia juntos em certo período.
— Yago! – Diz Liam, se mostrando desinteressado. Tinham sido mais que colegas de escola, uma amizade havia brotado e fora cortada friamente por Yago. Liam não se esqueceu disso.
— Faz um tempo que não nos vemos! – Diz Yago, sorrindo sem receber retribuição.
— Está precisando de mim? – Pergunta, sendo direto.
— Por que acha isso? – Indaga Yago, como se estivesse ofendido.
— Não gosto de rodeios, Yago, seja claro e breve, por favor! – Falou, decidido, fazendo o sorriso aumentar nos lábios de Yago.
— É por isso que estou aqui! – Explica ele. — De fato, eu preciso de você!
Liam aguarda que ele continue.
— O primeiro sino já foi tocado e, no terceiro, o Torneio se iniciará. Fui escolhido como rei negro! – Diz ele, fazendo a expressão de Liam mudar. Nunca achou que iria assistir um rito tão antigo e também primitivo, em sua opinião.
— Meus parabéns! – Falou Liam, passando por ele em direção ao elevador que o levaria de volta para casa.
— Eu quero que seja um dos meus guerreiros! – Yago continua virado para cidade e ouviu os passos de Liam repentinamente pararem.
— Agradeço! Não estou interessado. – Continuou a andar.
— Conheço você e sei que suas habilidades são boas! – Yago se vira e Liam não para dessa vez. – Todos acham isso uma honra. – Acrescentou.
— Honre outro! – Falou ele, faltando poucos passos para chegar ao elevador.
— Eu preciso de alguém forte ao meu lado, por favor!
Liam chama o elevador.
— Pessoas morrem nesse torneio. – Ele se vira para Yago. – Sabe por que me encontrou aqui? Porque eu tenho hábitos e quero continuar a ter. Saber que posso ficar aqui sem ser atacado por um doido por causa de um conceito antigo!
— Você sabe o porquê nós precisamos disso. – Diz, firme, se aproximando. – A magia precisa fluir entre nós.
— Não seria ruim deixar a magia para trás! – As portas do elevador se abrem.
— Sabe que se não fizermos o Torneio, não fortaleceremos a magia e ela desaparecerá. A magia é nossa herança. Precisamos dela. – Yago argumentou.
— Eu não quero morrer por isso.
— E acha que eu quero? – Yago falou, gesticulando. — Todos os ataques estarão concentrados em mim. – Diz ele, suspirando forte, revelando seu nervosismo. — Apenas pense no assunto. Retornarei amanhã.
— Está bem! – Concorda Liam.
Yago caminha ate uma parte escura e desaparece. Liam adentra o elevador e as portas se fecham. Morava no terceiro andar e, no corredor silencioso, seus pensamentos gritavam em sua mente turva.
Chegando ao apartamento 310, ele passa a mão sobre a porta e ela se destranca, literalmente, em um passe de mágica. Atrás dele, surge sua vizinha, uma garota de semblante leve, sorriso meigo, pele clara, olhos castanhos e cabelos loiros intensos.
— Sempre me pergunto o porquê de você passar a mão sobre a porta antes de entrar! –Diz ela, quebrando o silêncio. Liam se vira para garota, parado nos portais de sua casa, com um sorriso envergonhado. A magia era segredo há alguns séculos.
— Mania! – Responde rápido. – Estava me esperando? – Perguntou, rindo por ela ficar um pouco corada.
— Na verdade, estava esperando meu pai, ouvi o som do elevador e resolvi ver se era ele! – Conta ela.
— Tem um ouvido bom!
— Como? – Indaga, confusa.
— Para ouvir o barulho do elevador!
Ela sorri.
— Está tarde e estou atenta! – Justificou. — Vai para escola amanhã?
— Sim! – Responde ele, abrindo sua porta. – Nos vemos lá. Boa noite, Davina!
— Boa noite, Liam.
Liam entra e delicadamente fecha porta, assistindo a menina fazer o mesmo. Ele caminha como de costume até uma estante onde deixa seu celular. Sua mãe lia um livro de magia disfarçado de livro de culinária na sala, seu pai, ao lado, assistia a um jogo de futebol.
— Teremos um almoço diferente amanhã? – Pergunta o menino, sinalizando que chegou.
— Você não vai gostar de comer as coisas que tem aqui! – Diz a mãe, rindo.
Liam cai em si, sabendo que o livro era de magia.
— Por que precisa que disfarçar o livro aqui dentro de casa?
— Não sabemos quem pode chegar! – Respondeu ela, fechando o livro e encarando o filho.
— Não se esconde coisas boas! – Retrucou Liam, enquanto o pai desligava a televisão.
— Não é esconder. É proteger! – Fala o patriarca, cansado de repetir aquilo. – O que houve? – Conhecia o filho, sabia que dizia coisas do tipo quando algo relacionado á magia acontecia.
— O Torneio vermelho começara em breve...
— Sim, o primeiro sino foi dado. – Diz a mãe.
— Fui escolhido como um dos guerreiros! – Liam lança o que achava ser um balde de água fria. Ambos os pais se colocam de pé.
— De que lado? – Pergunta o pai, com muitos sentimentos em seu coração.
— Pretos! – Responde, se sentando em uma poltrona.
— E que peça é? – Perguntou a mãe.
O pai rapidamente repreendeu:
— Marina, ele não pode dizer! Ou pelo menos até o Torneio começar.
— Eu ainda não aceitei! – Liam diz e os pais se voltam em sua direção.
— Como não? – Perguntou a mãe, se aproximando. – É instruído em magia e batalha, está pronto para esse desafio.
— Mas compreenderemos se não quiser! – Diz o pai, puxando Marina para trás. – Não se sinta pressionado, não é um torneio para crianças, se for entrar precisa saber que esta se tornando um homem! – Aconselha o pai.
— É uma honra! Deve aceitar. – Diz Marina, sendo direta.
— Morrer não é uma honra! – Rebate Liam.
— Não vai morrer, você é melhor que qualquer um! – Diz a mãe, recebendo um olhar de fúria do marido.
— Ele não é melhor que ninguém. Ele que é o que é por que estuda e se dedica, mas isso não significa que não haja outro mais devoto por ai. – Diz o pai, irritado com a esposa.
— Parece que não confia nele, Lorenzo! – Diz a esposa. O casal travava uma discussão no olhar.
— Ele é meu filho, temo por ele. – O pai se volta ao filho. — E ele é sábio em escolher pensar na proposta. Não vá para escola amanhã, reflita sobre isso!
Liam se levanta rápido.
— Não quero que minha vida mude por causa disso. Eu vou para escola, preciso tentar conciliar as duas vidas, ou então minha resposta será não! – Ele beija o pai e a mãe e segue o caminho de seu quarto.
Lorenzo olha para Marina ainda com fúria, caminha firme até a cozinha para tomar um pouco de água e a mulher o segue.
— Pensei que tivesse mudado depois de todos esses anos! – Falou ele, bebendo o copo de água, como se fossem afogar suas palavras.
— É uma oportunidade única na vida dele! – Ela acrescenta sua justificativa.
— Oportunidade de morrer? – Indagou. — Não são apenas gloria e honra que estão em jogo nesse torneio, há morte e crueldade também.
— Ele é forte, poderoso e um grande mago! - Marina estava confiante nas suas palavras e crente que o filho aceitaria.
— Que ele seja, para o seu bem! – Lorenzo fala, olhando nos olhos da esposa e deixa o local ainda com raiva. Nas gerações antigas, seus antepassados foram escolhidos para o torneio e todos eles morreram. Ele tinha medo que a história estivesse por se repetir ali, diante se seus olhos.
—// —
A noite foi curta para Liam e o dia logo raiou, de modo que os raios invadiaram o quarto, como faziam toda manhã. Ele se levantou, indo para o banheiro tomar um demorado banho quente. A fumaça do vapor lhe fazia pensar melhor, havia mais contras do que prós. Ajudar uma pessoa que nunca deu real valor à amizade. O rapaz não gostava de dizer não as pessoas, seu grande defeito.
Desligou o chuveiro e começou a colocar seu uniforme, diferente de seus irmãos que usavam magia, ele fazia parte a parte. Saiu logo na direção da sala de jantar, para tomar seu café. Sua família estava ali, como se fossem pessoas comuns. Seu pai lia um jornal, sua mãe preparava ovos com bacon e seus irmãos, famintos, aguardavam impacientes.
— Bom dia! – Diz o pai, se precipitando.
— Bom dia pai, mãe, Levi, Larissa! – Cumprimentou a todos antes de sentar-se à mesa. Todos respondem.
Sua mãe, em um forte impulso, lhe lança uma faca que o menino rapidamente desvia. Todos olham para Marina assustados. Ela diz:
— Precisa está sempre pronto, meu filho!
— Pai, a mamãe ficou doida? – Perguntou Levi, quatro anos mais novo que Liam.
— Acho que ela sempre foi! – Responde o pai, encarando a mulher com decepção.
— Esse é um dos motivos pelos quais eu não quero aceitar a proposta! – Diz Liam, se levantando, furioso. – Essa era para ser apenas uma mesa de café. – Sua injuria resplandece em seu rosto. Vendo as expressões confusas de seus filhos Lorenzo resolve abrir o jogo.
— O irmão de vocês foi escolhido para o Torneio, Tabuleiro Vermelho. – A mãe conta e os irmãos ficam boquiabertos.
— As pessoas não morrem nesse negócio? – Pergunta Levi, encarando todo mundo. — Não quero que Liam morra. – Expressou com medo, e todos o encararam.
— Não necessariamente! – Falou a irmã. — Se ele entregar a peça, não precisa morrer! Mas será expulso da comunidade mágica e seus poderes e lembranças removidos, isso segundo a lei. – Ela era a irmã do meio e, de fato, a mais inteligente dos três irmãos. — Isso se entregar a peça sem um combate. Se lutar e fracassar, pode então desistir do combate.
— Essa Lei está caduca há 60 anos, embora desistir ainda seja uma grande vergonha. Acham que deixar o mago dentro da comunidade o faria lamentar mais sua desistência. – aponta o pai.
— Não será preciso pensar nisso. Liam irá vencer a todos e dar ao rei as peças que capturar. E seu nome estará nos livros e nós brilharemos na história uma vez mais. – Diz a mãe, indo levar os pratos.
Liam começa a comer rápido e não diz mais nenhuma palavra, visto que seu problema tinha virado o assunto da mesa. Chegou a um ponto que ele apenas via as bocas de seus familiares se mexendo, porém o som já não existia. Ele terminou de comer e se retirou. Sem proferir nenhuma outra palavra, pegou suas coisas e saiu pela porta, caminhando rápido pelo corredor, usando seus fones de ouvido.
— Não pode pressionar ele assim, Marina. – Diz Lorenzo, esperando que os outros filhos fiquem prontos para guiá-los para escola.
— Ele aceitará, sem pressão! – Exclama ela, tomando sua xícara de café amargo.
– // –
Quando Liam chegou à portaria de seu prédio, as portas do elevador se abrem e sua vizinha estava ali, aparentemente impaciente. Ele deu um sorriso maroto à jovem, que retribuiu. Antes que pudesse se pronunciar, um dos funcionários o chamou e correu até ele segurando uma caixa pequena.
— Este pacote foi entregue nessa manhã, endereçado a você!
O rapaz segura o pacote, tão pequeno como uma caixa de relógio. Na parte do destinatário estava escrito:
Para Liam Viocum.
Ou ao menos foi o que a vizinha conseguiu ler.
— Bonito esse nome! – Comentou ela.
– Viocum! – Falou ela. – Pronunciei corretamente? – Ela riu.
— Sim! – Afirmou ele, assinando os documentos. — Pronuncia-se como se lê!
— Diferente...
— O que faz aqui? – Pergunta ele, mudando de assunto e guardando o pacote na mochila.
— Meu pai esqueceu que deveria me levar a escola e saiu mais cedo. Eu estou tentando arrumar coragem para pegar um ônibus ou um taxi. – Assume ela rindo do próprio medo bobo.
Neste momento, os irmãos de Liam apareceram na recepção.
— Cadê papai? – Pergunta ele a Levi.
— Foi pegar o carro. – Informa o irmão, seguindo seu caminho e sorrindo para vizinha.
— Se quiser, pode ir conosco! – Propõe, desviando o olhar para chão.
— Sério mesmo? Obrigado, é meu herói. – Ela diz segurando em seu braço o levando para fora do prédio onde o pai de Liam surgia com o carro vindo da garagem.
— Pai, Davina pode ir conosco? Ela estuda no mesmo colégio que eu. – Informa o rapaz.
— Claro, não precisa nem pedir! – Diz o homem bem humorado e destravando as portas.
Davina entra atrás junto a Levi e Larissa, e Liam vai na frente com seu pai. Disfarçadamente, ele mostra o pacote o símbolo que carregava. Uma coroa negra, em um fundo vermelho.
— Não mostre isso a sua mãe! – Aconselhou ele.
Lorenzo dirigiu para escola como de costume, e Liam viu Yago parado em algumas das esquinas que passavam. Pensava que as pessoas não entendiam seu ponto de vista e como ver a mesma pessoa em esquinas diferente poderia ser assustador. Chegaram ao colégio e Davina logo sai do carro. Lorenzo fala com seu filho uma língua antiga e desconhecida que se traduziria para:
“Não faça o bem apenas para si e nem somente para os outros”
Ele acenou com a cabeça e caminha junto à garota atravessando os portões.
— Que língua é aquela? Latim? – Indaga Davina, se mostrando cada vez mais curiosa, até demais, no conceito de Liam. Essa curiosidade poderia se tornar um perigo para ela.
— Parecido. Também é uma língua morta, mas é um lema da família, não falamos fluentemente. – ele explica.
— Um dia poderia me mostrar essa língua! – Ela sorri, tomando o caminho para sua sala, deixando o menino parado no meio do pátio.
Foi um dia diferente dos outros, pois Liam passou todo o tempo ansioso e preocupado. Mesmo sendo paciente, ele estava confuso; algumas vezes que olhou para o quadro e viu peças do jogo, já estava cansado daquilo. Enfim, a hora de sair chegou e Davina o aguardava para irem embora. Sua mãe surgiu na multidão de alunos que saiam e seus irmãos já esperavam dentro do carro. Todos carregavam uma expressão vazia nos rostos e uma aparente preocupação, os olhos de sua mãe estavam vermelhos.
— O que houve? – Pergunta ele, inundado pela preocupação.
— Seu pai, bateu de carro e está no hospital, precisamos ir ver ele agora!
– Informa a mãe, segurando o choro.
Eles entram no carro.
— Podemos passar no prédio para deixar Davina? – Perguntou ele.
Antes de sua mãe responder, a menina falou:
— Não se preocupem, podem seguir para o hospital.
— Eu te levo em casa depois, Davina, obrigado por entender! – Diz Marina, começando a dirigir um pouco rápido, sem escutar Liam falar algumas vezes para tomar cuidado.
Passam em frente ao hospital mais renomado da cidade e, mais uma vez, a curiosa Davina se pronuncia:
— Ué, por que não paramos no hospital?
— Ele está em outro, um que temos um plano! – Diz Marina, rapidamente. Sempre que eram questionados, os Viocuns tinham uma rápida resposta na ponta da língua.
A menina se cala, pois entende. Chegam ao hospital, que ficava distante da cidade. Os filhos, preocupados, deixam o carro enquanto a mãe o leva para garagem. Liam chega a recepção:
— Lorenzo Viocum! – Falou o nome do pai rapidamente, a enfermeira escuta e procura nos registro do computador.
— Está no quarto C3, está estabilizado! Venham. – Liam segue a mulher com seus irmãos.
Pedem a Davina para esperar na sala. Enquanto a família tinha seu momento.
Ao chagar no quarto do hospital que era especializado em magos e na anatomia do corpo mágico. Entram sem bater e um médico estava conversando com Lorenzo que aparentemente estava bem.
— Pai? – Clamaram os filhos.
— Estou bem! – Respondeu ele recebendo os abraços dos filhos. – Apenas um susto.
— O que houve? – Pergunta Liam, demasiadamente preocupado.
— Estava voltando do trabalho, quando meu carro capotou com uma rajada. Não vi quem era, mas tinha uma armadura brilhante. Continuou a me atacar, me defendi ao máximo que pude até que vieram me socorrer. E então meu atacante fugiu.
— Quem o ajudou?
Marina entra no quarto a tempo de ouvir a explicação.
— A Ordem dos Lobos! – Respondeu ele.
O médico se pronunciou:
— O trouxeram diretamente aqui, quem o atacou o feriu com veneno e eu já lhe dei antídoto e agora está tudo bem, precisa apenas de descanso! – O médico sorri e deixa o quarto.
Lorenzo tinha muitas feridas pelo corpo, tanto do carro quanto do combate. Percebeu que estava fora de forma, não estava chateado e nem preocupado, feliz por estar com sua família outra vez. Marina sai para assinar alguns papeis para poderem ir embora dali e chama seu filho mais velho para lhe acompanhar.
— Sabe por que isso aconteceu? – Perguntou a mãe, parando Liam do lado de fora. – Acham que você já está no Torneio.
— Mas o Torneio ainda nem começou!
– Fala o menino, confuso.
— Parece que isso não está importando muito! – Diz Marina, olhando para os lados. – Vingue seu pai, não deixe isso sair barato.
Ele olha para sua mãe, parecia ser seu dever, ser o certo a se fazer para com sua família e ele não deixaria aquilo impune. Os outros participantes não parariam para escutar que ele não estava participando do Torneio e o jeito mais rápido de resolver aquilo era ajudar a chegar ao fim.
— Está bem mãe, sei o que fazer! – Responde Liam.
Deixaram o hospital antes da noite cair e retornaram para casa, um pouco cansados. Liam sabia exatamente o que precisava fazer, pois chegou, enfim, a sua indecisão. A hora em que saía para ver a noite chegou e ele foi para o terraço, levando consigo o pacote que recebeu. Chegando lá, encontrou Yago, vestindo um sobretudo preto que movia-se pelo vento que soprava.
— Meu pai foi atacado hoje! – A fala do menino faz o rei Preto se virar.
— Estranho. – Comentou-o. – Está bem?
— Sim. A Ordem dos Lobos apareceu.
— Trouxe a minha resposta?
Ele revela o pacote e o abre dentro uma pedra negra e perfeitamente arredondada. Segura em sua mão e aperta até quebrar, como areia se desfaz e se revela uma peça chamada no xadrez de Bispo preto. Liam respira fundo ao ver a peça: era uma das mais poderosas dentro daquele torneio.
— Meu bispo! – Diz Yago, feliz.
— Não é por você. – Liam arranca o sorriso do rosto do rapaz. — É pelo meu pai, tenho certeza que quem o atacou fez isso por causa desse maldito torneio, e vou descobrir quem foi. – Diz, decidido.
— Vingança! Alguns dizem que não é um sentimento nobre, mas quem se importa?! – Falou caminhando para a beirada do alto prédio. – Já foi dado o segundo sino.
— Quem serão os juízes? – Indagou Liam.
Os juízes eram aqueles que faziam valer as regras entre os combatentes e, caso fosse necessário, interviam.
— A Ordem dos Lobos, os mais justos e implacáveis na arte do combate nos dias de hoje! – Informou ele. – Fique tranquilo só movimentarei você quando for uma grande oportunidade. Venceremos esse torneio. Escolha com sabedoria o seu pião.
Yago saltou do prédio, realizando o que poderia ser o desejo de muitos adolescentes. Liam olhou para dentro da caixa e, debaixo de onde estava a pedra, havia outra menor. Agora lhe restava a dúvida de quem ele chamaria para ser seu pião. Diferente do que era seu costume, ele não ficou ali e rapidamente retornou para casa, contando ao seus pais que aceitou a proposta.
Caminhou até seu quarto, pegou um antigo baú e o pôs sobre a cama, empoeirado e esquecido. Corre em seu notebook, retirou bateria e passou a mão sobre ela, fazendo-a se abrir e revelando uma pequena chave. Sua mãe observava tudo parada no portal. Quando segurou a chave, com certa dificuldade, ela cresceu, ficando do tamanho da fechadura do baú. Após encaixá-la e girá-la, pôde ouvir as trancas antigas se moverem e, quando o baú estava aberto, sobre uma almofada repousava um anel. Este era o anel que guardava uma armadura lendária destinada para Liam, em seu nascimento, por seu avô.
Ele encaixa o anel em seu dedo e uma armadura começa a surgir e preencher seu corpo. Suas ombreiras eram como cabeças de cães, três espadas em suas costas e adagas em muitas partes da armadura. Quando levanta uma das cabeças e adiciona a peça de xadrez, os olhos dos cães brilham intensamente, e um elmo também lhe é adicionado no formato de cão. Assim, fica completa a armadura Semago, feita de uma forte criatura milenar.
— Gloriosa! – Fala a mãe, maravilhada.
O pai, mesmo com dificuldade, aparece na porta.
— Ela precisa de cuidado, respeito, nos foi confiada não como arma. Não se esqueça disso. Liam.
Ele gira o anel e a armadura desaparece mais rápido do que apareceu.
— Não tire esse anel. – Aconselhou o pai. – É habilidoso, mas não seja arrogante, pode derrotar seus inimigos do mesmo modo que eles podem derrotar você. – Lorenzo deixa o quarto.
O pai não concordava com a decisão do filho e lhe restava apenas guiá-lo para sobreviver nesse período. A mãe dava um sorriso radiante.
— Tome cuidado, querido! Saiba que os juízes estão sempre atentos e não permitem covardias. – Falou ela, virando-se para sair.
— Não se preocupe. Vou ficar bem, mas preciso de um ajuda.
— Em quê? – Perguntou ela parando.
— Preciso de um pião... Quem devo escolher?
— Precisa de alguém que confie e possa contar se a hora pedir. Posso procurar alguns nomes para você!
— Não. Eu já pensei em alguém. – Diz ele, pensativo.
Sua mãe, então, se retira. Ele fecha a porta e encosta-se nela, não tinha certeza que fora a decisão certa a tomar, mas agora iria até o fim. Passou aquela noite em claro, assustava-se com o vento que batia na janela, mesmo que soubesse que a chances de ser atacado em seu prédio eram mínimas.
O dia amanheceu lentamente, e o menino rapidamente se arrumou para escola. Olhou seu anel por alguns instantes e saiu para mesa do café, onde sua família já fazia refeição.
— Bom dia! – Cumprimentou e todos, educadamente, responderam. — Mãe, não me taque nada, por favor!
Ela sorriu.
— Já escolheu seu pião, Liam? – Perguntou Levi, o vendo preparar o prato para o café.
— Ainda não. – Respondeu, sem dar muita atenção.
— Por que não me escolhe? – Diz o irmão. Todos olharam para o garoto.
— Não! – Diz o pai. — É muito novo para essas coisas, não quero dois filhos nisso.
— Papai, não haver outra oportunidade. – Retruca o menino.
— Nosso pai está certo, Levi. É perigoso de mais para você e nossa família se dois membros estiverem dentro desse torneio. – Falou Liam para o irmão. — Pode me ajudar no treinamento se quiser.
O garoto sorriu, não convencido, mas concordou com o irmão. Logo depois daquilo o Liam foi para escola com Tito, o motorista da família. Depois de sair da escola, foi para unidade onde estudava magia. Marina levou ele e os irmãos, entrando na rua sem saída, no fim da qual ficava localizada a tal unidade. Havia uma arvore antiga e a mulher inseriu uma chave em uma de suas fendas, para, assim, abrir um portal.
— Busco vocês mais tarde! – Diz a mulher aos filhos. Eles adentram rapidamente.
Era um lugar subterrâneo, com muitos corredores, salas, alunos, mestres e professores de muitas das matérias ali ministradas. Os irmãos se direcionam cada um para seu armário, onde pagariam seus livros e iriam a salas correspondes. Liam chegou à sua nova sala, onde iniciaria um novo ano letivo, seu último.
Em sua primeira aula de magia, chamada de Povos Antigos, ele e os outros alunos estudariam sociedades antigas e seus costumes em relação à magia. Antes de encontrar seu lugar, o garoto encara toda sala, percebendo que havia somente um lugar livre, do lado de dois irmãos gêmeos, separados por uma fileira de cadeiras. Ele se sentou, observando que eram os rapazes idênticos de cabelos escuros e longos e olhos castanhos. A professora se adiantou a classe, vendo que todos já haviam chegado.
— Bem vindos ao último ano aqui no C. E.M, o Centro de Ensinamento em Magia. Vamos estudar Povos Antigos e seus costumes. – disse ela.
A aula seguiu normalmente, como se fosse a escola comum que o menino frequentava, se não fosse pelas coisas estranhas que ali ouvia e aprendia. Em certo momento em que copiava um texto do quadro, um dos irmãos ao seu lado faz uma observação:
— Anel bonito! – Comentou, fazendo com que Liam o escondesse automaticamente.
— Obrigado! – Respondeu, distraído. O outro irmão puxa a mão dele para ver melhor e o rapaz se assusta.
— Antigo... – Fala o outro irmão, tinha voz mais grossa. Liam solta seu punho da mão do rapaz.
— Obrigado! – Diz, mais sério.
— Relíquia de família? – Perguntou o primeiro irmão.
— Sim.
— Sou Ítalo! Continuou ele. – Ele é Ícaro, meu irmão, como pode ver! – Diz o rapaz sorrindo.
— Sou Liam, prazer! – Falou o rapaz, sendo sucinto.
Toca o sinal, o barulho não tão alto, semelhante a um despertador. Liam não se demora em arrumar suas coisas para sair do local, mas alguns minutos depois do início daquele intervalo, ele viu os gêmeos outra vez, no banheiro. Os meninos pareciam estar sempre juntos.
— Sabe, Liam, eu estava observando você, parece que você é bem inteligente. Participamos de um grupo de estudos que é divertido, descontraído, gostaria de participar?
– Perguntou Ítalo.
— Não seja ridículo Ítalo! – Repreendeu o irmão.
– Não pode ficar por ai espalhando isso! – Diz Ícaro.
— Eu agradeço, mas não tenho interesse. – Diz Liam, lavando suas mãos.
— Devia repensar! – Recomenda ítalo ignorando o irmão.
— Obrigado. – O rapaz sai do banheiro e é seguido por Ítalo, que era simpático e agradável, parecendo ter muito em comum com o jovem Liam.
O rapaz acabou ficando com o endereço do lugar onde os supostos alunos se reuniam para um grupo de estudos. Quando o último sinal soou, anunciando o fim das aulas, Liam procurou seus irmãos para aguardar sua mãe, que demorou chegar ao ponto de encontro.
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