Capítulo Trinta e Três

A Profecia do cão de três cabeças

Nos dias seguintes estava mais quieto do que era, não falava nem para agregar aos assuntos de seu pai, comia pouco nas refeições e Marina notou. frequentemente liderava missões com os guerreiros do C. E. M em busca de comida e suprimentos, mas continuava com a mesma expressão vazia.

Micaela ao notar seu novo jeito resolveu interferir, sabia que ele estudava todas as manhãs e começou a acompanhá-lo em seus estudos. Um dia pediu para que ele treinasse com seu irmão Kalani, já que havia um tempo que ninguém via Liam na sala de treinamento. Ele aceitou, e diferente do que imaginou eles escolheram uma sala grande e já ocupada, treinos múltiplos na maior sala do terceiro nível.

Kalani usava um colete preto aberto de kung fu e uma Katana em sua mão. Seu estilo sem duvidas era único. Liam não sabia bem se ele era muito bom para se vestir daquele jeito ou muito ruim tento como referência filmes de luta.

Liam não despertou sua armadura, apenas as três espadas em suas costas em um suporte que formava um X em seu peito. Kalani foi o primeiro a atacar. Seus movimentos eram rápidos e leves.

Liam se esquiva acompanhando seu ritmo pelo tatame até o momento que foi inevitável sacar sua espada e colidir as lâminas.

—Seu estilo de luta é bem refinado. — falou e Kalani sorriu.

Podiam se ver faíscas na colisão das espadas. Mas Liam era mais habilidoso, puxou uma segunda espada e Kalani não conseguiu se defender, logo foi desarmado e lançado ao chão com as laminas de Liam em seu pescoço. Lorenzo observava de longe, Liam estava mais agressivo em seus ataques.

—Você é bom, de verdade, mas luta para ferir e precisa lutar para matar, por que seus inimigos não querem feri-lo, querem matá-lo. — recolheu as espadas e ajudou o menino a se levantar.

Ele começou a fazer gestou que Micaela traduziu:

"Não luto para matar. Nos não damos a vida, então que direito temos de tirar? Não os culpo de maneira alguma, mas sempre que possível fugirei, minha vida e causa, valem tanto quanto a do meu oponente."

Liam ouviu com atenção e encarava o rapaz nos olhos.

—Respeito suas convicções e o admiro. Mas não há para onde fugir na guerra, ou se avança ou se perde. Pedirei ao meu pai para que o deixe aqui para ajudar na proteção enquanto estivermos fora.

"Obrigado"

Ele se curvou pegou sua espada e se retirou. Liam não se admirou com a opinião de Kalani, como sua irmã também condenava a cultura de violência em que viviam. Nunca havia pensado como teria sido sua vida se nunca tivesse pegado em uma espada como Micaela, ou se nunca tivesse matado um homem.

Foi para o quarto de Micaela ajudá-la em seus serviços e distrair sua mente. A menina estava encarregada de aprimorar a marca da lua criada por Lorenzo para que funcionasse dentro das cúpulas que eram erguidas nas cidades do país. Ela era dedicada a tudo que fazia e não pararia até chegar ao seu nível de perfeição.

Dividia seu quarto com o irmão, as camas estavam em paredes opostas e no centro uma mesa redonda com vários papéis. Uma pequena biblioteca também havia em uma das paredes, livros grossos e finos. Ela se sentou juntamente a Liam na mesa para explicar para ele o que estava fazendo exatamente, mostrou as anotações de Lorenzo e como ele desenvolveu o encantamento.

­—O seu pai é muito inteligente, como ele combinou cada componente evitando qualquer variação de fogo, mas ao mesmo tempo tento como base principal magia espiritual que é universal. — ela estava realmente impressionada.

Liam por outro lado não conseguia entender tudo que ela falava como sempre, usava muitas palavras que ele não conhecia e sempre em uma velocidade impressionante. Kalani estava deitado na cama lendo o livro e às vezes soltava um sorriso, talvez pelo que a irmã falava.

—Que bom que você conseguiu escrever trinta páginas de comentários sobre a marca da lua do meu pai! — falou espantado folheando.

Ela corou envergonhada.

—Sério! Isso é muito interessante, não sei se poderei ajudar muito. — falou honesto.

Ela sorriu lhe entregando um livro e pedindo para selecionar nele determinados encantamentos de comunicação a curta, média e longa distância. A noite foi caindo severamente nos ombros de Liam, por vezes seus olhos se fechavam sozinhos.

—Sim! Concordo com você. — falou Liam de repente.

—O quê?! Eu não falei nada. — ela riu, já havia notado que ele tinha pegado no sono.

—Por ir dormir Liam. Não precisa ficar aqui, já me ajudou! — falou ela segurando sua mão sobre um livro. Ele retribuiu o toque.

—Eu só preciso de um café. Acho que consegui fazer uma combinação e podemos testá-la.

Semago foi até a cozinha em sua forma humanoide e trouxe café e petiscos para os jovens, era normal que familiares auxiliassem daquele modo seus mestres, mas as criaturas imperiais não, elas sempre se achavam superiores aos próprios magos, Semago, no entanto mudava de acordo com o crescimento de Liam.

O dia como sempre começou cedo na manhã seguinte para os moradores daquele lugar, naquele dia haveria um treino intensivo e todos participariam por isso o refeitório estava mais movimentado.

Uma grande mesa flutuava com as mais variadas coisas, mesmo com a crise Marina insistia em ser uma chef culinária. Uma fila se estendia, alguns guerreiros foram trazidos por Yago para que Lorenzo os formasse sua frente de batalha.

Micaela e Liam entram no lugar fazendo Renan soltar a mão de Davina no susto, já estavam na fila de um lado da mesa, Joseph e Lorenzo mais a frente. Os recém chegados estavam de mãos dadas com os dedos entrelaçados ainda de pijamas.

—Liam, ainda não trocou de roupa? Sabe que hoje é um dia importante e não pode haver atrasos. — advertiu o pai recebendo uma cotovelada de Joseph.

—Deixe o menino, não está vendo que a noite foi boa! — soltou uma risada e parou na fila até que Liam e Micaela os alcançassem. —Não há nada mais excitante que o amor juvenil! — expressou olhando para os dois.

Liam segurava uma bandeja com dois pratos enquanto Micaela preenchia. O garoto ficou confuso, era deveras lerdo às vezes, e permaneceu em silêncio até a garota já envergonhada erguer as mãos entrelaçadas. Liam soltou uma risada curta.

—Ah... Tio, não seja bobo. Somos amigos, isso foi um encantamento que deu errado, culpa minha. — explicou ele sorrindo para a menina que já estava vermelha de vergonha aos olhares que recebia.

—Você me decepciona, Liam. — falou Joseph depois de encarar Davina logo atrás. Deu continuidade a fila.

Liam ignorou o comentário do tio.

—Pai, o senhor tem que ler o trabalho de Mica é simplesmente fascinante, acho que ela entende mais da marca da lua do que o senhor. — falou animado.

Alguns puderam ouvir o guincho que Davina soltou.

—Seu encantamento é simplesmente fascinante. O método, os encantamentos e a junção deles. — falou a menina apertando os óculos.

—Ah, obrigado minha cara, eu tive tempo na prisão de pensar em muitas coisas, mas deve concordar que é um tanto rústica a técnica que usei.

—E não há uma elegância e beleza no rústico senhor Viocum? Se eu não tivesse acesso a suas anotações jamais teria o entendido por dentro.

Os demais assistiam a conversa entre os intelectuais, até Joseph interromper.

—Já é chato ouvir Lorenzo falar disso garota, não começa você também. E para de encher a bola dele que ele já é convencido de mais. — falou terminando seu prato e saindo da fila.

Liam e Micaela continuaram até a mesa, ainda podiam ouvir Joseph reclamar de alguma coisa do outro lado da sala. Na mesa onde sentaram havia alguns rapazes que Liam reconheceu ser do C. E. M. alguns encaravam Micaela, por ainda está de pijama e sua blusa ser um pouco transparente. Ela sentiu a magia se dissipar e tentou retirar a mão, mas Liam segurou e enquanto olhava para os meninos que desviam o olhar. Enfim ele a soltou.

—Me desculpe pelo meu tio, ele é meio sem noção às vezes. — pediu ele.

—Não há o que desculpar bobinho. — ela sorriu.

Ele ainda a encarava, como se a vise agora de maneira diferente, ainda não havia notado como ela era bonita, seus olhos negros, os cabelos maiores do que quando chegou, o rosto redondo e as bochechas grandinhas. Ele sorriu atraindo atenção dela, ela por outro lado não retribuiu.

—Lamento por eles, sei que ainda gosta dela. — falou para Liam que rapidamente olhou para Renan e Davina duas mesas na frente.

Ele voltou a se contrair e seu sorriso desapareceu. De repente as portas do refeitório foram abertas com ferocidade. Levi estava ali ofegante.

—Espias pai a nove quilômetros daqui.

Lorenzo se colocou de pé, se eles sentissem qualquer presença mágica o esconderijo seria condenado.

—Liz, Liam e Renan, vão em suas formas animais. Livrem-se dos espias. Vamos encontrar os demais espias em outros territórios, caso aconteça algo somente aqui ira denuncia nossa presença. Vão agora. — Ordenou Lorenzo.

Liz, Liam e Renan haviam se colocado de pé quando seus nomes foram pronunciados. Liam saltou para frente transformando-se em um Cane Corso e saiu correndo pela porta sendo seguido por Liz transformada em um gato do tamanho de um filhote de panda e por último Renan transformando em serpente.

Logo todo o grupo se dispersou e com sucesso e sem perdas conseguiram eliminar todos os espias, mas agora estavam mais próximos de descobrir onde ficava o esconderijo. Micaela estava na sala dos portais quando Davina saiu, ofegante e sem flechas na aljava, atrás dela saíram três outros arqueiros que estavam sob seu comando. Um tempo depois Liz em forma de gato, saiu seguindo o caminho como se a sala estivesse vazia. Depois voltou Renan em forma humana, com um ferimento no rosto e por último Liam todo coberto de sangue. As meninas se assustaram. Davina quase se aproximou mais recuou ao ver Micaela avançando que parou pelo mesmo motivo.

Levi apareceu com uma toalha para o irmão limpar o rosto ao menos.

—Isso não é brincadeira Liam. Foi inconsequente, sei que gosta de cair em armadilhas, mas aquela poderia ter sido a última. — advertiu o irmão.

—Juro, dessa vez eu não sabia que era uma armadilha. E se você viu por que não fez nada? — indagou bufando.

—Por mais que Cândra seja familiar de Mica, quem a enviou foi eu. Então de nada! — o menino saiu em passos firmes deixando o grupo.

Liam olhou para Micaela e sorriu, e saiu junto com ela sem encarar Renan ou Davina.

—Ele não está falando com você? — perguntou Davina.

—Não. Na verdade acho que está evitando para não me socar de novo.

—Se ele socar você, eu soco ele também! — ela sorriu e o beijou.

O portal se abriu mais uma vez e saiu Joseph que ficou parado vendo o beijo até eles o notarem.

—Eca, traidores sempre se atraem não é mesmo? A menina que traiu meu irmão e sua causa e mesmo assim foi aceita de volta por saber atirar flechas. E o sangue Dark descente da vertente mais podre da família, filho e neto de traidores da coroa dos elfos. — bateu palmas de maneira irônica e saiu.

Joseph era venenoso, gostava se aproveitar das fraquezas. Eles não deixaram de se sentir mal pela fala do homem.

O treino intensivo foi mantido na parte da tarde. No terceiro nível em uma sala media estavam todos aqueles que poderiam ser considerados oficiais de comando na próxima missão e na sala ao lado com Joseph os soldados enviados por Yago.

Primeiro os candidatos se enfrentariam um a um e assim Lorenzo observaria cada método e como estavam emocionalmente. Diferente dos outros treinos, naquele seriam usadas armas e armaduras reais.

O primeiro combate foi de Liz e Rose, não haveria ganhador ou perdedor, Lorenzo diria apenas o momento de parar. A luta demorou cerca de dez minutos, ambas eram boas em suas áreas, mas Rose se sobressaia pela paciência e observação de seu oponente o que a levava a prever movimentos e achar fraquezas. O segundo combate foi entre Júlia e Felipe, ela era habilidosa e Felipe modesto de mais para derrotá-la de imediato, e Lorenzo percebeu isso. O terceiro combate fora em Davina e John, mas antes de começar Liam foi chamado pelo pai.

—Liam, ambos foram seus alunos qual seria o conselho que daria a eles como uma última lição? — indagou o pai.

Em Linjadim havia um costume de que em determinada idade o jovem recebesse um aluno para lhe ensinar o que aprendeu e aprender com ele. Liam ficou pensativo olhando para John e depois obrigado olhou nos olhos de Davina a primeira vez depois da conversa com Renan.

—Davina é obviamente uma arqueira, o que pode ser sua fraqueza então insista em combates corpo a corpo. John usa com perfeição o I1a o que pode não ser efetivo contra o tipo E1 de Davina, então ele precisa se concentrar em sua velocidade de raciocínio. — aconselhou terminando de falar olhando para o pai.

Aquilo fazia parte do próprio teste de Liam. O pai sorriu e deu o sinal para que começassem. A luta seguiu bem como Liam havia dito. Davina acabava por optar por lutar a longa distância o que dava tempo suficiente para John pensar em uma estratégia. O menino era rápido e podia se movimentar no ar, logo as flechas de Davina acabaram e foi obrigada aceitar um combate direto, John tinha o combate na palma da mão e tudo que acontecia fazia parte de seu planejamento. Antes de uma intensificação da batalha Lorenzo a terminou.

—Davina, não ouviu os conselhos de Liam, ele te conhece e seus conselhos devem ser ouvidos. Em uma luta real você poderia está em maus lençóis agora. E John parabéns você melhorou muito, mas lutar com alguém que se conhece é muito mais fácil. Uma luta contra um completo desconhecido tem seus perigos então seja rápido em lidar com eles.

Ambos saíram dando lugar a quarta luta entre Levi e Kalani.

—Por mais que não queira que ambos estejam no campo de batalha, estarão prontos para assumir postos se necessários.

Lorenzo deu o sinal para que a batalha começasse. Kalani atacou primeiro, mas Levi era bem mais agressivo do que aparentava e nos minutos seguintes desarmou seu oponente e o imobilizou no chão. Marina não se conteve e deu saltinhos de alegria. Ambos se colocaram de pé.

—Kalani sua técnica é boa, mas seu adversário quer lhe matar então seja menos artístico na batalha e mais agressivo. Levi meu filho, você evolui a cada dia de maneira impressionante, mas esconda um pouco do que tem, não permita que seu inimigo note que você é bom. Deixe que o subestimem. — o filho se curva ao pai e se retira junto a Kalani.

Por último Liam e Renan, o combate mais esperado por Lorenzo, ele mesmo treinava os dois individualmente nas últimas semanas e os meninos eram promissores. Ele deu ordem para o combate começar.

Os rapazes ficaram se encarando por um tempo até Renan partir para cima. Liam desviou dos primeiros ataques e deu distância. Renan era rápido e o alcançou de imediato. Liam segurou a lâmina de sua espada com as mãos evitando tocar no fio e direcionou para o chão e golpeou com a costa da mão o jogando para trás, Renan se desequilibrou e Liam lançou um tiro de pressão que o derrubou no chão. Ergueu-se em um salto com um sorriso. Puxou outra espada e atacou outra vez, Liam agora também desembainhou a sua. A colisão das espadas gerava mais que faíscas, uma pressão saia e os repelia. Liam puxou sua segunda espada e feriu bem no rosto de Renan um pouco abaixo do olho. Aqueles que observavam se preocuparam.

Renan recuou um para seu ferimento se fechar, ainda sorria. Liam guardou suas espadas e ergueu as mãos para o menino.

—Canes Carcerem! — conjurou e do chão saíram cabeças de cães que morderam os braços de Renan o deixando e posição de cruz. Um terceiro surgiu abocanhando o pescoço. Os que seguravam nos braços fincaram suas garras nas costas e abdômen e Renan estava completamente imobilizado.

Lorenzo achou estranha a conjuração, logo não era encantamento na língua dos elfos, mais comum na família. Deixou o combate continuar. Renan foi tomando uma tonalidade estranha, assim com sua armadura.

Liam teve pouco tempo, graças ao susto de Davina que a fez solta um gruindo, de notar Renan surgindo atrás dele. Rolou no chão desviando da espada. Isunay havia trocado pele e salvado Renan. O combate retorna com as espadas, não havia mais sorrisos nos lábios de Renan. Liam, no entanto estava obstinado, quando tiveram um impasse Liam soltou uma descarga de energia nas lâminas que fez Renan a solta-las. Liam lançou um chute no seu peito e largou suas espadas. Uma seqüência violenta de socos desestabilizava Renan. Lorenzo deu ordem para encerrar, mas Liam ignorou. Houve mais três avisos. Liam armou mais um soco, mas Lorenzo segurou seu punho. Aquele golpe gerou um impulso tão forte que derrubou a Renan e todos os demais na sala, exceto Levi que se abaixou e Lorenzo que teve apenas as vestes e o cabelo movimentados.

—O que é isso Liam, você não é assim!

Os olhos dele estavam amarelos como se um cão; tentou soltar a mão, mas Lorenzo não permitiu.

—Ele é seu amigo! — continuou o pai.

Liam fez mais um pouco de força e se soltou.

—Estamos treinando para guerra, pediu para mostrar o que sei fazer. Matarei todos até chegar a Gabriel.

—Conversaremos mais tarde. Vai! — ordenou e Liam desfez sua armadura e saiu sala.

Lorenzo fez um sinal para que Micaela fosse atrás dele e assim a menina o fez. O homem ajudou Renan a se levantar, estava com a face roxa dos socos.

—O que houve entre vocês? — perguntou e Renan foi obrigado a contar.

Micaela não sabia bem o que falar, e estava até mesmo com um pouco de medo de se aproximar. Os olhos de Liam ainda estavam amarelos. Cândra lhe acompanhava até o corredor onde o menino estava jogado no chão mexendo nas unhas.

—Você está bem? — indagou preocupada.

—Por que eu não estaria? — respondeu ríspido.

—Quer ficar sozinho não é? Desculpa. — falou retornando para sala.

—Não! Espera, desculpa. — ele se colocou de pé e seus olhos voltaram ao normal. —Eu não fiz nada de mais...

—Fez sim! Eu estava a no mínimo cinco metros de distância e quase me machuquei. Se aquele soco tivesse acertado em Renan, teria machucado de verdade. — falou sincera retornando a se aproximar.

Eles se sentaram no chão, Cândra aos pés se pronunciou.

—Os humanos sempre dizem que os cães não têm noção da própria força, mas tenho certeza que Semago tem e que alguma parte dentro de você queria machucar o menino. — falou em sua franqueza.

Liam ergueu a sobrancelha e dou uma risada.

—Ele eu quis mesmo! — ele riu. —Mas sei que foi errado.

—Você precisa se controlar ou fará algo que vai se arrepender muito! — aconselhou Micaela segurando sua mão.

Ele beijou sua mão, desde que conheceu aquela menina ela sempre esteve disposta a ajudá-lo, no inicio ele quis apenas usar a influência dela, mas agora era uma amizade que não abriria mão. Ela nutria sentimentos por ele era visível para alguns olhos, mas ela sabia muito bem dividir as coisas, ele não.

—Obrigado Mica, por está aqui insistindo em mim. Se eu for grosso com você de novo me dê um soco na cara. — ele riu.

Ela riu também acenando positivamente. Ouve logo depois um silêncio, os olhos se conectavam indo além dos corpos e alcançando a alma. Ele se aproximou, ela não recuou. Liam encostou seus lábios nos dela, eram macios e com gosto de morango. Micaela achou ser bem melhor do que imaginou em seus devaneios. De repente ela se apartou do beijo, se colocou de pé em um salto.

—Você ainda gosta dela. Não posso beijar um menino que tenho certeza está pensando em outra! — ela o encarava com lágrimas nos olhos. Não aceitaria menos que merecia, amar alguém que a ama, nada mesmo que isso.

Ele também se levantou arrependido, reconheceu que sua atitude foi emocional, gostava dela, gostou de seu beijo, mas seu coração ainda pertencia à outra. Micaela forçou um sorriso e partiu junto a sua familiar.

Liam voltou a se jogar no chão e de seu anel saíram três Chihuahuas de pelos negros e se sentaram um na frente e dois dos lados.

—O guerreiro não tem tempo para amar, se ama alguém pensara nela enquanto batalha e se morrer na batalha, deixara alguém com uma grande ferida. Ame sua espada, ela estará com você no cambo de batalha e será enterrada em seu túmulo. — aconselhou o que estava no centro.

—Meu pai sempre disse que você não era de falar muito, ou se mostrar... Seus conselhos são horríveis! — falou Liam o encarando.

—Tudo na vida tem um preço! — falou o da direita, sua voz era mais aguda e Liam nunca tinha ouvido. —Amar, odiar. Seu amor por Davina o cega, seu ódio por Gabriel te transformar, a saudade de Larissa e a culpa de perdê-la te limita. A vida nunca estará boa em todos os aspectos, mas você deve dar o seu melhor em todos eles. Perdoe-se, ame ela ou outra, vingue-se, mas por tudo que você considera sagrado, não se perca. — falou sério olhando para os lados.

O da esquerda também se pronunciou.

—A batalha que está por vir deixara em você feridas bem mais profundas, na alma e no corpo. Daí entendera como tudo é tão passageiro, vocês são segundos em sem segundos não são mais. Lembre-se disso Liam Viocum, na guerra mesmo se ganhando se perde. — ele tinha uma voz calma e cada palavra gerava arrepios em Liam.

—Isso por acaso é uma profecia? — indagou preocupado.

—O futuro está em constante mudança. — os três o olharam e desapareceram como fumaça.

Não compreendeu tudo por completo, mas se apegaria a toda aquela sabedoria para viver nos dias que se seguiriam.