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Piloto

Foi algo em torno de dois meses afastada sociedade até que eu pudesse sair e mostrar meu rosto ao mundo novamente. É claro que a intenção do ataque ao monastério era acabar com os xamãs de magias excepcionais que tinham ali.

Para todo o restante do mundo era como se eu tivesse desaparecida embaixo de alguma das paredes que foi ao chão, ou até mesmo que meu corpo estivesse perdido nas águas mais profundas e esquecidas do mar egeu.

Por isso que a instituição alugou uma casa numa parte mais afastada do centro da cidade onde pudesse me esconder por um tempo. O homem que me acompanhou pediu que eu o chamasse de Akio-san, ele também estava cuidando de mim durante essa estadia além de estar me dando aulas intensivas de japonês. Assim, logo eu poderia usar a minha técnica e avançar a minha capacidade linguística no tempo.


— Eu gostaria de saber como você passou de uma aprendiz para alguém que fala japonês fluentemente em... 47 segundos — o homem de trinta e poucos anos arregaçou as mangas e se apoiou de costas no balcão da pequena cozinha que a nossa casa alugada tinha.

— Eu não sei o quanto que a escola te contou sobre as minhas condições — respondi — gostaria de manter a precaução e o sigilo nas informações repassadas.

— [Nome] Kismet, 16 anos portadora da dádiva das moiras, capaz de manipular de alguma forma o tempo, o caminho e o destino. Foi encontrada pelo vice-diretor Telles durante uma das suas viagens, sem memórias e sem família, desde então viveu no monastério jujutsu onde mais tarde descobriu sobre suas habilidades especiais.

— Entrou com um pedido de transferência para a escola japonesa visando descobrir algo sobre akai ito, ou como vocês chamam a linha do destino. — Akio-san falou tudo como se estivesse explicando para uma criança como amarrar o cadarço do tênis, voz calma e estável. — Então sim, eu sei tudo sobre você, por mais que eu admire a sua preocupação e manter o sigilo não é necessário perto de mim.

Levantei as minhas mãos em sinal de rendição — Você que manda Akio-san — suspirei e andei até a pequena mesa que ficava na cozinha. — É uma das minhas habilidades, em tese avancei o meu conhecimento linguístico de japonês no tempo.

— Por que você não usou isso desde o início? Teria facilitado algumas coisas.

— Não é bem assim que as coisas funcionam. Consigo avançar uma capacidade, mas preciso aprender primeiro, eu não consigo fazer com que ela surja magicamente. Então é necessário aprender antes de avançar.

— Isso parece complicado — ele comentou e se virou a fim de começar a fazer nosso jantar, o mais velho tinha se provado um ótimo cozinheiro, me deixando feliz de não ter que me preocupar com o fato de passar fome.

— Honestamente não consigo pensar em uma maneira de explicar isso para você, então, sim, é complicado. Mas de um modo bem simplório é como atrasar o crescimento de uma flor ou acelerar morte dela, o caminho está decidido, eu só consigo avançar ou não no tempo.

— Entendo, é uma habilidade bem especial que você tem. Use-a com sabedoria, sim?


Assim os dias foram passando até que o dia da minha mudança chegasse realmente. A escola tinha me fornecido um celular e como eu já fazia a minha parte de caçar maldições na Europa antes, todo o meu dinheiro já havia sido transferido. Não teria problemas quanto a isso.

A pequena casa que foi minha moradia durante algum tempo já estava vazia, do mesmo jeito que encontramos quando chegamos.

— Vamos — Akio-san me chamou da porta —, não me diga que se apegou a este lugar tão rapidamente.

— Nesse trabalho podemos morrer de uma hora para outra, passar dois meses em um único local para mim é algo memorável — respondi. — Então, sim, guardo certo apresso por esse local.

Dei uma última olhada para as paredes e passei pela porta seguindo o mais velho na direção de um carro Akio-san abriu a porta para mim e eu entrei. Sem ter muitos pertences, uma pequena mala foi mais do que o suficiente para abrigar as minhas coisas.

Não demorou para que estivéssemos no caminho para a escola, o mais velho ficou no lugar do motorista e eu me sentei no banco de trás.

— Apenas para seu conhecimento os seus colegas de classe não sabem exatamente sobre suas técnicas, então mantenha o mínimo de informação. Até para a própria proteção deles.

— Eles? — perguntei.

— Yu Haibara e Kento Nanami, não acho que você deva ter problemas em se entrosar — ele disse me olhando pelo espelho — os segundo anistas já dão trabalho o suficiente.

Ri de leve — Você sabe que pela minha idade real eu deveria ser do segundo ano certo?

— Sim, mas estamos com baixas de novos alunos e estamos te escondendo. Então não há necessidade de seguir certas formalidades.

Não dei sequência no assunto, apenas olhei a paisagem na janela enquanto ele dirigia pelas ruas. O colégio metropolitano de técnicas mágicas de Tóquio é uma das instalações jujutsu educacionais no Japão, embora o lado de fora a aparência fosse como o de uma escola religiosa particular comum.

Podia ver vários prédios espalhados pelo terreno cercado pelas montanhas, segui o mais velho dentre os prédios de aparência tradicional, Akio guiou até uma sala com um feiticeiro de ranking maior. Era um homem alto de cabelos escuro e curtos, seu penteado parecia um pouco peculiar, ele tinha duas linhas que faziam um contorno envolta da sua cabeça, sem falar do cavanhaque.

— Esse é Yaga Masamichi — Akio-san me disse. — Foi o escolhido para ser o próximo diretor da escola. Também é o professor responsável pelos segundo ano.

Me curvei levemente em respeito — É um prazer.

— Vejo que as aulas de japonês fizeram bem — ele disse e estendeu a mão para mim — É um prazer te conhecer Kismet-san.

— Por favor apenas [Nome] está bem, não sou muito familiar com esse costume de sobrenomes, acredito que não é bom usar ele pelos próximos meses. — respondi apertando a sua mão de volta.

— Se pretende se esconder não seria melhor usar um pseudônimo? — ele perguntou.

— Não é necessário — sorri de leve — Nunca usei meu nome verdadeiro quando estava no monastério, eles normalmente me chamavam de Týchi̱. Então creio que não teremos problemas.

Ele acenou com a cabeça compreendendo — Vamos, gostaria de conversar mais um pouco com você — e então ele guiou o caminho até uma sala privada dentro da escola. Nos sentamos, ele me serviu uma xícara de chá-verde e começou a falar.

— O Diretor Telles via grande potencial em você, já que a sua técnica amaldiçoada permite alterar algumas coisas que os humanos não conseguem... Como o tempo, se importa em explicar como funciona?

— Me permita contar uma história antes de explicar como que a minha técnica funciona... Na mitologia as moiras eram as irmãs que determinavam o destino, dos deus e dos seres humanos, teciam o fio da vida de todos os indivíduos. Cloto tecia o fio da vida, Láquesis puxava e enrolava o fio determinando a sorte em vida e Átropos cortava o fio determinando o fim da vida.

— Na minha técnica elas se traduziram como Chrono representando o tempo, Trama significando o caminho e o fio do Destino... Embora essa última eu mesma não tenha muito certeza sobre o significando. Não a vi muitas vezes.

— Você consegue as enxergar?

— De certa forma — respondi —, a linha do tempo possui um tom levemente azulado a trama um brilho púrpura e o destino, como você pode imaginar, é levemente vermelha.

Ambos os homens me ouviam com atenção enquanto explicava sobre como minha dádiva funcionava — Embora possa parecer algo forte e sublime, é muita ingenuidade pensar que se pode alterar o curso normal da vida e achar que não haverá punições. Por isso tenho algumas condições para poder usar.

— Para o Chrono, uma ação precisa sempre ser começada — peguei uma colher e joguei para cima, na minha cabeça imediatamente já pude ver a trajetória que ela faria até que voltasse para a minha mão. — Consigo avançar a trajetória da colher até seu ponto mais alto num piscar de olhos, terminando a ação. Fazer com que ela volte até o começo da ação, o momento que joguei a colher para cima, ou parar a ação no meio dela.

— A Trama funciona como uma sugestão a ser seguida, funcionando apenas com seres vivos — fiz a colher voltar para a minha mão. — Posso pedir para Akio-kun investir todo o dinheiro dele na bolsa de valores, ele pode não saber o porquê de querer fazer isso, mas eventualmente vai fazer. Dependendo do pedido consigo combinar com Chrono parava ter a execução mais rápida ou não.

— Trama também serve como apoio, desde que eu toque o meu companheiro posso controlar seus movimentos e ajudar no suporte para lutas mais intensas. Diretor Telles apelidou de Karakuri Ningyou — tomei um pouco do meu chá, a boneca articulada era bem famosa na terra do sol nascente anos atrás — Ele tem um humor bem... Específico.

— Fora isso consigo usar alguns outros ataques comuns e de restrições sem precisar de condições, são os que eu normalmente uso em missões.

— E sobre a linha do destino? Afinal, ela foi o motivo de você pedir a transferência inicialmente.

Bati meus dedos levemente na mesa — É complicado, existem momentos que eu consigo a ver, mas não entendo como funciona. A lenda fala sobre pessoas destinadas, tem um cunho romântico, mas não acho que é só isso...

— Entendo — ele cruzou as mãos na frente do rosto - Bem, você me parece bem preparada para ingressar na escola, não vejo motivos para adiar seu início. Akio-kun pode a levar para seu respectivo dormitório e em seguida a apresentar para os outros alunos do primeiro ano.

— Será um prazer a ter como uma de nossas feiticeiras, bem-vinda a Tóquio [Nome].










N/A: Olá, este capitulo é um teste para ver o interesse e o alcance do personagem como busca de leitura.

Agradeço por chegar até aqui.

Xx.

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