Caminho até Aqui
Agosto de 2007.
Quem diria que o tempo passaria tão rápido, entre meses de recuperação, treinos com Akira e missões com Haibara e Kento oito meses se passaram num piscar de olhos.
Haviam sido dias extremamente corridos. Aparentemente, depois dos acontecimentos do ano passado, espíritos amaldiçoados estavam se proliferando como insetos rastejando para fora de seus buracos com mais constância do que o normal.
Devia ser março quando Akira, Satoru e eu paramos de treinar em conjunto. Os ranks mais altos estavam jogando o garoto para fazer todas as missões possíveis, mas mesmo assim ouvia do meu professor que eles andavam testando com as técnicas dele quando eu não estava por perto.
Lógico que Akira nunca deixaria de fazer os comentários idiotas dele, mas os dois pareciam andar em bons termos sem necessariamente querer se lançarem no pescoço um do outro a qualquer momento.
A habilidade de selecionar os ataques automaticamente, separar os objetos em graus de perigo pela quantidade de energia amaldiçoada e por peso e massa. Satoru estava realmente se tornando o feiticeiro mais forte, mas não sei se ficava muito atrás.
Crono estava mais desenvolvida, ainda que eu não pudesse mexer com o passado, me permitia manipular alguns corpos diferentes em tempos díspares. Como acelerar um ataque e diminuir a movimentação do oponente ao mesmo tempo, também não precisava do toque para manipular Karakuri Ningyo o que havia se provado bem útil.
Pensar sobre técnicas me fez lembrar que amanhã teríamos uma missão bem longe, Haibara estava animado, mas nem eu e nem Nanami estávamos na mesma sintonia que ele.
O loiro já havia retornado para seus aposentos e eu aproveitei o tempo sozinha para pensar um pouco.
Me sentei numa das escadas próximas ao campo de treinamento, levando as mãos ao pescoço, o apertando de leve. Pensando em Satoru... Bem, as coisas andaram um pouco complicadas; até março enquanto treinávamos juntos estávamos próximos, mas depois disso com a escola nos mandando em inúmeras missões, acho que eu podia contar nos dedos às vezes tinha o visto por mais de vinte minutos.
Era um dos motivos pelo qual o "nós" ainda não havia se concretizado, e honestamente não podia deixar de pensar que algumas pessoas estavam trabalhando para que isso não acontecesse. Principalmente os anciãos e conselheiros da escola.
Ainda de olhos fechados, senti uma mudança no ar ao meu lado e não precisei de muito para saber quem era. Como se a presença não fizesse meu corpo reagir imediatamente o braço circulando a minha cintura veio de confirmação.
-Sentiu a minha falta? – disse encostando o queixo no meu ombro.
-Não, quem te disse isso? – respondi levantando a cabeça para encarar seu rosto, Satoru também estava cansado. A escola estava tirando absolutamente tudo que podia de nós. – Apenas pensando, parece que oito meses passaram num piscar de olhos, como virar a página de um livro.
-Hum... Não acho que você está errada – ele concordou e se ajeitou mudando a posição e sentando no degrau atrás de mim e me puxando para que encostasse em seu tronco enquanto mantinha uma perna de cada lado do meu corpo – Cortou o seu cabelo de novo? Parecia mais comprido.
-Shoko cortou, mas já faz algumas semanas – inclinei a cabeça para poder o olhar – Acho que diz bastante sobre a frequência que estamos nos vendo.
O garoto se inclinou deixando que a boca encostasse na minha cabeça – Bem menos do que eu gostaria com certeza – disse contra meus cabelos. – O que vai fazer amanhã?
-Missão - respondi – Uma bem longe, algo sobre um espírito de segundo grau... Mas não sei porque precisam mandar uma equipe de três pessoas para isso.
Não estava com uma sensação muito boa sobre o assunto, Nanami estava com os detalhes e alguma coisa me incomodava profundamente, embora não conseguisse descobrir o que é. Algo sufocante que parecia me travar a garganta e deixava uma pressão sobre o meu peito.
-Te mandando pra longe bem no dia em que estou de folga – ele comentou – Eles estão começando a deixar óbvio demais.
Não pude deixar de dar risada – Também pensa assim? Não sei porque existe tanto medo a ponto de tentarem nos manter longe.
-Porque nós dois podemos acabar com a organização – ele disse com uma voz mais séria do que o comum – Conservadores imbecis, tolos arrogantes e idiotas simplistas, poderíamos acabar com todas as cadeiras altas do mundo de feiticeiros se quiséssemos, e nem digo juntos.
-Acho que sermos nós, representa uma ameaça em potencial – concluiu e sorriu – Não que vá adiantar alguma coisa porque você já está completamente apaixonada por mim.
-Você precisa checar as suas fontes – rebati – Estão te passando informações erradas.
-Hum, deixa eu ver – ele virou meu rosto e encarou meus olhos intensamente, geralmente quando ficamos na companhia um do outro ele deixava os óculos de lado – Não, tenho certeza. Você me ama, mas ainda não me disse isso.
Eu pude me ver refletida nas íris brilhantes dele – Você é muito convencido, sua personalidade é horrível.
Satoru abaixou a cabeça encostando a testa na curva do meu pescoço murmurando – E o que mais?
-Odeio o fato de você estar certo.
A risada dele fez com que a minha pele se arrepiasse, os braços me apertaram de leve me fazendo sentir segura – Me prometa uma coisa, [Nome]...
-Tome cuidado na missão.
Coloquei a minha mão sobre a sua e a apertei de leve, aproveitando os últimos minutos de sua companhia antes de ter que me reunir com Yaga-san e Akira referente a alguns relatórios que precisava passar.
Não voltei a ver Satoru naquele dia.
Na manhã seguinte, como combinado, me encontrei com os garotos no portão da escola, um dos assistentes nos levaria de carro até o local. Como era longe, partimos quando o sol nem havia se levantado ainda.
Lentamente a cidade foi dando lugar a árvores e os prédios substituídos por pequenas casas e templos de bambu e madeira, mesmo passando rápido era possível sentir algo de estranho espreitando entre o denso verde da floresta, nos observando. Mesmo depois que descemos do carro, a sensação de ter algo sinistro ao nosso redor não me deixou, pelo contrário se tornou mais intensa.
-Você consegue sentir isso Kento? – perguntei e recebi um aceno de cabeça, em resposta me virei para o assistente – Tem certeza que é aqui?
-Precisamente. – respondeu e em seguida conjurou a cortina, o manto escuro desceu do céu criando uma grande abóbada nos separando do restante do mundo como as regras diziam que deveria ser feito.
Era um templo de madeira podre que segundo as lendas locais prendia um yokai – um ser sobrenatural – num fosso que se estendia a metros e a mais metros dentro da terra. Os locais não estavam por perto, afinal a vila mais próxima ficava a uns vinte minutos daqui, mas podia jurar que tinha visto alguns olhares mal-encarados no meio do caminho.
Poderia ser a energia do local ou a sensação incômoda que ainda se agarrava a cada célula do meu corpo, mas eu me sentia mais atenta do que nunca.
Andamos até o prédio, ele se revelando muito maior do que o esperado, um território. – Isso não pode ser uma coisa boa, um espírito de segundo grau não deveria ter esse tipo de manipulação de ambiente.
-Por mais que eu odeie concordar, você está certa – Nanami respondeu.
-Vamos ficar juntos – Haibara comentou – Quando encontrarmos a maldição nós-
Yu não conseguiu terminar a sua fala, pois foi jogado para trás a nossa frente a maldição que se apresentava era como algo que eu nunca havia visto. Parecia mais humano do que o comum, tinha três pares de braços, pernas musculosas e na cabeça sustentado por uma boca distorcida cheia de dentes olhos fundos vermelhos.
Pisquei os olhos e foi o suficiente para que quase se lançasse em direção de Nanami, Crono e trama o mantiveram preso no lugar. Mas mesmo assim não conseguiria o manter preso por muito tempo.
-Nanami ajude Haibara. Precisamos correr, agora!
Yu cuspia um pouco de sangue e mantinha a mão na barriga, Kento passou o braço dele por cima dos ombros enquanto eu focava meus esforços em não deixar a maldição escapar. Nos lançamos dentro do templo na tentativa acharmos algum lugar em que pudéssemos nos esconder ou por hora, pelo menos pensar no que fazer.
No fundo da minha mente um aviso, havia acabado de entrar num pesadelo.
N/A: Bem, chegamos ao arco de morte prematura (você que leu os capítulos deve saber sobre o que é).
Enfim, eu vou tentar explorar mais do que o mangá, que tem literalmente 2 páginas sobre mas não vai se estender muito acho que apenas um capítulo, enfim, calculo que essa fic deva terminar entre 45 e 50 capítulos ou seja estamos no fim.
Agora uma explicação, a obra original tem realmente esse pulo de 1 ano de uma página pra outra ainda que eu deixei um pulo de 8 meses kkkk então aproveitei pra fazer de resumo e deixar um capítulo mais de transição.
Obrigada por acompanhar até aqui, eu sei que não é uma história fácil mas eu realmente tenho orgulho de como foi escrita.
Até mais, Xx
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