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39# - Jogando Sujo

- Bem, menino Meiji - dizia Yoshinobu se aproximando lentamente para perto do trono - Eu falei com o conselho do clã e digamos que interesses comuns surgiram, mas o que importa no final de tudo é o povo, certo?

- Isso mesmo, fico feliz por ouvir isso de ti - Meiji cruzou as pernas e pegou no queixo olhando pra cima por uns segundos, e depois continuou a falar - Podemos até chegar a um acordo para integrar o clã tokugawa no novo governo que planeio estabelecer.

Tem a certeza disso? - perguntou Seiji surpreendido - Não seria melhor...

- Pra que tanto alarido Seiji, você irá contrariar a decisão de seu imperador? - Yoshinobu interrompeu ele e continuou- Sábia decisão, jovem imperador, eu tenho a certeza que o seu pai iri...

- Calado, seu desgraçado! - gritou Meiji levantando do seu trono - Nunca mais ouse falar do meu pai, e se pensas que sairás impune pelo seu assassinato, estás muito enganado, então agradeça por estares saindo daqui com a cabeça!

- Muito obrigado, agora irei retirar-me e o deixarei em paz - curvou-se e saiu lentamente da sala do trono esbarrando com Terui que vinha em direção oposta - Uhm, o filho de Seiji..., que pena que serás órfão muito em breve.

- O que?... - Yoshinobu havia falado baixo, então Terui não havia entendido, mas nenhum dos dois parou e ele entrou no salão - Mandaste chamar, Meiji?

- Terui! - desceu do trono e foi ter com ele - Sim mandei, é que fica aborrecido ficar sempre a interagir com pessoas que têm idade muito acima da minha, sem ofensa.

- Eu quero que tu estejas do meu lado quando eu discursar na frente de todo exército, e que venhas discursar também...

- Meiji, não acho que eu seja a pessoa mais apropriada para isso...

- Claro que és, não aceito um não como resposta, o que dizes?

- Já que insistes, não tenho outra opção senão aceitar.

- É só estares pronto até lá que tudo vai correr lindamente, mas agora mudando de assunto...

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A tensão no palácio depois do ocorrido não impediu que o tempo passasse como uma brisa e o grande dia tinha chegado.

Todo mundo levantado! - gritou Miriko entrando no dormitório - Hoje é o grande dia!

- Mas ainda nem amanheceu - disse Mizuki bocejando, mas quando olhou para a cara dela, assustou-se pela animação exagerada - A senhora dormiu, certo?

- Nem um bocado! - gritava ela sem necessidade - É difícil lidar com tamanha emoção, quase que me sufoca.

- Cuidado para não explodir - respondeu Ryuki dando uma risada - Tenho de admitir que também estava ansioso pelo dia de hoje.

- É esse o espirito, agora quero ver vocês preparados em dez minutos! - gritou e saiu saltitante.

- Ela vai ficar bem? - perguntou Akutsu pulando da cama.

- Eu espero que sim, mas agora vamos lá fazer o que ela disse para não levarmos com uma boa dose da ansiedade dela.

Não demorou muito para estarem todos alinhados no campo de treinos do exército onde Miriko e um outro general estavam dando as últimas orientações.

- Espero que tenham entendido bem soldados, agora toca a marchar até o palácio - gritou Miriko, depois olhou para Terui - Tu vens comigo, ordens do imperador.

- Sério? - perguntou Terui, Miriko abanou a cabeça concordando, então ele olhou para seus amigos - Parece que nos encontraremos por lá, até daqui a pouco.

- Está bem, mas vê se não desapareces - respondeu Naomi avançando.

- OK, vamos - seguiram os dois por uma trilha estreita e fechada - por aqui chegaremos ao palácio bem antes deles e...

Uma brisa passou e Miriko repentinamente invocou a sua lança apontando em direção a uma árvore.

- O que foi? - perguntou Terui pegando na sua espada - A senhora viu alguém?

- Foi só impressão minha - fez a sua lança desaparecer - As vezes acho que estou ficando paranoica.

O clima ficou estranho após falar isso, mas não os impediu de caminhar até as traseiras do palácio onde Meiji e Seiji esperavam por eles.

- Finalmente chegaram, então, preparados? - Meiji nem esperou ninguém responder, já que a ansiedade falava mais alto - Vamos lá!

Terui começou a caminhar atrás dele, mas Seiji pegou em seu ombro.

- Boa sorte, filho...

- Obrigado, pai...

Apesar deste breve e curto contato, isso foi o suficiente para motivar Terui. Eles foram na frente do castelo e o exército estava todo lá à espera, então Meiji não perdeu muito tempo e começou a discursar:

- Fico feliz que todos vocês atenderam o meu chamado só para ouvir o que eu tenho a dizer - desceu as escadas e começou a caminhar entre as filas enormes de soldados falando bem alto - Acho que vocês sabem que os Tokugawa renderam-se aceitando a minha restauração, mas a verdade é que não confio em Yoshinobu e nem alguma palavra que sai da boca dele, então peço a vossa prontidão caso algum conflito surja...

De repente ocorre um leve tremor de terra e vários soldados do domínio Satsuma e Choshu aparecem cercando o exército. Os seus respectivos líderes ou bem dizendo, daimios Takashika e Tadayoshi vinham lado a lado em direção de Meiji que foi cercado por alguns dos seus soldados para a sua proteção, e pela cara dos dois não poderia ser boa coisa.

- Desculpe a gente por vir sem avisar, mas o assunto que temos a tratar é de extrema urgência - disse Shimazu Tadayoshi do domínio de Satsuma que parecia agitado, mas falava serenamente.

- Imagino que sim - Meiji fez um gesto com as mãos e os soldados voltaram para as suas posições anteriores e Miriko veio rapidamente - Mande o exército de volta, e sugiro que os treinos sejam mais rigorosos.

- Sim, meu imperador- Bastou estar dois passos afastada dele que começou a gritar- Vamos lá soldados, hoje temos um dia bem cheio pela frente!

- Agora peço que me acompanhem à um sítio mais apropriado para discutirmos melhor esse assunto.

- Ótima ideia, jovem imperador - disse Moro Takachika do domínio Choshu - Soldados, vão mostrar ao exército imperial como os Choshu são implacáveis.

- Acho que os meus também podem ir mostrar a superioridade dos Satsuma.

- Urra! - Gritaram os soldados.

- Agora que estamos despachados, vamos lá - Os três foram até a sala do trono e junto deles, os seus conselheiros e generais - Então, o que exatamente querem falar?

- Nós simplesmente achamos inaceitável deixar o clã Tokugawa fazer parte do novo governo após a restauração - disse Tadayoshi preocupado - Fazendo isso, estaríamos simplesmente a deixar décadas de luta no lixo.

- Apesar de tudo que ele fizeram todo mundo passar, não podemos simplesmente descartar todos eles, ou preferem o contrário?

- Se quiser evitar algum infortúnio num futuro próximo, é o melhor a fazer - Tacachika pegou em seu ombro e continuou - Acredite em nós

- Parece que não tenho escolha - Meiji levantou do trono e gritou - Declaro a instauração total da corte imperial no poder!

- Não será o suficiente- Entrou um jovem de estatura avantajada com a sua armadura que tinha o símbolo do clã Tokugawa estampado no peito. Ele chamava-se Saigo Takamori, soldado de elite do clã Satsuma - Se o imperador abolir o seu título de xogum e confiscar as suas terras, Yoshinobu entraria em desespero, não tenho dúvidas disso.

- Não seria demais? - perguntou Meiji com a mão no queixo - Não é melhor aproveitar enquanto ele estiver calmo do que agitado ou furioso?

- Meu imperador, todo ser humano sob pressão comete sempre um deslize, então aproveitaremos isso para acabar com ele de uma vez por todas.

- Todo mundo concorda com a ideia? - perguntou Meiji e parece que todos estavam a favor - Então mandem uma carta para o castelo Edo falando tudo o que discutiu-se aqui e aconselho-vos a prepararem os exércitos, porque eu sei que o troco dele não será barato...

Fim de Capítulo.

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