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Parte 1

Todos no terceiro andar fizeram silêncio. Era como se o som daqueles sapatos pretos e lustrosos sobre o piso acetinado fosse uma espécie de aviso. O furacão dos negócios acabava de chegar e eles pararam para admirar a figura alta e esbelta que caminhava com sua postura confiante pelo corredor, entre as mesas, até a sala de reuniões. As roupas sociais dando-lhe um ar sofisticado, junto ao relógio prateado que irradiava um brilho forte em contato com as luzes que iluminavam o ambiente. Os olhos dos funcionários seguiram aquela imagem poderosa até que ela sumisse, deixando apenas o rastro de um perfume suave.

Julieta ergueu uma das sobrancelhas ao abrir a porta e entrar na sala lotada de homens engravatados e cheios de si, mas manteve-se firme como tinha aprendido. Ela não tinha medo deles e eles a respeitavam. Aquela era uma mulher que sabia como comandar os negócios e todos ali acreditavam com grande convicção que, se ela havia chegado onde chegou, era porque realmente merecia - e ela sabia que tinha mesmo feito tudo para merecer.

No início, Julieta era apenas uma vendedora, vinda do interior, na famosa Technology Star, mostrando aos clientes cada vantagem de se adquirir um de seus aparelhos fossem eles celulares, tablets, kindles ou computadores. Ela conhecia cada produto, cada preço, sabia como cada um deles funcionava. Ela também conhecia cada problema e era rápida em direcionar os clientes, ajudando-os a encontrar soluções. Sempre fora muito competente e toda sua eficiência só fez com que ela subisse ao longo dos anos. Ela precisou atravessar o mar de falsos julgamentos, de pessoas invejosas que diziam que ela só estava crescendo assim por se deitar com algum superior.

Ela jamais se deixou abater por tais comentários maldosos que, em geral, vinham de outras mulheres. Era doloroso pensar que, em vez de ficarem felizes por uma mulher estar conquistando seu espaço, elas oferecessem palavras tão ofensivas. Mas Julieta continuava com seu trabalho como se aquelas conjecturas não a atingissem. Até que todo seu esforço chegou aos ouvidos de pessoas importantes como Steve Schimdt, um dos filhos do dono.

Enquanto cumprimentava os presentes, e acomodava-se numa cadeira solitária na ponta da mesa, Julieta lembrou-se da primeira vez que vira Schimdt, americano e filho do dono da companhia. Julieta foi chamada à sala dele assim que chegou à filial em Brasília, onde havia sido incumbida de estar. Tentou não demonstrar nervosismo e manter o pensamento positivo, embora uma pontada de medo corroesse seu estômago. Vinha fazendo um bom trabalho até ali, apesar de todas as pedras que havia encontrado em seu caminho. Os obstáculos só haviam servido para que ela se sentisse ainda mais determinada a conquistar seu espaço.

- Oi - ele a cumprimentara num português arrastado e estendera a mão, os olhos incrivelmente azuis focados nos seus e um sorriso acolhedor desenhando seus lábios pálidos.

- Sr. Schimdt - ela cumprimentara de volta, correspondendo ao gesto e sentindo o aperto suave dele.

O americano sempre lhe parecera muito sério e reservado nas várias vezes em que estiveram juntos, mas ali, naquela sala, estando apenas os dois, ele se mostrara muito mais relaxado.

- Sente-se - pediu gentilmente, indicando a cadeira vaga à sua frente e ela obedeceu.

Dando a volta pela mesa, Schimdt também se sentou em sua grande e confortável cadeira.

- Você tem sido um trunfo para essa empresa, Srta. Santana. - Ele inclinou-se e entrelaçou as mãos abaixo do queixo. - Sua postura é exemplar. Foi uma das melhores vendedoras que já tivemos em toda Technology Star, o que não é pouca coisa considerando todos os países em que atuamos, e vem cumprindo seu papel em todos os cargos que já ocupou com dedicação, trazendo ótimos resultados para empresa. - Acrescentou ainda: - É uma pessoa confiável e que sabe o que está fazendo.

- Obrigada - ela havia agradecido.

Ouvir todos aqueles elogios era tão incrível. Mas Julieta continuou atenta. Conhecia a fama de Schmidt fora da empresa. Diziam que, apesar de ter uma noiva, ele era mulherengo e gostava de ter caso com suas secretárias. Ela não acreditava que ele quisesse algo com ela, mas, se ele desse a entender que queria, então ela jogaria tudo para o alto. Acima de qualquer coisa, Julieta tinha dignidade. Não podia negar que seria uma decepção perder o que ela havia conquistado, mas jamais se daria a ninguém por cargo nenhum.

Schimdt pigarreou levemente, fazendo com que Julieta piscasse os espessos cílios escuros e voltasse a focar a atenção nele.

- Eu gostaria de lhe fazer uma proposta, Srta. Santana. - O americano ajeitou a postura, ficando com os ombros eretos.

Julieta franziu as sobrancelhas e esperou para ver que oferta ele tinha em mente antes de tomar qualquer atitude precipitada.

- Gostaria que você gerenciasse as filias de toda região sudeste. Eu confio em você e sei que você tem um grande potencial para cuidar de tudo.

A primeira reação de Julieta foi estreitar os olhos como se não conseguisse acreditar. Aquela era uma ótima promoção e mudaria sua vida. Ela passaria a ter muito mais trabalho, mas seu salário aumentaria consideravelmente.

- O que me diz, Srta. Santana? - Schmidt pousou o cotovelo dobrado em cima da mesa e jogou o outro braço sobre o encosto da cadeira.

- Senhor, eu... Eu me sinto honrada, mas sou tão jovem. Como... por quê?

A pergunta estava implícita naquele espaço preenchido apenas por uma interrogação, sem que qualquer palavra a mais precisasse ter sido dita. Schimdt tornou a ficar ereto e sua expressão voltou a seriedade habitual quando entendeu as dúvidas e receios que atravessavam o semblante de Julieta.

- Estou te oferecendo o cargo, porque, como eu disse antes, você tem dado resultados e é de confiança. Não exigirei de você nada além do que o seu trabalho pedir. Nada além do que estiver no contrato.

O tom dele a havia convencido de sua sinceridade. E agora lá estava ela, em frente àqueles gerentes, conduzindo aquela reunião, ciente de que, com o que carregava dentro de si, todo seu castelo poderia desmoronar, como um castelo de cartas. Julieta não estava pronta para isso.

*

Depois que a reunião findou, todos foram embora, deixando a sala vazia. Julieta permaneceu sentada. Estava exausta muito mais que o normal. Devia ser um dos efeitos, afinal, do que estava acontecendo a si mesma. Julieta suspirou e cobriu o rosto com as duas mãos. Mais cedo ou mais tarde teria que contar a todos o seu segredo.

- Com licença - pediu uma voz feminina.

Julieta olhou para a porta e sorriu. Ela acenou com a cabeça, permitindo que Marina, sua assistente e melhor amiga, entrasse. A mulher de cabelos claros e cacheados, que usava óculos maiores que seu rosto, caminhou até ela com um copo de chá nas mãos e um pedaço de bolo de cenoura enrolado em um guardanapo. Ela os depositou em frente à Julieta e sentou-se na cadeira ao lado, observando-a atentamente.

- Quer? - ofereceu, mas Julieta fez que não com a cabeça. - Você parece preocupada desde que descobriu estar grávida - despejou sem rodeios.

Julieta ergueu os olhos para Marina e exibiu um sorriso que ela não soube definir se era de alegria ou tristeza. Talvez ele carregasse um pouco dos dois.

- Eu... Eu não estou exatamente assim pelo bebê. Não que eu tenha pulado de alegria quando descobri que seria mãe - ela desabafou, sentindo-se terrível por reconhecer aquilo em voz alta -, mas agora que tive tempo para pensar e absorver a maternidade, acredito que esse tenha sido um dos melhores presentes que já recebi.

Ao terminar de dizer aquelas palavras, ela levou a mão à barriga que ainda não dava sinais de sua gravidez e a acariciou.

- Mas algo te perturba. Tem medo de que Schimdt te tire do seu cargo porque agora você terá um compromisso além da empresa?

- Ele que não pense em fazer isso! - exclamou Julieta com grande energia. - Não estou doente, Mari, estou grávida! Grávidas são capazes de trabalhar! E mães são capazes de conciliar vida pessoal com a profissional. As mulheres têm o dom de se concentrar em muito mais coisas do que os homens - disse e ergueu o queixo com autoridade.

Marina riu e concordou com a cabeça.

- Você está certa, Julie. Então está assim porque eles não sabem sobre o pai?

Os lábios de Julieta comprimiram-se numa linha fina. Tudo aquilo que ela estava evitando, acabaria vindo sobre ela como uma enxurrada. Ela temia que pudesse se afogar naquele poço de mentiras que ela mesma havia cavado para si.

- Ah, querida, eu detesto o que ele está fazendo com você. - Marina estendeu a mão para tocar uma mecha castanha do cabelo de Julieta.

- Eu também - suspirou ela, os olhos marejados. - Mas eu concordei com tudo, então não posso culpá-lo totalmente. Também tenho minha parcela.

Marina sentiu seu coração apertar-se pela amiga. Ambas se conheciam desde a faculdade. Haviam se formado no mesmo curso e, além de companheiras de sala, tinham se tornado carne e unha. Fora ela que, num momento em que Marina estava tendo dificuldade para arrumar um emprego devido à crise, lhe arranjara o cargo na Technology Star. Não havia nada que uma não fizesse pela outra.

- Julie - Marina fitou-a com um olhar encorajador -, está na hora de parar de se esconder e parar de ter medo. Enfrente-o e, seja lá o que acontecer, saiba que eu estarei aqui para apoiá-la.

- Obrigada, Mari - agradeceu e sorriu, sentindo um pouco do peso que carregava no peito diminuir. Ela não estava sozinha, afinal.

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