Capítulo 13
— É uma honra estar em sua companhia princesa Amanda.
— Digo o mesmo, príncipe Jay.
— Saber que no passado meu povo de Nocture ter sido o primeiro a se unir com o seu quando a guerra ameaçou chegar nos torna um pouco menos "estranhos", não acha?
— De certa forma, sim.
Jay foi o primeiro a ter citado a Guerra.
E o primeiro a ter citado um tema diferente para iniciar a conversa entre eles.
Interessante.
— Estou à sua disposição para o que precisar. Gostaria que me visse como algo mais do que só um pretendente.
— Tenho certeza de que será. — Ela abre um sorriso educado. — O clima lá fora está um pouco fechado, acredito que começará a chover em breve. Vamos para a biblioteca privada do palácio, teremos mais privacidade e conforto para conversarmos.
— Como quiser.
Amanda caminha pelos corredores com Jay ao seu lado. A aura de Jay era forte, o que fazia com que a princesa acreditasse que o príncipe era muito mais poderoso do que ela imaginava.
E de fato era.
Já na biblioteca, cercados de livros — tanto de história, como livros mágicos e alguns romances de escritores famosos locais — Jay e Amanda estavam acomodados nos sofás do cômodo.
O príncipe falava um pouco sobre como funcionava o reino Nocture. Relatou sobre como Nocture eram líderes no continente quando o assunto era magia, mas sem demonstrar possuir um ego alto, falando sempre de uma forma bem tranquila.
Ele falou vagamente sobre os exércitos que o pai possuía e, lógico, contou sobre como surgiu seu interesse em Amanda e como ele estava honrado e encantado por vê-la pessoalmente e poder passar um tempo ao lado dela.
O som da chuva do lado de fora era alto. Normalmente o frio no Reino da Primavera não era forte, nem mesmo quando chovia, mas Amanda sentiu o frio atingindo seus ombros e descendo por suas costas, fazendo ela se arrepiar.
— Sente-se bem? — Jay parou seu relato e pergunta com uma feição preocupada.
— Eu só estou com um pouco de frio, vamos ascender a...
Antes que Amanda fizesse qualquer coisa Jay faz alguns gestos com as mãos e depois, aponta na direção da lareira, que ascende na hora.
— Eu não sabia que o povo da lua também possuía controle do fogo. — Ela comenta surpresa com o que tinha acabado de ver.
— Temos muitos dons interessantes. Tenho um raso controle sobre o fogo, tenho um pouco de controle sobre a água também... — Jay para de falar parecendo se recordar de algo, então deu um suspiro.
— O quê foi?
— Me lembrei de uma coisa mas... Acho que talvez seria indelicado da minha parte denunciar isto à senhorita.
— Se tem algo relacionado ao meu território ou a minha pessoa, eu gostaria de saber.
— Não quero ser fofoqueiro ou prejudicar de alguma forma os outros príncipes, mas... Acontece que presenciei uma cena um tanto... inadequada recentemente.
Amanda ficou curiosa.
— Do quê se trata?
— Eu estava passeando pelo jardim quando vi o príncipe Jungwon... dentro da fonte.
— É impossível que isso tenha acontecido. Eu crio peixes naquela fonte. Peixes raros. Além do mais é uma fonte e não uma piscina.
— Mas foi exatamente o quê aconteceu. Eu também fiquei chocado quando vi a situação.
Amanda passou uma mão pelos cabelos. Aquilo que tinha ouvido era loucura.
— Os três príncipes do Norte estavam juntos, e tive a impressão de que os príncipes Ni-ki e Jungwon estavam discutindo.
Impossível. Eles não eram amigos? — Amanda pensa.
— E o príncipe Sunoo?
— Apenas assistindo a situação dos dois. Mas não moveu um músculo para interromper.
— De novo eles... — Amanda resmungou e aquela frase ascendeu a curiosidade de Jay.
— "De novo"? A senhorita por acaso... Também percebeu um comportamento estranho vindo dos príncipes do Norte?
— Não exatamente... — Ela não queria revelar à Jay o que desconfiava. Ela estava mais interessada em ouvir o que ele tinha a dizer primeiro antes de contar qualquer coisa. — Você com certeza viu algo...
— Acho que falei de mais... Não quero atrapalhar sua escolha de marido, princesa.
— Não vai atrapalhar. Pode me dizer, manterei tudo no sigilo.
— Já que é assim... — Jay se levanta e se senta ao lado de Amanda. — Eu não sei bem se é coisa da minha cabeça, mas de todos os príncipes que estão em seu palácio, os príncipes Ni-ki, Jungwon e Sunoo são os que mais me pareceram estranhos. Principalmente Sunoo.
— Por causa de que?
— Ele é diferente... — Uma resposta vaga, mas Amanda tinha entendido o que Jay queria dizer. Ela sentia algo diferente vindo dele também, mas não sabia o quê era.
Quando ela estava prestes a concordar com a frase de Jay, aquelas palavras surgiram.
Escolha com sabedoria, Princesa. Ou então traições, morte e caos serão as únicas coisas que estarão à sua espera.
Eram as palavras do guardião. A cabeça de Amanda começou a doer.
Jay analisou o rosto da princesa, notando a mudança de expressão e a palidez repentina tomando conta de seu rosto.
Ele tira seu casaco e joga sobre os ombros de Amanda, ela tenta sorrir em agradecimento, mas não consegue.
— Aconteceu alguma coisa princesa? Parece que viu um fantasma...
— Eu estou bem. É só um mal estar, é passageiro... — Ela mente.
— Quando as crianças do nosso povo ficam doentes temos o costume de cantar para elas, elas sempre melhoram depois disto. — Amanda olha para ele. — Eu... Posso cantar para a senhorita?
— Pode sim...
Na língua própria do seu reino, Jay começa a cantar uma música para Amanda, pelo ritmo ela percebe que se tratava de alguma cantiga de ninar.
Enquanto ele cantava para ela, ela sente os olhos pesarem. O frio não a deixa, nem mesmo os arrepios, mas ela sentiu que não precisava mais lutar para parecer firme enquanto tinha um peso em suas costas.
As palavras que tanto a assombravam nos últimos dias, começaram a perder o peso, assim como ela perdia as forças.
No escuro da calmaria que tomou conta de seu espírito, o medo se materializou. Saindo de seu corpo e se transformando em algo físico, palpável.
E ele estava ali, em sua frente.
Ela sabia que estava ali, mas ela não o temia. Era como se o príncipe da Lua estivesse tirando seus medos de uma área de sua mente que ela não conseguia controlar, e os levado para outro lugar, mostrando para Amanda que ela não precisava se preocupar com aquilo.
O pesadelo logo logo ia desaparecer.
E antes mesmo que Jay terminasse de cantar sua canção, Amanda dormiu, com a cabeça em seu ombro.
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