Lucas e Karin se levantaram rapidamente ao perceberem a presença de Jungwoo. Ele estava aflito, de lábios frisados querendo dizer alguma coisa ao mesmo tempo em que não queria falar nada.

— Você está bem? — Lucas o abordou primeiro.

— Eu... Eles... — suas mãos apontavam ao corredor de onde viera parecendo atordoado.

Seu olhar caiu sobre Karin como se não soubesse o que responder.

— Ei, ei... — O mais alto tocou seu braço o guiando para se sentar. — Tudo bem, vamos devagar. Respire, está tudo bem.

Jungwoo assentiu e Karin o entregou a garrafa de chá gelado ainda pela metade. Ele ingeriu alguns goles permanecendo silencioso novamente.

— Eu — Lucas voltou a comentar —, eu acabei contando tudo pra ela.

Jungwoo arregalou os olhos sentindo o coração acelerar pelo desespero.

— Sinto muito, sei que eu não tinha esse direito, mas você a trouxe aqui para que soubesse tudo, então... Me desculpe, eu só estou preocupado com você.

Jungwoo engoliu em seco sentindo a garganta ficar seca.

— Mas isso...! — novamente aparentando estar amedrontado. — Eu precisava achar a forma certa de contar, eu não estava pronto, não agora...!

— Ei, ei...! — o segurou pelos ombros levemente. — Está tudo bem... — soou calmo e amável. — Veja, sempre fica evasivo com esses assuntos, entendo que precisa ter seu próprio tempo, mas quando seria a hora certa Jungwoo? O tempo cura, mas não faz milagres, precisamos nos arriscar às vezes...

— Isso...

— Você precisa superar o que aconteceu com a Dayeon.

— Lucas... Por favor, não.

— Nada daquilo foi culpa sua. Ela tomou uma decisão oposta ao que você esperava. Não estava disposta a se arriscar. Vê, não foi sua culpa. Então não se puna, não se feche outra vez. — Afagou os ombros do amigo antes de o libertar.

Eles se encararam.

— Dayeon...?

Karin murmurou pouco confiante se aquele era o momento certo para abordar tal assunto. Ambos a fitaram, porém Lucas a lançou um breve sorriso.

— Melhor conversarem sobre isso depois, daqui uns minutos... Tudo bem pra você?

Sua voz se via em tom bastante gentil, como se quisesse que os dois, Karin e Jungwoo, se acalmassem. A adolescente consentiu rapidamente provando a Jungwoo que tudo seguiria no ritmo dele. Ele, por sua vez, abaixou a cabeça suspirando. Estava um pouco mais calmo agora.

— Ela não pode sair. — Jungwoo iniciou. — Eles disseram que minha mãe não tem mais a capacidade de ficar sozinha em casa e mesmo que eu continue tomando conta dela, sua condição apenas pioraria e... Seria um risco pra mim. Para a minha vida.

O silêncio perdurou entre Lucas e Karin que mal sabiam o que dizer aquele momento.

— Como vou dizer ao meu pai que precisamos de dinheiro para mantê-la internada? Não temos condições para isso... Ele não vai aguentar viver dessa forma por tanto tempo.

— Você não pode mais ficar sozinho com ela. — Lucas fora direto. — Tente entrar em contato com seus tios, sei que alguém irá te ajudar depois de tudo pelo que passou, minha mãe já te disse que estaremos aqui para o que precisar também.

— Não, não posso fazer isso.

— O quê, pedir ajuda? Por favor, somos família, pare com isso.

— Não, não, não posso jogar meus problemas em cima dos outros.

— Jungwoo isso não é algo que foi causado por você, não é sua culpa, quantas vezes preciso te dizer isso? Ela precisa de ajuda, você precisa de ajuda. Não tem como seguir vivendo dessa forma! Nenhum dos dois será feliz!

Jungwoo o observou um tanto surpreso, nunca havia visto Lucas tão irritado como agora.

— Coisas ruins acontecem, você não trouxe isso para si mesmo, muito menos quis que acontecesse. Ela está doente e está te deixando doente...! Vocês não podem mais conviver um com o outro pelo próprio bem dos dois!

Karin tocou o ombro de Jungwoo chamando atenção para si.

— Não sei como tudo deve ter sido, nem pelo que passou. Mas ele está certo... Você não pode aceitar viver desse jeito. Deixa-la para que melhore não significa que não a ama.

Ele mordeu o lábio e se levantou.

— Vou fazer uma ligação, me esperem aqui.

Novamente sozinhos. Karin e Lucas não tinham mais muito o que conversarem, por isso apenas aguardaram que Jungwoo retornasse. A adolescente não precisou perguntar para o mais alto quem supostamente Dayeon seria. Já tinha alguma noção de quem poderia ser. Entretanto o motivo para ela ter deixado Jungwoo tão inseguro ainda era um mistério.

"Tenho medo que meu mundo te destrua"

Por fim o universitário retornou um pouco mais sereno. Seu tio por parte de pai fora o único que atendeu as ligações. Se assustou um pouco com a situação e em que extremo tudo aquilo havia chego. A pedido do pai alguns anos atrás, tentaram manter a gravidade do problema em sigilo, contudo tudo agora veio à tona, provavelmente toda a família descobriria o que estava acontecendo. Comentários, olhares. Jungwoo imaginava o pior, porém se aliviou por saber que ao menos teria apoio, que seu pai e ele poderiam contar com alguém e as coisas poderiam vir a melhorar.

Lucas e Karin sabiam que podiam respirar com calma naquele instante, no entanto a adolescente notou algo que antes estava borrado e escondido na opacidade dos negros olhos daquele jovem soturno. Ele não se via em paz em como as coisas pareciam estar rumando.

Então como ele realmente se sentia?

Capítulo 25 ➜

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GLOSSÁRIO

• Mosaico de Gelatina - é uma sobremesa que se assemelha a um pudim feita com creme, leite condensado e cubos de gelatina de vários sabores.