Até mesmo enviar mensagens à Jungwoo deixava Karin inquieta. De certa forma a conversa que teve com o irmão lhe abriu os olhos e seu coração antes perturbado se encontrava bastante consciente. O que não era ruim, contudo, amedrontador.

Pensando em quando começou a se apaixonar por Jungwoo e em com ele roubou o posto de Jaemin em seu coração, Karin checava as etiquetas de preço nas prateleiras da doceria enquanto o irmão organizava os bolos no balcão. Ambos os dois se viam bastante ocupados em seus afazeres, absortos nos próprios pensamentos e aquele domingo aparentava querer se estender de forma lenta e torturante.

— Teria sido muito melhor se as gêmeas tivessem vindo hoje... — o mais velho murmurou — Eu tinha planos para o meu domingo. — choramingou.

— Não adianta reclamar agora, quem quis largar a faculdade e vir pra cá foi você.

Ele então estalou a língua no céu da boca lançando uma careta a irmã que se aproximava do balcão com a prancheta de produtos e valores.

— Se parar de reclamar, o tempo passa mais rápido. — entregou a prancheta a ele — Pega mais desse chocolate na despensa, a prateleira está quase vazia.

— Olha só... Está toda mandona agora. — alcançou o objeto e analisou o nome circulado de caneta vermelha — Só esse?

— Sim. Mas vá logo oppa*, quando terminarmos com isso podemos fechar.

— Graças a Deus, fome é o que não falta aqui dentro de mim. — ele resmungou.

— Ótimo, já que o jantar é problema seu.

— Ela também é folgada... — e ele seguiu a despensa.

Naquele mesmo instante, bastou Karin se sentar para uma silhueta adentrar o estabelecimento da família Min.

— Bem-vin...!

Iniciou firme, porém perdeu a força das palavras ao se encararem.

— Olá. — Jungwoo ergueu sua canhota em um cumprimento.

A explosão de borboletas no estômago de Karin fora tamanha que ela mal teve a chance de esconder seu nervosismo, as bochechas esquentaram e de fato ela corou. Sem jeito pela reação da adolescente, Jungwoo coçou a nuca rindo levemente.

— Está quente aqui, né?

Tentou libertar a garota do desespero.

— S-sim! — ela sorriu abanando o rosto.

— Não tinha certeza se te encontraria aqui hoje.

— Meus pais precisaram viajar de novo, então cá estou eu. — tentou rir para abafar o desespero.

— Meu dia de sorte então. — sorriu.

Com uma contagem regressiva calma respirando lentamente, Karin buscou se recompor antes que passasse uma vergonha maior. Naquele instante, Jungwoo buscou os cantos perdido em encontrar o que queria.

— Procurando algo específico? — aos poucos ela se acalmava, porém o coração permaneceu batendo forte.

Com um apontar de dedos, Jungwoo se aproximou do balcão com sua outra mão no bolso da jaqueta que usava.

— Estava com vontade de comer *Macaron hoje. — evitou de fazer contato visual com ela.

Ela se aprontou para buscar a caixa que ele havia apontado.

— Nessa quantidade está bom?

— Sim, está ótimo. — sorriu e finalmente a fitou nos olhos buscando a carteira no bolso de sua calça.

No momento em que Jungwoo terminava de pagar por seus macarons, Taeil se aproximou com várias caixas tentando equilibra-las. Claramente ele iria falhar, entretanto Jungwoo fora mais rápido. Segurando as laterais da caixa, ele auxiliou Taeil a colocar tudo em cima do balcão. Com um suspiro de alívio, o irmão mais velho de Karin sorriu agradecido.

— Você me salvou dessa.

— Da próxima vez pegue só a quantidade que consegue segurar... — Karin murmurou tentando não transparecer sua frustração.

— Tudo bem, deu tudo certo no final. — Jungwoo voltou a sorrir agora de mãos na cintura.

— Jungwoo esse é o meu irmão mais velho, Taeil. — apontou formalmente ao irmão.

Assim que ambos deram as mãos para se cumprimentarem e seus olhos se conectaram, os dois sentiram a força nas pernas querer falhar. O sorriso na face de Jungwoo se desfez lentamente assim como Taeil não conseguiu evitar de arregalar um pouco seus olhos.

— O que foi...? — Karin sentiu a tensão no ar.

— Eu não vou precisar de sacola... — Jungwoo iniciou com tom veloz — Preciso ir agora, obrigado Karin. — virou-se a Taeil evitando contato visual — Foi um prazer conhecê-lo...! — se curvou respeitosamente, entretanto rapidamente.

— Ei...! Não, Jungwoo, espera...! — Karin tentou tocar-lhe o ombro, porém não conseguiu.

Com passos rápidos ele alcançou sua caixa de macaron e fugiu dali nem cogitando a ideia de explicar o que estava acontecendo ali. Taeil por outro lado apertou a nuca voltando seu olhar para a irmã.

— O que foi isso? — se emburrou.

— Espera, eu preciso ligar para os nossos pais. — ele puxou o celular do bolso da calça.

— Não, nada disso. Taeil, olhe pra mim.

Ele a fitou ainda receoso e preocupado.

— O que foi isso que acabou de acontecer? Vocês se conhecem, e isso você não pode negar agora.

— Karin...

— O menino daquele dia. É ele, não é?

— Nós não devíamos...

— Chega de desculpas...! — mordeu o lábio levemente — Por favor... — tocou a mão dele.

Taeil claramente se via pressionado e estressado aquele momento.

— Vamos ajeitar tudo e fechar por hoje.

— Taeil...!

— Eu sei...! Já sei... — concordou com a cabeça — Mas aqui não...

Karin sentiu seu coração palpitar e a adrenalina passou a preencher seu corpo.

— Vamos arrumar e fechar.

Os dois trabalharam juntos para organizar e trancar a loja da forma mais segura que encontraram. Guardaram as sobremesas na geladeira e chavearam o caixa. Foram longos e dolorosos minutos, no entanto tão logo os dois filhos do casal Min se encontraram frente a frente na sala de estar de seu lar. Taeil ainda se via incomodado.

— Espero não me arrepender disso depois... — um suspiro.

— Oppa, está tudo bem... Eu realmente preciso saber. Eu quero saber.

Ele tomou fôlego e prosseguiu:

— Vou te contar o que realmente aconteceu dez anos atrás...

Mal Karin sabia que sua relação com Jungwoo poderia mudar completamente após as respostas que buscava virem à tona. Ela estava mesmo preparada para a verdade?

A nostalgia de um tempo que há muito pareceu nunca ter existido se tornou realidade.

Capítulo 14 ➜

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GLOSSÁRIO

• Oppa - significa irmão mais velho, amigo muito próximo que é mais velho, interesse romântico, namorado ou às vezes até marido, se forem mais velhos.

• Macaron - é um pequeno bolo granulado de forma arredondada com 3 ou 5 cm de diâmetro, especialidade de Lorraine, na França.