Bolos decorados e Herói do Verão
Logo após o domingo, em que os amigos se encontrariam no parque de diversões a convite de Jaemin, as provas estariam para bater à porta. Karin odiava essas temporadas, não só pela preguiça, mas também por sentir-se pressionada acreditando que seus pais esperavam muito de si por seu irmão cursar odontologia na Tailândia. Pelo menos poderia relaxar aquela semana antes de enfiar a cara nos livros.
— Então, quer dizer que nossa Karinzinha está a ponto de conseguir um namoradinho, né? — Hyesoo cutucava a garota com o cotovelo.
— Para com isso, ele nem me vê dessa forma... — tudo encenação, ao comentar levou as mãos as bochechas sorrindo envergonhada.
— Ele facilitou o trabalho inteiro convidando só ela, e ao invés de deixar rolar, o que ela fez? Foi dar uma de avoada. Tansa. — Minji lançou o comentário mordendo o canudinho de seu suco já vazio.
— Eu não sou surda, viu? — uma careta frustrada.
— É, mas não tem como voltar atrás agora, então vai ter que se contentar com isso. Nós até podemos tentar ajudar, mas o amigo dele, Jeno, não sei se vai facilitar. — Yuna concluiu.
— Já que estamos falando sobre isso, minha mãe tem um compromisso no domingo. — Minji tirou o canudo da boca — Acho que vou precisar cuidar dos meus irmãos.
— Você não vai mais? — Hyesoo fez uma careta.
— Provavelmente não. Mas pode até ser melhor assim.
— Como assim? — Karin a fitou — Seria mais divertido com todos juntos.
— Acho que entendi. — dessa vez Yuna fora quem se pronunciou — Com menos pessoas, mais chances você tem de ficar a sós com ele.
— Exatamente. — Minji encenou atirar com os dedos.
— Que tal darmos um bolo neles? — os olhos de Yuna brilharam.
— Claro, vamos fazer isso, e o Jeno como fica? — Hyesoo revirou os olhos.
As quatros suspiraram com olhares pesados.
— Tudo bem... Mas me certifique antes de sábado se não for mesmo, porque preciso avisar o Jaemin.
Bem, o passeio já não estava em todo as mil maravilhas agora. Ainda seria divertido, claramente, porém as meninas realmente eram inseparáveis desde o fundamental. Ficaram chateadas com a notícia e além disso, Jeno poderia ser um obstáculo nos planos das meninas de ajudarem Karin. O que a adolescente não sabia era em como as amigas pretendiam tirar ele do caminho, porém este é um fato a ser discutido em outro momento.
Durante a rotina escolar, Karin se deparou algumas vezes com Jaemin, horas Jeno, nos corredores e ambos a cumprimentavam com sorrisos e acenos. Em pouco ela se sentiu acolhida e entusiasmada, o que imaginava antes ser algo impossível agora estava naturalmente fluindo e não poderia ficar melhor. Com medo de estragar tudo com este pensamento, Karin apenas seguia sorridente como uma criancinha feliz.
Tão logo a filha mais nova dos donos da doceria já estava se despedindo de Jinri e Jinah que, após uma segunda-feira de folga, já estavam de volta. Trabalhar naquele ambiente era bastante aconchegante, sempre agraciado com o aroma dos confeitos e sobremesas dali. O pai tratava de negócios sobre a obra da nova doceria da família em Gangnam enquanto que a mãe, senhora Min, ajudava a filha a organizar os bolos decorados, que havia finalizado a pouco, no expositor de vidro embutido no balcão da loja. Gradualmente tudo se encontrava no devido lugar e os clientes entravam e saíam satisfeitos.
Faltando alguns minutos para Karin fechar a doceria, uma aura adocicada e agradável a surpreendeu. Jungwoo adentrou o lugar novamente com os óculos arredondados e sua bolsa de ombro de couro. Caminhou calmamente de encontro com a garota no balcão e sorriu levemente.
— Olá de novo. — a cumprimentou erguendo brevemente a canhota.
— Voltou para mais?
Por algum pretexto no qual Karin desconhecia no momento, seu coração se preencheu com deleite ao ver aquele sorriso.
— Ou sentiu saudade? — brincou.
— Olha só, flertando outra vez. — ele riu.
— A primeira vez não foi um flerte, realmente era uma pergunta.
— Claro que sim. — encarou o vibro brilhante que expunha os pequenos, porém belos bolos na prateleira — Então, hoje é aniversário da minha mãe.
— Deseje feliz aniversário a ela por mim. — não conseguia evitar de sorrir.
— Obrigado, com certeza ela ficará feliz com isso. Agora... — coçou a cabeça com o indicador — Eu queria surpreendê-la com um bolo. Não queria nada exagerado, ela gosta de coisas simples, mas bonitas. Me ajuda?
— Hm... — Karin se afastou do balcão para ficar lado a lado com o garoto — Ela tem alguma preferência em recheio ou sabor?
— Ela gosta de frutas vermelhas, mas vocês têm vários aqui... — percorreu o olhar bastante observador.
— O tamanho, qual você prefere?
— Somos só eu e ela...
Com o comentário de Jungwoo, Karin se perguntou o que ele quis dizer, porém por ser uma data feliz para o universitário, teve receio em perguntar sobre o pai que possivelmente poderia ter falecido ou quem sabe até mesmo ter os abandonado. As possibilidades negativas involuntariamente surgiam na mente da garota por Jungwoo sempre esconder melancolia por detrás de seus sorrisos. Seria este o motivo?
— Ah, aquele ali. — apontou para o penúltimo bolo da segunda fileira — Sim, ele parece perfeito e gostoso.
Com cuidado, Karin montava a caixa do bolo para guardá-lo. Jungwoo já havia pago pela sobremesa no instante em que ela se pôs novamente atrás do balcão. Com o breve silêncio, a adolescente criou coragem para questionar outra coisa que se mantinha presa em sua mente a tanto tempo.
— Ontem... — iniciou um tanto tímida.
— Hm? — seus olhos pareciam caramelizados de tão brilhantes e belos que eram.
— Eu te vi ontem quando fui pegar o ônibus.
— Mesmo, onde? — uma careta junta de um riso — Por que não me cumprimentou?
— Eu ia perder o ônibus, não pude parar. — quase gaguejou — Você estava em um cafeteria com uma garota... Eu acho. Eu estava correndo, não consegui ver direito. — tentou parecer mais convincente em sua mentira.
— Ah, é. Nós passamos um bom tempo lá dentro.
— Sua amiga?
— Sim, sim. Ela se chama Yerim. Nós temos algumas aulas juntos, estávamos fazendo um trabalho ontem.
— Hm, parecem próximos. — sorriu mesmo que na verdade algo em seu peito a incomodava.
— Não diria próximos, próximos. Amigos de sala está bom. Nós nos conhecemos na biblioteca aqui perto. — riu um pouco embaraçado — É até engraçado ela sempre estar lá quando eu vou procurar algum livro ou fazer trabalhos.
Karin não conseguiu negar agora, estava com ciúmes e muito ciente do que a misteriosa Yerim estava tramando. Com seus dias de experiência observando Jaemin, a adolescente sabia muito bem como reconhecer outra garota apaixonada. No entanto, seria essa a real intenção da garota?
Terminando de embalar o bolo para Jungwoo, Karin forçou um sorriso para abafar seu ciúme repentino, o que também a deixou irritada visto que não havia motivo para ela se sentir de tal forma. Se obrigou então a acreditar que aquilo não passava de um ciúme entre amigos.
— Certo, não se esqueça de parabenizar sua mãe por mim, ok?
— Pode deixar, só pelo bolo já vai ser impossível esquecer. — coçou a testa o que levemente ergueu sua franja.
Ao estender a sacola no balcão para ele, Karin focou sua atenção nas mãos dele sobre os cabelos. Assim se recordou de outro fator que a deixou curiosa no outro dia. Tomando essa oportunidade a seu favor, ela perguntou:
— Jungwoo, desculpe a curiosidade, mas, como você fez essa cicatriz?
— Ah... — desajeitadamente ele penteou a franja com pressa escondendo sua testa novamente — Quando eu era criança vi uma menina se afogando em um lago. Por ter sido imprudente e saltado sem calcular direito, bati a cabeça em uma pedra quando tentei ajudar.
Naquele instante Karin prendeu o fôlego assim que Jungwoo lhe lançou um sorriso lamentoso que o deixou de olhos marejados. Rapidamente, ele alcançou a sacola no balcão e acenou para a garota tentando manter sua postura calma enquanto escondia o que verdadeiramente sentia.
— Muito obrigado por me ajudar com o bolo e pela mensagem de aniversário para minha mãe. Agora eu já vou indo senão ela realmente vai acreditar que esqueci o aniversário dela... Nos vemos por aí. — quase que correu dali após se despedir.
Karin, no entanto, paralisou onde e como estava sentindo as lágrimas quentes escorrerem e umedecerem suas bochechas repentinamente. Por seus joelhos tremerem, ela acabou perdendo o equilíbrio e, para isso, se sentou bruscamente pelo impacto no banco atrás de si. Cobriu os lábios trêmulos e deixou toda aquela sensação se apoderar de seus sentidos. Os pesadelos, a nostalgia, aquele sentimento. Tudo apontava para dez anos atrás, naquele fatídico dia e Jungwoo acabara de confirmar isso a ela.
— Você é o meu herói do verão...? — murmurou em meio àquela explosão de sentimentos.
Capítulo 6 ➜
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