Capítulo 9
"Você é um frouxo mesmo, vai desistir da garota só por que eu te disse umas verdades? Eu sabia que ela gostava de você e nem por isso surtei, ainda te pedi que ficasse de olho nela por mim. Eu te incentivei a me passar a perna. Fui um otário também, na minha cabeça você não correspondia aos sentimentos dela. Iria te contar, mas pensava que me diria que não sentia nada pela Hinata. Eu quis te dar a oportunidade de estar ciente e decidir sobre os sentimentos da Hinata. Do contrário me sentiria mal quando estivesse perto de você."
Foi a mensagem que recebi logo após chegar em casa. Seguida de outra:
"Escuta, eu gosto sim da Hinata, mas se ela realmente gosta de você. Se for você o cara certo — ainda que seja um idiota — desejo que ela seja feliz. Eu estava puto quando veio aqui, mas não leve tão a sério o que eu disse. Hinata é uma garota especial e se você gosta dela de verdade, não tem que desistir, seu otário. Tem que tentar consertar seus erros e buscar melhorar por ela. É isso o que os homens fazem!
Se você desistir eu não vou saber se Hinata quer ficar comigo de verdade, ou se só me aceitou porque você não quis. Seja homem e arrume a burrada que fez. Você beijou a Hinata, sendo que me disse que queria dar seu primeiro beijo somente na garota que gostava. O que isso quer dizer, idiota? Pensa aí com esses seus dois neurônios! Sabe se lá o que fez para estragar tudo, trate de consertar. Mesmo que ela não me queira, não quero que fique com raiva de mim por algo que eu não fiz. Era isso que queria ter dito, antes de você ir embora."
Li a mensagem antes da batida na porta soar e meu pai botar a cabeleira loira para dentro.
— Posso entrar?
— Pode — murmurei, me jogando na cama. — Veja o quanto seu filho é idiota.
— Devo presumir que meus conselhos não serviram pra nada, certo? — adivinhou e fiz que sim com a cabeça.
— Acho que meti os pés pelas mãos e fiz tudo errado. — me defendi. — Só sei que o que eu sinto pela Hinata é meio avassalador e incompreensível. Começou numa curiosidade inocente, dormiu por muito tempo e agora que acordou parece mais um vulcão entrando em erupção.
— Isso se chama paixão. — ele riu, bagunçando meus cabelos. — Senti o mesmo pela sua mãe.
— Queria ter esperanças de acabar da mesma forma. — mordi o lábio por ter dito aquilo em voz alta.
Era muito intenso.
Afinal, para os meus pais aquilo acabou em casamento.
Meu pai sorriu mais uma vez e sentou na cama.
— Só depende de você. — lembrou.
— Falar é fácil. — revidei.
— Naruto, me conte tudo o que aconteceu e tentaremos resolver a partir daí. — bufei, a calma do meu pai me irritava as vezes.
Só que eu gostava disso, alguém precisava ser sensato naquela família.
— Lá vamos nós. — revirei os olhos, derrotado. Mas prossegui contando tim tim por tim tim do que aconteceu, cheguei até a mostrar as mensagens do Kiba.
— Você está complicando tudo cada vez mais. — suspirou pesadamente e percebi que se até meu pai perdera a paciência comigo. Era porque eu não tinha salvação. — Mas ainda dá para resolver, seu amigo está completamente certo em diversos pontos. Essas mensagens só provam o quanto vale a pena tentar reatar sua amizade com ele independentemente de qualquer coisa. — era verdade. Kiba sempre foi um bom amigo. — Antes, porém, converse com Sakura e peça para ela desmentir o boato. Isso provavelmente resolverá metade dos seus problemas sobre a confiança da Hinata. Depois fale com essa garota com calma, sem se estressar, Hinata está com a razão. Até eu pensaria isso se fosse ela. Se gosta dessa garota, seja persistente e a conquiste de volta. Você pisou na bola apresentando Hinata ao seu amigo sendo que ela gostava de você antes de tudo. Seja homem, Naruto. Foi assim que te ensinei, peça desculpas ao Kiba e tente jogar limpo dessa vez. — ele tocou meu ombro.
— Vou fazer agora. — peguei o celular e meu pai sorriu, complacente.
— Ufa, sua mãe já estava preocupada com você por entrar sem falar conosco. — alfinetou e eu fiz uma careta. — Não faça mais isso.
— Desculpe pai. — ele beijou o topo da minha cabeça e anuiu.
— Boa sorte, filho. — desejou — Me conte o que decidir. — com isso ele deixou quarto.
Eu resolveria minha vida amorosa começando dali. Amanhã seria um novo dia para conquistar a confiança e o afeto da Hinata.
(...)
Hinata.
Neji deixou Hanabi no colégio e seguiu comigo, como havia prometido. Eu me sentia apreensiva, veria Kiba e Naruto, os boatos continuariam e não saberia como lidar com o fato de possivelmente toda a escola saber sobre nosso beijo na biblioteca.
Só que estava na hora de agir feito uma mulher e não uma garotinha amedrontada. Ter Neji comigo naquele momento foi um incentivo a mais, ele envolveu minha mão na sua e seguimos até a escola.
Óbvio que todas as cabeças viravam em nossa direção. Neji era maravilhoso e tinha mais de 1,80 de altura. Não havia uma garota que não o admirasse. E, devido a isso, ou pelo simples fato de ele ser meu primo e estar com a mão na minha.
Me senti confiante por osmose.
Ou como meu pai diria, senti o orgulho dos Hyuugas passeando por minhas veias. Cochichos se espalhavam como zumbido de abelhas, não tinha um que não olhava para nós. Nesse instante, Neji me pegou pelo ombro e trocamos de posição. Envolvi sua cintura, porque ele era muito maior que eu e seguimos andando.
Encontrei rapidamente Naruto conversando com Sakura e ele me olhou avoado. Os olhos dela se arregalaram de leve indo de Neji a mim várias vezes. Quase sorri.
Ele causava esse efeito nas garotas.
— Esse é o Naruto. — indiquei baixinho.
Neji assentiu e pensei que ficaria por isso mesmo. Óbvio que estava errada. Até parece, foi inocência da minha parte achar que ele não faria nada. Que só os veria de longe e iria embora.
Neji simplesmente começou a me arrastar em direção a eles. Tentei me segurar, mas foi em vão.
— Não seja covarde, Hina. — murmurou baixo. — Resolva sua vida amorosa ou dê um pé na bunda desse garoto logo.
Bufei.
— Você prometeu que não faria nada.
— E você que deixaria de ser tão tímida, estamos quites. — devolveu — Não ficarei muito tempo, preciso saber que está feliz antes de ir embora.
Me deixei levar, não adiantaria resistir.
Quando vi estava em frente aos dois.
— Oi. — eu cumprimentei.
— O-oi. — Sakura gaguejou.
— Neji, esse é Naruto. — apresentei sem emoção. — Essa é Sakura. — indiquei a garota, apesar de ser óbvio. — Esse é meu primo Neji.
— Primo, certo. — Naruto repetiu, aliviado.
— Prazer. — Neji estendeu a mão para ambos e Sakura já estava parecendo um tomate. Era assim que eu me sentia sempre, quase dei risada.
— Eaí, cara. — Naruto empostou a voz.
— Eaí. — Neji retribuiu. — Então você é o vacilão.
Sakura gargalhou.
Segurei o riso também.
— É, acho que sou eu mesmo. — confirmou com o olhar baixo, a segurança de antes esquecida. — Por falar nisso, Hinata. Preciso conversar com você, se puder.
Assenti, ciente de que devia isso a ele.
— Eu também preciso, Hina. — Sakura disse meu apelido e eu achei fofo vindo dela. — Sei que não deveria, mas foi eu quem comecei os boatos que estão rolando por aí. — ela olhou para Neji e depois para mim, como se pedisse permissão para continuar falando na frente dele. Assenti. — Eu fiquei com o orgulho ferido por Naruto ter me dado um fora no shopping por sua causa. Fui egoísta e imatura e não soube lidar com o fato do meu melhor amigo não gostar mais de mim e sim de outra garota. Sendo que eu também gosto de outro, você deve saber de quem. A culpa foi minha por essa fofoca toda se alastrar pela escola e acabar prejudicando vocês. Naruto não tentou me beijar ontem no corredor, na verdade conversamos sobre ele descobrir estar gostando de você. Me desculpe! — ela se inclinou exageradamente para mim e eu morri de vergonha.
— Tá tudo bem, Sakura. Não faça isso. — pedi, urgente.
— Obrigada por me perdoar. — agradeceu ainda curvada. — Quero que sejamos amigas.
Eu sorri e toquei sua cabeça.
— Por favor levanta. — implorei. — Somos amigas.
Sakura sorriu e me abraçou desengonçadamente.
— Parte do conflito foi resolvido. — Neji observou — Tenho que ir embora agora, vejo você mais tarde. — ele beijou minha bochecha, acenou para Naruto e sorriu para Sakura. Se afastando logo.
— Aí meu Kami, que homem maravilhoso! — ela divagou e Naruto bufou. — Pelo amor, de onde saiu esse deus?
— Esse deus mora na Coréia do Sul. — contei rindo. — E é meu primo.
— Graças a Deus é primo. — Naruto parecia falar consigo mesmo.
Sakura riu.
— Tá com ciúmes, Naruto? — minhas bochechas coraram. — Pega na mão e assume.
— Sakura! — exclamei constrangida.
— Eu fiquei com ciúmes mesmo e daí? Um gato daqueles, até eu iria querer! — resmungou inseguro — E você está certa, é isso que vou fazer. — Naruto pegou minha mão e começou a me afastar da Sakura.
— O que está fazendo? — sussurrei envergonhada. Todo mundo olhava para nós.
Inclusive Kiba, que vinha chegando no mesmo instante. Ele desviou o olhar e senti meu peito apertado, não queria magoá-lo.
Eu devia ter dito desde o início que gostava de outro garoto.
— Não se sinta culpada, eu conversei com o Kiba ontem. Ele sabe de nós. — informou, me empurrando com delicadeza para trás de uma árvore que jazia na entrada da escola. — Conversamos como dois homens e resolvemos nossa pendência. Nunca apostei nada com ele, só fui idiota o suficiente para não perceber o quanto eu gostava de você antes. — pisquei, incapaz de retrucar ou argumentar para aumentar a distância existente entre nossos corpos. Seu olhar se fixava na minha boca, entreabri os lábios inconscientemente. Aquele magnetismo que senti ontem na biblioteca se fez presente, nos envolvendo. — Eu gosto de você, Hinata. Descobri tarde demais, fiz tudo errado contigo. Mas meu sentimento é real, não menti para você em hipótese alguma. Meu primeiro beijo foi ontem, com você e foi maravilhoso e especial... — minhas pernas ameaçavam ceder. Naruto prontamente me amparou, segurando minha cintura e apoiando o quadril no meu. Me prensando na árvore. Ofeguei. — Por favor, me dá uma chance de concertar meus erros e recuperar o tempo perdido. Prometo ser menos idiota a partir de hoje, não quero te magoar nunca mais. Pelo contrário, quero saber mais de você, te conhecer, estar perto, poder demonstrar meus sentimentos recém descobertos. Eu não gosto da Sakura, você é minha única opção, Hinata. — nesse ponto eu já estava dizendo sim para qualquer coisa que ele me dissesse. Meu corpo queimava com aquela aproximação. Tudo que eu queria era beijá-lo, grudar minha boca na dele e não soltar mais. — Por favor... — implorou baixinho. — Me dá uma chance? — seus olhos azuis e pidões encontraram os meus.
Foi eletrizante.
— Si-sim. — consegui formular.
Perdida no desejo incontrolável de beijar sua boca.
Naruto sorriu, ostentando os charmosos risquinhos nas bochechas. Seus lábios tocaram de leve minha mandíbula, ele deslizou os lábios ali, traçando um rastro quente por onde passavam.
— Eu quero te beijar, posso? — sussurrou rente ao meu ouvido.
Me arrepiei.
— Po-pode. — minhas pernas tremiam, fraquejei.
Mas foi o que Naruto disse a seguir que me desestabilizou totalmente.
— Eu estou tremendo. — seu riso rouco me atingiu e aquilo quebrou um pouco a tensão existente entre nós.
— Não é só você. — contei, mordendo a parte de baixo da boca.
— Vem cá, pelo amor de Deus. — sua mão direita envolveu meu pescoço, enquanto a outra se mantinha firme na minha cintura. Me apertando avidamente contra si.
Ele arquejou, seu corpo prensou o meu. Sua boca capturou a minha, se movendo de uma forma mais urgente e ansiosa. Ao mesmo tempo que sua língua tocava a minha, movendo-se lenta e demoradamente. Diferente do contato sutil e rarefeito de ontem. O beijo foi ganhando intensidade, a medida que entendiámos o que estávamos fazendo. Naruto sugava meu lábio inferior com cuidado, eu devolvia puxando seus cabelos delicadamente. Provando o sabor e absorvendo aquele momento, queria que fosse eterno. Contudo, o maldito sinal do início das aulas soou, nos atrasaríamos se continuássemos.
Relutante, me afastei. Ofeguei outra vez. Sentindo a boca formigar de leve, ele sorriu de olhos apertadinhos.
— Podemos repetir mais tarde? Em um encontro de verdade? — perguntou e sua voz soou grave nos meus ouvidos.
Assenti devagar.
— Eu preciso falar com o Kiba antes. — constatei, me sentindo mal por ele.
— Entendo, te espero no intervalo. Só não se culpe, conversamos mesmo, Hinata. — assenti e já iria me afastar, quando Naruto pegou minha mão. Entrelaçando nossos dedos.
Apreciei o gesto, apesar de sentir minhas bochechas queimando.
— Posso pegar sua mão? — pediu permissão, ainda que tardiamente.
— Pode. — consenti sorrindo e seguimos para a aula.
Sem acreditar que finalmente tinha me resolvido com Naruto, o garoto que eu gostava desde sempre. Eu me sentia imensamente feliz ao caminhar com ele pelo colégio. Naruto me deixou na porta da sala com um beijo demorado na bochecha e eu sorri, vendo-o se afastar para a dele.
As primeiras aulas foram atípicas para mim, minha mesa foi rodeada por meninas e percebi que a atração principal era Neji. Todas queriam saber quem ele era, se eu podia apresentá-las. De início fiquei envergonhada, mas com a ajuda da Sakura, me sai bem na interação. Aquilo tudo era novo para mim e eu me senti como um bicho no zoológico. A segunda atração era eu estar com o Naruto, oficialmente agora. Já que todos viram nós dois de mãos dadas.
Constatei também que meus seguidores no Instagram subiam consideravelmente e que todas as fotos com Neji recebiam curtidas e comentários. Por sorte o perfil dele era privado, senão coitada da nova namorada dele. Alguns garotos também me seguiram, comentando nas minhas fotos de maiô coisas como "uau", "linda demais" e derivados. Senti ainda mais vontade de excluir todas e fingir demência. Contudo, só optei por privar o perfil, não antes de seguir finalmente Naruto. Olhei novamente para todas as fotos em que ele estava com Sakura e não senti mais aquela insegurança de antes. Naruto gostava de mim, isso me bastava.
Quando o professor chegou o bochicho diminuiu e eu me permiti viajar para o meu momento mágico com o Naruto. Suspirando, mandei uma mensagem ao Kiba, pedindo que me esperasse no intervalo para conversarmos.
Eu desejava que ele não estivesse tão chateado comigo por ficar com o amigo dele.
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