fifteen.
𝓛𝓸𝓻𝓮𝓷
Eu caminhava pelas lojas com a cabeça longe, estava muito indecisa com a roupa dessa merda de baile que eu ficaria por alguns minutos e iria embora. Lexi não respondia as merdas das minhas mensagens, Cassie nunca podia fazer nada porque estava sempre plantada em cima do pau de alguém, Kat estava apaixonada e fazia tudo com Ethan. Não sou tão próxima assim da Rue, e ela não sairia comigo para comprar alguma merda de roupa, deve estar com Jules e Maddy mandou mensagem de manhã dizendo que iria ter uma festa hoje e me passou um endereço.
E depois de contar uma história triste para Emma, ela topou vir comigo pois eu odeio o fato de ter que decidir roupa sozinha.
— Esse aí te deixou parecendo uma freira, tira isso. — Uma linha apareceu entre suas sobrancelhas.
— Eu não gostei também.
— Tem um azul aqui, o que você acha? — ela perguntou puxando um vestido da arara de roupas.
— Muito azul, quero algo mais escuro. — Pedi e ela revirou os olhos, colocando o vestido novamente em seu lugar de origem.
— Você sempre usa algo escuro, tem que ter ao menos a porra de um brilho, garota!
— Emma, você sempre usa umas roupas achando que mora em cidade com praia, e ninguém fala nada pra você. — apontei em sua direção.
Eu acabei escolhendo um vestido lilás de alça e que era justo ao meu corpo, minha bunda se destacou bem no vestido e eu estava me sentindo relativamente bonita, eu acabava escolhendo sempre o mesmo estilo de vestido.
Comprei também um saltinho branco delicado mas não muito alto.
— Vai ficar lindo, seu cabelo já é bonito por natureza, é claro. O que facilita tudo. — Ela deu um sorriso largo e me chacoalhou. — Você não esta animada? você vai para a faculdade, Lola. — Ela grunhiu de felicidade e de repente seus olhos estavam cheios de lágrimas.
— Vamos lá, Emma. Não comece a chorar bem aqui. — Pedi, implorando com as mãos. — Fica feliz, temos uma festa para ir hoje. — Ela riu fraco e então fomos embora.
No rádio do carro tocava alguma música do Khalid, e Emma cantava tudo errado, o vento batia em nossos cabelos e os seus cabelos loiros voavam em seu rosto e se espalhavam pelo banco. Observando ela assim, feliz e se sentindo bem, não consigo evitar que meus olhos marejem, Emma passou por muitas coisas difíceis, mas nunca desistiu nem das pessoas que ama e nem dela mesma. Olhei para a janela para disfarçar. Quando tinha seus dezesseis teve problemas para comer, o que gerou alguns distúrbios alimentares, e eu lembro que ela chegou a passar um mês vivendo de água e barra de cereal. Ela se recuperou depois de alguns meses de tratamento.
Meu celular vibrou em meu bolso.
Fez
" boa tarde, linda. O mecânico me disse que sua lata velha ta novinha em folha. "
Eu não vou me acostumar com esse homem mandando mensagem para mim. Desde aquele dia não nos falamos, e eu me segurei para não mandar nada para ele, já que eu meio que estava passando pelo processo de entender que merda estava acontecendo. Respirei fundo e comecei a digitar. Mas apaguei, e digitei mais algumas vezes.
Vamos lá, Loren. Não é só porque vocês se beijaram que algo mudou.
" Oi, Fez. Ainda bem, juro que não aguentava mais andar a pé. "
E bloqueei meu celular, e logo depois chegamos em casa. Almoçamos alguma coisa e se não fosse por essa festa, esse final de semana seria o mais sem graça de todos.
Eu não vou mentir que queria ver Fezco depois do que rolou, mesmo sabendo que não daria em nada bom.
Deixamos a casa organizada e mais tarde fizemos uma janta, deixamos a parte do meu pai no forno e eu e Emma corremos para nos arrumar.
Optei por um conjunto de saia e cropped e meu tênis mais confortável, já Emma estava de vestido e salto, uma maquiagem exuberante e seu cabelo cheio de ondas.
— Vocês estão lindas, aonde vão? — meu pai nos surpreendeu passando pela porta, suas roupas estavam sujas e ele estava de boné.
— Estamos saindo pai, vamos a uma festa na Maddy. — Eu falava tentando arrumar meu cabelo no espelho do corredor, então puxei Emma para a porta que encarava meu pai de maneira estranha. — Vamos Emma.
— Tomem cuidado meninas. Amo vocês. Não vá dirigindo, Stanley. Sei que você vai beber. — seu último aviso, então fechamos a porta e não demorou muito e nosso Uber chegou.
Eu havia chamado um taxi e colocado o endereço que Maddy havia mandado, mas não sabia que era a casa do McKay.
— Puta merda, olha o tamanho dessa porra. — eu disse, encarando o lugar que parecia imenso. Minha boca entreaberta, uma mão segurando meu celular e a outra ajeitando a minha saia.
— cacete, grande pra caramba. — Emma constatou depois de sua longa analise. — Quem é o dono? queria saber se ele está precisando de uma amizade sincera.
— Não faça isso, o dono é um problemático idiota. — bufei e então resolvemos entrar.
O cheiro forte de álcool já chegava lá fora, a festa parecia estar acontecendo a pouco menos de duas horas, e o pessoal estava animado e em sua grande maioria, todos com seus copos e garrafas de cerveja na mão.
Paramos ao lado de um grupo para aguardar o pessoal que estava na porta passarem e eu infelizmente - apesar da música alta.- pude escutar a conversa.
— você devia parar de se preocupar com a sua mãe e começar a se preocupar em quantas bucetas a gente vai conseguir comer hoje. — Escutei uma voz e olhei para trás, e não me surpreendeu tanto quanto devia, era Nate Jacobs, conversando com o inútil do McKay.
— Minha mãe é doida cara, ela é perfeccionista e pode notar a diferença até em um quadro e tinha dois filhas da puta brincando de escorregar na escada. — ele reclamou, dando um gole exagerado em sua bebida forte.
Nate parecia não se preocupar muito com o que acabara de ouvir, já que seus olhos estavam em mim e Emma, ou melhor, na Emma.
— Vamos, Em. — a puxei para dentro depois de aguardar mais alguns segundos.
Óbvio que nos encaminhamos para a mesa de bebidas e começamos com um shot de tequila para perder a timidez logo. Emma chacoalhou sua cabeça, sorrindo e eu dei risada de sua cara, a acompanhando.
Quando começou a tocar alguma música do Drake que eu não reconheci de imediato, a gente cantou olhando uma pra outra, e eu também mantinha meus olhos atentos para ver se reconhecia alguém, e não demorou muito até que eu reconhecesse Rue caminhando no meio do pessoal.
Não escondi meu sorriso ao notar que ela estava com um visual um pouco diferente do que estava acostumada e estava de maquiagem, isso me cheira a Jules.
Caminhei animadamente em sua direção e a abracei e logo em seguida depositei um beijo em sua bochecha.
— Você está chapada, não está? — foi a primeira coisa que eu perguntei, notando que ela parecia distraída.
—Por que todo mundo quer saber isso? — ela perguntou em seu tom irônico. — A porra do mundo tá acabando, Loren, e eu nem me formei no ensino médio ainda, então foda-se. — ela perguntou brincando. — Você viu Jules? estou procurando por ela.
— Não vi ninguém ainda.
— Ei, Emma. Você está fantástica hoje. — Rue chamou atenção de Emma, que sorriu e acenou para ela.
— Se você por um acaso ver algum ruivo traficante por aí, avisa pra ele que estou procurando por ele, e que uma hora ele vai ter que ceder, afinal, o cliente sempre tem razão. — ela disse e eu não consegui me conter, tentando não me atrapalhar nas palavras.
— Fez? Fezco está aqui? — perguntei tentando engolir meu sorriso.
— A não ser que eu esteja chapada pra caralho, eu acho que vim com ele.
E então ela sumiu pela multidão, tão louca quanto das últimas vezes quê eu a vi.
Puxei a mão da Emma para sairmos andando pela casa, eu precisava encontrar Maddy, afinal foi ela quem me convidou.
Mas eu sentia que aquilo no fundo era uma desculpa para esbarrar meus olhos nele por aí, sentado e sorrindo pra algum lado.
E de repente eu estava tão nervosa que corri pra mesa de bebidas pegar mais alguma coisa.
Quando voltei, Emma dançava colada com um garoto dos cabelos coloridos e um estilo de dar inveja, eles dançavam e davam risada, claramente divertidos, então eu não queria atrapalhar, continuei andando mais para o fundo da casa, encontrando Maddy finalmente, ela estava olhando uma garota loira de cima a baixo.
— Espero que não esteja querendo arrumar briga tão cedo. — meu tom brincalhão arrancou um sorriso do seu rosto e ela fez um beicinho e se atirou para os meus braços.
— Sua vaca! estava sentindo saudade. Você sumiu. — ela disse e eu revirei os olhos.
— Não sumi não, você que não procurou por mim. — dei a língua pra ela.
— Por falar nisso, você tá gostosa pra caralho, Stanley. — ela deu um tapa na minha bunda. — inclusive vou começar a treinar mês que vem, quero ter um rabo do tamanho do seu.— torci meu nariz e dei risada.
— Você é estranha.
— E você uma puritana.
Enquanto nos encostamos na parede eu me sentia a própria juíza, meus olhos pareciam julgar todo mundo mas na verdade eles só buscavam algo.
Mas eu fui capaz de ver outra coisa, enquanto Emma dançava com o rapaz de cabelos coloridos mais à frente, Nate encarava os dois com raiva, enquanto um dos seus amigos babacas falava do seu lado e ele não dava bola, e quando eu achei que ia ficar por isso, ele caminhou em passos duros na direção dos dois, e eu me endireitei, pronta pra voar nele caso ele chegasse a falar com Emma, mas ele não o fez.
Ele passou por eles e bateu com toda força do mundo seus ombros nos ombros do garoto, e saiu andando, o garoto levou a mão ao seu ombro e pediu licença, deixando Emma sozinha. O coitado deve ter achado que foi sem querer. Acenei com o braço pra ela não se sentir perdida, e a mesma caminhou confusa mas ao mesmo tempo alegre em minha direção.
Não conversamos sobre aquilo, até porque ela não deve ter percebido, mas então eu me liguei na mensagem do seu celular.
NJ são as iniciais de Nate Jacobs, mas não é possível que ela esteja mantendo qualquer tipo de contato com ele.
— Lexi esta toda arrumada hoje, você precisa ver. — Maddy disse. — Acho que ela decidiu liberar a perseguida hoje! que Deus seja louvado, hm? — Maddy ajeitou seu cabelo e puxou Emma para dançar, me deixando sozinha.
Ao contrário de Cassie, Lexi sempre foi mais reservada, era difícil ver ela usando coisas fora do seu habitual, e ela sempre foi linda dessa maneira, e tenho certeza que ela sabe disso, Lexi jamais iria se arrumar de uma forma que não se sente confortável para ficar com algum homem.
Respirei fundo, ajeitei meu cabelo e caminhei para o lado de fora, sabendo que Fezco estava aqui, eu gostaria de pelo menos vê-lo. Nervosa, pedia licença para a multidão do lado de fora, algumas pessoas se pegando, outras dançando, outras fumando e quando olhei para o banco de madeira que ficava próximo a fogueira, pessoas em volta conversavam e pareciam ser o pessoal mais tranquilo, porque Lexi estava sentada lá, e como Maddy disse, ela estava extremamente arrumada, linda como ela sempre foi.
Ela conversava animadamente com Fez, enquanto ele fumava e soltava a fumaça pra cima, ela falava sem parar e ele dava risada e perguntava coisas para ela com o semblante curioso, parecendo velhos amigos. Acho que perdi alguma coisa.
Eu não sei em quanto tempo eu retomei minha consciência, mas era como se tudo tivesse saído do slowmotion e eu começasse a escutar tudo rápido novamente.
Eu os encarei a última vez, e quando estava prestes a virar, eu senti seus olhos em mim, como se esperasse meu próximo passo, Lexi ainda falava animadamente e não me notou, mas ele prestava atenção em mim.
Parada ali, esperando que minhas pernas voltassem a funcionar.
Dei um sorriso fraco para disfarçar e virei as costas, caminhando para dentro da festa novamente.
Eu não esperava ver aquilo.
Lexi não falava comigo direito a dias, me respondia de forma rápida e sempre fugia de mim, estava estranha e já passamos por coisas do tipo durante a nossa amizade, então eu aprendi a dar espaço.
Ela sabia que eu estaria ali quando ela precisasse.
Eu gostaria de ter contado a ela quando eu fui até ele e o bati, e quando ele foi me socorrer quando meu carro estava quebrado, e ainda mais quando nos beijamos no carro dele. Queria contar sobre as barrinhas de cereal, e mostrar para ela que ele não era apenas um traficante.
Mas acho que ela conseguiu ver sem eu precisar dizer, já que eles pareciam tão próximos e divertidos.
Eu conhecia Lexi, ela geralmente não ficava tão confortável quando tinha um garoto envolvido, ainda mais se esse alguém fosse que nem ele.
Caminhei até a mesa de bebidas pela terceira vez na noite, as pessoas estavam ainda mais embriagadas e eu podia jurar que vi August Cliver dedando Evanna Joshua, uma líder de torcida popular da escola.
Eu já estava de Cropped, mas precisava reagir, eu não vou me deixar abalar por isso, não foi nada demais.
...
Eu não reagi.
Escolhi agir da maneira que eu menos achava viável, que era me embriagar e ficar com a cara fechada a festa inteira. Procurava por Emma mas não a achei, eu queria ir embora e estava chateada com Fezco.
Chateada porque eu queria que ele tivesse levantado da porra do banco e vindo na minha direção. Eu posso estar sendo exagerada? sim, e eu estou. Mas o que custa imaginar?
Eu estava sentada na calçada, tinha outras pessoas fazendo a mesma coisa e fumando, conversando animadas e essa festa não está nem próxima de acabar.
— Achei que não ia te encontrar mais.
Quando eu penso que não tem como piorar, deus sempre me surpreende.
E a voz gostosa dele soando atrás de mim, eu quase cheguei a acreditar que estava delirando por causa da bebida, mas quando senti ele se agachar e sentar do meu lado, eu sabia que não era delírio. Quando senti seu cheiro eu tive certeza.
Ficamos em silêncio, mas eu respirei fundo, sabendo que eu não podia agir assim, nem fazer nada parecido porque eu não tinha poder algum para isso, nem motivo.
Eu acredito que a expectativa em saber que ele estava ali e o procurar pela festa toda e o encontrar sorrindo para minha melhor amiga de uma forma tão intima não foi a melhor coisa do mundo e foi como um balde de água fria.
— Rue me pediu para te avisar que ela procura por você. — eu disse baixinho, juntei meus joelhos e apoiei minha cabeça em cima deles, e finalmente o encarei.
Tive que segurar minha respiração, porque ele tirou todo meu fôlego. Tenho certeza que meus olhos brilharam, porque eu sou a porra de uma cadelinha que não sabe disfarçar.
Fezco estava lindo, e eu não havia notado antes por conta da pequena decepção. Uma camiseta branca, uma calça verde militar e seu old school preto no pé, e óbvio, sua corrente de ouro pendurada em seu pescoço.
— Eu esbarrei com ela algumas vezes, mas estava mesmo procurando por você. — ele disse e fez a mesma coisa que eu, apoiando sua cabeça nos joelhos enquanto estávamos sentados na calçada.
Permaneci em silêncio.
Ele estava procurando por mim.
Mentira.
— Eu ia falar com você quando te vi. — engoli em seco, tentando disfarçar e segurar minha língua de chicote que sempre acabava me fodendo. — Mas não queria atrapalhar nada. — Dei de ombros.
Fezco me encarou, os cantos de sua boca se transformando em um sorriso, ele piscou de vagar e eu umedeci meus lábios.
—Vamos jogar uno na minha casa? — ele perguntou aleatoriamente.
O encarei confusa, e apesar de chateada, aceitei.
...
A espera valeu a pena?
desculpa fazer vcs passem raiva.
Quase 2.7k de palavras e nenhum beijo.
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