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° PRÓLOGO °

  

   Segundo as leis de trânsito de Dallas, estacionar de maneira equivocada poderia resultar em uma multa de cento e cinquenta e seis dólares e quatro pontos na carteira. Mais isso pouco importava para Lawrence quando parou a Lamborghini, de qualquer modo, em frente de casa.
Desligou o carro e abaixou a cabeça encostando a testa sobre o volante aveludado. Sua mente estava a mil com pensamentos tortuosos...

   Tomando coragem ergueu a cabeça e a descansou no banco, suspirou cansada e fechou seus olhos que ardiam pelas lágrimas incessantes.

   Após alguns minutos de reflexão, decidiu encarar os fatos. Abriu a porta, arrastou-se para fora do veículo e, deixando-o aberto, seguiu caminho até o hall de entrada. Empurrou a porta, antes de entrar parou por um instante e observou a enorme mansão, decorada com primor e certo exagero. Lawrence entrou e fechou a porta, andou até o pequeno bar e pegou uma garrafa de Jack Daniel's - o preferido do seu marido - ao invés de pôr um pouco em um Old Fashioned, a mulher preferiu beber direto da fonte.

   Era notável sua angústia. Largando os sapatos pelo caminho, sentou-se no confortável sofá e sem ao menos dar tempo para pensar, suas lágrimas caíram de lados opostos do seu rosto que encontravam-se ao chegar no seu queixo.
O choque térmico que elas causaram foi tão inesperado que a morena arfou surpresa. Voltou a levar a garrafa até a boca, engoliu boa quantidade do conteúdo que queimava sua garganta. Limpou de relance a boca, mais lágrimas caíram, dessa vez entregou-se inteiramente ao choro que preenchia a sala escura e vazia.

   Vazia, era assim que ela sentia-se, a dor que rasgava seu peito era quase que como um infarto.
A sensação de não ter nada mesmo tendo tudo não combinava em muito com sua personalidade forte.

   Não era lamento o que sentia, afinal só estava afundando na própria cova, o que sentia era cansaço. Pois havia cavado a cova com as próprias mãos e agora não tinha mais forças para arrastar-se para dentro quem dirá para fora.

— Nada tem valor sem você.. — murmurou, com a voz trêmula.

   Levantou com um pouco de dificuldade e seguiu rumo próximo a lareira, pegou um dos atiçador de brasa e o segurou firme entre as mãos. Seu olhar direcionou-se para um jarro de cristal. Não pensou duas vezes e arremeteu furiosamente contra o mesmo, os estilhaços espalharam-se pelo ar provocando um barulho irritante ao caírem no chão.

— Não preciso de você, Jared! — rugiu, e voltou a quebrar outro vazo — Não preciso de ninguém.

   A medida que colocava a raiva para fora, quebrando os itens caros da casa, sentia mais ódio e vontade de chorar.

— Odeio todos vocês! — gritou, e arremessou o atiçador contra o espelho gigante diante de si.

   Não satisfeita jogou a garrafa na parede, o estrondo foi seguido de um grito estridente dela. Sem forças caiu no chão sobre os fragmentos de cristais. O choro cessou e as lágrimas caíram em silêncio. Lawrence agarrou um punhado dos cacos e os apertou entre as mãos, o sangue escorreu, mas a dor era isenta.

   Um pensamento despertou seu subconsciente, atordoada, ficou de pé e correu para as escadas. Subiu mais rápido que seus saltos de quinze centímetros permitiram e chegou ao quarto que dividira com o marido. Foi até o closet dele, revirou as gavetas atrás do seu objetivo.

— Achei você.. — vangloriou-se, ao encontrar a Glock .17.

   Ela tirou o cartucho para conferir se estava carregada, porém antes que tivesse a chance, ouviu a porta de baixo bater.

   Pôs o cartucho de volta, destravou a arma e a encostou em sua têmpora. Quando estava pronta para apertar o gatinhos, foi surpreendida por Jensen.

— Lauren, não faz isso! — implorou, preocupado.

— Não! Não dá! — soluça, ainda com a arma empunhada — Eu não aguento mais.

— Tá tudo bem, meu amor... — tentou convencer a mulher — Você vai ficar bem.

   Olhou nos olhos da garota, Jensen tinha o semblante calmo como sempre. Apesar de tudo ele gostava de vê-la, olhar em seus olhos e sentir seu perfume; principalmente impregnado na sua própria pele... Enfim ele a amava.

— Me dá a arma. — pegou Jensen.

   Relutante ela virou a arma, segurou pelo cano e entregou a pistola ao homem. Assim que o fez, correu para seus braços e lhe envolveu entre os seus.
Lawrence sentiu a grande mão do loiro nas suas costas, porém ao invés de sentir a outra em alguma outra parte do seu corpo, a arma pressionou sua nuca.

   Abriu os olhos e os arregalou, o ar faltou nos pulmões e ao sangue fugiu das veias.

— Vai ficar tudo bem.. — repitiu Jensen antes de puxar o gatilho.

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