° 1.0 °
A-TRA-ÇÃO:
•Sentido Figurado - Conjunto de características e qualidades que despertam simpatia, desejo, amor etc.; atrativo, sedução.
New Haven, Connecticut - Fevereiro de 2019
Todo mundo diz que fazer dezoito anos é o ápice da vida, mas Lawrence Nehru não pensava assim.
No dia do seu aniversário, quando o relógio marcara 19:30 e finalmente completava o décimo oitavo ano de vida, nada mudou, absolutamente nada.
O que realmente muda uma pessoa é a independência, que no seu caso, veio quando saiu de casa ao dezesseis anos.
E apesar de ter que trabalhar para conseguir sustentar-se, não abandonou os estudos e em poucos meses conseguiu uma bolsa para cursar direito na universidade de Yale¹.
— Laemence vai se atrasar! — alguém gritou ao mesmo tempo que dava batidas na porta.
A garota, dentro do quarto, tampou o delineador e o colocou sobre a penteadeira. Pegou a mochila laranja com mesclas amareladas e saiu do quarto trancando-o assim que o fez.
Caminhou pelos corredores á caminho do refeitório, onde com toda certeza, Conan e Emma estavam a esperando.
— Namastê! — cumprimentou, Conan sentado a enorme mesa.
Como de costume, ele está se olhando no espelho enquanto se penteava passando os dedos nos fios dos cabelos.
Podia até parecer que Conan Watson não passava de um garoto mimado de vinte e dois anos, sustentado pelos pais.. mas na verdade ele era bem mais que um rostinho bonito.
— Bom dia, miss oriente médio!
Ao contrário do que muitos podem pensar, ela não sentia resquícios de xenofobia² forma de falar que o amigo falava.
Também como deve-se chamar uma pessoa nascida na Turquia, filha de mãe libanesa e pai indiano, radicalizada nos Estados Unidos da América? Por isso Conan passou a chamá-la de “Miss oriente médio”
Lawrence sempre recebeu um coquetel de culturas, porém sempre preferiu mais a do pai.
— Cadê a Emma? — perguntou, a procurando ao redor com os olhos.
Ao invés de responder ele apenas olha para a garota, ergueu os ombros, estufou o peito e fez sua típica cara de quando queria zoar o Reitor.
— Já entendi.. Será que é algo sério dessa vez? — replicou, Lawrence sem conseguir segurar o choro.
Emma Connell, tinha um péssimo costume de parar na sala do diretor, que a propósito é seu pai.
Lawrence bebericou um pouco do suco de uva, que pertencia a Conan, olhou no relógio. Faltavam três minutos para a aula de história da arte começar.
— A aula já vai começar.. — avisou, e ele também conferiu em seu relógio.
— Melhor a gente vazar. — respondeu ele.
Assim que levantaram o sinal tocou, rapidamente dirigiram-se a sala 37-B.
Apesar de fazer direito, ela sempre gostou de artes. Desde pequena desenhara com perícia, porém tinha que garanti seu futuro. Após dois anos na universidade, finalmente Emma havia convencido ela e Conan a fazer uma aula de história da arte, há três meses. Matéria essa que tava parada por falta de professor.
Entraram no ambiente e sentaram nas mesas de sempre.
— Aí galera, eu falei com meu pai e ele conseguiu um professor substituto! — Emma anunciou entrando em sala, recebendo um suspiro de reprovação de todos — Idiotas.
Sussurrou, indo até os amigos, seu sorriso nunca desaparecia dos lábios juntamente com os tênis All Star e seus fones ouvidos.
Emma, tinha mais atitude que os jogadores do time de futebol, uma espécime rara, diria em extinção. Por ser filha do diretor, ela tinha uma popularidade notável, mais sua espontaneidade fazia dela uma graça. Não é atoa que Nehru havia a escolhido como melhor amiga.
— É sério esse lance de professor novo? — duvidou Conan, enquanto a garota sentava na mesa atrás deles.
— Lógico, seu tapado! — pôs a bolsa sobre a mesa e se debruçou para ficar mais perto da amiga — Eu soube que ele é um gato!
— É, mas ele não tem esses bíceps definidos! — exclamou o loiro exibindo seus músculos de atleta. Realmente eram um trio incrível.
— Vocês dois não têm jei...
Lawrence foi interrompida no meio da frase, ela odiava quando a interrompiam.
— Bom dia, turma!
A voz grave e firme, ressoou pelo ambiente. O silêncio a levou à virar em direção ao som.
— Acho que ele tem bem mais que bíceps definidos. — Emma murmurou provocando Conan.
" Ai meu alah, devo tá com a maior cara de idiota olhando pra ele. Mas, por mais que tente, não consigo ficar sem olhar para este homem" pensou ela.
— Dá pra você disfarçar? — agora foi a vez de Emma trazê-la para a realidade — Aproveita e limpa a babinha que tá escorrendo.
Tomou postura, ajeitou meus óculos e olhou para qualquer lugar que não fosse o rosto do homem parado atrás da mesa.
— Vocês são a terceira B? — perguntou o professor.
Sua voz arrepiou Lauren por inteira e tudo que consiguiu fazer, foi soltar o ar em seus pulmões.
— Terceira A! — alguém informou ao fundo, pela voz estridente devia ser Amy.
— Ah, claro, desculpem.. — ouviu-se ele coçar a garganta duas vezes — Bom, eu sou o Professor substituto, Jared Halsey.
“Ouviu? Ele é seu professor!” mais uma vez o subconsciente da garota foi racional.
— Como a cantora? — novamente Amy, parece que Lawrence não era a única admirada por ele.
— É, mas o meu é de nascença.
Todos riram de forma amigável para ele.
— O que acham de nos conhecemos melhor? — todos concordaram com o professor Halsey. — Então, okay. Vocês falam o nome e o sonho profissional.
Um a um, todos disseram seus nomes e a profissão desejada. Até que chegou nas duas últimas mesas. Como de costume, Watson falou primeiro.
— Eu sou Conan Watson, e por enquanto não tenho um sonho profissional.. talvez ser um CSI.
Os demais alunos gargalharam da resposta do rapaz, e estes foram acompanhados por Jared.
— É só isso que quer para o futuro? — questionou o professor.
— Ah-não! Eu pretendo ser muito rico e conquistar a garota mais linda daqui.. — ao final da frase olhou de relance para a colega.
Todos murmuraram um "hum".
— Okay. — finaliza o cabeludo e olha para Lawrence — E você?
Ela tentava parecer calma e indiferente com sua presença.
— Sou Lawrence Nehru, bom eu curso direito e quem sabe um dia consiga trabalhar em um grande escritório, mas.. meu sonho seria o State Hermitage Museum³..
Seus olhos permanecem fixos nos do homem. Sem conseguir segurar, soltou um tímido sorriso, que foi retribuído.
— É um lugar e tanto.. — respondeu, de forma doce.
— É... Eu sei.
O resto da aula prosseguiu- se calmamente. Todos muito empolgados com Jared, Amy com certeza é a maior de todas.
Durante todo o período não conseguiram parar de olhar um para o outro. Ela estava hipnotizada, sem sombras de dúvidas e ele não parecia indiferente.
Cada segundo que passava, era uma tortura. Ela queria sair logo dali, parar de encarar o homem!
Até que finalmente o sinal tocou, rapidamente pegou suas coisas e saiu da sala.
...
— Parece que alguém foi atingida pela flecha do cupido! — Emma debochou, caminhando ao lado da amiga.
— Não sei do que está falando..
Abriu a porta do dormitório que dividiam e entraram no próprio.
— Qual é Lawrence, eu vi como ele olhou pra você e principalmente como você olhou para ele!
Jogou sua mochila em cima da cama, sentou na mesma e começou a tirar seus sapatos.
— Eu olhei para ele como todo mundo olhou. — detclaro, na tentativa de sair dessa conversa.
— Sei..
A loira se apressou para tirar a blusa, pegou a toalha e correu para o banheiro.
Ficando sozinha no ambiente, os pensamentos veiram a sua mente. Jared realmente era um homem bonito, atraente, porém não era o tipo de homem com que se envolveria.
Tentando parar de pensar nele, tirou o celular do bolso, desbloqueou e abriu seus contatos.
Seu dedo tremeu para apertar a faixa que indicava o número da sua yáma⁴, mas pensou duas vezes e desligou o aparelho e o pôs sobre a escrivaninha.
No mesmo instante ele tocou, era ela, sua mãe.
— Controle-se, Lawrence.. ela quem foi embora! — resmungou para si mesma.
A mágoa pela sua mãe ainda machucava sua alma.
A porta do banheiro abriu e Emma saiu do cômodo. Rapidamente a morena desligou o celular.
— Era a sua mãe? — perguntou a amiga.
— Não, foi engano. — Hana Nehru era assunto a ser evitado — O que seu pai queria mais cedo?
A garota secava seus cabelos mantendo os olhos fixos no espelho a sua frente.
— Adivinha? — voltou-se para Lawren — Não sei porque ele não consegue entender que eu não vou fazer canto lírico! Odeio lírico!
Sorriu, o maior problema de Emma era a briga com o pai que a proibia de cantar qualquer coisa que não fosse clássico. A questão é que ele não considerava Black Dog um clássico.
— Um dia ele se acostuma. — conforto-a mesmo sabendo que não era verdade.
— Quem sabe... Vai trabalhar hoje? — questionou Emma.
— Não, vou ficar por aqui e estudar o código penal.. — murmurou sem a menor empolgação.
— Não sei porque ainda faz direito, você odeia!
— É, odeio mesmo... — Nehru desceu seu vestido pelo corpo — Mas, se nem o Van Gogh conseguiu fama antes de morrer, porque eu conseguiria?
Terminando a conversa, entrou no banheiro e começou a tomar banho.
|¹| A Universidade Yale é uma instituição de ensino superior privada norte-americana, situada em New Haven, Connecticut. Fundada em 1701 sob o nome de Collegiate School, é a terceira mais antiga instituição de ensino superior dos Estados Unidos
|²| A xenofobia pode ter como alvo não apenas pessoas de outros países, mas de outras culturas, subculturas, sistemas de crenças ou características físicas.
|³| É um dos maiores museus de arte do mundo e sua vasta coleção possui itens de praticamente todas as épocas.
|⁴| Quer dizer "mãe" em árabe.
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