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Capítulo 03

Na manhã seguinte o dia começou com Sam acordando cedo para preparar o café da manhã. A noite havia sido longa, pois, como de costume, não havia conseguido dormir bem. Sam se levantou com cuidado, tentando não acordar Viollet. Ela sabia que o dia seria difícil, mas estava determinada a começar de forma calma e positiva. Enquanto preparava o café da manhã, seus pensamentos estavam voltados para a conversa que precisaria ter com sua menina. Ela queria entender o motivo pelo qual a mais nova não havia lhe contado sobre a nota ruim. Sabia que Viollet tinha a tendência de se fechar quando as coisas ficavam difíceis, mas esconder algo assim não era comum. Sam queria garantir que a menina sentisse que podia confiar nela, independente da situação.

Sam colocou a mesa com carinho, escolhendo a dedo as frutinhas que Viollet gostava de comer. Ela sabia que a conversa seria delicada e queria garantir que sua pequena se sentisse amada, mesmo após omitir algo.

Sam ouviu passos percorrendo os degraus da escada e logo viu uma Viollet sonolenta, descalça e ainda de pijamas.

- Bom dia, amor. - Disse Sam, tentando manter a voz calma e acolhedora ao que via a menina vir em sua direção com a boca aberta por um bocejo e cabelos desgrenhados.

- Bom dia, vida.- Respondeu Viollet, antes de depositar um selinho em seus lábios.

- Que beijinho bom. - Elogiou Sam com carinho e viu a menina corar diante de si. Apesar do tempo que estavam juntas, Viollet não deixava de ser a menina tímida e gentil que conheceu. - Quer seu tetê?- Questionou já sabendo da resposta, que veio com um assentir de cabeça. - Tá bom meu bem, senta que vou fazer pra você.

- Com Toddy? - Questionou Viollet sabendo que a mais velha detestava por o achocolatado em sua bebida, mas ela mesmo amava.

- Com Toddy.- Sam revirou os olhos ao que deixava um sorriso derrotado escapar.

Sam serviu o café e sentou-se ao lado de Viollet para desfrutar do que havia preparado enquanto a menina revesava entre mamar e comer o que estava disposto. Sam observava Viollet enquanto ela alternava entre mamar e comer, um sorriso suave nos lábios. Ela sabia que a conversa seria difícil, mas estava determinada a entender o motivo pelo qual Viollet não havia contado sobre a nota ruim.

- Amor, precisamos conversar sobre algo importante. - Sam começou, tentando manter a voz calma e acolhedora.

Viollet parou de comer e olhou para Sam, preocupada pelo tom que ela havia iniciado a conversa, sentindo um frio correr por sua espinha.

- Eu vi sua nota de Planejamento Financeiro e Orçamentário.- Disse Sam, com um tom sério, mas sem julgamentos.- Por que não me contou que estava de recuperação?- A mulher mais velha realmente queria enteder. Ela detestava omissão e mentiras, principalmente quando tais atidudes vinham de sua baby.

Viollet engoliu em seco, sem saber ao certo o que responder. Ela sabia que Sam estava irritada, embora tentasse disfarçar, e isso só aumentava sua ansiedade.

- Eu... eu não queria te preocupar. - Disse Viollet, a voz trêmula. - Eu sei o quanto você se esforça para me ajudar e não queria te decepcionar.

Sam suspirou, tentando manter a calma. Ela sabia que precisava abordar a situação com cuidado para não deixar Viollet ainda mais ansiosa ou com medo de sua reação.

- Amor, eu entendo que você não queria me preocupar, mas esconder as coisas só torna tudo mais difícil. - Disse Sam, segurando a mão de Viollet. - Eu estou aqui para te apoiar, não importa o que aconteça. Precisamos ser honestas uma com a outra. - Lembrou o que já havia sido combinado em outras situações e viu a menina abaixar a cabeça.

- Me desculpa amor... - Pediu baixinho, claramente entristecida com tudo e Sam sorriu em conforto.

- Está tudo bem princesa, apenas saiba que pode confiar em mim, até mesmo quando não quiser me chatear.- Ela usou a voz da razão e compreendeu o ponto de sua menina.

- Então está tudo bem? Sem castigo?- Questionou com incredulidade.

- Claro que está tudo bem amor. - Concordou Sam sorrindo para o espanto aparente da menina. - Mas sim, terá castigo.- Determinou séria e viu a menina murchar a sua frente.

- Ah não...

- E sem resmungar, senão fica pior. - Repreendeu com firmeza, fazendo a menina suspirar diante sua autonomia. - Está sem o ipad, sem TV, sem celular dentro de casa, somente quando estiver longe de mim para mantermos a comunicação e nada de sair de casa até o dia da prova, vai sair somente para trabalhar e estudar. Vamos estudar juntas todos os dias, começando hoje, estamos entendidas? 

Viollet arregalou os olhos, completamente indignada com a severidade da punição.

- O quê?! Isso é injusto, Sam! - Protestou com a voz falha e olhos marejados. - Eu já estou estressada com a recuperação, você acha que vai me ajudar me prendendo assim?

Sam manteve a postura firme, mas sua expressão suavizou um pouco ao ver a reação da menina.

- Amor, eu sei que parece duro, mas é para o seu bem. Você precisa se concentrar nos estudos e não se distrair. - Explicou ela, tentando manter a calma.

Viollet balançou a cabeça, ainda revoltada.

- Não acredito que você está fazendo isso comigo. Eu pensei que você ia me apoiar, não me castigar assim! - Gritou, sentindo a frustração crescer.

Sam respirou fundo, tentando conter a própria frustração. Sabia que precisava manter a calma para que a situação não piorasse.

- Viollet, sem grito.- Repreendeu. - E eu estou te apoiando. Por isso estou tomando essas medidas. Você precisa de foco e disciplina agora mais do que nunca. - Disse, firme, mas com um tom compreensivo.

Viollet cruzou os braços, ainda indignada, mas percebendo que discutir não adiantaria.

- Isso é tão injusto... - Murmurou, a contragosto.

Sam se aproximou e segurou gentilmente os ombros de Viollet, olhando em seus olhos com um misto de firmeza e carinho.

- Sei que parece duro agora, mas estou fazendo isso porque me importo com você. - Disse Sam, sua voz suave, mas determinada. - Precisamos focar no que é importante para seu futuro. Vamos estudar juntas, e você vai ver que é capaz de superar isso.

Viollet suspirou, ainda frustrada, mas sabendo que Sam estava tentando ajudar.

- Tá bom... - Respondeu, relutante. - Mas eu ainda acho que é demais.

Sam sorriu levemente, acariciando o rosto de Viollet.

- Talvez pareça, mas no final você vai entender. Vamos começar o estudo logo depois que chegar da faculdade, ok? - Disse, tentando injetar um pouco de positividade na situação.

Viollet assentiu lentamente, aceitando o plano mesmo sem concordar. Nessas situações ficava claro quem mandava e quem obedecia ali. Sentia-se frustrada, mas sabia que, no fundo, Sam estava fazendo isso pelo seu bem.





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