Capítulo 5
https://youtu.be/kd6GIur3I_I
Capítulo 5 - All Truths Revealed
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Through the ghost door
I walk
Através da porta fantasma
Eu ando
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— Através do depoimento de uma testemunha anônima, chegamos às câmeras de segurança de uma loja na rua de trás da residência de Hilary Ford. Nela, encontramos registros de que Anthony Grimes esteve lá naquela noite, pouco antes de Robert Bentley deixar a residência. — Um flash brilhou quando Barbara Donoghue parou momentaneamente seu relato. — Exames laboratoriais apontaram a presença de calmantes fortes na corrente sanguínea de Bentley, o que corroborou seu depoimento de acordar sem se lembrar o que tinha acontecido.
"As taças de vinho estavam lavadas, mas ainda foi possível encontrar as provas necessárias. Com o auxílio de Grimes, Anne Ford fez uma cópia das chaves da casa da irmã, enviou uma mensagem para Bentley fingindo ser Hilary, depois se escondeu na casa e esperou que o calmante e o veneno na bebida de Hilary fizessem efeito. Então saiu pela porta da frente e deixou Anthony lá para limpar tudo.
"Quando Robert despertou, os dois já estavam muito longe dali. Ele encontrou a namorada morta, entrou em pânico e voltou para casa. Os históricos de briga serviram para nos desviar da verdade por algum tempo e os depoimentos iniciais dos dois também foram calculados para nos levar a essa direção, mas ao final a verdade apareceu: uma briga familiar levada às últimas consequências, uma vingança. Fratricídio".
A cena voltou à âncora do telejornal convocando o intervalo comercial.
— E tudo isso, graças ao meu bebezinho. — Felicia beijou o topo da cabeça de Katterina, que sorriu e abraçou a mãe.
— Ok, chega de notícias ruins - sentenciou Alexander ao pegar o controle remoto e mudar de canal. Kat comemorou ao encontrarem um filme qualquer.
Felicia, por sua vez, levantou-se e foi em direção à cozinha.
— Alguém mais quer sorvete? — Os dois confirmaram, animados, e ela sorriu. — Certo, nesse ritmo estaremos três elefantinhos antes do Dia de Ação de Graças.
Encheu três taças de plástico colorido com sorvete de chocolate e flocos e pôs granulado por cima, completando com colherinhas uma de cada cor.
"Meu Deus, quanta frescura!", pensou, divertida, colocando-as sobre uma bandeja.
Antes que pudesse retornar para a sala, seu celular tocou sobre a bancada.
— Oi, Felicia. Atrapalho?
— Não, Andrei, o que foi?
Ao fundo, ela ouviu uma música alta tocando, conversas e risadas.
Maravilha, pelo menos ele havia começado a viver um pouco. Já estava bem na hora.
Nos últimos dias, andava ainda mais consumido pelo trabalho que o normal. Ela fingia não ver, especialmente depois que as discussões se tornaram frequentes, mas sabia que ele ficava até mais tarde na delegacia e chegava antes de quase todo mundo, mesmo sem nenhuma necessidade.
— Nada demais, só que eu e o Jenkins saímos um pouco com a Velasco e o Norman, e pensamos se você não queria vir.
De vez em quando, Felicia deixava Katterina com Susannah e saía com os amigos. Mas naquela noite, tinha em mente outro tipo de programa.
— Bom, adoraria, mas não posso. O Alexander veio pra cá jantar com a gente.
Um breve silêncio do outro lado.
— Ah, ok, certo. — Ela o ouviu ao fim de alguns segundos. — Tudo bem, até amanhã.
Antes mesmo que ela pudesse se despedir com um alegre "vê se não bebe demais, não quero ninguém de ressaca amanhã", ele desligou. Felicia franziu o cenho, intrigada, mas logo deu de ombros e pôs o celular no bolso do jeans.
A dupla que aguardava pelos sorvetes na sala, pelo visto, mal conseguira esperar seu retorno. Devoraram tudo, deixando claro que não conseguiam se desvencilhar do vício no doce nem mesmo com o outono a todo vapor trazendo o frio.
Enquanto isso, ela ocupou a poltrona perto da TV, mas não prestava atenção ao filme nem mesmo enquanto degustava sua porção da sobremesa. Em vez disso, continuou checando a repercussão da resolução do caso Hilary Ford pelo celular. Tudo se solucionara de forma, aparentemente, natural e sem levantar suspeitas.
Exceto pelo fato de que a "testemunha anônima" citada era a própria assassinada se comunicando com os vivos através de uma garotinha de quatro anos.
Hilary dera todos os detalhes de cada ação da dupla após sua morte. Cada movimento e cada palavra foi repassada literalmente à polícia. Com toda a história montada, o grupo começara a trabalhar para encontrar as provas e refazer pontos da investigação que, sob a luz da verdade, poderiam olhar por outro ponto de vista. Assim, tiveram a ideia de checar as redondezas por câmeras de vigilância e investigar o conteúdo da taça usada por Robert, além de solicitarem os exames necessários.
Comprovada a inocência, o rapaz foi liberado e recomendado pelo médico que acompanhara seu caso a começar uma terapia psicológica para melhor administrar sua raiva.
Tudo teria acabado bem, na medida do possível, se não fossem os outros pontos sombrios no caso.
A família Ford não ficara em pedaços após a morte de Hilary: sempre estivera. Aquilo só ficara mais evidente com a perda da primogênita. Quando não estavam em interações carregadas de violência verbal, se tratavam com indiferença e frieza. Inconscientemente, os pais haviam acirrado a competição entre as duas filhas até um ponto sem volta e mesmo entre si não havia mais espaço para amor e respeito. Não à toa Rose saíra de casa, até onde ela sabia.
De relance, espiou Alexander e Katterina sentados em seu sofá, a menina meio abraçada ao pai e conversando algo sobre o que viam na TV, relaxados e alegres.
O contraste com os Ford era visível.
Apesar de tudo, em sua casa ainda havia paz, mesmo em meio ao caos. O fim do relacionamento com Alexander não significara o fim da amizade. Os problemas enfrentados por Katterina pareciam devidamente solucionados, para seu alívio. Até os desentendimentos que tivera com Andrei nos últimos dias foram resolvidos tão logo a tensão da investigação teve fim.
Não houve pedido de desculpas ou sequer um "você estava certa" da parte dele, o que ela precisava admitir que a chateava, mas haviam voltado a se falar como antes — e o convite para sair mais cedo deixava claro que não restava mais sentimentos ruins entre os dois.
"Só falta ele resolver aceitar o que realmente é", ela pensou, guardando o telefone. "Então estaremos completamente resolvidos".
Passava da meia-noite quando Andrei subiu na calçada do prédio em que morava. Velasco, a única que restara sóbria no grupo, fizera as vezes de motorista, deixando um por um os colegas em suas residências. Ele fora o penúltimo, só restando o Norman no banco da frente.
Cumprimentou o segurança na guarita e avançou pela entrada para pedestres após sacudir dos cabelos curtos as gotículas de água da chuva leve que caía lá fora. Parou no saguão e se encaminhou aos elevadores. Não conseguia subir vinte e cinco andares sóbrio nem que sua vida dependesse disso, meio bêbado seria uma tarefa impossível.
Seguiu em frente com cuidado para não se machucar ou quebrar nada, embora soubesse que o dano maior de deixar a bebida assumir o controle seria ao ego.
Ainda não fazia bem ideia de porque havia bebido tanto, nem o que o estava incomodando exatamente, mas as férias forçadas que teria que solicitar no dia seguinte após Barbara pressionar mais uma vez não estavam ajudando nem um pouco. Ao menos a maldita dor de cabeça dera uma trégua — milagre de São Jack Daniels.
Só restara de pé a curiosidade: Felicia e Alexander estavam ensaiando um revival? Já estavam até voltando a jantar juntos, e...
— Desculpe — murmurou, com a fala trôpega, ao esbarrar em alguém a poucos passos do elevador.
Afastou-se do pobre desafortunado para observar...
E deu de cara com uma moça na casa dos vinte e poucos anos. Usava um vestido preto, na mesma cor que os cabelos, e tinha os lábios pintados por um tom vivo de vermelho.
Dizer que ela era apenas bonita não fazia justiça àquele rosto.
Ela sorriu.
— Tudo bem. Precisa de ajuda?
— Acho que posso me virar, obrigado. — Acionou o botão. A mulher parou ao seu lado. Pegariam o mesmo elevador? Interessante. E possivelmente promissor. Já que todos os seus amigos estavam tendo aventuras naquela noite, por que ele não podia fazer o mesmo? — Mora aqui? Acho que não nos conhecemos.
— Já o vi algumas vezes, mas acho que você não me viu — ela respondeu, ajudando-o a entrar no elevador sem tropeçar quando este parou diante deles.
— Claro, eu me lembraria se tivesse visto. — Tentou evitar o pensamento de que, na manhã seguinte, se lembraria daquilo e se veria como ridículo, não sedutor.
Ela apenas voltou a sorrir e perguntou onde ele morava. Pouco depois, estavam parados em frente à porta do apartamento dele.
— Pronto, está entregue.
— Obrigado, mas aqui eu que cuido pela segurança dos moradores, mocinha — gracejou. — Posso saber seu nome?
— Camila. Moro no vigésimo andar. Apartamento 2004.
Ele tentou registrar a informação.
— Boa noite, Camila. Espero que possamos nos ver de novo.
Abriu a porta e se perguntava se deveria convidá-la para entrar logo de cara ou, antes, investir por mais alguns dias.
— Eu também — ela devolveu. Um belo progresso. — Mas devia tomar cuidado. Beber demais não costuma trazer nada de bom. Já houve acidentes perigosos aqui no prédio por causa disso.
Ele sorriu, jocoso.
— Posso perguntar como a senhorita sabe disso? Parece ser muito novinha para estar participando de bebedeiras por aí.
Ela voltou a sorrir, mas de uma forma diferente. Complacente e quase maternal, uma expressão que em nada combinava com um rosto tão jovem.
Então Camila deu a resposta que fez um calafrio percorrê-lo:
— Porque foi assim que eu morri.
O efeito da bebida passou como se fosse um banho gelado e ela evanesceu no ar, como fumaça, sem deixar nenhum vestígio de, algum dia, ter estado ali.
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FIM
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VISHE, ESSE FINAL.
Sendo sincera, dei um pulo e fiquei "WOW" quando imaginei porque, como já disse, morro de medo dessas coisas e desmaiaria se fosse comigo HAHAH Espero que tenham curtido.
E eu já contei que essa música carrega uma mensagem subliminar sobre um dos personagens da história? Pois é. Qual será? Mais um enigma para vocês resolverem HAHAHA :D
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