1 - O homem invisível
#AlmaProtegida
10 de abril de 2017
Desespero.
Essa era a palavra que definia todo o ser de Park Jimin. Como poderia ser diferente? Afinal, há pouco tempo se completou oito anos desde que fora diagnosticado com esquizofrenia. Oito anos que repetia incansavelmente em sua própria cabeça: ninguém quer me machucar. Queria tanto acreditar naquelas palavras, pois no dia em que acreditasse, significaria que estava melhor.
Se você pudesse fazer um desejo para o universo, qual seria?
Talvez dinheiro. Talvez um amor. Talvez uma casa própria.
Entretanto, Jimin preferia viver sem nada se isso o curasse daquela maldita doença que estava o fazendo ser trancafiado num hospital psiquiátrico, aquela que o fizera viver trancafiado dentro de casa.
No fim, ele só queria liberdade.
— Seja muito bem-vindo ao Hospital Psiquiátrico São Dionísio. Vamos cuidar de você. Meu nome é SeokJin, eu sou enfermeiro.
O falso loiro não se importava com o que Seokjin falava. Sabia que era uma frase ensaiada e que não possuía verdade. Ninguém queria cuidar dele, apenas controlá-lo para que não cometesse mais nenhum erro.
Focou- se no tamanho do local que estava, e era bem grande. Maior do que o seu quarto. Uma prisão com mais espaço, entretanto, ainda uma prisão, somente com mais pessoas.
Será que conseguiria se controlar perto de tantos indivíduos ao seu redor? E, ao lembrar de que todos ali também cometeram erros como os seus, entrou em desespero.
Ninguém quer me machucar.
Talvez não quisessem, mas todos ali poderiam. Jimin sempre teve o porte bem magro, sem muitos músculos, sem muita gordura. Não conseguia comer, não conseguia fazer exercício; sempre na paranóia de que poderia engasgar e morrer ou que poderia fraturar uma parte do seu corpo.
Talvez quebrasse a coluna ao fazer um movimento errado pegando peso demais e nunca mais voltasse a andar. Era tão magro e fraco, que até nos dias atuais ele não sabia dizer como conseguiu cometer o crime que o levou até aquele lugar.
Não posso lutar com ninguém daqui, mas talvez consiga me esconder. Seria minha única chance.
Então, começou a analisar mais detalhadamente o local pensando em possíveis esconderijos.
Bastante árvores, posso me esconder atrás delas. Onde mais posso me esconder? Os bancos não vão me proteger. Se alguém vier atrás de mim, ninguém vai se arriscar por mim. Não posso contar com ninguém.
— Jimin, se concentre na minha voz agora. Respira fundo. Quer me contar o que está pensando e o que está te deixando aflito?
Estava acostumado com psicólogos, já havia aprendido a confiar no seu. Todavia, aquele não era o psicólogo que o acompanhava desde os treze anos, quando foi diagnosticado. Poderia confiar em Seokjin? Ele não sabia, nunca aprendeu a saber.
E, de repente, lembranças do dia em que foi diagnosticado o invadiram.
[...]
18 de fevereiro de 2009
— Esquizofrenia é um distúrbio mental caracterizado por comportamento social fora do normal e incapacidade de distinguir o que é ou não real. Entre os sintomas mais comuns, estão delírios, alucinações auditivas, diminuição de interação social e da expressão de emoções e falta de motivação. As pessoas com esquizofrenia apresentam, muitas vezes, outros problemas de saúde mental, como distúrbios de ansiedade, depressão ou distúrbios relacionados com o consumo de substâncias nocivas. Os sintomas geralmente manifestam-se de forma gradual, desde o início da idade adulta...
O médico foi interrompido pela mulher que deu a vida ao menino.
— Mas o Jimin tem apenas 13 anos, como pode estar dizendo que ele tem esquizofrenia? Anos atrás quando eu o trouxe até você, você disse que era depressão!
Com toda a calma do mundo, o doutor voltou a falar:
— A esquizofrenia em crianças é mais rara do que em adultos, mas ela existe. Mesmo em um adulto pode ser demorado. Pode levar anos para se obter o diagnóstico. Em crianças é ainda mais difícil, pois se tem a imaturidade normal do desenvolvimento da linguagem e a separação entre a realidade e fantasia. Normalmente, crianças com esquizofrenia passam a se desinteressar pelas atividades realizadas anteriormente, acompanhadas de isolamento. No início, o quadro é facilmente confundido com depressão, pois a criança torna-se retraída, perde o interesse pelas atividades habituais e passa a apresentar distorções do pensamento e da percepção.
A senhora Park se afundou na cadeira, deixando um longo suspiro. Tentava conter as lágrimas que queriam desesperadamente escorrer por sua face, enquanto seu marido tentava a acalmar fazendo um leve carinho em sua cabeça. Jimin, por sua vez, estava sentado no chão ao fundo da sala ouvindo tudo, mas sem demonstrar reação alguma.
— Depois de anos acompanhando o Jimin, eu pude perceber que não se tratava de uma simples depressão. Por isso investiguei casos de transtornos psicológicos na árvore genealógica dele e depois de descobrir que a avó tem o diagnóstico para esquizofrenia, pude concluir que o que se passava com Jimin realmente não era apenas a depressão.
A senhora Park pensava naquele momento que devia ter feito algo ruim no passado e que aquele era seu carma. Teve que lidar com sua mãe esquizofrênica durante toda a sua vida e, agora, o seu filho obtinha o mesmo diagnóstico.
O universo deveria odiá-la.
— Vamos começar o tratamento hoje mesmo e com o tempo os sintomas podem diminuir...
Novamente, foi rudemente interrompido.
— Eu conheço o processo, doutor.
10 de abril de 2017
[...]
— Você pode confiar em mim.
Aquelas palavras o trouxeram de volta para a realidade, ou ao menos o que Jimin pensava ser real. Afinal, o que era real?
Ninguém quer me machucar.
Será que ninguém quer o machucar?
— Confie em mim?
Ninguém quer me machucar?
— Não me sinto seguro nesse lugar — falou por fim.
O psicólogo sorriu. Percebeu toda a ansiedade em Jimin, o que era um bom sinal, e ele o responder era um sinal melhor ainda.
— Jimin, consegue ver todas essas pessoas de uniforme verde?
Olhou em volta e percebeu finalmente aquelas pessoas citadas pelo Jin, então acenou positivamente com a cabeça.
Como eu não os vi antes?
— Todos eles são seguranças, eles estão aqui para não deixar nada acontecer com ninguém. E também há câmeras em todos os lugares, tudo é monitorado. Se algo estiver acontecendo, as câmeras vão flagrar e automaticamente um sinal vai ser enviado aos seguranças e aos psicólogos. Você está cem por cento seguro aqui.
Aquilo não era verdade. Ninguém estava seguro ali e apenas cinco pessoas sabiam disso, o problema é que nenhum deles sabia exatamente o porquê e muito menos como destruir aquilo que lhes tiravam o sono.
Jungkook de longe observava o recém-chegado.
"Mais uma vítima", ele pensava.
Entretanto, achava muito estranho. Tinha certeza absoluta de que nunca tinha o conhecido, mas sua silhueta era tão familiar. Então, quando Jin se afastou do falso loiro para ir atender a um chamado emergencial por conta de um paciente que estava tendo uma crise, Jungkook decidiu se aproximar para tentar se lembrar de quem aquele desconhecido tanto o lembrava. Caminhou lentamente até parar na frente do outro e se abaixar para ficar na mesma altura daquele que era um pouco mais baixo.
— O que você está fazendo? — perguntou Jimin depois de um tempo. Afinal, era deveras estranho, até mesmo para ele, alguém fixar os olhos em si sem proferir uma palavra sequer.
Os olhos jabuticabas ficaram arregalados depois da frase direcionada para si. Estava completamente surpreso, porém, finalmente pôde lembrar quem aquele homem tanto o lembrava. Concluiu que o destino era um grande filho da puta.
— Caralho, como você veio parar aqui?
O mais baixo ficava cada vez mais confuso.
— Você me conhece?
— Você não, mas eu conheci sua avó!
Definitivamente estou num hospital psiquiátrico, Jimin pensou. Nem ele havia conhecido a sua avó. Ela estava internada há anos na ala psiquiátrica do hospital de Busan, o local onde nasceu.
— Minha mãe internou minha avó tem tempo, você não poderia conhecê-la.
— Ela não devia estar internada, ela não é louca.
— Ela é esquizofrênica.
"Ela é mais que isso", Jungkook pensou, mas nada disse. Pelo menos agora teria com quem conversar durante o dia.
— Qual o seu nome?
— Jimin.
Jungkook esperou que a pergunta lhe fosse devolvida, mas Jimin apenas continuava olhando para todos os lados como se procurasse alguma coisa.
"Talvez esteja tentando fugir de mim, mas não vou deixar."
— Já parou para pensar que o nome do hospital não é São Dionísio porque ele era um padroeiro que vai curar os pacientes, mas porque assim como os pacientes, ele perdeu a cabeça?
E começou a rir, todavia, Jimin continuou em silêncio.
— Meu nome é Jungkook, se quiser saber.
— O meu é Jimin.
Jungkook franziu o cenho.
— Você já me disse.
Talvez fosse mais difícil do que imaginou manter uma conversa com o mais baixo, que não parava de olhar para todos os cantos.
— Se está procurando uma forma de sair, desista. Está preso aqui agora.
O rosto do Jimin finalmente se virou para o desconhecido, que agora observava todo o imenso jardim do hospital.
— Eu sempre estive preso.
[...]
24 de março de 2017
— Eu quero sair sozinho — conseguiu falar depois de muito tempo pensando se deveria.
O silêncio reinou por alguns segundos. O clima tenso na mesa do almoço se tornou ainda maior quando sua mãe soltou uma risada de escárnio.
— Você sabe que não pode, Jimin. O que vai fazer se começar a ter delírios no meio da rua?
— Estou estável há dias, não tenho nenhuma crise de delírio ou de paranóia. Eu só quero sair como uma pessoa normal por um dia!
— Você não é uma pessoa normal! Você não pode sair sozinho, nunca! Entendeu? — gritou apontando o garfo que segurava para o filho, como se ele fosse uma ameaça. Ela o via como uma ameaça desde o dia em que foi diagnosticado.
Jimin se encolheu na cadeira com medo do tom usado pela sua mãe.
— Soo Hye! Já chega! — Seu pai interviu, e lágrimas começaram a cair pelos olhos do mais novo.
— Jimin, por favor, vá para o seu quarto enquanto eu tenho uma conversa com a sua mãe.
Ele apenas o obedeceu, sem ser preciso falar mais nada. Entrou no ambiente e bateu a porta com força.
Ela não me ama, ela não me quer!
Sozinho em seu quarto, encolhido perto de sua cama e abraçando os próprios joelhos, ele relembrava das palavras que uma vez sua mãe disse ao seu pai, que ele sem querer ouviu.
"Se eu soubesse que ele seria igual à minha mãe, eu o teria abortado."
— Ela quer me matar. — Jimin falou num tom quase inaudível. E naquele momento, sua mente quebrada entrou em desespero. Precisava fugir, precisava se proteger, precisava fazer alguma coisa!
Ela nunca quis me proteger, ela me mantém preso. Por que ela me mantém preso?
Se levantou e secou as lágrimas que caiam pelo seu rosto, andou lentamente até a porta e a abriu completamente em silêncio.
Preciso fugir.
Jimin foi caminhando com a atenção redobrada. Não podia ser pego, precisava fugir. Nunca pensou que faria isso, porque seus pais sempre foram seu porto seguro, sabia que eles iam o proteger. Mas agora sabia que não, eles não queriam o proteger. Queriam o controlar, e Jimin não ia mais deixar que fizessem isso.
Chegou na porta da frente, o caminho para sua liberdade, mas não seria tão simples. Seus pais trancavam todas as portas de saída e o Jimin não sabia onde ficavam as chaves.
Onde vocês escondem?
Jimin olhava em todos os lugares, procurando pelas chaves, mas no final, não adiantaria. Elas ficavam em posse de seus pais o tempo inteiro para que Jimin nunca as achasse e tentasse fugir. Exatamente o que estava fazendo naquele momento.
Finalmente o loiro avistou que seus pais esqueceram a janela da sala aberta. Era a sua chance. Começou a ouvir seus pais gritando um com o outro na cozinha.
Ótimo, ainda estão lá.
Jimin correu, entretanto, parou no meio da sala quando os gritos ficaram tão altos a ponto de poder discernir cada palavra dita pelos seus progenitores.
— Ele é doente, Min Hee!
— Ele é seu filho, Soo Hye! Se ele está doente, seu dever como mãe é cuidar e proteger dele até ele estar melhor e então ficar feliz com a melhora dele, mas não continuar o acusando de estar louco e incapacitado!
— Olhe para a minha mãe! Ele nunca vai melhorar, porque ele não está doente, ele é doente!
E então os gritos pararam, mas o Jimin continuou ali, parado, sem saber o que pensar.
Ficou tanto tempo parado que nem percebeu o som dos passos que sua mãe dava até o seu quarto. Ela ia pedir desculpas, afinal, seu marido estava certo. Jimin ainda era seu filho.
Todavia, quando entrou naquele quarto e percebeu que seu filho não estava lá, ela entrou em desespero.
— JIMIN! — gritou com todas as forças de seu pulmão, fazendo seu marido correr desesperado até si e Jimin finalmente despertar e lembrar que precisava fugir.
— Jimin! — Foi a vez de seu pai gritar à sua procura. Correu como se sua vida dependesse disso, e em sua cabeça, dependia.
Mas todo o seu desespero o fez tropeçar no pé da mesa de centro e cair. O barulho havia sido alto, ele estava perdido.
— Jimin... — A voz de alívio de seu pai ao encontrá-lo na sala o fez entrar em ainda mais desespero. Rapidamente se levantou e olhou para ele. Sua mãe chegou logo em seguida, soltando um grande suspiro aliviado.
No entanto, quando percebeu a janela aberta, seus olhos se arregalaram. Soube naquele exato momento o que seu filho estava tentando fazer. Precisava o impedir, mas sabia que não teria força para segurá-lo, por mais que o loiro fosse bem magro e não tivesse muita força.
Aproveitou que ele estava parado e assustado e se aproximou lentamente de seu marido, sussurrando em seu ouvido:
— Ele quer fugir. Não faça movimentos brutos, isso vai assustá-lo e vai fazer ele correr. Se aproxima devagar, conversando com ele e o segura.
Jimin via aquilo como perigo, não sabia o que sua mãe estava dizendo, achava que ela queria o matar e estava manipulando seu pai para a ajudar. Então, quando Min Hee assentiu com a cabeça indicando que entendeu, Jimin acreditou que seu pai ajudaria a mulher.
Estava mais perto da janela do que seu pai de si. Se corresse muito rápido, conseguiria.
— Jimin, que tal se formos dar um passeio no shopping agora?
Quando seu pai deu o primeiro passo em sua direção, ele correu.
Conseguiu chegar à janela, mas não foi rápido o suficiente. Quando ia pular, já com metade do corpo para fora, seu pai segurou sua perna o impedindo de sair. Começou a se debater e tentar empurrar o mais velho que o segurava com força, enquanto sua progenitora corria para ajudar o marido. Sem pensar duas vezes, Jimin chutou com toda a força que tinha, e atingiu a cabeça de seu pai que o soltou por causa do impacto, fazendo Jimin cair com o peito na grama do lado de fora.
Não caiu com tanta força, então conseguiu facilmente correr para fora da casa enquanto sua mãe tentava ajudar o homem desnorteado lá dentro.
[...]
10 de abril de 2017
— Jimin? — Jungkook estalava os dedos na frente do loiro que olhava para frente sem ao menos piscar. Isso assustou o mais velho.
— Desculpa, não quis te assustar. Fiquei um tempão chamando o seu nome, mas você estava em outra dimensão.
— Outras dimensões não existem — repetiu as palavras de seu pai. Alguns de seus surtos de psicose o faziam acreditar que estava em outra dimensão, vivendo a vida de outros Jimin 's. Mas seu pai falava que aquilo não era real, e Jimin acreditava em seu pai.
— Você se surpreenderia se soubesse.
— Outras dimensões existem?
Jimin franziu o cenho com a frase dita pelo moreno. Jungkook se manteve em silêncio, sabia que o mais velho não acreditaria em si.
— Por que você está aqui, Jungkook? O que você fez?
— Eu não cometi nenhum crime.
Esse garoto é realmente estranho. O falso loiro pensava.
— Esse hospital foi criado pelo governo para colocar as pessoas que cometeram crimes justificados por doenças psicológicas. Se está aqui, você cometeu algum crime. — Jimin ditou a informação que lhe foi dada.
— Você não acreditaria em mim se eu te dissesse o porquê de eu estar aqui. Mas e o que você fez?
No momento em que a pergunta foi feita, Jimin se arrependeu de ter perguntado aquilo primeiro.
24 de março de 2017
Pela primeira vez, Jimin estava na rua sem seus pais, e aquilo definitivamente não era bom.
O garoto fugiu com uma crise de paranóia e não melhorou após ter saído. Olhava para todas aquelas pessoas em sua volta em desespero, acreditava que todas elas iriam o levar de volta para o seus pais, e esses iriam o matar. Sua psicose o fazia ver coisas, o fazia ver todos eles o encarando como se quisessem o machucar.
Todos querem me machucar. Querem me machucar. Querem me machucar!
Do outro lado da rua, uma mulher avistou o garoto completamente assustado. Ela tomou a pior decisão da sua vida ao escolher atravessar e ajudar o falso loiro.
Decisão essa que lhe custaria a vida.
— Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? Quer que eu chame alguém para te ajudar? Talvez eu deva ligar 'pros seus pais?
Jimin finalmente olhou para a mulher que o impediu de continuar fugindo, e viu uma clara ameaça que nunca fora real.
10 de abril de 2017
— E aí? Vai me contar?
— Não.
Jungkook acabou por soltar uma gargalhada pela cara que o outro fazia, parecia estar com raiva, mas era fofo.
— Justo. Está quase na hora da terapia em grupo, então eu vou indo. Alguém deve vir para te indicar 'pra onde você deve ir. Tchau, Jimin, foi um prazer te conhecer!
— Tchau, Jungkook.
O moreno se afastou desejando que Jimin conseguisse se proteger, pois não iria deixar de proteger o seu amado para salvar ele.
Infelizmente, aquilo era uma guerra de sobrevivência, e Jungkook pretendia manter o homem que amava vivo.
Continua...
Olá! Sejam bem vindos ao primeiro capítulo de insanidade.
Desculpa se ficou confuso toda essa troca de tempo, mas era necessário.
Os próximos capítulos não terão tantas.
Mas e ai? O que acharam do capítulo? Me contem lá na #AlmaProtegida e me contem o que acham que a tag quer dizer!
E não esqueçam da 🌟!
Motivem essa pobre autora carente e encham ela de mimos...
Até a próxima!
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