Capítulo 11- Sonho
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Aviso: O sonho citado neste capítulo realmente aconteceu comigo. Sei que parece um sonho fora do comum, mas significou muito para mim. Espero que fale com você também.
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"Uma vez eu estava orando pela minha família, me sentindo aborrecida por certa ocasião. Pedi que Deus mudasse as coisas e as pessoas... Então Ele me disse: Antes de querer consertar as pessoas, aprenda a amá-las.
Amar aqueles que estão ao seu redor é muito mais difícil do que parece. Mas lembre-se, você não está lutando contra eles.
Você pode aprender a amar, com a ajuda do Espírito Santo."
-Joy.
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-Onde você pegou essa chave?- Uma mulher com raiva começou a questionar Ohana.
Pelo nome em seu crachá, ela era a secretária da escola. Ohana não sabia o que fazer, e a moça queria respostas. Ela não ia falar, e mesmo que fizesse isso, o que iria dizer?
-Vamos! Me diga o seu nome e a sua turma!- Ela disse enfurecida.
Ohana ficou em silêncio, como sempre. Acho que seria muito ruim levar uma advertência ou coisa pior, logo no primeiro dia de aula.
-Ela está conosco!- O sr. Klem aparece, ao lado de Ravi- Tenho certeza de que isso é tudo um mal entendido...
Ohana já estava ficando sem ar, ter dois rostos conhecidos lhe trouxe alívio.
-Como pode ser um mal entendido ela estar com a chave da minha sala?- A secretária pergunta- Eu acho melhor resolvermos isso com a diretora.
-Acho que isso não será necessário- o Sr. Klem diz- Eu a conheço e ela é nova aqui, tenho certeza de que a Ohana não queria fazer nada de errado, não é Ohana?
Ohana balança a cabeça negativamente, de uma maneira agitada.
A secretária olha desconfiada, mas ela conhecia Joe, ele não mentiria e nem acobertaria qualquer aluno sabendo que o mesmo tinha más intenções.
-Tudo bem, essa eu vou deixar passar- Ela diz, com um olhar ainda desconfiado, mas disposto a ceder.
Ela sai andando pelo corredor e Ohana lhe acompanha com os olhos. Ela só conseguiu soltar o ar e respirar de novo, quando a mulher desapareceu pelo corredor.
-Parece que o dia não está sendo nada fácil, não é mocinha?- Joe pergunta rindo- Acho que alguém resolveu brincar com você.
Que bom que ele não desconfiou dela, pelo contrário, entendeu tudo.
Os três continuam caminhando pelo corredor. Ravi se aproximou de Ohana e disse:
-Eu achava que você apenas fechava janelas e portas na cara dos outros, mas pelo visto você também é uma possível criminosa... – Ele diz brincando. Porém, Ohana não achou graça.
-Ah, qual é? Você não tem nenhum senso de humor?- Ele ri.
Ohana apenas o encarou, sem emoção alguma.
O problema é que Ravi não se concentrou no caminho á sua frente. Um dos alunos abriu um dos armários, rápido o suficiente para acertar em cheio o rosto do garoto ruivo.
Aquilo sim era engraçado. Ohana não conseguiu prender o riso, mesmo sabendo que era errado.
Enquanto Ravi segurava o nariz dolorido, envergonhado, seu pai disse:
-Ravi, assim fica difícil para a nossa família mostrar que somos sérios e cultos.
Isso fez Ohana rir mais ainda.
-Que bom que meu acidente fez você rir- Ravi diz- Mas para mim não teve graça.
É claro que teve, ele mesmo concordou por dentro.
-Bom, parece que ninguém se ofereceu para te mostrar a escola- Ravi diz.
Coitado, mal sabia da trama anterior.
-Infelizmente não terei tempo de te mostrar tudo, mas posso te mostrar o mais importante... – Ele faz uma pausa- A sala de música.
[...]
Ele entraram em uma sala já no fim do corredor. A luz do sol invadia quase toda lateral direita e isso chamava mais atenção para todos os instrumentos presentes.
Eram tantos, que Ohana mal sabia por onde começar a contar. Os violinos lhe chamavam a atenção mais do que tudo.
Enquanto Joe foi organizar umas partituras na mesa, com a ajuda de Ravi, Ohana começou a andar devagar pelo lugar. Ela passou os dedos pelas cordas dos violinos, e foi como se eletricidade percorresse todo seu corpo.
Havia um lindo piano no canto, violões, guitarras e vários outros instrumentos de orquestra.
-Quer tocar?- Ravi perguntou, tirando-a do mundo da lua.
Ela queria, queria muito, mas ficou com vergonha então negou.
-Bom, leve tempo que quiser- Joe diz, sorrindo- Estaremos sempre aqui e você pode se inscrever nas aulas de música.
Ohana lançou um leve sorriso em sinal de agradecimento.
Algo em seu coração parecia dizer que ela precisava tocar. Parecia sua própria voz, mas era diferente. Ela preferiu ignorar...
É uma pena que ela não tenha percebido o próprio Espírito Santo falando em seu coração, querendo despertá-la para seu propósito.
Infelizmente somos muito bons em ignorar a voz d'Ele nos chamando para vencer o medo.
[...]
O restante das aulas não ficou mais fácil. Ohana almoçou com a Adhara e isso à animou um pouco, mas de longe via Eloíse com sua expressão de indiferença, a única que ela conseguia expressar.
Entretanto, durante a última aula, um dos professores precisou formar duplas para uma atividade e Ohana acabou se sentando com uma menina com cabelos castanho-avermelhados.
-Oi, parece que você não fala muito, não é?- Ela diz. Ohana apenas nega com a cabeça.
-Eu percebi- Ela riu- Mas não se preocupe, se quiser companhia, eu posso falar por nós duas. Me chamo Lívia!
Aquilo lhe trouxe alívio, pois pelo menos alguém se interessou em se aproximar.
Lívia era muito engraçada. Ohana quase morreu de rir e até levou bronca por isso. Quando fosse escrever a música sobre ela, seria uma melodia eletrizante.
No fim das aulas, Evan abriu o carro para as duas meninas e Ohana entrou.
Corrigindo, Ohana desabou dramaticamente sobre o banco da frente, olhando fixamente para o nada.
-Adhara, querida- Evan diz baixinho- Isso não me parece bom...
-A vida de estudante é assim, tio...- Ela ri- Adolescentes são mesmo dramáticos também...
Os três riram e foram para casa.
[...]
Durante a noite, chegara a hora de ir ao culto. Sara não quis ir, o que deixou Evan muito chateado. Ela não queria ficar dando explicações ás pessoas da igreja sobre a nova integrante da família.
Então foram apenas Ohana e Evan.
Quando chegaram, Ohana foi cumprimentada com carinho, mas outros ficaram olhando para ela, se questionando que seria. Isso á deixou desconfortável, mas decidiu ignorar.
Ela viu a família Klem e todos se sentaram juntos. A igreja era muito diferente do que Ohana imaginava, nunca tinha estado em uma.
Ela sempre imaginou um lugar mais quieto, mais rígido... Porém, encontrou um lugar animado e com algo bom na atmosfera.
Em vários momentos, Ohana ficou perdida e não sabia que atitude tomar, mas a presença de Evan lhe deixava tranquila. Era tão estranho para ela ter um pai, mas isso lhe deixava feliz, de certa forma.
[...]
Músicas muito bonitas foram cantadas e todas atingiram em cheio o coração da menina, mesmo que isso não á tenha feito chorar.
A pregação foi sobre quem Deus é, parecia estar de acordo com tudo que a Ohana ouviu na rádio de manhã.
No fim, todos foram para casa e durante o caminho Evan falou:
-Não quero te forçar á acreditar em nada, Ohana- Ele diz- Mas quero que saiba, que não descansarei até que você perceba o quanto é amada por Deus e o quanto desejo ser parte da sua vida... Quero que a Sara entenda isso. Eu orei á respeito e por mais que possa doer, sei que a vontade d'Ele é a melhor.
Ele suspira.
-Estamos sempre pedindo que a vontade de Deus seja feita, mas quando Ele começa a agir, começamos a correr e gritar, pedindo para que pare. Somos como animais com espinho nas patas... Queremos que alguém tire, mas tentamos fugir na primeira tentativa.
[...]
Depois do jantar, Ohana foi dormir. Desta vez, caiu no sono facilmente, devido ao cansaço emocional.
Então, lhe veio um sonho interessante:
Ohana estava em uma rua, que levava até uma erosão. A erosão possuía uma mata densa, que se espalhava entre os morros próximos. Era profundo, mas as árvores faziam contraste com o começo e com o fim.
Ela viu nuvens saindo de lá, e como era o fim da tarde, lindos raios laranjados refletiam nessas nuvens. Ela achou a cena tão linda, que decidiu se aproximar.
Quando ela chegou perto da beirada, uma figura surgiu das nuvens. Era enorme e seu rosto estava perto da beirada, como quem se aproximava para ver mais perto a menina.
Ela não conseguia focar em seu rosto, esse é o problema dos sonhos. Porém, sabia que era como água, algo transparente, que brilhava em pontinhos cintilantes.
Ohana conseguia ver os olhos, eram castanhos, quase como mel. O que a deixou maravilhada foi o fato de que o reflexo nos olhos não era formado pela luz, mas sim por estrelas.
As estrelas estavam juntinhas, pulsando e formando o reflexo daqueles olhos.
Aquele rosto enorme a encarou, ela sabia que era Deus. Mas, como isso seria possível? Não se pode ver Deus...
A questão é que ás vezes Ele escolhe se apresentar de maneiras que não entendemos, mas Deus sabe exatamente o que está fazendo.
Aqueles olhos á encaravam. Não havia raiva e também não havia um sorriso... Mas Ele estava olhando fixamente para ela.
Ninguém disse nenhuma palavra, apenas olharam um para o outro.
O problema, foi que Ohana se lembrou em seu sonho, que ninguém viu a Deus sem acabar sendo morto pela glória, isso a fez se sentir indigna, suja e imperfeita.
Ela se sentou no chão e se arrastou para longe, no momento em que fez isso, acordou.
[...]
Ela se levantou rápido e começou a pensar, "será que eu sonhei mesmo com Deus?".
Seja como for, o medo a impediu de continuar diante de Sua face.
Porque é assim...O objetivo do inimigo é sempre nos causar medo e nos acusar, nos afastando do amor e do perdão de Deus.
Imagine como seria, se por um momento esquecêssemos nossas falhas, o nosso sentimento de culpa, e parássemos para nos concentrar n'Aquele que já nos conhece plenamente, e mesmo assim nos olha com atenção e cuidado?
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