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CAPÍTULO 36


Faltavam poucos minutos para que Zaden chegasse para mais uma das nossas aulas de francês, e eu estava esperando por ele sentada numa das poltronas azul-petróleo da sala de estar de casa. Aberto em meu colo estava o livro de contos em francês que ele havia me emprestado, o qual eu sempre lia em meu tempo livre com um audiobook do lado para poder aperfeiçoar quaisquer erros na minha pronúncia. A prova oral de francês do final de semestre estava se aproximando, e eu queria me certificar de que a bruxa da Professora Brunet não tivesse nenhum defeito para apontar no que dizia respeito à minha habilidade de conversação.

— O Zaden está vindo para te dar mais uma aula de francês hoje? — Mamãe perguntou, sentando-se na poltrona ao meu lado com uma xícara de café em mãos. Como todos os preparativos principais para o lançamento da nova linha de bolsas da Walters Grife já estavam decididos e pré-encaminhados, meus pais estavam aproveitando a tranquilidade atual no trabalho para ficarem em casa apenas aprovando ou alterando um detalhe aqui ou ali da campanha promocional. Particularmente, era muito bom voltar do Instituto depois de um dia cansativo de aula e não me encontrar numa casa completamente vazia.

— Aham — assenti, guardando os fones de ouvido dentro da caixinha e colocando um marcador na página do livro que estava lendo. — Daqui a pouco ele deve estar tocando a campainha.

— É mesmo — disse ela, arqueando as sobrancelhas escuras perfeitamente desenhadas enquanto olhava a pulseira fina de seu relógio. — Engraçado. Zaden sempre chega no horário certo quando é para dar aulas pra você, apesar de não fazer o tipo pontual. Lembro de várias vezes em que Charles reclamou do hábito dele de se atrasar para a escola.

Eu estava prestes a dizer que isso se devia ao fato de Zaden não ser lá dos mais apegados ao ambiente escolar, mas outra voz se sobrepõe à minha:

— E quem ousaria deixar nossa garota esperando? — Papai indagou, sentando no sofá com o notebook no colo. — A Alison é exatamente igual a você, Lucy. Não pode ser deixada esperando por cinco minutos que fica mal humorada pelo resto do dia.

Mamãe se contentou em revirar os olhos em silêncio, ao passo em que eu retruquei:

— Em minha legítima defesa, sou uma pessoa muito ocupada. Não tenho tempo para ficar perdendo por aí. Em contrapartida, Zaden está de férias. Ele passa todos os dias deitado numa das suas espreguiçadeiras à beira da piscina, balançando o sininho para um empregado trazer uma bandeja com um suquinho para ele se refrescar — relembrei. — O que ele teria para fazer que pudesse justificar o fato de me deixar esperando?

Papai deu risada, bem no momento em que a campainha tocou.

— Parece que você está mesmo certa. E podem deixar que eu atendo — ele se prontificou, deixando o notebook de lado para ir até a porta.

Minha mãe, por sua vez, pousou sua xícara de café no pires em cima da mesinha de centro à sua frente, logo depois me dando um olhar do tipo sabichão.

Cruzei os braços, à espera de que ela dissesse alguma coisa.

— E a senhora está olhando assim pra mim por...?

— Estou te olhando assim para chamar a sua atenção e dizer que se eu fosse você, pararia de me preocupar tanto em implicar com o Zaden e começaria a procurar maneiras de fazer dele o meu namorado — dito isso, ela se levantou para cumprimentar nosso ilustre visitante com um sorriso de orelha a orelha no rosto, me deixando estática e completamente boquiaberta.

Mas que conversa aleatória era aquela...?

— É impressão minha ou você ficou mais alto depois que tirou o gesso? — Papai indagou, dando um tapinha no ombro de Zaden, que estava usando uma jaqueta verde militar por cima de uma camisa preta com o nome Star Wars estampado. Para a minha felicidade, ele também carregava o estojo do seu violão, o que significava que teríamos música na aula de hoje.

Fiquei de pé, resolvendo entrar na conversa:

— Deve ser só impressão sua, pai. Zaden nem é tão alto assim — respondi, gesticulando na direção do rapaz loiro à minha frente. Mamãe balançou a cabeça, me dando um olhar reprovador. Eu deliberadamente a ignorei. Só o que faltava era tê-la impedindo que eu me divertisse às custas de Zaden. — E se ele tiver de crescer mais um pouco, tenho certeza de que vai ser para os lados.

— Alison só diz isso porque se sente intimidada com o meu tamanho. Ela nunca aceitou bem o momento em que eu a ultrapassei — Zaden devolveu, se virando para o meu pai e resolvendo me ignorar. Abusado. — Da última vez que me medi, dois meses atrás, eu estava com 1.87. Acho um pouco difícil que eu tenha crescido nesse meio tempo.

— Charles continua sendo mais alto que você, então — provoquei.

Zaden olhou na minha direção, me perfurando com seus olhos azuis-cristal.

— É, por dois centímetros — o guitarrista fez questão de especificar, enquanto atravessava a sala de estar para ocupar o lugar de pé ao meu lado e inclinava a cabeça para baixo para poder falar mais perto do meu ouvido: — Não que eu me importe, é claro. Estou muito satisfeito sendo dezessete centímetros mais alto que você... Uff! — ele arfou de dor com a cotovelada que eu havia dado em suas costelas.

— Ainda bem que ser menor do que você não impede que eu te bata — sussurrei, então esfregando as costas dele com um sorriso amigável. Logo depois, em um tom alto o suficiente para que meus pais pudessem ouvir, completei:— Mãe, pai, nós estamos indo lá pra cima.

— Alison, antes que você vá, eu tenho uma proposta para te fazer. — Minha mãe disse, assumindo sua característica postura profissional. Com a saia lápis branca, o suéter azul-claro felpudo e seus scarpins rosés de salto fino, ela era a imagem exata de uma mulher elegante e bem sucedida em seu tempo livre. — Para esse lançamento, o seu pai e eu estávamos conversando com nossa diretora de marketing sobre como queríamos uma campanha de divulgação que fosse a cara da nossa marca. E foi discutindo ideias que chegamos à conclusão de que nada teria mais a cara da Walters Grife do que um ensaio fotográfico seu e do Charles vestindo as nossas roupas e usando a nossa coleção nova de bolsas.

— Meu Deus — falei, um tanto perplexa, olhando da minha mãe para o meu pai e então para Zaden e para os meus pais novamente. — Mas é claro que a minha resposta é sim! Eu adoraria representar a Walters Grife junto com o Charles! É uma honra!

— Eu disse que ela iria amar a ideia! — Papai exclamou, em meio a uma risada alegre, me chamando para um abraço que foi impossível de não corresponder. — Vai ser a melhor campanha de divulgação da história da nossa marca.

Mamãe tocou minha cintura, também abrindo um enorme sorriso satisfeito.

— Estou muito feliz que você aceitou fazer parte disso, Alison. Tenho certeza de que será um sucesso. Mais tarde entramos em detalhes sobre a campanha, não quero roubar o tempo da sua aula de francês — falou, então se virando para o rapaz que assistia toda a cena: — Não deixe que ela fique devaneando sobre o ensaio fotográfico e perca o foco na aula, ok, Zaden? Faça com que ela dê o seu melhor.

— Pode deixar, senhora Walters — ele assentiu, abrindo um sorriso excepcionalmente brilhante. As covinhas que acompanharam o gesto eram tão cativantes que fizeram com que as silenciosas borboletas em meu estômago se agitassem, loucas para alçar voo. — Não sou o tipo de professor que deixa que a aluna faça corpo mole — acrescentou, dando um peteleco secreto nas minhas costas.

Segurei o riso enquanto me encaminhava em direção às escadas. A realidade era que Zaden era exatamente o tipo de professor que deixaria que seus alunos fizessem corpo mole. Não que eu estivesse reclamando; a didática dele era ótima. Ele fazia com que eu assistisse a todos os meus filmes favoritos com o áudio e a legenda em francês, e depois nós dois fingíamos que éramos os personagens da trama e criávamos nossas próprias falas, o que sinceramente era hilário. Também líamos muito juntos, alternando as vozes e assumindo personalidades diferentes de acordo com os monólogos do livro, atividade que sempre rendia interpretações cômicas e super exageradas da parte de Zaden e muitas risadas da minha parte. Por causa dele, falar francês já não era mais algo que me provocava tensão ou receio de errar, mas sim algo que me remetia a memórias engraçadas e descontraídas ao seu lado.

Nunca antes eu havia me permitido pensar muito sobre o tamanho vazio que a ausência da amizade de Zaden tinha deixado em minha vida. Sobre o vazio que ele tinha deixado em minha vida quando o afastei. Somente ao recuperar esses momentos – momentos repletos de parceria, alegria e brincadeiras bobas – foi que percebi a dimensão do laço que dividimos. Manter distância dele foi um hábito que obtive a duras penas, mas estar perto era tão natural que eu precisava constantemente lembrar a mim mesma sobre minha intenção de ir devagar.

— Você trouxe o seu violão hoje — comentei, indicando o instrumento dentro do estojo que Zaden deixara em cima da minha cama assim que havíamos entrado no meu quarto. — Quer dizer então que você já voltou a tocar?

Ele assentiu, puxando uma cadeira para se sentar.

— Não é um pouco cedo demais? — perguntei, ficando de pé diante dele. — Só fazem alguns dias desde que você tirou o gesso.

— Está tudo bem. O médico me deu autorização para voltar a tocar, contanto que eu não abusasse — explicou, me olhando por debaixo dos cílios longos, estendendo a mão para acariciar meu pulso. Tudo bem, eu me tranquilizei mentalmente, ignorando a sensação dos dedos de Zaden na minha pele. Não tem nada de mais em um toque inocente como esse. — Além do mais, eu prometi uma compensação quando a sua pronúncia melhorasse. E você melhorou, e muito. Os filmes que assistimos com o áudio em francês ajudaram a treinar a sua audição para identificar melhor o som das palavras, mesmo com o sotaque. E você já pegou o jeito; tanto que até mesmo quando as palavras são desconhecidas você dificilmente erra a pronúncia.

— Você acha mesmo? — questionei, em um misto de dúvida e surpresa aliviada. — Tem certeza de que não está dizendo isso só para não me deixar chateada?

— Claro que tenho. Você já sabia de praticamente tudo, só precisava de um empurrãozinho e uma lapidação aqui e ali. O que faz com que você não pense o mesmo? — ele devolveu a pergunta, sua testa se franzindo levemente. — Não é por causa daquela professora, é?

Eu me retraí, constrangida por ele ter acertado em cheio.

"Por mais que eu a corrija milhares de vezes, você parece nunca acertar a pronúncia. Isso sem falar da sua vergonhosa tentativa de conversação. Deplorável, en effect." As palavras ditas pela Professora Brunet ecoaram em minha mente de maneira tão vívida que foi quase como se ela estivesse repetindo-as no meu ouvido. Naquele dia, eu convenci a mim mesma de que não me importava com a opinião dela, mas a verdade era que aquela mulher tinha conseguido me afetar muito mais do que eu deixara transparecer.

— No dia em que nos encontramos na saída do Instituto e você se ofereceu para me dar aulas, eu tinha acabado de sair de uma reunião com ela. Achei que receberia alguma orientação da professora, mas só fui humilhada e ridicularizada como aluna — eu confessei, meu olhar fixo nos botões da jaqueta de Zaden. Uma coisa era falar do assunto como se não me importasse. Outra bem diferente era admitir que meu orgulho havia sido ferido tão profundamente. — E apesar de não ter as melhores notas da turma em língua francesa, eu realmente me empenhava na matéria. A Professora Brunet nunca foi das mais queridas, mas eu não esperava receber uma avaliação daquelas, sabe? Ela nem se deu ao trabalho de me aconselhar. Como se eu não valesse o tempo e nem o esforço. E eu sei que não é o caso, mas ainda assim...

— Alis. Ma princesse — ele chamou, procurando meus olhos. Suspirei, erguendo o rosto para poder sustentar seu olhar. — Se essa mulher te tratou dessa maneira, é porque não tem visão e nem caráter para ser professora. E isso é um problema só dela, então ela que se foda — disse, me fazendo abrir um meio sorriso. Zaden e sua atitude desbocada de sempre. — Você é a garota mais inteligente que eu conheço. Se destaca em absolutamente tudo o que faz: liderou todas as competições de matemática das quais participou, é capitã e fundadora da equipe de dança do colégio, dá aulas para crianças que se inspiram em você e é tão admirada por seus pais que foi até chamada para ser o rosto da campanha deles. E já tivemos essa conversa antes, lembra? Não deixe que ninguém tire a sua confiança em si mesma. Ninguém é digno disso. Muito menos essa professora idiota.

A verdade determinada daquelas palavras brilhava limpidamente nos olhos azuis de Zaden, que não haviam se desviado dos meus por um segundo sequer. Senti um puxão familiar dentro de mim, do tipo que me causava frio na barriga e fazia meu coração pulsar com mais força dentro do peito. Fui transportada para três anos atrás, no sótão da minha antiga casa, quando eu estava insegura a respeito do meu potencial como bailarina e ele havia me dito aquela mesma frase. De repente, me ocorreu que a reflexão que Caitlin tinha me proporcionado um dia antes sobre a importância de se ter alguém que acreditava em você nos dias em que a insegurança ameaçava te dominar era exatamente o que Zaden fazia por mim. Se alguma dúvida surgia à minha espreita, ele estava sempre lá para me ajudar a encontrar a certeza.

Engulo em seco, tentando desmanchar o bolo de emoção que se formou em minha garganta. Quero dizer a Zaden como me sinto e como sou grata por ele, mas antes que consiga pensar nas palavras certas, ele se adianta:

— Eu ia deixar para tocar pra você só no final da aula, mas acho que nós dois concordamos que a minha aluna favorita merece um agrado antecipado, oui? — falou, se levantando da cadeira e alcançando o violão em cima da cama em um segundo.

— Sou sua única aluna — balbuciei, sem saber direito para onde olhar e o que fazer com as mãos, ao passo em que Zaden parecia completamente à vontade; o que era irônico, já que estávamos na minha casa e no meu quarto.

— Pode ficar aí mesmo — ele disse, gesticulando na direção do local onde estava sentado um instante atrás, enquanto retirava agilmente seu violão preto de dentro do estojo e o posicionava no colo. Cruzei as pernas, me acomodando no assento estofado que se encontrava de frente para a minha cama, bem diante de Zaden. — Vou começar.

Assenti silenciosamente, quando o som dos primeiros acordes ecoou em meus ouvidos. Observei com admiração o perfil de Zaden enquanto tocava: sua cabeça inclinada, as mechas de cabelo dourado caindo sobre sua testa, os dedos longos percorrendo com destreza as cordas do violão. A melodia da música era muito serena, e eu fechei os olhos para mergulhar naquela paz. Estava tão absorta que quando Zaden começou a murmurar acompanhando a canção, não pude evitar encará-lo, hipnotizada. No entanto, não consegui prever os arrepios que atravessaram meus braços quando a voz dele, de um grave aveludado, começaram a entoar a canção:

Je te laisserai des mots / En dessous de ta porte/ En dessous de la lune qui chante...

Era a primeira vez que eu o ouvia cantar em francês. Ele soava diferente cantando no idioma de sua família paterna: sua voz grave se tornava mais suave e melódica, provocando a sensação de pequenos suspiros deixados contra a pele. Eu estava fascinada. Seu canto era lindo e de uma doçura tão tremenda que fez com que meus olhos ficassem úmidos. Se falar já estava difícil antes, agora Zaden tinha conseguido me deixar completamente embasbacada.

Et quand tu es seule pendant un instant / Embrasse-moi quand tu voudras — ele continuou, erguendo os olhos das cordas do violão para cruzá-los com os meus, um sorriso de lado esticando seus lábios e marcando a covinha que piscava para mim em sua bochecha.

"E quando estiver sozinha por um momento, me beije quando quiser."

Quando seus dedos dedilharam o último acorde da música, eu ainda estava tão imersa que não disse nada por um minuto inteiro, até que o ruído abafado de Zaden deixando o violão de lado me tirou do meu estado contemplativo e me trouxe de volta à realidade.

— E então? — ele incitou, parecendo ansioso. — Você gostou?

Quis responder à sua pergunta com um elogio profundo e inteligente, mas minha mente tinha entrado em pane. Então simplesmente fiz que sim com a cabeça, assentindo como uma tonta.

Zaden arqueou uma sobrancelha para o meu silêncio.

— Não parece que você gostou tanto assim.

— É claro que gostei — falei, pigarreando enquanto me levantava da cadeira e dava as costas para ele, tentando procurar na minha escrivaninha algo com o que ocupar minhas mãos trêmulas. Clareei a garganta novamente. — Eu gostei muito.

— Não precisa bancar a boazinha — ele disse, seus passos fechando a distância que eu havia aberto entre nós, o calor que emanava de seu corpo aquecendo o meu quando ele parou de pé bem atrás de mim. — Sei que estou meio enferrujado. Sabe de uma coisa?, esqueça que toquei hoje, posso fazer muito melhor que isso. Na próxima...

— Você não precisa — eu o cortei. — Vamos só estudar.

A risadinha de Zaden vibrou em meu pescoço.

— Fui tão mal assim para que você não queira nem que eu tente uma outra...

Perdendo a paciência com toda aquela tagarelice sem fim, me virei para encará-lo, pronta para lhe mandar calar a boca. Foi um erro de principiante: imprensada entre a escrivaninha e Zaden, eu me encontrava praticamente colada nele. Respirar se tornou mais difícil quando o homem diante de mim inclinou o quadril para mais perto do meu, apoiando suas mãos enormes na mesa atrás de mim, uma de cada lado do meu corpo.

— Você quer me beijar agora, Alis? — sussurrou, seus olhos azuis tão presos aos meus que tentar desviar do contato era impossível.

Ergui o queixo, desafiando-o. Eu queria muito empurrá-lo.

Mas tudo o que pude fazer foi beijá-lo com todas as minhas forças.

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