O que te aconteceu?
-[A L E X R A Y]-
Fazia dois dias que estávamos perdidos do grupo, Bucky não dava muito trabalho mas a comida enlatada que havíamos encontrado antes não seria suficiente se eu continuasse dividindo com ele.
Para minha surpresa Carl não era mais um incomodo, eu estava gostando daquela aproximação dele, conversavamos a bastante sobre coisas aleatórias e ele até brincava com o cão.
O dia amanheceu nublado, uma breve garoa caía lá fora e eu olhava atentamente um errante caminhar ao longe pela janela, cada passo desengonçado era um aperto no meu coração.
Ele fora uma pessoa antes, uma pessoa talvez como eu era. Lembro-me do dia que tudo aconteceu, eu estava voltando da escola e brincava de manter o equilíbrio na encosta da calçada. Minha lancheira em uma mão e uma flor em outra, minha mochila repleta de livros infantis, cadernos e brinquedos pendurava-se nas minhas costas.
"Eu estava cantando aquela irritante musiquinha 'Zuka Zama' quando um barulho me fez perder o equilíbrio e cair no chão, um carro havia batido à poucos metros de mim, do outro lado da rua um —talvez — celta branco estava de ponta cabeça.
Ouvi um grito, pessoas corriam por todo lado, estava assustada algo que não era surpresa para uma garota de 10 anos, voltei meu olhar para o carro novamente e algo que antes fora uma mulher vinha em minha direção. Seu rosto ferido, seus olhos sem vida anseavam por mim, sua boca lançava murmúrios e estalidos.
A encarava com olhos esbugalhados, a flor que antes desejava entregar à minha mãe agora estava amassada em minhas mãos. Olhei novamente para a coisa que estava à minha frente e me assustei quando um homem acertou sua cabeça.
Ele carregava um tipo de bebê conforto, claro com um bebê nele, o homem me ajudou naquele momento me levando pra dentro de uma casa em frente, não podiamos sair de lá. No outro dia fomos até a minha casa, mas minha mãe não estava mais lá"
Sai de meus devaneios quando o suposto andarilho levou um tombo, caindo exatamente com a cabeça em um galho o matando imediatamente, podia ver com a pouca luz fornecida por causa da garoa o sangue escorrer de sua cabeça.
– Pensando muito? – Desviei meu olhar para um Carl sereno apoiado a porta, acenei um sim com a cabeça. – Vem, temos que encontrar a prisão, com sorte nos encontramos com os outros.
Acenti e me levantei passando as mãos em minha calça amarrotada, apanhei minha mochila e com um leve estalar de dedos chamei Bucky.
No caminho pela floresta embaixo de uma garoa fraca, já bem longe da velha cabana peguei minha arma que se apoiava no coldre de minha calça para verificar se ainda tinha balas, haviam seis. Carl olhava atentamente para mim enquanto eu tentava por o cartucho de volta, não sei por que mas não conseguia por a merda do cartucho de volta e acabei praguejando baixinho.
– Espere, me dê isso aqui – disse pegando de minha mão.– É assim - ele encaixou o cartucho com tanta facilidade que rolei os olhos fazendo o mais alto rir pelo nariz.
Alguma coisa havia mudado em Carl pra melhor, algo nele me dava uma sensação de déjà vu mas não sabia o porquê.
Seus olhos encaravam os meus sem desviar, senti o rubor em minhas bochechas e foi quando os latidos de Bucky nos chamou a atenção, olhei assustada ao redor e uma onda de errantes se aproximava.
– Eu disse que ele seria um problema – vociferou Carl.
– Não reclame dele, ele só estava chamando nossa atenção – retruquei.
Destravei minha arma, não dava para usar a faca pois eram muitos.
– O que vamos fazer, só tenho seis balas! – Lamentei me afastando um pouco.
– Eu tenho oito, eles são quinze, temos catorze no total – disse e logo após atirou no errante mais próximo e se afastou também.
Engoli em seco e fiz o mesmo que ele, atiravamos e nos afastavamos. Conseguimos matar todos e Carl tirava a faca da cabeça do ultimo errante quando ouvi um gemido atrás de mim.
Um errante estava literalmente quase me mordendo se não fosse por uma flecha ter o acertado, olhei na direção de onde ela veio e parado a minha frente estava Daryl com sua cara suja de graxa.
– Daryl! – Corri em sua direção o abraçando forte sendo imediatamente retribuída.
– Pirralha, ainda bem que te encontrei – disse afagando meu cabelo.
– Pensei que estivesse morto, ouvimos o tiro e...
– Ei esta tudo bem – olhei em seus olhos e afundei meu rosto nos seus braços fortes. Me sentia segura com ele, Daryl havia se tornado uma pessoa que eu admirava muito e era muito grata por te-lo por perto.
– Carl! – Ouvi a voz de Rick ao longe, ainda abraçada ao Daryl vi o olhar de desgosto voltar ao rosto do rapaz, lamentei por esse acontecimento, estava tão bom.
– Como vocês nos acharam? – Perguntou por fim, não entendi por que dele se comportar daquela maneira, ele não agia assim poucos minutos atrás, o que havia acontecido? Seria eu o motivo?
– Ouvimos tiros, pensamos que fossem vocês e viemos ter certeza – olhei agradecida para Rick que sustentou o olhar com um aceno.
O caminho inteiro de volta Carl não se pronunciou uma única vez sequer e quando eu olhava pra ele o mesmo desviava o olhar.
Daryl estranhou o fato de termos um cachorro, mas achou hilária a forma de como o encontramos, Bucky respirava com a língua para fora, o que me deixava meio fadigada.
Carl respirava pesadamente ao meu lado, sua mão estava largada ao lado da minha perna e em um ato fracassado tentei segura-la, mas ele a puxou bruscamente fazendo com que eu olhasse para o chão do carro.
– Então, como vocês foram parar na floresta? – Perguntou Daryl olhando pelo visor do carro.
Vendo que Carl não iria responder eu o fiz.
– Depois que ouvimos o tiro fomos tentar encontrar você e o Tyreese e acabamos chocando com uma onda de errantes e tivemos que voltar por outro caminho – olhei de soslaio para acastanhado ao meu lado e ele também me olhava. Droga, odeio quando ele faz isso. – Entramos na floresta e acabamos encontrando uma cabana e lá ficamos.
Ao chegar na prisão fui recepcionada por um Thomas agitado e uma Maggie chorosa, e todos estavam felizes por nos ver bem.
– Alex, fiquei tão preocupada com você, você está bem? – Maggie perguntou depois de ter me dado um abraço de urso, fiz uma nota mental de não deixar ela fazer isso de novo, quase quebrou meus ossos.
– Estou Maggie, você não vai se livrar de mim tão cedo – sorri bagunçando os cabelos de Thomas.
– Eu fiquei com tanto medo, tia Carol não sabia cantar – olhei no fundo de seus olhos e balbuciei as palavras que ela tanto gosta
"Zuka Zama".
Olhei de relance para a prisão e vi Carl indo em direção ao dormitório, seu corpo rígido não dava uma impressão de que ele estava bem.
O segui em direção à nossa cela —"nossa" é tão estranho dizer assim — seu chapéu de xerife estava jogado do lado de fora, o peguei cautelosamente e entrei na cela.
– O que te aconteceu? – Perguntei receosa, estava preocupada a mudança súbita de humor.
– Não lhe interessa Ray – respondeu grosso.
– Por que 'ta agindo desta maneira? Você não 'tava assim hoje de manhã – falei — quase gritei, colocando seu chapéu na mesa ao lado de seus gibis.
– Escuta, só por que eu fui legal contigo na cabana não quer dizer que seja seu amigo– o olhei espantada e chateada, seus olhos eram frios, seu corpo perto do meu exalava ódio, ele havia se aproximado tão abruptamente que tinha me assustado.
– Deveria saber que aquele Carl não duraria por muito tempo, sabe que eu estava começando a achar que seriamos amigos?
– Não tenho culpa se você se ilude fácil, a gente 'tava sozinho, você precisava conversar e eu também – disse cuspindo as palavras na minha cara, sentia meu rosto ferver de raiva e olhei com desdém pra ele que me ainda encarava.
Girei em meus calcanhares e sai bufando de lá, acabando por esbarrar na Maggie que perguntou o que havia acontecido, ignorei-a completamente e sai do bloco indo pra perto da cerca. Enquanto caminhava até lá, Bucky me encontrou e se juntou a mim em minha caminhada frenética.
Quando cheguei la, me sentei em cima de uma pedra e abracei meus joelhos, Bucky se sentou ao meu lado arfando.
–Por que ele me trata daquele jeito? – Acariciei o pelo do cão ao meu lado, não parava de pensar nas palavras de Carl, ele agira tão bem comigo na cabana, era um amor de pessoa. Pensando nas palavras asperas dele, senti uma lagrima escorrendo pela minha bochecha, funguei o nariz e sequei o rosto rapidamente.
Não acredito que estou chorando.
Não queria pensar em Carl mas seus olhos não saiam de meus pensamentos e pensar em nele me faz até esquecer, por um momento, o Ethan.
O que? Como posso pensar assim? Ethan morreu ao meu lado, me beijando. Como posso dar seu lugar para um garoto como Carl?
Não podia evitar pois era verdade, mas, e se? Será que eu estava me apaixonando por Carl?
Não, isso não. Não posso me dar ao luxo de me apaixonar de novo, não por ele.
Meu subconsciente gritava comigo por pelo menos cogitar essa ideia, mas, quando Carl olha pra mim com aqueles olhos eu sentia algo estranho dentro de mim, sua voz arrepiava os pelos de minha nuca e quando eu podia ver seus raros sorrisos, eu automaticamente sorria junto.
Não, meu subconsciente esta certo, não posso me apaixonar por ele, não vale a pena, a única coisa que conseguiria era sofrimento, eu preciso bloquear esses pensamentos.
●○●
Oi oi oi
to amando muito escrever esses rodeios entre a Alex e o Carl
me digam oq estão achando, eu vou adorar adorara opinião de vocês
não esqueçam de votar
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