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Capítulo 25

Imaginei a pessoa que a Bina tivesse se envolvendo, fosse tudo, menos casado.

Depois de eu limpar a sujeira no tapete, a Bina se espantou com a minha reação.

-E como você queria que eu reagisse? - perguntei.

-Não sei - ela deu de ombros.

-Mas você sabia que ele é casado, quando começou a ficar com ele?

Ela começou a seguir os desenhos na almofada novamente.

-Sabia - ela contou.

Minha boca se escancarou.

-O quê ? E mesmo você sabendo que ele é casado se envolveu com ele?

Ela deu de ombros.

-Eu gostei dele. O que podia fazer?

-Não se envolver. Homem casado é furada.

-Mas agora não dá mais de terminar - ela suspirou.

-E por que não?

-Porque sou sua amante e eu estou apaixonada por ele - admitiu.

Eu esperava que ela não tivesse com ele mesmo sabendo que ele é casado, mas foi aí que me enganei.

-Você ainda está com ele? - perguntei surpresa.

-Estou e vou continuar - ela disse, me olhando nos olhos.

-Não acredito.

Bati minha mão na testa. Era ser muito louca e burra para ficar com alguém que é casado.

Mas e o Tomás? Será que a Bina tinha sido tão galinha a ponto de ficar com os dois ao mesmo tempo?

-Mas espera aí, você ficou com o Edu enquanto estava se rolo com o Tomás? - perguntei.

-Não, eu e o Tomás se afastamos um pouco, nesse tempo conheci o Edu e a gente começou a ficar. E foi aí que o Tomás ressurgiu das cinzas e me pediu em namoro.

-Ah, bom.

-O que você pensa que sou ?

-Uma burra - resmunguei, mas ela mesmo assim ouviu.

-Eu amo ele, Melissa. A mulher dele que é uma burra.

Não pude acreditar naquilo que ouvi. Explodi.

-Ela burra? Pois vou te contar: você não é mais inteligente que ela por aceitar ser amante dele. Ela só é uma apaixonada, que não enxerga que o marido é um canalha - quase gritei.

-Mas ele me ama - ela explicou.

-E por que não ele não deixa a mulher dele e fica com você?

-Porque... porque - ela tentava achar uma maneira de explicar.

Não tinha o que explicar, ele não amava a Sabrina e pronto.

-Você sempre terá as migalhas que a outra deixará. Quando ela não tiver afim, ele vai correr atrás de você, porque vai saber que você estará lá esperando por ele - repliquei.

-Mas o que você quer que eu faça? - perguntou.

-Se separe, sei lá.

-Mas eu amo ele - ela disse, com os olhos marejados.

Vi que a situação era complicada quando ela deixou uma lágrima rolar pelo seu rosto.

Quando voltei a falar, minha voz já estava mais calma, eu não queria piorar mais nada.

-Tenho certeza disso, Bina, mas você acha que a mulher dele também não o ama? Você acha certo ele trair ela? Sendo que ela se iludi pensando que ele só a deseja e disse só amá-la. Tenho certeza que você não gostaria que fizesse isso com você.

-Mas eu amo ele, e assim que der, ele disse que vai pedir divórcio.

Sequei uma das lágrimas que rolava pelo seu rosto.

-Ele pode e com certeza, vai te enrolar com isso um bom tempo. Não seja a mulher que destruí o lar, apesar de a culpa ser mais dele, pois ele que é casado, mas você tem um pouco de culpa, já que você sabia que ele é casado e mesmo assim aceitou ser sua amante - falei, acariciando sua mão.

Ela respirou fundo.

-Você acha que devo terminar e não aceitar ser mais ser a amante dele? - perguntou.

-Acho, você merece coisa melhor que alguém que trai a esposa. Quem garante que ele também não vá te trair quando deixar a esposa? Se traiu para ficar com você, vai te trair para ficar com outra.

-Mas eu amo tanto ele.

-Mas se você quer o seu bem, quer se valorizar, desisti disso. Mate esse amor aí dentro de você, por mais que doa.

Ela não pode responder, pois seu celular tocou e ela se afastou para poder falar com quem a ligava.

Não pude ver o nome no visor.

Não pude ouvir quase nada do que ela falava, só ouvia uns resmungos. Quando ela voltou, seus olhos estavam mais vermelhos do que quando saiu.

-Positivo então?... Até mais - então ela desligou o celular.

Ela se jogou no sofá, ao meu lado.

Arrumei minha mão sobre sua perna, um sinal que eu estava com ela, independente de tudo.

-Quem era? - perguntei.

-A mulher do Edu está grávida - contou ela, deixando uma lágrima cair.

Não me espantei muito com aquela noticia. Nas histórias que tem cara casado e ele fica enrolando a amante, quase sempre acaba sim.

-Mais um sinal que não vale a pena insistir, se ele te ama como diz, por que ainda toca a mulher? Por que fez isso, o que fez que ela ficasse grávida?

-É, vou me encontrar com ele daqui a pouco, e vou arrumar uma pedra nisso tudo. Estou cansada de chorar por quem está com outra e só me usa.

Sorri. Pelo menos as minhas palavras tiveram algum efeito.

-Isso ai! E te aconselho a aceitar o pedido o Tomás, vai ser um ótimo jeito de esquecer esse tal de Edu.

-Você quer que eu use o Tomás? - ela perguntou.

-Não, mas vai que rola?!

Ela sorriu, e deixou sua cabeça cair sobre meu colo.

Fiquei feliz, não por ela estar sofrendo, mas por ela ter enxergado que merece coisa bem melhor do que alguém já comprometido.

-Melhor eu ir me encontrar com ele de uma vez - a Bina disse, levantando a cabeça do meu colo.

-Tá bom. Faça o que eu aconselhei, você vai ver que lá na frente, era isso que devia ser feito - falei, secando seu rosto.

A Bina me deu um sorriso, mas não foi um sorriso fraco ou um sorriso que por dentro ela estava se desmanchando. Era um sorriso de agradecimento.

-Vai, se cuide.

-Obrigada, Meli.

Ela me deu um abraço e respirou fundo antes de abrir a porta. Me vire, antes que ela pudesse sair.

-Bina - chamei.

Ela se virou, com aquele rosto redondo, salpicados de sardas nas maçãs do rosto e com um sorriso mais bonito do que eu poderia imaginar. Eu pensei que ela estaria aos prantos, mas não. Ela estava bem.

Pelo menos ela se escolheu. Escolheu a felicidade dela, se valorizou e com certeza assim que aquela dor passasse, aquela dor que com certeza existia, ela ficaria bem e nunca mais iria lembrar do Edu.

-Vou está aqui se você se despedaçadar, colo cada pedacinho seu - prometi.

Vi uma lágrima rolar pelo seu rosto.

-Obrigado, voltarei se nada der certo.

E então ela se foi.

Fui lavar a panela de brigadeiro, e fui muito feliz por minha amiga ter tomado a atitude de colocar uma pedra em uma coisa que só a machucaria. Eu só queria o bem dela.

Antes que qualquer pessoa chegasse em casa, e eu já estivesse me desmanchando em lágrimas novamente, coisa que não demoraria muito para acontecer no estado que eu estava, me tranquei no quarto, ignorando toda forma de vida humana.

***

Nos três dias que passaram, fui visitar o Gui, nenhum sinal que ele acordaria. O prazo acabava hoje.

Não vi mais o Henrique. Ele não me procurou e eu nem fazia questão, quanto mais ele estivesse longe, mais melhor seria.

Eu não queria nutrir um sentimento por ele, sendo que eu tinha um namorado. Seria quase como aquela história da Bina: Ela sabia que era errado gostar do Edu, mas mesmo assim se deixou levar por aquele sentimento. Eu não queria aquilo. Eu não queria me deixar levar por um sentimento que eu achava que era só uma paixão, e eu era comprometida.

A Bina apenas me ligou depois que conversou com o Edu. Ela contou que ele disse que iria se separar dela e que amava a Bina. Graças a Deus, a Bina não se deixou levar por promessas vazias, disse que não queria mais nada e ligou pro Tomás, dizendo que aceitava o pedido de namoro dele.

O Tomás estava feliz, a Bina aprenderia a gostar dele novamente e ficaria feliz também. Todos felizes, como no final dos contos de fadas.

Assim que abri a porta do quarto, para sair do meu casulo, o Lucas surgiu do nada e me abraçou.

-Parabéns, que Deus te abençoe sempre. Te amo - ele sussurrou no meu ouvido.

Achei que o Lucas não tomou o café e sim, pinga. Me larguei de seus braços que estavam ao redor do meu pescoço.

-Está louco? - perguntei, arrumando a mão na sua testa. - Está doente?

Ele riu e me olhou como se quem fosse a louca, fosse eu.

-Para, Meli.

-Para com o quê? - perguntei.

Eu já estava perdendo a paciência. A expressão do Lucas mudou e ele percebeu que eu não fazia a mínima idéia do que ele estava falando.

-Você não lembra? - ele perguntou, surpreso.

-Não. Que data é hoje? Dia do jornalista? Dia da irmã? - perguntei me encostando na batente da porta.

-Hoje é o seu aniversário - ele contou.

Eu não lembrei meu próprio aniversário?

Fiz as contas dos dias que passamos na minha cabeça, era mesmo meu aniversário. Eu tinha esquecido o meu próprio aniversário.

E com certeza o meu presente seria o Guilherme sem vida dentro de um caixão. Balancei a cabeça, com a intenção de afastar aqueles pensamentos negativos.

-Foi tanta coisa que nem lembrei - expliquei.

O Lucas me deu mais um abraço e me desejou mais um monte de coisas boas.

Tomei um banho e vesti a minha melhor roupa. Na cozinha, minha mãe me disse coisas mais lindas ainda.

-Sou muita orgulhosa da mulher que você se tornou, te amo - ela disse, analisando meu rosto entre as mãos.

-Obrigada mãe, também te amo. - falei, chorando.

Ela me tomou em seus braços e o Lucas se juntos em nós, em um abraço triplo no meio da cozinha.

Pela manhã, nem vi o meu pai e ao passar pelo Maurício na sala, ele soltou:

-Parabéns - disse seco.

-Valeu - respondi.

De tarde, fiquei a tarde toda do lado do Gui, o que eu mais queria era que ele me desejasse um "parabéns", mas eu acho que aquilo não seria possível.

O último dia dele era justo no dia do meu aniversário, eu só queria receber ele bem como presente.

Seria o melhor presente de todos.

Durante o tempo que fiquei ali no hospital, eu não conseguia pensar em muita coisa além de que hoje era o último dia do Gui sair daquele estado.

E se ele não acordasse? E se desligassem os aparelhos dele? E se ele partisse justo no dia do meu aniversário? E se... Por mais que eu tentasse pensar e fazer com que aqueles "e se" fossem positivos, não dava, eu não conseguia.

Só pensava que tudo iria por água em baixo em pouco tempo. Eu não me iria me despedir da maneira correta. A última palavra que eu o tinha falado, eu nem lembrava.

Eu não iria me casar com o Gui, não iria ver ele com sua beca e com seu diploma de direito, não veria os fios brancos tomando conta do seu cabelo, não veria as semelhanças dele em nossos filhos. Eu não teria uma vida ao lado da única pessoa que amei de verdade.

Ao ficar passando isso pela minha cabeça, as lágrimas corriam pelo meu rosto sem parar.

Com certeza a Clarisse não desligaria os aparelhos do Gui justo no dia do meu aniversário, mas era uma questão de dois ou três dias, e eu o veria sendo enterrado e longe de mim.

Por mais que ainda me restasse 1% se chance, eu me custava a me segurar nessa única esperança. Seria só ilusão pensar que magicamente o Gui ficaria bem.

Entrelacei nossos dedos e apertei forte a sua mão.

-Não me deixe, fica bem, por favor - pedi em meios aos soluços.

Antes que desse tempo de eu me recompor, alguém entrou no quarto do Gui, estragando todo o clima fofo que tinha se formado.

-Hoje é o último dia e ele não melhorou, né? - a Clarisse perguntou, mesmo sabendo do óbvio.

Ela encostou a porta e lentamente, se aproximou.

Não encontrei palavras que pudessem traduzir, o que eu senti ao ver os olhos da Clarisse se enchendo de lágrimas, ao ver o corpo do filho imóvel na cama.

Ela precisava mais do que qualquer pessoa, de um abraço.

Me levantei e fui em sua direção. Em poucos passos, eu já estava na sua frente, vendo seu rosto se contorcendo conforme as lágrimas rolavam. A puxei para mim e a abracei, deixando ela soluçar no meu ombro, ao ver o Guilherme ainda sobrevivendo com ajuda dos aparelhos, sobre a cama.

Ela passou os braços em volta da minha cintura e me apertou forte.

-Eu não vou suportar vê-lo em um caixão - ela confessou, soluçando no meu ombro.

Senti uma dor no coração. Como se alguém o tivesse pegado em mãos e o apertado com toda a força, até não ter sobrado mais uma gota de sangue.

Me separei de seu abraço e a coloquei sentada na cadeira, antes que eu pudesse dar meia-volta, a mão gelada da Clarisse agarrou meu braço.

-Hoje é o seu aniversário, não é? - ela perguntou.

Confirmei com a cabeça. Ela se levantou e me abraçou novamente, mas dessa vez sussurrava coisas lindas no meu ouvido, enquanto me abraçava cada vez mais forte.

-Te desejo tudo de melhor que a vida pode lhe proporcionar - ela disse por fim.

-Obrigada - agradeci.

Ela se sentou na cadeira novamente e eu me sentei na minha.

A Clarisse pegou a mão do Guilherme e com os olhos fechados, começou a cochichar alguma coisa que não pude entender o que era, parecia que ela estava rezando.

Peguei a outra mão do Gui e fiz o mesmo. Uma corrente de oração tinha um grande poder.

Depois de pedir a todos os santos e muito a Deus que o Gui ficasse bem, soltei a sua mão e esperei a Clarisse terminar a oração dela.

A cada palavra que ela dizia, ou melhor, que ela cochichava, saía acompanhado de uma lágrima.

Ela finalmente terminou de rezar e começou a conversar comigo sobre assuntos aleatórios. Perguntou como minha mãe estava, como estava meu trabalho, como estava as aulas da faculdade. Perguntou de tudo. Como se assim, fosse esquecer de onde estávamos e da situação do Guilherme.

Enquanto conversávamos, alguém entrou no quarto. Pensei que seria o pai do Gui, a Raquel ou até mesmo uma enfermeira, depois de tudo o que tínhamos conversado, imaginei qualquer pessoa, menos o Henrique entrar por aquela porta.

Eu e a Clarisse viramos juntas ao perceber que já não estávamos mais sozinhas no quarto. O Henrique me lançou um olhar muito profundo, como se quisesse ver a minha alma, um olhar de amor, de dúvidas... eu não consegui decifrar.

-Henrique - a Clarisse disse, se levantando e indo em direção ao Henrique.

Os dois se abraçaram. Por cima do ombro da Clarisse, o Henrique me lançou de novo aquele olhar que eu não sabia dizer o que significava. Desviei o olhar.

-Quanto tempo. Faz tempo que você voltou de viagem, né? - a Clarisse disse ao Henrique.

Ela o conduziu até uma cadeira de plástico, ao lado da sua. Os dois se sentaram.

-Faz um tempo, sim - o Henrique concordou.

-E nem foi me visitar - a Clarisse brigou com ele.

-Desculpe, acabei esquecendo. Foquei no meu amigo - ele disse.

Ao olhar para o Gui o Henrique levantou um pouco o olhar e novamente, grudou seus olhos nos meus. Parecia que ele suplicava com o olhar para termos um momento sozinhos. Ele queria me dizer alguma coisa. Eu sabia que ele queria.

A Clarisse seguiu o olhar do Henrique e lembrou que eu também estava ali.

-Ah, Henrique essa é a Melissa - ela nos apresentou.

O Henrique sorriu para mim, como se alguém tivesse quase descoberto nosso envolvimento. Me olhou como um homem já casado, olha para a amante quando alguém os apresenta, sem saber de coisa alguma.

Por um motivo que não entendi, o Henrique pensou que aquilo de amante, parecia muito conosco, pelo olhar dele só pode ter viajado na maiosse total.

Eu não queria nem ser amiga dele, muito menos amante,ou qualquer outra coisa que não envolvesse apenas respeito.

-Já se conhecemos - o Henrique contou.

-Já? Da onde? - a Clarisse perguntou, um tanto surpresa.

O Henrique tinha aberto a boca para contar seja lá o que, mas fui mais rápida e não deixei ele talvez estragar com tudo.

-Já se encontremos aqui no quarto do hospital. Quando eu venho visitar o Guilherme, às vezes o Henrique também está - expliquei.

O Henrique me olhou e sua expressão era de quem agradecia por eu ter o impedido de dizer besteira. Talvez eu tivesse feito o certo mesmo, não que achasse que o Henrique diria para a Clarisse que estava apaixonado por mim, mas ele podia contar de um jeito diferente e assim complicar tudo.

A Clarisse bombardeou o Henrique de perguntas, de como tinha sido sua viagem, de como iam a família, da vida amorosa, dos planos para o futuro, perguntou tudo e mais um pouco. O Henrique respondeu tudo com muita paciência.

Eles ficaram uma hora ali conversando e ignorando completamente a minha presença. Nem liguei, foquei em olhar para a face do meu namorado e de todos os nossos momentos juntos, momentos esses, que eu tinha certeza que não seriam repetidos. Ficaram apenas guardado em um lugarzinho da minha memória, mas no fundo tudo acaba virando só lembrança.

-Preciso ir meus queridos - a Clarisse anunciou, logo depois que começou a conversar comigo e não só com o Henrique.

Ela se levantou e pegou sua bolsa na cadeira. O Henrique também se levantou, como se a Clarisse precisasse de um segurança para se despedir de mim.

-Tchau querida, se cuide - ela disse ao me abraçar.

-Tchau.

-Não se preocupe, vou segurar as pontas até onde der, sei que o Guilherme ficará bem - ela cochichou no meu ouvido.

Assenti. Ela abraçou o Gui, meio de mal jeito, e logo depois o Henrique.

O Henrique acompanhou a Clarisse até a porta, acho que só para verificar que ela não voltaria.

-Finamente sozinhos - ele disse, fechando a porta.

Aquela frase era mais usada por namorados ou para qualquer pessoa por aí que quisesse um momento a sós com alguém.

Me senti pronta para sair correndo caso ele fizesse alguma coisa.

-O que você quer me dizer? - perguntei sem rodeios.

Ele fez uma cara de surpreso.

-Como você sabe que quero te dizer alguma coisa? - ele perguntou se aproximando.

-Só pelo seu jeito. O que você quer dizer? - pressionei.

Me levantei, me mantive em pé, se ele aprontasse alguma cilada, em pé eu tinha mais chances de fugir do que sentada.

Ele se aproximou e parou poucos metros de mim.

-Uma chance - ele pediu.

-Já te falei, Henrique. Sou comprometida. - Mostrei meu anel de compromisso na mão direita - Está vendo isso? Sou comprometida. Isso significa que devo ser fiel a quem eu amo.

Ele deu um passo para frente.

-O Guilherme nem vai saber de nada...

-Mas eu vou saber que fui infiel, Henrique. O Guilherme não merece isso - quase gritei.

O Gui não merecia mesmo. Não merecia ver a namorada com o melhor amigo, não merecia sofrer, não merecia nem ter sofrido aquele maldito acidente e muito menos passar por tudo o que ele passava.

O Henrique pareceu refletir um segundo.

-O Gui não merece mesmo isso - ele concordou -, mas você merece ser feliz.

-E vou ser feliz quando o Guilherme acordar.

Ele deu mais um passo para frente.

-E se ele não acordar?

-Eu sigo minha vida. O que mais poderei fazer? - dei de ombros, por mais que me doesse imaginar uma vida sem o Guilherme.

-Se ele não acordar fica comigo?

-Você aceitaria ser segunda opção? - perguntei.

Ele deu mais um passo, minhas pernas não se moviam, o que fez com que ele ficasse mais perto de mim a cada frase que dizia.

-Seria ser até quinta opção.

Suspirei.

-Deixa eu te perguntar - ele murmurou.

Seu corpo já estava quase colado ao meu e meu coração descia e subia mais rápido que montanha-russa.

-Pergunte - mandei.

Ele se aproximou mais de mim, com sua mão grande e quente, tocou um dos meus braços, o que fez com que todos os pelos do meu corpo se arrepiassem.

-Você sente alguma coisa por mim? Seja sincera. Se depender da resposta, eu sumo da sua vida, dou um jeito e nunca mais você me vê. Coisa que eu e você não queremos que aconteça.

O Henrique e aquela mania de achar que sabia de tudo.

Abri a minha boca para responder, mas não tive oportunidade, pois o Henrique acabou com a distância entre nossas bocas.

Ele tocou seus lábios nos meus e passou seus braços em volta da minha cintura. Tentei me soltar, mas seus braços me prendiam cada vez mais ao seu corpo.

Me rendi e por um momento desfrutei o gosto bom que o beijo do Henrique tinha. Tanto tempo que eu não beijava alguém, pensei que até tinha esquecido como era beijar.

Quando fui passar minha mão pela sua nuca, me dei conta do que eu estava fazendo. Eu estava traindo o Guilherme, bem na sua frente, era uma falta de respeito e o Guilherme não merecia nada daquilo.

Eu não era uma mulher que vai beijando qualquer um. Eu era uma mulher comprometida e alguém que não traía o namorado, seja com quem que fosse.

Me separei da boca do Henrique e me afastei, limpando minha boca.

-Eu namoro, Henrique. Você está louco ? - perguntei.

Ele sorriu.

-Você também quis - ele acusou.

-Nem tinha como me soltar de você. Eu namoro e nada vai mudar.

-Eu gosto tanto de você, diz que você também sente o mesmo que eu ? - ele pediu, com os olhos pedindo o que o coração mandava.

Senti um nó se formar em minha garganta. Pensei que não conseguia falar ao me ver ali, entre o homem que eu namorava e que amava e outro que eu achava que sentia alguma coisa.

-A minha resposta para todas as perguntas que envolvam nós dois, sempre será não sei. Porque eu não sei, Henrique - desabei.

-Não sabe - o Henrique repetiu baixo.

-Não sei o que sinto por você, não sei o que quero, não sei o que vou fazer amanhã, não sei se o Gui ficará bem, simplesmente não sei. Estou cheia de incertezas na minha vida.

O Henrique absorveu cada palavra minha, enquanto eu ia me afastando para trás, minha mão acompanhava o movimento do meu corpo, mas uma delas estava sobre o colchão da cama do Gui.

Até que minha mão encontrou na do Gui. A apertei forte, mesmo sabendo que não receberia o mesmo aperto de volta.

-Eu sou só um incomodo para você. - o Henrique murmurou - Você não precisa de mais uma incerteza. Acho que só vim para bagunçar a sua vida...

-A minha vida já era uma bagunça antes de você entrar nela - admiti.

Um brilho surgiu no fundo do olho do Henrique. Era verdade. Minha vida não era e nunca foi a das mais perfeitas, sempre foi uma bagunça, o Henrique só complicou um pouco as coisas quando apareceu.

-Mesmo assim, eu só vim bagunçar ainda mais. Se eu não tivesse aparecido, sua vida estaria bem melhor. Eu devia era voltar para longe e a gente fingia que nunca tinha se conhecido.

Senti uma pontada no meu peito. Eu não queria aquilo. Não queria o Henrique longe de mim, eu não sabia o que sentia por ele, mas ele tinha que permanecer ali para eu poder saber o que era aquela bagunça no meu coração.

-A minha bagunça não vai ficar menos bagunçada caso você vá embora - confessei.

Um quase sorriso surgiu na boca do Henrique.

-Já será alguma coisa. Acho que vai ser melhor assim.

Segurei a mão do Gui mais forte.

-Henrique, você não precisa ir embora, eu se...

Parei de falar quando senti alguma coisa segurando a minha mão. Não era uma coisinha boba, como se eu tivesse esbarrado em algum objeto, era como se alguém a tivesse a segurando.

O toque era suave. Como se a pessoa que a segurava, não tivesse força para apertar minha mão mais forte. Era como eu chamado, como se me convidasse a virar para trás e ver o que era aquele toque.

Eu estava de costas para o Gui, apenas segurando a sua mão, o Henrique que poderia ver eu e o Gui muito bem.

Meu coração deu um salto enorme quando senti aquela mão na minha mão. Não era a minha mão solta, era a que segurava a do Guilherme que tinha sido apertada.

Não ousei me virar para ver se era mesmo o que eu imaginava.

-Melissa, você está branca igual papel. Você está bem? - o Henrique perguntou, sem desviar o olhar de mim.

Segurei a mão do Gui mais forte e o que eu esperei por meses, finalmente aconteceu: eu recebi um aperto de volta.

-A mi-minha mão... - gaguejei.

O Henrique olhou para a minha mão, mas não a que estava sendo segurada.

-O que tem a sua mão? - ele perguntou.

-A outra - consegui responder sem gaguejar.

O Henrique olhou para a minha outra mão, mas sua expressão continuou a mesma.

-Não tem nada.

-Tem alguém a apertando.

A outra mão apertou mais uma vez a minha, antes de soltar.

O olhar do Henrique começou a seguir a mão que começava a se mover, pude notar isso mesmo ainda de costas, pois ouvi um barulho que algo fazia sobre o lençol.

Meus olhos foram ficando marejados.

-Lissa - uma voz fraca chamou.

Voltei do meu transe, uma lágrima caiu ao ouvir aquela voz e aquele apelido carinhoso que só uma pessoa usava comigo.

-Meu Deus - o Henrique disse com o olhar fixo atrás se mim.

-O que foi? - perguntei já sabendo do óbvio.

-Olhe - ele apontou com a cabeça para atrás de mim.

Ele arrumou as mãos sobre o rosto e lágrimas silenciosas começaram a rolar.

Tomei coragem e devagar fui me virando, até ficar de frente para o Guilherme.

Eu já não ouvia mais nada, eu só consegui olhar para a pessoa sobre a cama logo ali do meu lado, a pessoa que compartilhou três anos ao meu lado, a pessoa que fazia meu coração pular, a pessoa que eu amava, que tinha sofrido um acidente e ficado em coma durante sete meses, a pessoa que estava sentada sobre a cama, me presenteando com o mais lindo sorriso.

Senti minhas pernas perderem a capacidade de suportar todo o meu peso, mas me agarrei ao lençol, o que fez com que eu conseguissi me equilibrar.

A mão do Guilherme começou a descer pelo lençol novamente, e só parou quando deixou nossos dedos entrelaçados.

Só Deus sabe o quanto esperei para poder finalmente dizer a todos que me perguntasse, que o Gui estava bem, que o Gui tinha superado as expectativas de todos, até mesmo da medicina. Aquilo só podia ser um milagre.

O Gui estava bem, acordado, estava falando, não tinha, aparentemente, nenhuma sequela. Aquilo era só o que eu pensava eu sair gritando pelas ruas.

Ergui o olhar e olhei mais uma vez para aqueles olhos abertos, aquele sorriso lindo iluminando o meu mundo, que até aquele dia estava preto e branco.

***

Sim pessoal, o Gui acordou!!!! O aniversário é da Melissa e o presente é nosso também.

Quero soltar bombas 😂 sei que demorou, mas chegou o dia que o nosso principe acordou.

Espero que tenham gostado do capítulo. Votem e comentem o que acharam e o que acham que vai acontecer depois disso tudo. Beijos e obrigada 😘




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