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Capítulo 20

Minha mãe sempre foi indecisa. Até para vestir um vestido para sairmos, ela pedia a minha opinião.

Mas agora se abrir para um jornal, pedindo ajuda? Era coisa muito pessoal para ir falando para qualquer um. Tá, era eu que tinha ajudado, mas ela podia ter vindo falar diretamente comigo.

Me senti enganada, como se minha mãe não tivesse confiado em mim e foi pedir ajuda ao jornal, ela nem sabia que eu que iria ler os e-mails e iria ajudar alguém.

-É... Melissa - ela gaguejava.

Ouvi passos em direção ao quarto e logo, meu pai apareceu na porta.

-Cadê? - ele perguntou a minha mãe.

Ao ver meu pai ali, minha mãe em um movimento rápido fechou o notebook no meu colo. E se eu não tivesse tirado minha mão, ela seria macetada contra o teclado.

-Já vou - ela avisou para o meu pai, que saiu.

Minha mãe foi até a porta e a fechou, como se ninguém mais pudesse ouvir a nossa conversa. Ela voltou e se sentou ao meu lado.

-Estou esperando - pressionei.

-Eu não sei o porquê eu fiz isso - ela admitiu.

-Como não sabe? Só quero saber se eu ajudei nessa sua decisão - perguntei.

Ela engoliu um seco.

-Não vou pedir o divórcio - contou.

Senti um alívio invadindo meu corpo.

-Ainda bem - suspirei.

-Eu só precisava de uma luz, você ajudou. Mas mudei de idéia.

Sorri.

Mas se minha mãe tinha mudado de idéia, isso queria dizer que ela continuaria suspirando pela casa, aguentando o farto do marido que só queria uma empregada doméstica e sem reclamar de nada.

Ela estava sacrificando sua felicidade pelo seus filhos, eu não poderia deixar isso acontecer. Quando fui dizer isso para minha mãe, ela já não estava do meu lado.

Estava na porta, com a mão na maçaneta.

-Mãe - chamei.

Ela se virou.

-Vou fazer o jantar - avisou.

Ela saiu, me deixando sozinha e com a vontade de dizer o que sabia que ela precisava ouvir.

Desliguei e guardei o computador aonde eu tinha pegado.

Sai do quarto dos meus pais e fui logo pro meu. Minha mãe iria aguentar até quando pelos filhos? Eu tinha uma suspeita que não seria por muito tempo.

Mal me deitei na cama e alguém bateu na porta, mandei entrar.

-Pode me ajudar? - minha mãe perguntou, com metade do corpo dentro do meu quarto.

Fiz que sim com a cabeça e ela saiu. Sai logo atrás dela, não sem antes olhar para a minha foto com o Gui.

Ele sempre sabia o que podia dizer em um momento como aquele, mas ele não podia fazer nada, eu não podia fazer nada.

**

Minha mãe temperava a carne em silêncio, enquanto eu estava descascando as batatas.

Ela não disse uma palavra sequer sobre o assunto do quarto, que tinha sido a pouco minutos.

Respirei fundo. Eu teria que saber usar bem as palavras.

-Mãe, você é feliz com o meu pai? - perguntei na lata.

Ela não teve coragem de se virar e de reponder olhando nos meus olhos.

-Sou.

-Pois não parece - murmurei.

-Nem sempre o que parece é a verdade.

-É parece que você não quer se separar por causa de mim e do Lucas, isso sim parece ser bem verdade - disse eu, jogando as cascas da batata no lixo.

-Outra coisa que parece mas não é.

Me encostei na pia.

-Mãe, você não pode sacrificar sua felicidade por mim e pelo Lucas. Tá na cara que não está feliz nesse relacionamento, desapega.

-Não é assim que funciona as coisas, Melissa - ela disse mexendo a carne na panela, mas sem olhar para mim.

-Claro que é. Não vamos se revoltar se você não quiser mais viver com o nosso pai, não tem o porquê. Somos adultos, não precisamos morar mais com vocês ou coisa parecida - intervi.

Minha mãe se virou para mim.

-Você é adulta, deveria saber que não é num piscar de olhos que as coisas se resolvem - ela resmungou.

-Você sempre complica tudo. Se divorciar não é a coisa mais impossível do mundo, está a seu alcance.

Minha mãe abriu a boca para argumentar, mas meu pai chegou na cozinha, interrompendo nossa conversa, que estava mais pra uma discussão.

Ele abriu a porta da geladeira, pegou uma lata de refrigerante e olhou sério para nós.

-Algo errado? - perguntou.

Eu estava prestes a falar que sim e explicar tudo, mas minha mãe foi mais rápida.

-Não - ela respondeu, voltando a cozinhar.

Meu pai fingiu que acreditou e saiu da cozinha. Minha mãe, ao ver que ele não estava por perto para ouvir nossa conversa, continuou:

-Não depende só de mim - explicou.

-Se você quiser o pai não pode negar.

-Ele não pode ficar sozinho - ela justificou.

-Não vejo o porquê - murmurei.

-Ele não sabe nem cozinhar um ovo, muito menos lavar uma meia.

-E por isso não pode pedir divórcio? Meu Deus, mãe - bati as mãos contra minhas pernas.

Minha mãe se aproximou, com os olhos carregados de dor e um pouco de raiva por eu não conseguir entender a situação.

-Não é só por isso, é por tudo isso.

-Mãe, se você não está feliz, por que manter isso?

-Quem vai me querer? Não pretendo morrer sozinha.

Bufei.

-Muitos homens podem se interessar por ti - cruzei os braços.

-E se não se interessarem? - ela também cruzou os braços.

-Mulher nenhuma precisa de um homem pra ser feliz. E o pai acha outra que faça tudo por ele, a senhora não aguenta mais esse fardo. Desiste, mãe.

Seu olhar ficou bravo e por um momento pensei que ela pularia no meu pescoço.

-Escute: o casamento e a vida são minhas. Você não tem que se meter em assunto de gente que sabe o que faz.

Aquelas palavras não fizeram com que o sorriso surgisse no meu rosto, me deu vontade de pegar minha mãe pelos ombros e sacudi-lá, pra ver se ela caia em si.

-Mãe... - falei calmamente.

-Não tem essa, Melissa. A vida é minha, eu sei se me divórcio ou não, não quero e não vou. Não preciso mais de ajuda aqui na cozinha.

Ela virou de costas para cuidar da carne que estava quase queimando.

Joguei na pia o tomate que eu tinha pegado para começar a cortar. E sai dali, antes que eu perdesse a calma e falasse tudo o que eu pensava, mas eu tinha amor a vida e tive que me controlar.

É sempre isso que recebemos em troca quando pretendemos ajudar, grosseria e grosseria.

Passei pela sala e entrei no meu quarto, fechando a porta com tudo. O que fez com o que Maurício soltasse:

-Bata com mais força.

Eu já estava brava e ainda vem me tirar do sério. Voltei, abri a porta do quarto e disse:

-Não sou de obedecer, mas já que você pediu com muito amor...

O Maurício me olhou com cara de quem achava que eu estava ficando louca, mas percebeu o que quis dizer quando eu fechei a porta com mais força do que a primeira vez.

Até fez minha foto e do Gui tremer sob o criado-mudo.

Minha mãe saiu da cozinha com o barulho que causei.

-O que foi isso? - perguntou.

-A Melissa - meu pai respondeu, sem dar importância.

Minha mãe soltou um suspiro e ouvi seus passos se afastando, sinal que ela foi para a cozinha

Quem foi grossa comigo, foi você. Aguente, pensei.

Me joguei na cama, enquanto pensava em como minha mãe estava sendo burra. Ou simplesmente sendo mãe.

Mas ser mãe era isso? Deixar de ser feliz porque achava que os filhos não aceitariam um divórcio?

Eu e o Lucas éramos adultos, podiamos se virar sem nenhum problema. Fazer com que minha mãe visse isso, era mesmo que mostrar uma cor para um cego. Completamente sem em sucesso.

Eu precisava espairecer. Sai do quarto e peguei o Biscoito, que estava trancado na área de serviço.

-Quer passear? - perguntei.

Ele balançou o rabo, supus que ele sua resposta era um sim, ele queria sair, ele merecia. Não tinha rasgado nada naquela semana.

-Aonde vai? - meu pai perguntou quando eu chegar viu na sala.

-Vou passear com o Biscoito, logo volto - avisei.

Atravessei a sala com o Biscoito nos braços e antes de fechar a porta, vi minha mãe da cozinha, ela parecia chorar. Devia só ter cortado cebola. E se não fosse isso, ela estava assim porque queria.

Fechei a porta de casa e soltei o Biscoito no piso do prédio. Descemos pelas escadas.

Quando saímos, um ar fresco chegou até nós. Não era tão tarde, mas nem tão cedo. Minha mãe adora fazer o jantar cedo.

Não fomos pela rua que ia em direção ao centro da cidade, fomos pela rua da lateral do meu prédio.

A intenção era só dar a volta e acabar retornando na rua que saia do outro lado do prédio, nada que me tomasse mais de quinze minutos.

O Biscoito andava no meu lado, sem sair correndo ou nada do tipo, apenas ia cheirando a grama.

Minha mãe não podia fazer isso. Eu não sabia o que era ser mãe, o que elas sentiam. Só sabia que devia ser um amor sem limites.

E até se sacrificar era aceitável, se seus filhos ficassem bem. Só que a minha mãe não entendia que se separando do meu pai, ficariamos aliviados, pois saberíamos que ela fez o que queria.

Mas ela não conseguia ver isso. Ela devia achar que iríamos ficar bravos ou tristes se ela tomasse essa decisão, talvez porque vivemos praticante vinte anos vendo nossos pais juntos e tal. Isso não mudava simplesmente nada.

Estavam tão distraída pensando, que nem percebi que alguém mais distraído que eu estava vindo na minha direção.

Só percebi quando bati contra alguma coisa dura, o que fez com que eu quase caísse no chão.

-Opa - alguém disse.

Olhei para cima e ali estava o Henrique, com uma camisa verde e um calção preto.

-Eu mereço mesmo - murmurei.

Seus olhos encontram os meus.

-Ah, Melissa - sua voz saiu com um pouco de alegria.

-Surpresa! - ergui os braços para cima. - Olhe por onde vai.

-Eu estava indo na sua casa - ele contou.

Acho que ouvi o Henrique falando que estava indo na minha casa? Se protejam, só pode ser o fim do mundo.

-Na minha casa? - perguntei.

-É - ele afirmou.

-Que diabos você ia fazer na minha casa?

Me visitar que não podia ser.

-Queria te pedir desculpas.

-O quê? Desculpas?

-É. Fui meio estúpido lá no hospital hoje.

-Meio? - levantei uma das sobrancelhas.

-Completamente - ele assumiu.

-Pelo menos admiti. Só isso?

-Podemos conversar? Quero ser amigo da namorada do meu melhor amigo.

Acho que algum ET abduziu o verdadeiro Henrique, e trouxe um cara aparentemente legal no lugar dele.

-Estou indo levar o Biscoito para passear. - apontei para o Biscoito. - Se quiser vir junto - dei de ombros.

-Claro.

Caminhamos lado a lado, e completamente sem nenhum assunto.

A rua estava praticamente vazia. Ainda tinha alguns casais passeando, tinha outras pessoas, que assim como eu, levava seu cachorro para passear e outros apenas passavam.

-É... Você comprou? - o Henrique perguntou de repente, apontando para o Biscoito.

Pensei em ser grossa, em mentir, mas ele deveria ter algum exemplo de como se ter um coração bom, e que exemplo melhor que eu?

-Achei na rua, abandonado - contei.

-Linda atitude - ele elogiou.

Ficamos caminhando um bom tempo em silêncio, acho que foi só uns dois minutos, mas pareceu que foi uma eternidade.

-Vamos sentar? - ele perguntou, apontando para um banco quase que na nossa frente.

-Tá - dei de ombros.

Eu sei que não estava ajudando muito para essa amizade acontecer, mas não tinha muito o que fazer quando a pessoa que quer ser sua amiga é um chato de galochas.

Sentamos no banco e ficamos olhando para quem entrava e quem saia do padaria, logo do outro lado da rua.

-Como você sabe onde eu moro? - perguntei.

-Perguntei a uma enfermeira e ela viu sua ficha do hospital, seu endereço estava lá.

-Ah - murmurei.

Depois de dois minutos olhando quem estava na padaria e na rua praticamente deserta, o Henrique suspirou, para logo depois perguntar:

-Como foi seu dia?

Era uma pergunta bem idiota, mas considerei, já que estávamos tentando ser amigos.

-Acordei perto do meio-dia. De tarde fui ao hospital ver meu namorado, mas só serviu para eu discutir, mais um vez, com o amigo dele. Fui para casa, descobri uma coisa não muito legal, discuti com minha mãe e vim passear com o Biscoito - contei.

-Você só discuti? - ele brincou.

-Na maioria do tempo - respondi sorrindo. - E o seu dia como foi?

-Quase o mesmo que o seu, só que discuti só com uma pessoa e no fim, resolvi vir pedir desculpas para ela.

Sorri, uma coisa que eu achava impossível de acontecer na companhia do Henrique.

Eu sabia que ele não era a melhor pessoa para fazer essa pergunta, mas alguém tinha que me ajudar, nem que a ajuda fosse o tanto do tamanho da minha unha do mindinho do pé. O que era bem pouquinho.

-Obviamente, você não tem filhos.... - comecei.

-Tenho - ele me interrompeu.

-Tem? - o olhei seria.

-Mentira, não tenho.

-Afe.

Ele caiu na risada, mas não achei graça nenhuma. Assim que ele parou com aquela risada sem graça, continuei:

-Posso fazer uma pergunta meio pessoal?

Ele hesitou.

-Pode.

-Até que ponto você se sacrificaria por um filho? - perguntei.

-Não faço a mínima idéia - ele balançou a cabeça -, mas tenho certeza que o que eu pudesse fazer para ver um sorriso no seu rosto, eu faria.

Sorri ouvindo aquelas palavras. Até que ele tinha um coração, podia não parecer e ele podia usar pouco para falar coisas fofas, mas ele tinha. Eu tinha a prova.

-E você não se separia de sua mulher por ele? - continuei.

-Se estivemos brigando muito, acho que eu me separaria mesmo assim. O pobrezinho não mereceria viver num campo de batalha.

Concordei com a cabeça.

-Mas se você descobre que seu filho sabe que você não está bem nesse relacionamento?

-Deu um nó no meu cérebro - ele brincou.

Até que o Henrique sabia ser alguém legal, às vezes.

-Posso te contar um problema familiar? - perguntei.

Não tinha ninguém mais para eu poder desabafar, com exceção das paredes do meu quarto.

-Pode, amigos é para isso.

Então, contei. Falei sobre a discussão que eu tinha ouvido entre meus pais, sobre o que minha mãe tinha feito, sobre a minha discussão com ela e sobre o fardo que ela carregava e insistia em não soltar.

-Ual - ele disse depois que terminei.

Fiquei olhando para a coleira do Biscoito que eu segurava na mão.

-Tudo ao mesmo tempo - reclamei.

-Toda família tem problemas - ele tentou me consolar.

-É, mas agora insistir em manter um relacionamento que não está fazendo bem, só por medo de ficar sozinha ou pelo que os filhos vão pensar... É muita burrice.

-Ou muito amor - o Henrique interveio.

Será que era isso? Minha mãe gostava do meu pai e por isso não queria se separar?

-Você acha que é isso? - perguntei.

-Isso o quê?

-Minha mãe não quer se separar do meu pai porque ainda gosta dele?

-Pode ser muito bem isso, não podemos descartar nenhuma hipótese.

-Meu pai só quer uma mulher para cozinhar, passar e cuidar do filho bastardo - acusei.

-Mesmo assim, com todos os motivos para não gostar do seu pai e querer se separar, sua mãe ainda pode gostar dele. A gente não manda no coração.

Refleti por um momento.

-Será? - perguntei.

-É bem possível - ele respondeu.

Ficamos em silêncio. Por uns bons e longos cinco minutos. Eu refletindo, mas não chegando em nenhuma conclusão que pudesse explicar o motivo da minha mãe não querer se separar do meu, mesmo tendo todos os motivos para isso.

Enquanto eu olhava pro nada, como se ela tivesse a solução dos meus problemas, avistei um carrinho de pipoca, do outro lado da rua.

O Henrique ao percebeu que eu estava olhando para alguma coisa, e estava enchendo a boca d'água, seguiu meu olhar e se deparou com o carrinho.

-Vou buscar uma - ele avisou.

-Tá bom - concordei.

-Doce ou salgada?

Nunca fui muito fã de coisa doce, deve ser porque eu não era muito doce.

-Salgada - respondi, pegando uma nota de dez reais do bolso.

-Não precisa, eu pago.

-Não, eu pago.

-Não precisa - ele insistiu e saiu indo em direção ao carrinho de pipoca.

Guardei a nota de dez reias no bolso.

Fiquei esperando a pipoca chegar, olhando o Biscoito brincar com as borboletas que estavam ao seu redor.

A minha mãe só podia gostar muito do meu pai, para conseguir suportar tudo isso que passava. Eu já tinha o largado a muito tempo se fosse ela.

Mas minha mãe sempre se preocupa muito com os outros, acaba esquecendo de si mesma. E quando vai lembrar, já está toda machucada, porque gastou seu tempo tentando solucionar os problemas dos outros, esquecendo os seus e deixando todo mundo usar e abusar dela.

De repente, um pacote de pipoca surgiu na minha frente. Ergui minha cabeça e o Henrique estava com um braço estendido na minha frente, segurando a pipoca.

Peguei a pipoca da sua mão e ele se sentou novamente.

-Em que conclusão chegou? - ele perguntou, já comendo a sua pipoca.

-Que devo deixar como estar, me meter nisso vai ser pior - respondi.

-Bem isso.

-Mas minha mãe se preocupa tanto com os outros, esquece de si mesma.

-Essas são as pessoas que mais são machucadas.

-É, porque deixa todo mundo usar e abusar dela - suspirei.

-Mas ela deve saber o que faz.

-Acho que não sabe. Você faria o que no lugar dela? - perguntei.

Ele engoliu um pouco de pipoca que tinha na boca.

-Eu me separaria. Mas sua mãe deve ter os motivos dela para não querer fazer isso.

Eu estava com a boca aberta para responder, mas não foi o que eu queria que saísse da minha boca.

-Não, Biscoito - gritei.

Ao pegar pipoca e levar até a boca, acabei soltando a coleira do Biscoito, e como um cachorro bem agitado, ele não perdeu a oportunidade e saiu correndo em direção a rua.

Antes que eu pudesse sair correndo atrás dele, o Henrique me jogou seu pacote de pipocas e saiu correndo.

E eu que pensava que o Henrique era um sem coração, mas ele salvou o Biscoito de ser atropelado.

Um segundo antes de um carro ter a oportunidade de passar por cima do Biscoito, o Henrique o pegou e praticamente caiu na calçada com ele no meio de seus braços.

Assisti toda aquela cena com o coração na mão, sem ser capaz de gritar ou dizer qualquer outra palavra.

Saí correndo da onde eu estava, com o coração a mil. Quase que perdi o Biscoito.

-Aí meu Deus. Você está bem? - perguntei quando cheguei perto.

-Acho que sim - o Henrique respondeu, me entregando o Biscoito e se levantando.

-Eu perguntei para o Biscoito.

O Henrique baixou a cabeça, meio envergonhado, obviamente por ele ter salvado a vida do meu cachorro e eu nem ter a decência de perguntar se ele estava bem.

Eu estava nervosa, merecia um desconto.

-Seu maluco, quer morrer? - briguei com o Biscoito.

O Henrique coçou a cabeça, sem jeito.

-Eu...

-Nunca mais fácil isso, Biscoito - mandei.

-É...

-E você? Está bem? - interrompi o Henrique, que estava tentando falar comigo.

-Só um arranhão, não foi nada - ele observou o arranhão pequeno, dando de ombros.

Suspirei de alívio e arrumei o Biscoito no chão, segurando firmente a sua coleira.

-Depois desse susto, é melhor eu ir para casa - falei.

-Eu também já vou indo - ele disse, ainda de cabeça baixa.

-Nem deu de comer a pipoca - reclamei.

Sai tão rápido da onde eu estava, que acho que praticamente joguei os pacotes de pipoca que segurava nas mãos pro alto.

O Henrique olhou para trás de mim. Segui seu olhar, e do outro lado da rua, em cima do banco onde estávamos a poucos minutos atrás, estava os dois pacotes de pipoca.

O Henrique começou a caminhar em direção ao banco, o segui, tomando cuidado para o sapeca e desobedinte do Biscoito não fugir de novo.

O Henrique pegou meu pacote e me entregou.

-Está intacto - contou.

-Impressionante - brinquei.

-É, pela velocidade que você saiu correndo, pensei que as pipocas tinha virado purê de pipoca. Eu teria perdido meus cinco reias - brincou.

Eu ri do que ele disse e ele também

-Também pensei - admiti. -, mas ainda bem somos pessoas de sortes.

-Ainda bem - ele repetiu.

Ficou um silêncio bem estranho, nenhum dos dois teve coragem de dar um passo para ir para casa ou falar qualquer outra coisa.

-Eu vou indo - avisei, quebrando o silêncio.

-Eu também, tchau.

-Tchau.

Ele virou de costas para começar a andar em direção a sua casa, que não era no mesmo da minha.

Percebi que ele tinha ficado um pouco decepcionado comigo , não era pra menos. Ele tinha salvado a vida do meu cachorro e não tinha recebido nem um mísero agradecimento.

Eu não tinha esquecido, só queria ver sua atitude ao ver que não fiz o que tinha que ser feito. E assim como ele fez, queria o surpreender.

-Henrique - chamei.

Ele parou e se virou.

-Que foi? - perguntou.

-Obrigada. Pela pipoca e por ter salvo o Biscoito. Até que você é legal.

-De nada. Obrigada também.

Franzi a testa.

-Obrigado pelo quê? - perguntei.

Não tinha feito nada que merecesse um agradecimento.

-Por ter me dado a chance de mostrar que posso ser legal - explicou.

Sorri.

-Foi um prazer.

Ele sorriu, e com um aceno de cabeça, se virou e continuou a caminhar.

Me virei e tomei meu caminho.

-Você não devia ter feito isso, Biscoito. Da próxima vez, você fica sem sua ração preferida - briguei com ele.

Mas pelo menos deu de conhecer um pouco do Henrique. Ele é legal, por mais incrível que pareça. É que é aquela coisa, a primeira impressão é a que fica. E a primeira impressão que tive dele, não foi das melhores.

O Biscoito ergueu a cabeça e me encarou, fez menção de sair correndo de novo, mas segurei a coleira forte, meio que o enforcando, o que fez com que ele ficasse quieto ao meu lado.

Fomos caminhando lado a lado, ele me obedecendo depois do susto que passou e que me deu.

E por um motivo desconhecido, eu tinha um sorriso bobo no rosto.









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