Capítulo 12
-Então, o plano está dando certo? - perguntei para a Bina ao telefone.
-Mais ou menos - ela admitiu.
-Como assim mais ou menos? - perguntei, me sentando melhor na cama.
-Ah, sei lá, Meli. Eu acabei me apegando ao Tomás.
Isso não fazia parte do plano. A cinco meses atrás, quando eu fiz a Bina se aproximar do Tomás, era para além de formar um casal, fazer o Tomás aprender. Ele já partiu muitos corações, só espero que não o da Bina.
Aquela vez eu estava muito carente e já que eu não estava com o meu namorado, quis montar casais, mas agora olhando pra trás, não sei se foi um boa idéia.
-Mas vocês estão namorando?
-Ficando, mas ele me trata tão bem - ela disse.
-Não é melhor você se afastar? O Tomás já deixou muitas pessoas machucadas com essa galinhasse dele, não quero que você seja uma delas - preveni.
-Eu sei, amiga. Mas eu gosto dele.
-Então o plano mudou, agora você não vai dar lição nele. Vai fazer ele se apaixonar por você.
Bom, essa idéia não é tão ruim assim. Pode dar certo.
-E como faço isso? - ela perguntou.
Eu abri a boca para responder, mas uma batida na porta me interrompeu.
-Espera aí, Bina - avisei.
Arrumei o celular no mudo, para a Bina não ouvir.
-Pode entrar - gritei.
Minha mãe abriu a porta e arrumou a cabeça na pequena fresta aberta.
-Você tem visita - ela anunciou.
-Quem?
-O Tomás, ele está te esperando na sala.
Sorri, parece que o destino está ajudando.
-Diz que já vou - pedi.
Minha mãe assentiu e saiu. Tirei o celular do mudo.
-O destino estão ao nosso favor - brinquei.
-Por que?
-O Tomás está aqui em casa - contei. - Vêm pra cá.
-Ah, não vou.
-Para de ter vergonha, vem logo.
Desliguei o celular e nem pude ouvir se a Bina viria ou não, mas ela acho que ela não vem.
Me levantei da cama e vesti uma camiseta decente, não posso ir ver meu primo com a camiseta do meu pijama.
Abri a porta do quarto e fui para a sala. Meu primo estava lá sentando no sofá e quando me viu se levantou.
-Oi, Tomás - cumprimentei.
Ele me abraçou.
-Olá.
-O quê te trás aqui? - perguntei, me sentando com ele no sofá.
-Você só pensa coisas ruim de mim, não posso nem ver minha prima?
-Claro que pode. Mas alguma coisa tem.
-Tá, tem - ele confessou.
-Pode ir falando. Quer que eu te ajeite uma amiga? - brinquei.
-Não - ele negou, sorrindo. - Só vim te avisar que seu plano está dando certo.
Demorei um segundo pra me ligar do que ele estava falando. Será que ele descobriu?!
-Que plano? - me fiz de desentendida.
-De juntar eu e a Bina - ele explicou.
Suspirei aliviada.
-Ah bom. Mas por que diz isso?
-Eu gosto dela.
Nunca imaginei ouvir que o Tomás, meu primo mais galinha, gostasse de alguém.
-Sério?
-Sim - ele afirmou. - Eu quero coisa séria com ela.
Fiquei boquiaberta.
-Mesmo? - perguntei. - Ou é só um daqueles teus planos pra destruir o coração da minha amiga?
-Sério mesmo, me ajuda?
Não sei se era verdade, mas minha dúvida sumiu quando vi o brilho no olhar que ele tinha ao falar dela.
-Tá você parece que gosta dela mesmo.
A Bina vai ficar tão feliz quando souber disso.
-Mas não conta pra ela - ele pediu.
-Tá bom, não conto. - Prometi. - Mas pra que minha ajuda?
-A Bina, merece um cara legal e romântico, mas o problema é que eu não sou romântico - ele explicou.
Comecei a rir. O Tomás quer minha ajuda pra ser romântico?!
-Para de rir - ele pediu.
Parei de rir.
-Desculpa, mas ver você me pedindo ajuda pra isso, você deve gostar bastante dela.
-Muito.
Pensei bem. Não conheço homens muito românticos, o Gui sempre foi comigo, meu pai sempre foi fofo com a minha mãe e até o Lucas tinha seus momentos de romantismo.
-Lição número um: diga coisas bonitas.
-Ah, sério? Não quero fazer ela vomitar - ele brincou.
-Só diz que ela está bonita ou algo assim - expliquei.
-Ah, mas como?
Eu tenho certeza que a Bina não vai vir aqui, então tive que arrumar outro jeito.
-Liga.
-Tá bom.
-Pode enrolar bastante - avisei.
Enquanto ele fazia a ligação, corri pro meu quarto. Peguei um caderno e uma caneta.
Quando voltei para a sala o Tomás já estava sentado no sofá, falando com a Bina.
Me sentei do lado dele.
-Arruma no viva-voz - cochichei.
Ele fez o que pedi.
Escrevi no caderno o que ele tinha que dizer, mostrei para ele. Ele franziu a testa e ficou com receio de dizer aquilo, mas disse.
-O quê está fazendo? - ele perguntou.
-Nada e você? - ela respondeu.
-Estou aqui na Melissa, venha aqui. Adoraria te ver.
Soltei uma risadinha quando o Tomás terminou a frase.
-Nossa, que bicho te mordeu? Nunca me disse uma coisas dessas.
O Tomás me olhou, pedindo uma resposta boa. Escrevi no caderno e mostrei para ele.
-Isso é demais - ele reclamou.
E a Bina ouviu.
-Quê?
-Nada, nada - ele disse. - Fui bicado pelo bicho do amor.
Tive que me segurar para não rir. O Tomás falando coisas assim é uma coisa muito difícil, nunca tinha visto.
A Bina soltou uma gargalhada do outro lado da linha.
-Isso é uma brincadeira, né? - ela disse.
-Não é sério - ele garantiu. - Bina, eu gosto...
Fiz um sinal pra ele parar de falar. O momento para se declarar não é agora.
-Continua - ela pediu.
-Tenho que desligar, tchau.
O Tomás desligou o celular sem nem esperar a Bina se despedir ou algo do tipo. Levei as mãos na cabeça, sinal que ele tinha estragado tudo.
-Que foi? - ele perguntou.
-Tomás, definitivamente você não sabe o que é ser romântico.
-O quê eu fiz de errado? - ele perguntou nervoso.
-Desligou na cara dela - expliquei.
-Você fez um sinal para que eu desligar.
-Era para você mudar de assunto, não queria que você se declarasse agora.
-Pra que esperar?
-Você tem que fazer ela gostar se você, assim você não toma um pé na bunda - expliquei.
-Tá. Mas agora eu estraguei tudo, o que faço?
Pensei em um bom jeito de pedir desculpas, sem ser romântico demais.
Apesar, de que a Bina ama homens românticos.
O celular do Tomás vibrou. Ele pegou, leu alguma coisa e se virou para mim
-Olha o que ela mandou - ele disse.
-O quê?
Ele leu a mensagem.
-Ei, por que desligou na minha cara?
-Só? - perguntei.
-E um emoji bravo.
Pensei em uma coisa, e uma idéia surgiu.
-Manda uma flor para ela pedindo desculpas - aconselhei.
-Só uma? Não é melhor um ramo inteiro?
-Você não fez uma burrada tão grande e seria exagero.
-Vou ligar para a floricultura - ele avisou.
-Uma lírio branco - avisei.
-Por que?
-Ela gosta e diz para ele escreverem o seguinte: desculpa por ter desligado o celular na sua cara, aceite essa flor como um pedido de desculpas.
-Fofo demais - ele reclamou.
-Você quer ou não quer conquistar a Bina?
-Quero - ele afirmou.
-Então não reclame, a Bina ama homem romântico.
Ele suspirou e pegou o celular para ligar.
-Lá vai.
Enquanto ele falava, fui até a cozinha pegar um suco para nós.
Peguei dois copos, arrumei o suco e voltei para a sala. O Tomás já tinha terminado a ligação quando me sentei ao lado dele com os sucos.
-Já pedi para entregarem a flor na casa dela - ele avisou.
-Eba - comemorei.
Entreguei o suco, ele pegou e ficamos tomando e olhando pro nada.
-Você tem esperança? - ele perguntou de repente.
-Do que exatamente? - perguntei o encarando.
-Sei lá, me refiro a tudo.
-Ah, sempre procuro ter - admiti.
-Hum.
-E você?
-Não vou bem nisso - ele admitiu.
-Quando você precisar, você aprende a ter.
Conversamos e logo ele foi embora. Fui para o quarto e tinha uma ligação da Bina, retornei.
-Oi - ela disse ao atender.
-Oi. Me ligou?
-Sim, tenho uma novidade.
-Qual? - forcei o ânimo.
Sorri, ela mal sabia que essa novidade eu já sabia e ajudei
Ela começou a contar e fingi prestar atenção, eu já sabia de tudo não tinha o porquê de ficar ouvindo tudo de novo, só ouvi porque fui praticamente obrigada.
-Como ele soube que minha flor preferida é lírio branco? - ela disse por fim.
-Não sei.
-Ele estava aí, você que disse pra ele?
-Não. Ele veio aqui, só para pegar um nome de um perfume muito bom com o Lucas,conversamos bem pouco. Ele nem tocou no seu nome - menti.
Essas
minha desculpa foi horrível, mas foi a que veio na cabeça.
-Ah bom. E agora? Estou permitida a me apegar? - ela brincou.
-Pode, mas vai com moderação - previni, brincando.
Ficamos conversando e minha amiga está bem caidinha pelo Tomás e o Tomás por ela. Mas vou fazer eles se apaixonarem mais ainda.
Tomei um banho e fui até a cozinha ver o que tinha de bom para comer. Encontrei minha mãe fazendo um bolo.
Meu pai estava trabalhando, em pleno sábado. E o Lucas, não sei onde ele se meteu.
-Cadê o Lucas? - perguntei, abrindo a geladeira e vendo o que tinha de bom.
-Iria te perguntar agora - minha mãe respondeu.
-Quer que eu ligue para ele?
-Não precisa, às vezes foi sair com um amigo, extravasar.
-É - concordei.
Peguei uma maçã e já estava voltando para o quarto quando uma coisa passou pela minha cabeça.
-Mãe, e o segredo? - perguntei.
Em meio a tantas coisas até esqueci o meu irmão misterioso.
-Que segredo? - ela se fez de desentendida.
-Aquele a senhora falou que na hora certa iríamos saber - dei uma mordida na minha maçã.
-Hora certa você vai saber - ela disse sem parar de mexer a massa do bolo.
Suspirei e sai da cozinha, não queria me stressar.
Acabei deitando no sofá e assistindo um filme de comédia, que eu já tinha visto.
Já estava quase na metade do filme quando meu pai chegou, cheios de papéis.
Ao abrir a porta ele derrubou um monte, eu iria ajudar, mas ele parecia que não tinha me visto.
Ele se abaixou para pegar os papéis e cochichou algo para si mesmo, mas parou de falar ao me ver no sofá.
-Ah, oi Meli - ele me cumprimentou.
-Oi.
Sai do sofá e fui ajudar com os papéis, parecia ser só papéis da empresa.
Meu pai pegou todos os papéis, ajeitou tudo no braço e foi pro quarto. Nem me agradeceu.
Terminei o filme e fui pro quarto.
Já estava tendo a idéia de ligar para a Clarisse e convidar todos eles para jantar aqui em casa, mas ouvi alguém chegando.
Por ter a chave de casa, supus que era o Lucas. E tive certeza quando ele abriu a porta do meu quarto e entrou.
-Onde você estava? - perguntei.
-Vamos sair? - ele me respondeu com outra pergunta.
-Para onde?
-Na pizzaria. Eu, você e a Fla.
Quase que o nome da Flavia passou despercebido.
-A Fla? Perdi algum capítulo? - eu disse animada.
Ele sorriu.
-Se acertamos - admitiu.
Ergui os braços para cima.
-Já era hora.
Ele riu.
-Fique pronta daqui uma hora - ele disse e saiu mais rápido do que chegou.
Então devia ser na Flavia que o Lucas estava. Que bom que eles se acertaram, pude perceber que o sorriso e os olhos do Lucas tinham um outro brilho. O mesmo brilho que ele tem quando está bem com a Flavia.
Quando ele terminou com ela, foi como se alguém tivesse pegado aquele brilho. E agora esse brilho voltou.
Tomei coragem e sai da cama. Fui me arrumar. Uma hora depois eu já estava pronta e esperando o Lucas na sala.
-Onde vai assim? - minha mãe perguntou.
-Comer pizza. Com o Lucas e a Flavia.
Minha mãe sorriu de orelha a orelha.
-Eles se acertaram?
-Graças a Deus, sim - brinquei.
Fiquei esperando o Lucas no sofá, enquanto minha mãe fazia uma macarronada para ele e meu pai.
Meu pai não estava, ele anda mais na rua do que em casa.
Dez minutos se passaram e só aí que o Lucas saiu do quarto.
-Pronto - ele disse.
-Já era hora - resmunguei.
Me levantei e senti o cheiro do perfume dele.
-Avisou a mãe? - ele perguntou, procurando a chave do carro nos bolsos.
-Sim.
Ele achou a chave e seguimos para a pizzaria.
A noite foi bem legal. Nem dava de dizer que o Lucas e a Flavia passaram por alguma coisa. E nem parecia que eu estava de vela, parecia três amigos que saíram para jantar fora.
Depois de comer muito o Lucas foi levar a Flavia até o apartamento dela, e já deve ter aproveitado para se pegarem.
Eu fiquei no carro esperando.
-Nem parece que vocês tinham terminado - comentei quando ele voltou e íamos para casa.
-Pois é. Resolvemos esquecer aquela briga.
-É, porque foi só para fazer drama - reclamei.
-Sei que você ama a gente.
Não respondi, só escondi o sorriso.
Foi um alívio saber que eles se acertaram. O Lucas não ficaria bem, ele já não aguentava mais.
Chegamos em casa e subimos conversando.
-O Tomás pediu minha ajuda - contei, enquanto subimos as escadas.
-Pra quê?
-Para ser romântico.
O Lucas começou a rir, pensei que tudo mundo do prédio iria sair para ver o que era aquele som, que mais parecia com um gato engasgado.
-Para. - Pedi. - Foi muito bonito o gesto dele.
-Cafona, né? - ele disse voltando ao normal.
-Não. Ele gosta mesmo da Bina.
-Pela Bina ele quer ser romântico?
-É - afirmei.
-Poxa vida, o que a Bina fez?!
-Acho que jogou um feitiço nele - brinquei.
-Só pode.
Chegamos em casa e o Lucas abriu a porta, entrou e ficou segurando a porta para eu entrar.
Entrei e ele fechou a porta atrás de nós. Mas ao olhar para frente veio a surpresa. Meus olhos não acreditaram no que viram.
Meu pai estava sentado no sofá, minha mãe do seu lado e do outro lado, lá estava o Maurício.
-O que você está fazendo aqui, moleque? Veio ganhar mais um chute no meio do pernas? - comecei.
Ele não respondeu, apenas ficou nos olhando, com um sorriso maroto.
-O que ele está fazendo aqui? - o Lucas perguntou aos nossos pais.
Meu pai respirou fundo e minha mãe soltou um suspirou, mas nenhum dos dois disse nada, quem disse algo foi o Maurício.
-Olha como trata o irmão de vocês - ele disse, sorrindo.
Eu e o lucas trocamos um olhar confuso.
-Irmão? - perguntamos juntos.
Fiquei esperando meus pais falarem que era brincadeira, que aquilo não passava de uma piada e que o Maurício já iria embora, mas ninguém disse nada.
Ao olhar para meus pais e para aquele sorriso na boca do Maurício, percebi que aquelas palavras que ele acabara de dizer eram verdade.
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