Maitê acordou sentindo os braços de seu amado a rodearem, aos poucos ela foi se virando, por sorte ele não acordou. Ela ficou um bom tempo ali, apenas olhando ele dormir, tão calmo, tão sereno, tão lindo.

Severo acordou e procurou sua amada com a mão pela cama, mas não a achou, então ele abriu os olhos e viu que ela não estava ali.

O barulho do chuveiro ligado indicou que ela estava tomando banho. Alguns segundos depois, o barulho cessou. Snape se dirigiu até o banheiro, ao chegar na porta viu sua amada enxugando os cabelos com uma toalha.

- Eu acordei cedo e não consegui voltar a dormir - May se explicou olhando para Snape pelo reflexo do espelho.

- Tudo bem, eu só senti a sua falta quando acordei - Dramatizou ele encostando seu ombro no batente da porta.

- Eu ia te contar sobre a gravides naquela noite, mas tudo deu errado naquele dia - Ela disse olhando enquanto jogava a toalha molhada na bancada da pia.

- Você sabia que estava grávida?

- Sim, eu estava desconfiada, então naquele dia, pedi para que Sibila confirmasse essa minha suposição. Então eu tomei um chá. E ela viu na borra do chá na xícara que eu estava grávida, mas ela não viu muito, eu pedi que não me contasse se era menino ou menina, eu só queria ter a certeza de que estava grávida. Enfim, se eu tivesse pedido que ela visse mais sobre o meu futuro, quem sabe teria evitado que - May não terminou a frase, colocou a mão na barriga e fechou os olhos.

- Querida, não se culpe - Snape diz se aproximando dela.

- É inevitável não me culpar, Severo - Maitê disse abrindo os olhos e fitando-o pelo espelho. - Mas eu vou superar, o máximo que consigo, eu vou seguir em frente, como segui das outras vezes.

- A diferença é que você terá apoio dessa vez - Ele disse rodeando seus braços na barriga dela, encostando seu peito nas costas dela, descansando seu queixo no ombro direito dela. - Terá Ariana, Minerva, Flitwick, eu.

- Fábio e Williams também - Ela completou.

- Não sei porquê é amiga do Williams - Snape disse sério.

- Ele é um bom homem, Severo - O moreno bufou com tais palavras.

- Ele não te contou sobre ele e minha filha?

- Contou um pouco, disse que quando estava sob o controle da mente, sendo um comensal, ele se encontrou com Ariana, e ambos duelaram, ele me disse que machucou ela, e por sorte não fez mais nada além disso, pois outro comensal o chamou pela marca.

- Só isso? - Snape perguntou com sarcasmo e irritado.

- Uhum - Maitê, vendo a cara irritada do amado, se virou para ficar de frente a ele. - Tem mais nessa história?

- Eles se encontraram, de fato. Minha filha estava protegendo algumas famílias em uma casa e eles foram atacados por comensais. Alguns foram capturados e os outros conseguiram fugir - A expressão de Severo se tornou dura e havia ódio nos olhos. - Williams torturou minha filha com a maldição cruciatus, por muito tempo. Depois ele tentou abusar dela. E só não conseguiu porque eu o convoquei - Snape desviou o olhar para a pia. - Devia ter sido uma das reuniões do Lord das Trevas em que eu tive de convocar todos os comensais. Sem saber, eu salvei a minha filha de ser estuprada e de morrer naquela noite - Ele voltou seu olhar para a mulher a sua frente, em seus braços. - Uma pena eu não ter os convocado antes, a melhor amiga da minha filha morreu naquela casa, foi torturada até a morte.

- Ele não me contou isso, deixou a história bem vaga. Ela sofreu tanto - Snape concordou com a cabeça.

- Ela disse que sou o herói dela - Snape disse com um sorriso bobo nos lábios. - Antes de saber sobre a paternidade, eu gostei de ser chamado assim por ela. Agora, sabendo que sou o pai dela - Ele deu um suspiro. - eu gosto mais ainda de ser considerado um herói para minha filha.

May acariciou o rosto dele, também sorrindo.

- Você é um dos heróis da guerra, meu amor. É o meu herói também - Ela deu um beijo casto nos lábios finos de Snape.

Enquanto isso, do outro lado do corredor, Ariana levantava da cama.

- Não, não, não - Choramingou Fabiano a segurando pela cintura. - Fica aqui mais um pouquinho, fica.

- Assim a gente não levanta - Ela comentou se desvencilhando das mãos dele.

- Isso seria tão ruim assim? - Ele perguntou arrumando um travesseiro embaixo do queixo dele, ele estava deitado de bruços.

- Seria, para os alunos. Não podemos nos atrasar para as aulas.

- Você não deve se atrasar para as aulas, as minhas aulas vão ser apenas à noite. Eu já consegui pôr tudo em dia que o antigo professor não pôde. - Se gabou. - E garanto que os alunos não vão reclamar de um atraso nas aulas.

Ambos riram.

- Fábio? - Ela o chamou meio incerta.

- Sim?

Ariana, que pegava uma toalha no armário, sentou-se na ponta da cama.

- Somente minha mãe e Mariana sabiam sobre isso, e recentemente descobri que meu pai Tadeo também sabia, mas nenhum deles iria contar a alguém sobre isso sem a minha permissão antes. Então, como você descobriu que eu posso ver pelos olhos dos outros?

Ele sentou-se também, encostando as costas na cabeceira da cama.

- Eu sabia que você trapaceava no pique-esconde, e eu te disse que eu ia descobrir como você fazia isso.

- Só porque eu sou muito boa nessa brincadeira, resolveu desconfiar de mim - Protestou ela.

- Eu nunca fui encontrado nessa brincadeira, nunca. Sempre me escondi muito bem - Fábio disse seriamente. - Enfim, eu tentei bastante, mas não consegui descobrir nada.

Ela uniu as sobrancelhas confusa.

- Então como foi que..

- Miguel.

Ariana congelou no lugar ao ouvir essa palavra, esse nome.

- Uma noite, ele me chamou pra conversar e me contou sobre esse seu dom. Ele me contou que vocês discutiram, e que provavelmente terminaram. Ele estava paranóico, pensando que você estava vendo ele toda hora - Ela desviou o olhar dele para a cama, ela se lembrava daquela briga. - Tentei convencê-lo do contrário e nós brigamos. No outro dia ele te pediu em casamento. Fiquei sem entender nada. Mas pelo menos vocês se entenderam, naquela época.

- E foi por isso que você se afastou - Ariana completou a frase dele.

- Sim - Fábio franziu o cenho. - Eu não entendo, como num dia ele me diz que vocês terminaram e no outro ele te pede em casamento.

Ela ficou em silêncio, presa na lembrança da conversa que teve com Miguel, há anos atrás.

- Ariana - Ele a chamou, trazendo-a para a realidade. - O que foi que aconteceu entre vocês? Pode me contar.

- Eu contei para o Miguel sobre esse meu dom, que eu podia ver pelos olhos do meu pai, e que também podia ver pelos olhos dos outros, mas somente se eu tiver alguma coisa pessoal dessa pessoa por perto - Ela fez uma pausa, dando uma rápida olhada para Fábio e depois voltando a olhar para o lençol branco na cama. - Ele não gostou muito de saber disso, como vocês disse, ele ficou paranóico. Não confiava mais em mim, mesmo eu dizendo que só usei esse meu dom com ele, quando brincávamos de pique-esconde na adolescência, fingindo sermos crianças novamente. Ele não acreditava em mim. Ficou distante. Uma noite ele chegou em casa e nossa discussão acordou Mariana, que quase bateu nele por estar brigando comigo. Eu a convenci de que tava tudo bem e ela voltou para o quarto dela. Eu estava cansada de discutir com ele, então... eu o obliviei.

Ariana não ousou olhar para Fábio, ela sabia que ele ficou bravo por saber disso.

- Eu apaguei tudo o que contei a ele sobre a conexão mágica ocular e depois ele voltou a ser o Miguel doce e apaixonado de antes. Na manhã do dia seguinte, ele me pediu em casamento e eu aceitei. Decidi que nunca mais iria contar a ele sobre o meu dom.

Um silêncio se fez no quarto e Ariana foi tomar banho. Resolveu dar espaço para que Fábio digerisse tudo.

Depois que ela saiu do banheiro, Fábio entrou sem olhar para ela.

Ótimo, estraguei a nossa relação - pensava a morena irritada consigo mesma se arrumando para o dia.

A parte da manhã estava sendo normal, aulas e mais aulas a dar. Perto do almoço, o Ministro bateu a porta da sala dela.

- Ministro, entre, a que devo a honra de sua visita? - Ariana disse sorridente para ele, desviando sua atenção dos pergaminhos que corrigia.

Ele entrou e fechou a porta.

- Eu vim conversar com a senhorita, sobre Leonard Laurent - Ele disse seriamente enquanto se aproximavam da mesa dela.

- E o que eu tenho haver com ele? - Ela pergunta trazendo com auxílio da varinha uma cadeira para que ele se sentasse.

- O Sr. Laurent era casado com Melissa Laurent, que por algum motivo trocou de nome para Maitê Leblanc - Kin disse enquanto sentava-se, frente a mesa da professora de poções.

- E?

- E, ela estava tendo um relacionamento com um colega professor daqui, Severo Snape.

- Vá direto ao ponto, Kin. Sabe que não gosto de enrolação.

- Está bem - Ele umedeceu os lábios. - Leonard Antoine Laurent foi encontrado, há dois dias em sua casa na França, morto.

- Novamente, eu lhe pergunto, o que eu tenho haver com ele?

- Ele foi torturado antes de morrer, e os elfos disseram ter visto alguém na casa dele, mas não conseguem se lembrar quem era essa pessoa. A questão é, que eu fiquei sabendo pela diretora McGonagall, que Laurent, Snape e Flitwick entraram em um duelo, há dois dias, pela mulher dele. Fiquei sabendo que ela passou mal há dois dias atrás, teve um aborto, mas a criança não era do marido e sim do amante. Depois, Laurent é torturado e assassinado, nesse mesmo dia.

- Está sugerindo que Snape matou Laurent?

- É o que faz sentido, não?

- E o que eu tenho haver com isso? Não devia estar falando com Snape então ao invés de mim?

- Só que Snape estava na ala hospitalar daqui o dia todo, ao lado de Melissa. Ou seja, ele tem um álibi. Mas, a senhorita não esteve presente no castelo durante horas, naquele dia. Onde esteve?

- Virei uma suspeita agora, Kin? - Ela arqueou uma sobrancelha.

- Os aurores foram aos lugares onde Laurent foi no dia de sua morte, e num bar trouxa, o barman contou ter visto uma mulher conversando com a vítima. Uma mulher branca, de cabelos negros e muito bonita, essas foram as palavras do barman.

- E acha que eu sou essa mulher, Kin?

- Me diga você.

- E por que ela diria isso, Ministro? Iria se tornar a principal suspeita do caso - A voz grave de Snape se fez ouvir na sala.

O moreno entrou e fechou a porta.

- Deviam começar a trancar com um feitiço silenciador para que ninguém mais ouça a conversa de vocês - Snape disse lançando abaffiato na porta.

- O que faz aqui, Snape? - Kin perguntou.

- Você está interrogando a minha filha, por que eu não estaria aqui? - Severo perguntou sarcasticamente, cruzando os braços.

- Sua filha? - Kingsley perguntou surpreso, olhando de um para o outro. - Até que dá para ver a semelhança - Comentou com um sorriso de canto do lábio.

- Por que está interrogando minha filha, Kingsley? - Snape mantinha um tom sério com uma expressão de poucos amigos.

- Por que nunca me contou que tem uma filha, Severo? - Shacklebolt perguntou mantendo o olhar do moreno.

- Porque ele não sabia que tinha uma - Ariana respondeu, chamando a atenção dos dois homens para si.

Ela se ajeitou na cadeira, colocando suas mãos cruzadas sob a mesa e olhando seriamente para o homem sentado à sua frente.

- Há muitas mulheres brancas bonitas de cabelos negros, então o que te faz pensar que eu sou essa mulher em especifico, Kin?

- Foi feito uma necrópsia no corpo de Laurent, e descobriram que a causa da morte foi o coração dele ter sido torcido, literalmente - Kin encarou os olhos de Ariana com seriedade. - E em toda a minha vida, eu só vi uma pessoa fazer isso a outra. Você.

- Está mesmo acusando minha filha de matar aquele imbecil? - Snape vociferou.

- A única coisa que tenho a dizer, Kin - Ariana começou a falar chamando a atenção de seu pai para si, pois Kingsley não tirava os olhos dela, mantendo o contato visual. - É que eu livrei o mundo daquele babaca, e olha que isso é um elogio comparado a outras palavras que separei para me referir a ele.

- Então confessa ter sido você? - Kingsley perguntou antes que Snape dissesse algo. - Por que fez isso?

- Porque Leonard Laurent agredia a própria esposa, física, verbal e psicologicamente - Snape chamou o nome da filha, a repreendendo, pois Maitê não queria contar a ninguém sobre isso, mas sua filha o ignorou e continuou a falar. - Por anos Melissa sofreu com isso e ninguém a ajudou, ninguém nunca reparou no ser desprezível que Laurent era, nem mesmo o colega de trabalho dele - Ariana fez uma pausa, num movimento de jogar o cabelo para o lado mexendo a cabeça. - Eu fiz a minha pesquisa, Kin. Leonard tinha um parceiro de trabalho e quando ele morreu, Laurent decidiu que não iria mais sair em campo, preferindo ficar atrás de uma mesa o dia todo, estava triste demais pela morte do parceiro e amigo. E depois disso, Laurent não era mais o mesmo, não era mais o ótimo auror que costumava ser. E a pessoa que mais sofreu com isso, foi sua esposa, Melissa, as agressões só aumentavam cada vez mais, até que chegou a um ponto onde ela teve de fugir dele, fugir para finalmente viver a vida. E quando ela consegue isso, o traste do marido dela aparece e acaba com tudo a sequestrando. Melissa contou a Leonard que estava grávida de Snape naquele dia, e quando ele estava em um duelo com meu pai, acertou ela de propósito com o intuito dela perder a bebê. A famosa frase "se não for minha, não será de ninguém" descreve bem essa ação. Esse foi o motivo do aborto. Ele queria que ela morresse junto ao bebê, e por sorte isso não aconteceu. Essa foi a gota d'água para que eu o matasse.

Ariana respirou fundo, estava com o coração acelerado. Ela olhou para o pai, ele estava com os braços cruzados e uma expressão de surpresa em seu rosto.

- Ele sabia... - Snape disse baixinho, mas o suficiente para serem ouvidos. - Ele a atacou, sabendo que podia perder o bebê... e por sorte não a perdi também - Snape caminhou até uma bancada e apoiou suas mãos ali, sua respiração estava rápida. Ele estava com raiva. Se pudesse, mataria de novo o homem.

- Eu não fazia ideia - Kingsley disse perplexo.

- Vai me prender, Kin? - Ariana perguntou encarando novamente o negro. - Porque eu não me arrependo de nada e faria tudo de novo. Azkaban para mim será como um paraíso comparado ao lugar que aquele monstro deve estar agora.

- Você não vai prender a minha filha! - Snape disse virando-se para eles novamente.

- Quem mais sabe que você visitou Laurent há dois dias? - Shacklebolt perguntou ignorando o moreno.

- Meu pai - Ela olhou de relance para Snape. - Meu namorado, Fábio, professor substituto de astronomia aqui; a elfa chamada Winky, que me levou até a casa onde Laurent levou Melissa após sequestrá-la; A própria Melissa; Eu acho que Minerva, Flitwick, e Papoula.

- Papoula não sabe - Snape disse.

Kingsley levou uma mão ao queixo e pensou por um tempo. Depois ele se levantou e Ariana imitou o gesto.

- Você não vai prender a minha filha, Kingsley - Severo disse lenta e ameaçadoramente, ficando cara a cara com o Ministro da Magia.

Kin encarou por alguns segundos Snape, depois moveu seus olhos para Ariana, que havia saído de trás da mesa e ido até o lado deles, a fim de intervir caso começassem a brigar.

- Garanta que ninguém fale nada sobre isso - Kingsley ordenou seriamente. - Vou garantir que ninguém mais descubra sobre isso. Nós nunca tivemos essa conversa - Ele olhou no fundo dos olhos dos dois e depois se afastou em direção a porta, mas antes de sair, virou-se novamente para eles. - Sinto muito pela perda de seu filho, Snape, e de seu irmão, Ariana.

Os dois anuiram com a cabeça.

- Vocês dois são muito parecidos - Kin comentou abrindo a porta. - Chega a dar medo - E com isso, ele saiu da sala, fechando a porta atrás de si.

- O que estava pensando em contar tudo aquilo para ele? Em confessar para o Ministro da Magia o que você fez? - Seu pai perguntou baixinho e com raiva.

- Eu conheço o Kin, fizemos algumas patrulhas junto a mando da Ordem - Ela olhou nos olhos escuros do pai. - Eu sabia que ele iria me entender, e que não iria me levar presa.

- Aquele não é o auror Kingsley Shacklebolt, seu amigo da Ordem da Fênix, aquele é o Ministro da Magia. - Snape disse seriamente. - Você correu um grande risco, Ariana

- É hereditário - Ela disse e Snape a abraçou.

- Isso é algo que eu não queria ter passado para você - Ele disse no ouvido dela. - A incessante mania de sermos obstinados ao ponto de sermos negligentes com a nossa própria segurança.

Ariana não conteve e deu um riso anasalado.

- Vim chamá-la para almoçar comigo e com a May, vamos? - Ele disse estendendo o braço para ela.

- Vamos - Ela aceitou o braço dele e ambos saíram da sala, e foram em direção aos aposentos dele.

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Fábio, não fica bravo com a Ariana não pufavô 🥺

Ariana contando tudinho para o Kingsley 😳 que issu minina? kkk

Snape quase voando no pescoço do Ministro da Magia para que a filha não fosse presa, awn kkkk 😂

O Kin ficando do lado da Ariana cara, awn 🥰

No próximo cap teremos alguns momentos fofos só não vou dizer de quem com quem 👀

É isso por hoje galera e fui. Bjokas proceis e até 😘❣️✨