[16] Yór Yosót (열여섯)
Jimin
Sun, é para lá que estou indo nesse exato momento.
É nova a ideia de sair de minha aldeia, principalmente porque eu nunca havia pensado em ir para outro lugar, mesmo que fosse para visitar.
Faz aproximadamente uma hora que Jungkook e eu saímos com o carro, e por escolha nossa viemos sozinhos.
— Já estamos chegando? — eu perguntei, ansioso.
— Quase, Sunshine, tenha paciência — ele pediu, depois de ter respondido a mesma pergunta cinco vezes. — Você só vai ficar mais ansioso se ficar perguntando, e isso também me deixa ansioso, anjo — ele explicou, e então eu me lembrei da nossa ligação.
Ainda é novidade o fato de que ele consegue sentir tudo o que eu sinto, ainda não me acostumei, então é fácil que eu esqueça.
Tentei me concentrar para que minha ansiedade não o atingisse tanto, afinal, ele estava dirigindo, e isso podia o distrair. Mesmo assim, foi inevitável não me mexer uma vez ou outra, tentando ser discreto.
Eu sei que ele não me mandou disfarçar ou algo assim, mas não quero atrapalhar meu Jungkook, então prefiro tentar me acalmar e parecer tranquilo.
— Chegamos — ele disse, sorrindo, e sei que é por minha reação de tentar não parecer ansioso.
— Aí, graças a Deus — eu enfim disse, me virando para a janela, para não perder nenhum detalhe da aldeia. Ouvi Jungkook rir de minha reação, o que desencadeou um sorrisinho meu.
Sun era muito bonita, era um tanto diferente de Moon, mas não sei dizer exatamente em quê. Talvez Sun tivesse mais áreas verdes em volta, já que uma floresta é muito perceptível ali, e que a propósito, me deu vontade de poder entrar e explorar.
— Jun, a gente pode passear na floresta depois? — eu perguntei, já que não sabia se era um lugar proibido ou não.
— Claro, Ji, mais tarde podemos — entretanto, ele respondeu, e eu sabia que manteria o que disse. — Só não vá sozinho, é muito fácil se perder se você não a conhecer — eu assenti, concordando. Afinal, eu não queria me perder ali.
Vi quando Jungkook parou o carro em frente a uma casa muito bonita, o que me fez ficar mais ansioso do que já estava.
— Fica tranquilo, eles vão te amar. Além de você ser uma pessoa incrível, você salvou minha vida, e eu sou eternamente grato por isso, assim como sou eternamente apaixonado e te amarei eternamente — ele disse, sorrindo e deixando um selinho em meus lábios.
— Eita, quanto "eternamente" — eu disse, me sentindo mais leve com o que ele disse.
— É porque tudo o que sinto por você é eterno e vai durar para sempre, Sunshine — foi inevitável não deixar um sorriso bobo escapar. Recebi mais um selinho — Vamos?
— Vamos — eu respondi, sorrindo e um pouco mais tranquilo.
Sendo assim, nós descemos do carro, caminhando até a porta. Jungkook tocou a campainha, esperando que alguém atendesse. Uma senhora elegante atendeu, e pelo cheiro que mais se sobressai, claramente é ômega.
— Filho, é muito bom vê-lo — ela cumprimentou, o abraçando de imediato. — Você deve ser Park Jimin, você é muito bonito — ela se voltou para mim, me abraçando também. — Você é um lúpus? — ela parecia pasma, e não tiro seu direito de estar. Ômegas lúpus são raros. — E seus cabelos são naturais?
Durante todo esse tempo e com tudo o que vinha acontecendo, eu acabei esquecendo o fato de que meus cabelos são diferentes, e com isso, acabei esquecendo que os de Jungkook também são.
— Sim, mãe, ele é lúpus e os cabelos dele são naturais, assim como os meus. Nós realmente combinamos — ele disse a última parte sorrindo, enquanto olhava para mim.
— A marca de vocês são em lados diferentes. E essa marca de lobo? Espera, o Jungkook deixou você marcar ele também? — ela parecia ainda mais embasbacada.
— Vamos entrar, mãe, nós vamos te contar tudo — Jungoo disse, se divertindo com sua mãe.
Nós entramos, nos fazendo sentir alguns cheiros misturados vindo de alguma parte da casa, o que me fez perceber que poderia ser o pai de Jungkook, que também é um Alfa lúpus supremo, e só parei para pensar nisso agora.
Eu deveria ter perdido todo o meu medo, não deveria? Se sim, por que ainda sinto meu coração disparar ao saber que vou chegar perto de um supremo? Por que me sinto tremer por saber que ele pode ser diferente do meu Jungkook e pode ser perigoso? Não tenho resposta para nenhuma das minhas perguntas.
— Ji, você está bem? — Ouvi Jungoo perguntar, provavelmente sentindo que eu não estava bem. — Do que tem medo? — provando o que eu havia pensado, ele perguntou.
— Jungoo... E-eu... — não sabia o que dizer, era besteira dizer que estava com medo de seu pai, sendo que nesse exato momento estou de mãos dadas com ele próprio.
Os dois são supremos, e eu sei que consigo confiar em Jungkook, mas seu pai... Nunca o vi, nem mesmo sei qual seu temperamento.
"Sinto medo do seu pai"
Eu contei, da forma que só ele ouviria. Pude sentir minha voz fraca, mesmo que por pensamento. Consegui ver a compreensão tomando conta de si.
— Mãe, pode me deixar um tempo com Jimin, por favor? — ele pediu, tendo uma confirmação imediata de sua mãe, que parecia preocupada. — Pode pedir para meu pai diminuir um pouco do cheiro dele, por favor? Não é nada pessoal mãe, mas em breve eu lhes contarei o porquê.
— Claro, filho, não se preocupe. Fiquem à vontade, a casa é de vocês — com isso, ela saiu, me deixando ali com Jungkook.
— Desculpa, Jungoo — eu pedi, me sentindo verdadeira mal por isso. — Eu já deveria ter superado isso, mas eu não consigo. Com você é diferente, mas os outros supremos — eu fechei os olhos, balançando a cabeça em negativa.
— Tudo bem, amor. Meu pai é mais tranquilo do que você pensa, e é por isso que eu sou assim. Ele me criou, Sunshine — talvez isso esteja me acalmando um pouco, porque faz sentido.
Se o pai de Jungkook o criou, junto com a mãe dele, e ele é tão calmo e tranquilo assim, seus pais também devem ser tranquilos.
— Fica calmo. Eu senti que meu pai diminuiu um pouco seu cheiro, fica melhor assim? — parando para prestar atenção, eu percebi que o cheiro realmente estava mais leve. Eu assenti em resposta à sua pergunta. — Era assim que você se sentia antes? Em relação a mim.
— Eu acho que era um pouco pior, porque tinha o fato de que você me queria e que tínhamos tido um imprinting. Claro, além do detalhe de que dependia de mim se você se transformaria ou não — eu pontuei, me sentindo nostálgico por lembrar desses detalhes de um passado não tão distante.
— Eu não entendia isso, mas agora eu consigo entender perfeitamente, principalmente por causa de nossa ligação, que está mais forte agora — ele me abraçou, o que me permitiu sentir mais de seu cheiro natural. Com isso, já me sinto um pouco mais calmo. — O que acha de irmos agora?
Eu não poderia fugir de seu pai para sempre, então aceitei que seguíssemos o caminho pela casa até que chegássemos na sala, onde seus pais estavam. Eu me encontrava agarrado a um dos braços de Jungkook, tentando não parecer tão nervoso. Foi inevitável que meu lobo não escondesse um pouco de meu cheiro. Senti que Jungoo se incomodou um pouco por isso.
— Ji, esses são meus pais. Minha mãe, Jeon Chin-Sun, que você já conheceu agora pouco, e meu pai, Jeon Seung Hyun — ele apresentou, e me forcei a soltar seu braço para os cumprimentarem do jeito certo.
— É um prazer conhecê-los — eu disse, me curvando, o que representava o respeito que eu sentia por eles.
— Esse é Park Jimin, meu ômega — ele me apresentou, e algo ali me deixou com o coração quentinho.
Jungkook dizia de uma forma que parecia ter orgulho de quem eu era, e eu sei que realmente tem. Além disso, ele dizia de uma forma que parecia querer poder gritar para o mundo inteiro ouvir.
— É um prazer conhecê-lo também, querido — minha... Sogra? Disse, sorrindo. O senhor Jeon concordou.
— Park? — o pai de Jungkook perguntou, e eu apenas assenti. — Você veio de Moon, certo?
— Sim, senhor — eu acho que sei onde ele está querendo chegar, e não imaginei que alguém realmente poderia dizer o que ele disse a seguir.
— Conheci seu avô, era um bom homem — ele deixou escapar um sorriso saudoso. Eles pareciam ser amigos. — E seu tio... Foi uma pena que ele não tenha conseguido impedir a transformação.
— Você realmente os conheceu?
— Se você vier de uma linhagem de supremos, como eu acredito que tenha vindo, sim, eu os conheci. Conheci sua mãe também.
— Minha mãe? — sentia meus olhos arderem e boas lembranças me invadirem apenas com a citação dela. Eu sempre amei muito minha mãe, mesmo depois de sua morte.
— Sinto muito pelo que aconteceu com ela — ele disse, realmente parecendo triste com isso.
— Como você os conheceu, pai? — Jungkook perguntou, para sanar a dúvida de nós dois. A senhora Jeon provavelmente já sabia.
— Os líderes de nossas aldeias eram mais próximos antigamente. Porém, depois de o tio de Jimin ter se transformado e o avô ter falecido, não sobrou muito da linhagem para que possamos continuar a amizade. Ainda existia a mãe de Jimin, mas não sabíamos que ela poderia estar grávida ou algo do tipo, e mesmo assim, Jimin também não poderia liderar a aldeia, por ser um ômega, mesmo que seja um dos mais raros. Além disso, ela sempre foi mais afastada de nós, acredito que fosse muito tímida.
Eu não sabia mais o que dizer depois disso, era bem nítido que o senhor Jeon realmente conhecia meus parentes. Mas a percepção que eu tive, é que tudo o que eu sabia sobre o antigo supremo de nossa aldeia, não chegava nem perto do que eu deveria saber. Nem de longe eu imaginaria que ele é meu tio.
Além disso, na época em que eu conheci as histórias sobre os supremos, por volta dos oito anos, eu acreditei que o supremo que havia se transformado e não voltado mais era de alguma aldeia próxima a minha, quando na verdade era de Moon, sendo meu próprio tio.
Por que minha mãe nunca havia me contado nada disso? Por que ela escondeu tudo isso de mim? Talvez eu fosse muito novo para conseguir entender tudo, ou talvez ela só estivesse com medo de me assustar.
— O senhor sabia muitas coisas sobre a minha mãe? — eu aproveitei para perguntar.
A essa altura, nós todos já tínhamos sentado nos sofás que estavam dispostos na sala. Todos pareciam entretidos com o assunto, o ar que nos rodeava é leve, tranquilo, então acho que todos estão confortáveis com o que estamos falando, inclusive eu.
— Eu a via pouco, é difícil te contar alguma coisa. Ao meu ver, ela sempre foi quieta, tímida. Chegamos a ser prometidos em casamento uma vez — eu arregalei os olhos, junto de Jungkook, ao mesmo tempo em que os outros dois Jeon's sorriram para si. — Mas eu conheci Chin-Sun, tivemos um imprinting, e não poderiam nos separar mais.
Jungkook e eu ainda estávamos embasbacados, conversando mentalmente em como isso era estranho e aleatório.
— Mas eu tinha a impressão de que ela não queria ser casada com um, na época, futuro supremo. Afinal, já bastava ter vindo de uma linhagem de supremos. E além disso, e se um dia tivéssemos imprinting com outras pessoas, como faríamos? Ela estava certa nesse quesito. Além disso, o casamento não daria certo, vocês sabem. Eu sou um supremo, precisava de um imprinting.
— Por que ela não iria querer se casar com um supremo? — eu perguntei, porque sei que ela não tinha o medo que eu aparentemente ainda tenho. — Eu não quis, entendo isso, mas eu tive um motivo, e pelo que eu conheço dela, ela não tinha.
— Uma vez eu a escutei conversando com as flores, em um campo que havia em Moon, e aparentemente ela sempre fazia isso. Eu a ouvi dizer que não queria que seu filho fosse supremo Alfa, porque não queria que ele passasse pela dificuldade da transformação. Eu conseguia ver que ela seria uma boa mãe — ele contou, e eu me sentia cada vez mais orgulhoso da mulher que minha mãe foi. — Mas agora, me contem como se conheceram. E Jungkook, me conte tudo o que não sei.
Eu não havia entendido sua última frase, mas depois percebi que ele estava falando sobre tudo de novo que envolvia a ligação que Jungoo e eu temos.
Jungkook contou tudo. Sobre como eu o rejeitei no começo, o motivo disso — o que fez o senhor Jeon entender meu medo diante de si —, sobre como descobrimos que eu sou um lúpus, todo o processo para que eu o aceitasse, nossas marcas em forma de lobo, as marcas comuns, e até sobre a telepatia. Confesso que à primeira vista, senhor Jeon parecia incrivelmente durão, mas agora, enquanto ouve toda a história que meu alfa conta, ele mais parece uma criança entretida na melhor história que já ouviu.
Quando terminamos de contar tudo, Chin-Sun nos chamou para tomar um café, onde continuamos conversando animadamente.
Depois disso, tivemos a ideia de caminhar pela aldeia, já que eu não conhecia nada. Os Jeon's mais velhos preferiram não ir, e com isso, apenas meu alfa e eu fomos.
Eu estou verdadeiramente animado com esse passeio, e sei que vou gostar ainda mais quando estiver conhecendo tudo.
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