[15] Yór Dasót (열다섯)
Jimin
Acordei pela manhã, inicialmente pensando ser um dia comum. Entretanto, as memórias da noite passada invadiram minha mente, o que me fez levar a mão ao pescoço rapidamente.
Minha marca não estava mais irritada, o cheiro de Jungkook ainda circulava em meu quarto. Mas ele não estava ali.
Eu me lembro de ele ter dito que estaria ali quando eu acordasse, então não faz sentido ele não estar, porque Jungoo sempre cumpre o que promete.
Eu me levantei, parecendo ainda estar um tanto bambo. Caminhei cuidadosamente até a porta, abrindo e saindo do meu quarto. Fui até as escadas, descendo calmamente, segurando no corrimão. Quando enfim desci o último degrau, minha respiração estava um pouco mais ofegante, mesmo que eu tenha descido devagar.
Pude ouvir a voz de Jungkook vindo da cozinha, ele provavelmente está conversando com meus pais. Fui até o local, encontrando os três sentados à mesa, que inicialmente estavam conversando. Eles não demoraram a me notar ali.
— Minnie, que bom que levantou. Como você está? — minha madrasta perguntou, ao mesmo tempo em que Jungkook se levantava para provavelmente me ajudar a sentar na cadeira, mas primeiramente me ajudando a ir até a mesa.
— Eu estou bem — eu disse, sorrindo minimamente, agradecendo Jungoo logo em seguida.
Caminhei até a mesa junto com Jungoo, me sentando na cadeira ao lado dele, e claro que com sua ajuda.
— Nós estávamos conversando sobre você agora há pouco. Pensamos que talvez seja melhor você ficar lá em casa até a marca cicatrizar totalmente — Jungkook disse, com um tom de voz manso.
— Tudo bem por mim, até porque acho que não temos outra opção. Mas não é como se eu fosse reclamar — talvez eles ainda tivessem receio de que eu ainda seja um pouco como antes.
Eu entendo que fiquei muito tempo negando o que existia entre Jungkook e eu, e sei que isso quase custou a vida de Jungoo, assim com minha saúde. Mas eu realmente mudei, e ao que envolve ele, eu vou sempre fazer o que estiver ao meu alcance para poder ajudá-lo. Não vou mais negar o que sinto. Mesmo assim, ainda não tiro o direito de insegurança deles.
— Então vamos tomar café, depois pegamos suas coisas para irmos para casa — ele disse, o que me fez sorrir e assentir.
"Para casa", essa pequena frase me causou um quentinho no coração, que realmente me deixou muito feliz. Sei que ele sentiu isso, principalmente por ter deixado um sorrisinho de lado escapar, de uma forma muito adorável.
É muito bom poder pensar que Jungkook e eu moramos juntos, que sua casa se tornou nossa casa, mesmo que não seja verdade. Eu espero que isso realmente aconteça um dia, e eu sei que vai.
Durante o restante da manhã, nós nos empenhamos em terminar de tomar o café e arrumar minhas coisas para ficar um tempo na casa de Jungkook. Não sei com exatidão quanto tempo ficarei lá, mas estou levando uma boa quantidade de roupas.
— Anjo, eu estava pensando. Quando você estiver melhor, nós podemos visitar meus pais em Sun, o que acha? — Jungkook perguntou, me abraçando pela cintura, por trás, enquanto eu ainda estava de frente para meu guarda-roupas.
— Não sei, Jun — eu queria ir, mas estava meio receoso de os pais dele não gostarem de mim.
— Vai ficar tudo bem, Sunshine, eles vão amar você — ele disse, sabendo que esse era um dos meus principais medos.
— Tudo bem, podemos ir. Só precisamos pedir para meus pais — eu cedi, sentindo ele me virar de frente para si, o que me possibilitou ver seu sorriso lindo. — E eu acho que até o fim de semana vou estar totalmente recuperado.
— Eu sinto falta deles — ele disse, antes de me abraçar apertado. — Tenho certeza que você vai gostar.
Depois que finalmente terminei de pegar minhas coisas, Jungkook e eu descemos as escadas. Ele carregava minha bolsa com as roupas, enquanto eu descia à sua frente.
Chegando onde meus pais estavam, na sala, eu pedi permissão para ir até Sun, explicando que seria para conhecer os pais de Jungoo, e quando enfim recebi a permissão, que de alguma forma foi fácil de conseguir, eu me despedi de meus pais, prometendo não demorar para voltar.
— Quando vamos para Sun? — eu perguntei, curioso e animado. Eu sempre gostei de conhecer lugares novos. Agora eu já estava mais animado que antes.
— Em breve, anjo. Apenas preciso me certificar de que está tudo tranquilo por aqui, vou pedir para Namjoon cuidar de tudo enquanto vamos para lá. E também preciso me certificar de que você está bem. Está animado? — nós conversávamos enquanto o Jeon dirigia para sua casa.
Eu fico feliz em passar mais tempo com ele. Ficar ao seu lado me faz sentir uma paz enorme, e não me lembro de ter sentido isso antes dele.
É difícil de explicar a força da nossa ligação, e não sei dizer se existe algo mais forte que isso. Não dá nossa ligação em si, mas de ligações de almas no geral.
É uma coisa linda e feia ao mesmo tempo, porque mesmo sabendo que você nasceu para amar uma pessoa, é estranho dizer que você não pode escolher essa pessoa. Porém, é raro alguém que não tenha gostado de sua alma gêmea. Claro, com exceção de mim, no começo.
— Jungoo, eu preciso te contar uma coisa — eu disse, me lembrando da conversa que tive com meu pai.
— Pode dizer — ele respondeu. Já estávamos perto de sua casa, então decidi que agora não era o melhor momento de dizer, apenas pelo fato de ter que cortar o assunto quando chegarmos.
— Podemos conversar no quarto, quando chegarmos? Não quero ter que interromper o assunto.
— Claro, podemos sim.
— Não se preocupe, não é nada tão sério — eu deixei um sorriso escapar quando senti Jungkook ficar apreensivo, através da marca. — É apenas uma coisa que descobri sobre mim e minha mãe. De certa forma você está envolvido, mas não precisa se preocupar — me aproximei dele, deixando um beijo em sua bochecha rapidamente. Senti quando ele ficou minimamente mais tranquilo.
Nós seguimos o restante do pequeno caminho em silêncio. Seu cheiro se sobressaia ao meu, e acho que talvez ele estivesse fazendo de propósito, já que isso ajudava em minha recuperação. Eu já estou bem, mesmo que eu ainda sinta que é difícil me manter em pé por muito tempo.
Chegando na grande casa, eu cumprimentei Taehyung, que parecia já estar me esperando na sala.
— Ji, que bom que você voltou. Quando Jungkook saiu daqui dizendo que tinha algo muito errado com você, eu fiquei morrendo de medo. Eu fico muito feliz que esteja bem — ele disse, enquanto me abraçava.
— Eu estou bem, não se preocupe. Vou passar mais um tempo aqui, ao menos até minha marca sarar.
— Eu queria que você não fosse mais embora — vi ele fazer um biquinho, como o bebê que já percebi que ele é.
— Eu também, Tae.
— Certo, certo. Minha vez — Jungoo disse, me abraçando por trás assim que Taehyung me soltou. Eu apenas ri. Sei que ele não se importa de verdade.
Depois de garantir a Taehyung que já já apareceria de novo, Jungkook e eu subimos até o quarto, que por um tempo é de nós dois.
Quando chegamos, o alfa deixou minhas coisas sobre uma mesinha ao centro do quarto, antes de ir até a cama e me chamar para sentar ao seu lado.
— Pode dizer o que queria, meu anjo — eu sei que ele está ansioso, consigo perceber e sentir.
— Basicamente, minha mãe era da linhagem dos supremos — eu disse, vendo ele ficar confuso. — Era irmã do antigo supremo Alfa da aldeia, mas como era ômega, não pôde assumir a liderança. Além de que meu suposto tio se transformou, e nunca mais o viram.
— Uau, isso é muito complexo.
— E piora — eu deixei um sorriso escapar, mas devo dizer que não é de felicidade. — Você realmente é minha alma gêmea, a verdadeira. Porém, se eu tivesse me encontrado com Namjoon em qualquer momento antes...
— Está querendo dizer que poderia ter sido ligado com ele? — ele parecia incrédulo, e eu não tiro sua razão de sentir isso.
— Sim. Namjoon regia a aldeia, e eu sou de uma linhagem de supremos. O certo é uma linhagem de supremos reger a aldeia, então de alguma forma eu teria sido ligado com ele por isso. Isso só não aconteceu porque eu nunca olhei em seus olhos. Não era algo natural — eu disse, negando com a cabeça. Parando para pensar. Realmente não teria sido algo natural. — Quando eu te vi, mesmo que não quisesse admitir, eu senti uma vontade imensa de olhar para você e prestar atenção em cada detalhe, e eu sei que você também sentiu isso. Seu cheiro me atraiu desde o primeiro instante, e eu sei que com você não foi diferente. Mas Namjoon... Eu nem mesmo sentia vontade de conhecer o antigo regente da aldeia. Parece loucura — minha linha de raciocínio me levava para um lugar em que nem mesmo eu sabia onde era.
É estranho pensar que eu poderia não estar aqui agora, que Jungkook poderia ter perdido sua vida simplesmente porque a mãe-natureza queria supremos na sucessão, isso sem ter certeza que nossos filhos seriam supremos, se tivéssemos filhos. Nem todas as crianças nascem supremas hoje em dia, mesmo que sejam de uma linhagem pura. As coisas não deveriam ser assim, e eu sei que eu não sou o único ao qual isso acontece. E Jin... Estaria sem sua alma gêmea também, sem contar o próprio Namjoon. Mas... Será que Jungkook e Jin teriam sido ligados com outras pessoas depois? Ou será que ficariam sem uma alma gêmea para sempre? E se tivessem sido ligados com outras pessoas, as almas gêmeas dessas pessoas também mudariam sua ligação? Ou será que nós todos apenas teríamos trocados os pares, e sendo assim, Jungkook poderia ter sido ligado com Jin? É difícil saber. Se fosse isso, mudaria as vidas de inúmeras pessoas, ou apenas as nossas. De certa forma, algo mudaria, isso é visível.
— Eu sei — ele respondeu, o que me deixou inicialmente confuso.
Porém, eu me lembrei que, quando permito, Jungkook consegue ler meus pensamentos, e com minha divagação, não percebi que cedi a isso. Jungkook ouviu toda a minha linha de raciocínio.
Senti ele me abraçar, nós compartilhamos o mesmo sentimento. Não sei dizer se é medo, desespero ou apenas a sensação de que tudo poderia ter sido diferente.
— Nós precisamos contar ao Jin e ao Namjoon — eu disse, sabendo que Jungkook concordaria. Não precisei pedir mais de uma vez.
— Vamos contar assim que vermos eles. Mas, enquanto isso, vamos nos preparar para ir até Sun? — ele parecia querer me animar, assim como ele mesmo estava um tanto animado com a ideia. Além disso, sei que também serviria para nos distrair desse assunto.
Eu concordei, claro. Não negaria um pedido desses.
Nós acabamos por arrumar tudo que levaremos para a viagem. Jungkook deu um jeito de disponibilizar o restante do dia para mim, mesmo que eu tenha dito que não havia necessidade disso.
Enfim havia chegado o fim de semana. Meu alfa combinou com Namjoon para que ele cuidasse da aldeia durante os dois dias em que nós dois iríamos até a terra natal do Jeon, e eu já estava muito melhor.
Confesso que estou ansioso com a viagem, ansioso para conhecer um lugar novo, e principalmente, ansioso para conhecer os pais de Jungoo. Meus sogros... É estranho falar assim, até algum tempo atrás eu queria uma certa distância de relacionamentos, não queria saber de ter alguém tão cedo.
Com o imprinting que tive com Jungkook, muita coisa mudou. Não foi apenas o meu jeito de pensar sobre relacionamentos, o meu jeito de pensar sobre a vida também mudou, assim como outras coisas que eu não saberia pontuar agora. Minha forma de agir mudou, e principalmente, minha forma de ver os supremos também.
Sinceramente, não sei como consegui achar que Jungkook me faria algum mal. Mesmo que ele não tivesse controle sobre seu lobo na época, eu sei que ele faria o que pudesse para não me machucar. Meu medo me cegou, e por pouco não perdi a pessoa que eu não sabia que amaria tanto.
Agora, vou fazer o que estiver ao meu alcance para recompensar todo o tempo que perdi, e vou fazer o que puder para que Jungkook me perdoe, mesmo que eu saiba que ele não guarda ressentimento algum. E além disso, também preciso me perdoar.
Eu amo Jungkook, assim como sei que ele me ama, e se depender de mim, mais nada de ruim vai acontecer, nem com ele, e nem comigo.
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